O Rasante da águia Mortal escrita por Meninos Distorcidos


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Drama, Aventura e Dark, estrelando Shadow, a besta. Este foi os últimos tempos da mais promissora oficial do exército Death Eagle antes de uma de suas vítimas se tornar seu caçador ^~   MUITOS spoilers da fanfic "Distorcidos" - E não reparem muito na maneira como eu retratei a Facção Death Eagle, eles em nada têm a ver com o Exército Brasileiro ou com a polícia. A organização é bem diferente. Ah, e eu outra vez ilustrei Sasdelli ligeiramente parecido com o Mago Clow (nhai.), e seria igual se não fosse suas táticas violentas, seu sadismo e as torturas... O.o   Reclamações? Varinha na cabeça + "Wowww ataque mortal demoníaco das borboletas avassaladoras" O.o   Série Distorcidos disponível em www.sasdelli.cjb.net  



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"Shadow, não sei ainda como está em nossa organização." Disse Simon(1), o General da Facção Death Eagle, dando um sonoro soco na mesa. Os desafiadores olhos castanhos do rapaz se estreitaram contra a garota, que estremeceu diante da ameaça: precisava ser mais incisiva contra os escritores medíocres de fics, ou estaria morta.

Não era exagero: demissões na Facção das Águias da Morte eram inviáveis, pois todos os empregados sempre sabiam demais sobre os sumiços dos escritores de fics slash, as torturas inimagináveis dos yaoístas e os planos de ataque à auto-estima daqueles que apreciavam estórias mal-feitas. A única saída para aqueles que não desejavam mais trabalhar para os sombrios chefes direitistas era apenas uma: a morte. A única coisa que mudava era como ela viria: Depois de uma velhice reprimida, com uma bala de fuzil na cabeça ou em torturas sobre processos de subversão(2).

Shadow engoliu em seco, e ajeitou seu uniforme cinzento cheio de medalhas: Ela era um sargento do décimo exército de captura de escritores, e sua última vítima havia fugido.

O nome do bastardo maldito? - Shadow sorriu antes de murmurar o nome culpado de seu fracasso - Lucas Sasdelli. Ele era mais sagaz que uma raposa, e conseguiu fugir inúmeras vezes das investidas de todos os seus melhores subordinados: Mário(3), Claudinha Black(4) e Karen Snape; Esta última sendo uma arma humana, com seus ataques da doença Deatrimerdiulus(5) induzidos por um controle remoto nas mãos da cruel chefe, que não hesitava em usá-lo. Sabia que Karen a cada dia mais definhava enquanto passava dias sem comer ou dormir, apenas repetindo o terrível mantra de tortura mental - mas sabia que ela entregara-se de corpo e alma ao trabalho, e o faria de qualquer maneira.

Shadow torceu os lábios enquanto pegava suas coisas nos armários do Quartel General Death Eagle, a fim de logo ir dormir. Simon havia lhe lembrado sobre a nova missão de alto nível de periculosidade, onde o Exército Conservador iria abortar um projeto de fanfic do famigerado Lucas Sasdelli durante a noite seguinte, pois já sabia que nomes de muitos oficiais constavam no futuro elenco da fic - logo, sabiam do plano do escritor para a captura de oficiais, e sabiam também para onde iriam: Sasdelli havia criado um projeto de Distorção.

Sargento Shadow estremeceu: Simon fizera questão de jogar em sua cara que todos os oficiais ameaçados de Distorção eram de seu departamento, e ela estava entre eles, sendo inclusive cotada para permanecer para sempre em regime de escravidão nas mãos do escritor.

"Tudo bem, Shadow?" Disse Isa, uma fuzileira, acendendo um cigarro enquanto se apoiava numa das belas janelas do Quartel, que oferecia vista direta para toda a zona Rural de Amariná(6). A jovem chamada, que não havia notado a presença da amiga, olhou para ela e esboçou um sorriso: "Tudo..."

"Tem certeza?" Insistiu Isa, dando uma tragada funda na cigarrilha. Shadow olhou para ela e suspirou, já trocando de roupa, nada dizendo. "Beleza, Shadow, não quer dizer nada?"

Shadow ainda faz um esforço para olhar para Isa, e confirma com a cabeça, roubando da garota o cigarro aceso.

*******

Uma hora da manhã. O Esquadrão Conservador se une e sai na missão secreta, carregando transmissores em suas orelhas, onde contariam detalhes do andamento da campanha a um núcleo de informações, e, caso a missão tenha alguma falha, o Esquadrão de Captura de Escritores entraria em ação, invadindo o covil inimigo e rendendo o maléfico slasher.

Shadow amarrava seu coturno, pronta para se juntar à sua tropa, e aguardar ocasional sinal da Central ou até mesmo do General Simon. Claudinha Black e Mário se encontravam no front, junto dela, comandando um total de cinqüenta homens - era uma pena Karen Snape ainda estar em tratamento por mais uma crise acentuada do Mantra Mortal Deatrimerdiulus - prontos para o ataque.

Shadow beijou o distintivo das Death Eagles - uma águia devorando a cabeça de um homem - e sorriu, esperando que o grupo não precisasse se apresentar contra os inimigos. Carregou seu fuzil com balas e mandou que seus companheiros fizessem o mesmo. O relógio marcava 2:30, a hora marcada para o estabelecimento do contato da base com ela, e o pequeno ponto em seu ouvido foi ativado.

"Sargento azul no contato, Sargento azul no contato. Esquadrão 10 azul no contato." Disse, tampando o ouvido contrário ao do ponto, se aliviando ao ouvir a voz familiar da central respondendo:

"Central no contato."

Shadow suspirou, e se juntou ao resto da tropa, todos já devidamento posicionados no alto de uma colina próxima à grande propriedade de Lucas Sasdelli, um ostensivo punhado de terra, onde, no centro, uma enorme mansão de quatro andares se erguia, imponente. A batalha aconteceria do lado de fora da casa, sabia, enquanto outro punhado do esquadrão invadiria a casa e apreenderia o computador de Lucas Sasdelli, possíveis anotações... E o próprio, que deveria ser trancafiado num cristal por milênios, como acontecera já com muitos outros escritores Slash.

O primeiro disparo fora ouvido. E o segundo. Se via uma ou outra sombra andando entre as árvores da propriedade, e pequenos pontos de luz onde os disparos eram efetuados.

"Elisabeth Sasdelli apreendida." Disse a voz eletrônica alta no ouvido de Shadow, que sorriu e virou-se, para murmurar no ouvido de Mário: "Uma prisioneira."

Os disparos eram constantes, e a luz da sala da enorme casa espalhou-se por um longo caminho quando a porta fora arrombada. Cinco soldados invadiram a casa, enquanto os demais lutavam contra robôs rosa e garotos de sunga...

Shadow sorriu vitoriosa, sabendo que logo poderiam voltar para casa, com aquele escritorzinho de merda amarrado e amordaçado no fundo do camburão, para talvez alguns minutos de tortura até que confessasse a senha da administração da enorme e pervertida organização ilegal Giants Web.. E faria questão de estar neles. Ninguém foge assim dos dedos de Shadow!

Mas logo o sorriso despencou de seu rosto, rolando pela terra vermelha da encosta da colina, ficando em seu lugar um nervosismo e uma decepção sem par:

Silêncio.

"Fracasso, fracasso! Sasdelli comanda uma Blitzkrieg(7)!" Disse a mulher da central "Entre em ação o Esquadrão reserva!"

"ATENÇÃO, SOLDADOS!" Gritou Shadow à seus subordinados "NOSSA MISSÃO ATIVADA!"

Todo o povo desceu a encosta correndo, empunhando seus fuzis carregados... Mário vinha na frente, gritando, e Shadow em segundo lugar, a arma pronta em suas mãos. Quando ultrapassam a cerca de arame rosa, um esquadrão de Swimming Boys vinha, parecendo desarmados. Chegaram mais perto, tentando um combate corpo-a-corpo justo, mas logo Isa tombava, vítima de uma espécie de bronzeador-lubrificante-ácido(8), que lhe fez um enorme buraco no tórax.

Shadow conteve o impulso de chorar: seu alvo era a porta, e aquele analfabeto arrogante. Correu mais três passos e, percebendo o punho de um dos garotos fechado firmemente em torno do mortal frasco dourado apontado em sua direção, chutou-o, fazendo o frasco cair no chão, deixando o garoto desarmado. Dois socos e o inimigo caía, desacordado. "Maricas!" Gemeu, em dor, sentindo a perna ser vítima de um pouco do creme mortal, que lhe atingira quando chutou o frasco do garoto.

"Shadow!" Gritou Luíza, uma fuzileira, cercada por Swimming Boys todos empunhando um vidro do mal. A jovem Death Eagle mirou seu fuzil na cabeça de um deles, e atirou depois em mais três, vendo os outros apertarem o frasco, fazendo de sua subordinada uma massa disforme de carne humana fumegante.

Seu braço que apoiava o fuzil foi firmemente apertada por trâs por um robô rosa, que empunhava uma faca fenomenal, logo posicionada em seu pescoço. Um dos discretos pés treinados da moça se entrelaça nas barras metálicas de sustentação da figura bizarra, que, ao tocar o chão, se desnorteia, os pés com rodinhas se movendo ao ar.

Uma outra mão agarra seu pulso e, já empunhando o fuzil novamente, o guia para o novo inimigo... Até que percebe que este é Mário.

"Whoa! Calma! A porta está vulnerável, e Sasdelli está no segundo andar da mansão... Corre!"

O corajoso rapaz puxa Shadow, seu fuzil na horizontal derrubando todos os inimigos confusos. Shadow encaminhou os olhos negros esperançosos procurando por alguns de seus subordinados amigos... E se surpreendeu ao não ver nenhum. Seu indicador apertou o ponto de contato com a central, transmitindo informações:

"Não é Blitzkrieg, fizeram prisioneiros. Repito: Temos soldados apreendidos pelo inimigo!" Mário logo pára, chutando a porta da mansão Sasdelli, nela adentrando com brutalidade e impetuosidade.

No meio da sala, um alto rapaz os esperava, coberto por uma longa capa vermelha. Este sorri, e aponta um dedo para Shadow, que o reconhece: Sasdelli! Mas, quando a mão da menina faz menção de tentar usar sua arma, Sasdelli move seu dedo médio entredobrado para dentro, como se usasse um gatilho.

"Bang. Bang. Você morreu." Com uma risada maníaca, a sala é tomada de energia rosa, e a visão de Shadow escurece.

*******

Não sabia onde estava, e Shadow também nada conseguia enxergar, mas sentia que estava suspensa do chão. Seus pés e suas mãos estavam acorrentados e esticados, e em seu pescoço havia um grosso colar de metal. Se moveu, desconfortável e com frio, e notou estar sem o grosso casaco de oficial, usando apenas uma fina blusa negra.

Depois do frio, sua segunda sensação foi a de fome. Seu estômago parecia estar revirando-se em protesto contra seu vazio e fraqueza. Parecia ter estado ali por muitos dias...

"Já acordou?" Perguntou uma voz masculina nas sombras. Tentou virar a cabeça, e, ao fazê-lo, encontrou Sasdelli num canto do cômodo escuro e antigo onde se encontrava.

"Maldito..." Murmurou e, ao fazê-lo, sentiu uma dor aguda na cabeça. Sabia que ela era originada pelo colar que usava, como se pontas afiadas originadas em seu pescoço transpassassem seu cérebro. Tentou se desvencilhar das correntes, sacudindo-se, e sua resposta foi outro espasmo dolorido em sua cabeça, desta vez mais forte, a fazendo gritar.

"Aquiete-se. A cada gesto rebelde que você fizer, irá sentir uma dor cada vez maior." Disse Sasdelli, arrumando os cabelos.

"O que quer de mim?" Perguntou, altiva, apesar de confusa.

"Nada... Apenas que tome isso." Disse Sasdelli, tirando do bolso da capa um fraco com uma bebida lilás e uma pílula redonda. "E então poderemos conversar."

Shadow não era nem um pouco obtusa, e não acreditou que os artefatos que o escritor trazia fossem "nada". Com seu olhar mais ameaçador, rosnou: "Não quero conversar." Seu carcereiro deu um passo à frente, e segurou-lhe o rosto, e sorriu.

"Não precisa, se não quer. Só tome o que trouxe." Shadow fez que não com a cabeça, e então as mãos em seu rosto se tornaram firmes, obrigando-a a entreabrir a boca. Quando um tanto do líquido lilás foi forçado em sua boca, ela cuspiu, ainda revoltada. A pílula teve o mesmo destino - o chão.

"Estúpida." Disse Sasdelli, pegando outra pílula no bolso. "Sei que está sentindo dor... Mas não há porque lutar. Todos os seus oficiais que não cabiam a meus propósitos foram mortos..." Sadicamente sorriu ao ver os olhos negros da moça se alargando, e os pés e braços se sacudindo o máximo que podiam, tentando escapar. Apenas parou quando o colar foi acionado, e o escritor continuou a falar: "Eu e meus homens invadiram a fortaleza Death Eagle há semanas. Simon está morto, toda a facção está acabada. A cidade de Amariná está sob meu controle, você está em meu território!"

"Não! Mentiroso!" Gritou a prisioneira, histérica. Quando Sasdelli aproximou-se mais, ela cuspiu em seu rosto, sendo retribuída com um forte tapa. Os olhos castanhos cheios de ambição do algoz se estreitaram, quando a mão cruel limpava o rosto molhado e ofendido. O dispositivo doloroso no pescoço de Shadow foi acionado, e, enquanto a garota se retorcia em dor, uma pílula e um gole da poção lilás foram forçados garganta abaixo.

"Não..." Gemeu, a cabeça pendendo, fraca, diante da dor que ultrapassara todas as outras.

"Pronto. Agora... Diga seu nome, diga quem é." Disse Sasdelli, um sorriso malvado iluminando a face jovem.

"Shadow... Sargento do décimo exército de captura de ficwriters..." Disse, quase sussurrando, vulnerável.

Sasdelli não se deu por satisfeito, tomando o rosto bonito da moça, e disse, autoritário: "Agora você é Shadow, a besta, menina distorcida, discípula de Lucas Sasdelli."

Shadow sacudiu a cabeça e tentou ainda dizer: "Não. Eu sou Shadow, sargento do décimo..." Mas um tapa foi desferido novamente contra sua face esquerda, fazendo seu corpo inteiro sofrer o impacto, e a boca começar-lhe a sangrar, a pele rompida.

"Você é Shadow, a besta distorcida." Disse Sasdelli, mais alto, do outro lado do cômodo, atrás de Shadow, pegando algo de uma prateleira, fazendo bastante barulho, um barulho abafado. Shadow sacudiu a cabeça negativamente, já recuperando-se do choque que tivera com o remédio e a dor extrema, dizendo mais claramente: "Eu sou Shadow, sargento do décimo exército de captura de ficwriters...!"

Sua última palavra fora cortada por um grito, quando uma grossa agulha de metal foi enfiada debaixo da unha de seu dedo indicador, a mão firmemente segurada por Sasdelli, que olhava para ela, contrariado. A agulha foi enfiada mais profundamente, e a garota deixou escapar um gemido rascante e longo de dor.

"Diga o que quero ouvir, doçura. A dor acaba..." Shadow, mordendo os lábios, faz que não com a cabeça, e outra agulha é enfiada em sua unha do dedo médio. A boca já machucada da menina deixa escorrer um filete de sangue, tamanha a força que um canino afiado perfurou-lhe, em agonia. "E agora... vai dizer?"

"Eu sou Shadow... Não sou nada além de Shadow...!" Disse a prisioneira, os olhos escuros de dor, as sobrancelhas finas curvadas em fúria, todos os músculos tensos. Sasdelli, segurando outra agulha, olha para ela com uma expressão inocentemente desaprovadora, e enfia a pequena haste embaixo da unha do dedo anelar, num movimento só, agressivo e firme.

"Resposta... Errada, besta!" Uma risada insana ecoa em todas as paredes da sala escura.

E, a cada vez que Shadow se negava em dizer o que Sasdelli queria, outra agulha é enfiada em outro dedo de Shadow, já enregelada pela dor e quase apática. Os remédios que ganhara do escritor pareciam enfraquecer sua vontade e, uma ou outra vez, precisava controlar-se para não render-se completamente a seu maldito algoz.

Mais oito negativas, e as duas mãos de Shadow já estavam tomadas por agulhas. A cabeça dela pendia, o rosto contraído em dor. Sasdelli segurou seu rosto, para que olhasse para ele.

"Olhe, docinho... Eu só coloquei as agulhas na sua mão pela metade... Se eu usar isso aqui..." Sasdelli mostrou um martelo, outrora escondido em suas costas "Elas vão ser enfiadas até o fundo... Vai doer bastante..." O sorriso do escritor aumentou "Por quê você não fala o que quero ouvir, lindinha?"

"Vai pro inferno!" Gritou Shadow, com os dentes cerrados e uma sobrancelha curvada em dor. Sasdelli deixou escapar um tique de desaprovo, e vitimou sua prisioneira com mais um tapa no rosto, deixando uma marca vermelha no rosto pálido. Com os dentes cerrados, Shadow foi forçada a inclinar a cabeça para o lado e para a frente, seus cabelos agarrados em sua raiz pela mão firme do cruel escritor.

"Você vai dizer o que eu quero?" Shadow, com o rosto perigosamente próximo do de Sasdelli, sibilou um "não" rude. Sasdelli sorriu: "É esta a besta que eu quero, bem resistente...!" Beijou levemente o rosto da menina, enquanto, sem que esta percebesse, pegasse uma das agulhas das unhas de Shadow e a aprofundasse, num movimento só, arrancando um grito sofrido.

Se volta ao outro lado do cômodo, nas prateleiras, o ruído que Shadow escutou era de tilintar. E, o que Sasdelli trouxe na mão direita com a ponta dos dedos quando volta é uma fina lâmina de metal. A Death Eagle se arrepia ao ver, com a pouca luz, que tal lâmina está coberta de sangue coagulado, seja lá de quem fôra.

"Tentarei fazer levemente. Não quero que minha besta esteja marcada... Mas, antes de usar isto, perguntarei de novo: Você é Shadow, a besta, menina distorcida?"

"Não!" Disse Shadow, cheia de medo, porém mais cheia ainda de orgulho. Sasdelli sacode a cabeça. A resistência dessa garota era exagerada! Chegava a ser irreal. Que motivo mais ela teria para não lhe obedecer? A facção Death Eagle estava acabada, ele mesmo arrancara as cabeças de cada soldado morto, se certificara de que cada base estava destruída... E sabia que todos os oficiais de tal organização rompiam quaisquer laços que tivessem, pelo perigo possível de traição.

A lâmina primeiro foi posicionada na base de um dos braços de Shadow, ao lado das veias mais aparentes do pulso. O barulho quase imperceptível de carne sendo rasgada foi ouvido enquanto o corte avançava, fácil como se fosse apenas um desenho feito com uma sangrenta tinta rubra... Com frieza, Sasdelli observa a expressão retorcida de Shadow e, quando passa a lâmina na dobra do cotovelo, consegue ouví-la gemer. O controle dela parecia estar cada vez maior... E isto não era bom!

O corte é extendido até o ombro, e a garota tinha os olhos fechados, do lado de um deles um fio de água salgada. Se aproximando do ouvido de sua prisioneira, Sasdelli sussurra: "Você é Shadow... A menina distorcida... A besta."

A voz da garota, ainda mergulhada em dor, quase falha quando ela recusa novamente tal afirmação: "Eu sou Shadow. Sou uma pessoa normal." Sasdelli percebe a quase entrega de Shadow, mas sabia que ainda havia a persistência da negativa... Ainda não estava bom! Colocou a lâmina entre seus dedos com cuidado novamente, e rasgou devagar uma linha reta de um lado de sua cintura a outro, como se quisesse a cortar no meio. A menina sequer sussurra.

"DROGA!" Esbraveja Sasdelli, sem paciência, socando o estômago da orgulhosa torturada. O corte já feito se abre mais, o sangue que sai é mais abundante. Shadow começa a respirar rapidamente com a boca aberta, os olhos arregalados e molhados, o corpo se movendo numa tentativa desesperada de escapar... E inútil. "Não entendo sua vontade de continuar lutando!" Gritou, segurando com desespero o cabelo de Shadow, para que o encare.

Sasdelli, depois de segundos longos quieto vendo a recusa da menina, fica sério de repente. Sacudindo a cabeça para os lados tirou as agulhas da mão direita da menina uma por uma. "É. Já vi que não vai adiantar hoje." As palavras foram resmungadas, como se o escritor falasse a si mesmo. Olhou para sua prisioneira e sorriu: "Mas amanhã eu venho de novo, tá bom? E aí eu quero te ver distorcida e pronta para a ação!"

"Nem no dia em que Harry Potter e Draco Malfoy se casarem!" Gritou, vendo seu algoz partir, insatisfeito.

*******

A respiração era complicada. Shadow não sabia ao certo quanto tempo se passara desde a primeira sessão de tortura com Lucas Sasdelli, e neste meio tempo tentara escapar, todas as vezes sendo vitimada pelo colar que usava. Sabia ter um canivete na sola do coturno esquerdo, mas suas mãos, pernas e cabeça estavam imobilizadas, logo não poderia pegá-lo. Praguejara, cantara, falara sozinha, tudo para esquecer a dor que vinha de suas mãos feridas e da boca dolorida, mas de nada adiantava. Onde aquele desgraçado fora? Porquê não voltava logo e a matava?

Mas se lembrava que os propósitos de Sasdelli eram piores que simplesmente matá-la: Ele iria distorcê-la. Dependendo da forma que ele quisesse que sua mente tomasse, ele poderia fazer o que quisesse com ela. Pelas torturas e a ternura mesclada com brutalidade, Shadow deduzira que Sasdelli queria fazer dela um ser que parecesse rebelde, mas o obedecesse.

Ouviu a porta ser aberta atrás dela, com um rangido baixo e longo. Fechou os olhos: talvez se não visse a expressão insana daquele torpe tudo doesse menos...

"Oi." A voz era diferente da que Sasdelli possuía, e, relutante, Shadow abriu os olhos. Encontrou à sua frente um garoto baixo, frágil, de sorriso tímido, que usava roupas de mulher. "Eu sou o Místico... E trouxe algumas coisas..." O pequeno garoto estendeu-lhe uma tigela que continha uma toalha, um maço de cigarros, uma pequena garrafa d'agua e um pente.

"Você é um distorcido?" Místico sorriu e afirmou com a cabeça. Pegou a toalha e limpou o suor do rosto e o sangue das mãos de Shadow, o pequeno pano branco se tornando logo mesclado de vermelho forte. "Você é bom comigo, por quê?"

Místico estremeceu com a pergunta, e se tornou sério. Arrumou o curto vestido rosa e, hesitante, disse: "Distorcidos não são maus. Eu ouvi você gritar, Shadow, e resolvi vir cuidar de você."

"Como sabe meu nome?"

"Sei de tudo. Quer um cigarro?" Oferece Místico, e Shadow acena que sim com a cabeça. Depois de este ser aceso com o isqueiro, Místico se senta encostado numa parede e inicia uma conversa: "Você é uma Death Eagle, não é?"

"Sou... Você é..." Shadow analisa bem as feições de Místico: os olhos rosa(9), o cabelo ruivo... Se aqueles olhos fossem castanhos e os cabelos tivessem um corte diferente... "Você era um escritor yaoi, não era?"

Se lembrava muito bem das maneiras leves daquele garoto: Era um dos escritores apreendidos.... Um dos mais inteligentes e engenhosos que já houvera: Fábio. Demorara anos para finalmente conseguir aprisioná-lo, e o colocara em segurança máxima... Qual não fora sua frustração quando vira sua cela vazia! Achavam que havia fugido sozinho mas - Qual! Seu amigo pervertido com certeza o havia ajudado. O procuraram por tanto tempo...

"Não lembro-me de quem eu era. Elisabeth me disse que eu era um bom menino... Antes da distorção." Disse tristemente o solidário distorcido. Shadow piscou uma ou duas vezes os olhos, depois os arregalou: Distorcidos perdiam a memória? Distorcidos eram marionetes. Os olhos negros se encheram de lágrimas: estava perdida!

"Não quero me esquecer..." Disse ela, contendo seu choro. Místico compadeceu-se dela e, acariciando-lhe o rosto, deu um sorriso antes de apresentar uma solução:

"Agora não há saída... Mas... Você pode me falar sobre como era sua vida, como era você... Com detalhes. Eu te contarei quando sair daqui! Quisera eu que Sasdelli me contasse sobre o passado... Pena ele não querer que eu saiba." Os olhos rosa baixam e fungando, Místico se força a sorrir novamente: "Vamos, abra essa boca, converse comigo e não tenha medo. A mansão distorcida é muito legal!"

Shadow sorri também. Concordava com o garoto sobre o fato de não haver saída... Tinha escolha? Conversou então com Místico sobre seu emprego, sua família, seus gostos, passado, amores... Passou muito tempo falando e sendo ouvida pacientemente.

Místico agora era para ela uma âncora. Apenas o conforto de conversar com ele amenizaria sua dor.

*******

O garoto dos olhos rosa se fora. Acordou finalmente depois de uma noite de sono desconfortável com todas aquelas correntes. Ao abrir os olhos com dificuldade, encontrou Sasdelli olhando para ela, sorrindo confiante.

"Acho que a distorção está funcionando..." Shadow não entendeu o motivo do perverso sorriso do escritor de fics, até que ele lhe mostrasse um espelho: Havia algo de diferente, embora ela não soubesse o quê. Os olhos, quem sabe. Eram agora tão frios! Frios, porém dóceis. Nada de coragem, nada de intimidação. (10)

A recém-distorcida menina então cerra os dentes: "Me faça voltar ao que eu era... Cretino!" Sasdelli fechou os olhos calmo, porém contrariado.

"Moça, eu queria mesmo te fazer voltar..." Mentiu "Mas infelizmente as drogas de distorção já fizeram efeito... Apenas espero que aceite finalmente sua condição para que eu a libere!"

Shadow fechou os olhos com firmeza. Sasdelli era louco! Mas não estava disposta a render-se! Podia tomar-lhe seu rosto original, o que quisesse dela, mas que deixasse sua mente, sua vontade!

O louco escritor então sorri e vai novamente para a parte de trás do cômodo: "Acho que devo estar usando o método errado... Você deve gostar de sentir dor! Qualquer um teria se rendido!"

"Eu tenho orgulho, e tenho treinamento para agüentar as piores torturas..." Shadow quase sorria, por um segundo sendo superior. Sasdelli sacudiu a cabeça.

"Hoje te darei uma chance especial, e a mais: Quem é você?"

"Shadow... Ex-Death Eagle, atual desempregada prisioneira de um filho da puta maníaco." Disse, tendo certeza de que não estava em perfeito juízo. Estava enlouquecendo. Sasdelli dá uma sonora gargalhada e, depois de minutos e com os olhos brilhando de divertimento, segura o rosto de Shadow e diz, ameaçador embora ainda sorrisse:

"Pena meus distorcidos precisarem falar... Ou eu cortaria sua língua, e costuraria sua boca tão suja..."

Shadow engoliu em seco. Todo o medo que havia sumido com a certeza da inevitabilidade de seu destino voltou com as próximas promessas e ameaças:

"Eu mal comecei... Com o divertimento. Eu poderia te chicotear, te queimar, te socar, te furar, te mutilar, te violar ou mesmo te humilhar; no entanto, estou indo devagar." Sasdelli sorri e sussurra últimas palavras no ouvido de Shadow: "Até mesmo esta tortura, apesar de poder ser mortal, é vagarosa..."

O som seguinte foram de correntes. Sasdelli girava uma espécie de manivela no outro lado do quarto, enrolando correntes. Shadow não entendia o que ele estava fazendo, até que sentiu um puxão em suas pernas e braços: a estava esticando! Mais algumas voltas da manivela, e Shadow geme, sentindo as pertes de seu corpo quase serem arrancadas de seu corpo.

"Quem é você, Shadow?" Pergunta Sasdelli. Shadow fecha os olhos firmemente, e nada diz. Insatisfeito, o escritor usa novamente a lâmina fina que usara na última sessão de tortura: cortou-lhe a base do braço, vendo com deleite o corte se esticar a medida que as correntes eram recolhidas, a resistência do corpo da Death Eagle testada.

"Eu... Eu..." Gemeu ela, perdida num furacão de dor e confusão, sentindo seus sentidos lhe abandonarem junto com seu sangue. Mais um puxão e Shadow aperta os olhos, fechando-os ao máximo, num longo grito de dor.

"Diga!" Ordena Sasdelli, enrolando a corrente mais algumas voltas, vendo o braço da garota quase ser completamente rasgado, decepado.

"Eu sou..." Ao abrir os olhos, Shadow sente sua visão embaçada.

Não havia mais dor, apenas algo como revolta, algo como obediência, algo como uma terna rebeldia.

Quer era aquele rapaz?

Quem era ela?

Onde estava? Ah... sim... Agora ela se lembrava.

"Eu sou Shadow..." Sua voz rouca, ofegante, era como música para o louco escritor. Sua distorção estava pronta? Era o que tudo indicava...

"Quem é Shadow?" Pergunta Sasdelli, afrouxando um pouco as correntes, apreciando o sorriso de sua nova escrava, que para ele rosnou.

"Shadow..." Disse ela, pensando um pouco... Antes de rir. Riu alto, sacudindo a cabeça, quase histérica, quase insana. "Sou eu!"

"Não! Não! Você é minha besta distorcida!" Insistiu ele, quase em pânico. Uma distorção não poderia dar errado! Que aquela louca pensava? Estava toda rendida, não deveria haver resistência!

A prisioneira abaixa a cabeça e suspira. Volta a cabeça para Sasdelli: "Shadow sangra."

"Shadow é..."

Sasdelli sorriu em expectativa, torcendo os próprios dedos.

"O que o senhor mandar."

Longo silêncio. A quietude era quase absoluta, além da respiração se Sasdelli, pesada pela excitação, e uma ou outra gota de sangue que escorria do braço da menina, pingando com um engraçado ruído sobre uma poça vermelha.

"Elisabeth!" Gritou o escritor, empolgado. "Místico! VENHAM!"

Todos logo estavam perto do escritor, admirando sua nova obra. A consciência arrumou seus cabelos, e sorriu abertamente, sua alegria reluzente.

"Aqui está a última irmã dos distorcidos." Declara o escritor.

Ali estava. A caçadora virara caça. A águia mortal fora abatida com um tiro certeiro em seu mergulho perigoso de ataque, e agora se desintegrava: Havia apenas a besta, a loucura, a distorção. Shadow. Uma ave de rapina, assassina, agora sem suas asas, sem as poderosas garras da violência e da repressão. Ela sorriu, então.

Ela sorriu, enquanto, no inferno, os demais de sua horda choravam pelo fim de seu sonho.

**FIM O.O**

(1) - Simon, a bicha, que foi comido por Mário atrás do armário. Vide "Distorcidos"

(2) - Subversão: Praticamente... Terrorismo o.o

(3) - "A besta nazista da Nação Potter". Vide "Distorcidos"

(4) - Aquela que "cansou de ser uma cachorrinha das Death Eagles", e virou Claudinha Sapatão. Vide "Distorcidos"

(5) - O loop temporal do "poupe-me". Vide "Distorcidos"

(6) - Não, não existe cidade alguma com este nome. Eu digo que ela é a futura Distorcity u.u

(7) - Quem nunca ouviu Blitzkrieg Bop, dos Ramones, antes? Pois é, esta é uma tática de guerra muito usada pelos alemães, que consistia em não deixar prisioneiros!

(8) - Ahm... Vide "Swimming Boy 2" o.o

(9) - Sim, Místico, no meu ver, tem olhos rosa. Não me perguntem como o.o Mas eu acho que ele é estilo um personagem de mangá, sabe?

(10) - Se Dana Norram foi capaz de dizer como C. Auguste Dupin era na sua fic "O Misterioso Gosto do Xerez", eu também posso descrever Shadow à minha maneira!

 

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