Midgard era uma cidade movimentada, bem estruturada e conhecida por toda a parte, como toda a cidade grande ela carregava consigo suas crenças e lendas, o que incluía a mais famosa de todas, a lenda de Uriel e Zeras.

Há muito tempo atrás, havia um povo que morava nas montanhas que cercavam Midgard, um clã composto de criaturas místicas que eram conhecidas por seu poder e sabedoria, um clã composto de criaturas que podiam assumir forma humana, um clã de dragões mas não eram uma espécie qualquer, eram uma espécie especial de dragões.

Como todo clã eles possuíam seus sábios e anciões, soldados e seus governantes, a atual governante do clã se chamava Zeras. O dragão ancestral mais forte que existiu, suas escamas eram brancas e puras, possuía uma vasta sabedoria e grande poder. Ao seu lado governava Uriel, o dragão negro que conseguia equiparar seu poder com Zeras, ele era o único.

Mas o poder que possuía e a sombria ambição por mais corromperam o coração de Uriel e fizeram dele um dragão cruel, malévolo, amargo e sarcástico que quebrou todos os seus votos; entre estes estava o voto de nunca ferir os humanos e nunca ferir seus irmãos da espécie. Ele deixou seu povo ao ter seus planos descobertos e jurou exterminar todos e tudo que estivesse em seu caminho e isso afetou Zeras profundamente.

Se passou algum tempo e já se havia pensado que Uriel havia desistido dos antigos planos mas todos estavam mais do que errados, Uriel a cada dia se tornava mais cruel e impiedoso e sua crueldade era tanta que passou a usar de uma magia sombria, que drenava a alma de outros e o tornava mais forte quando ele matava. O dragão já havia destruído muitos vilarejos e povoados, exterminando sem piedade muitos dragões de outros clãs mas seu alvo principal... Era Midgard.

Zeras descobriu que Uriel já estava exterminando povoados e outros dragões a pelo menos um ano e estava decidida a pará-lo, presenciou o surgimento de tropas na cidade que se intitulavam SOLDIER e ficou mais tranquila sabendo que pelo menos os humanos tinham algo para defendê-los, mesmo que por pouco tempo. Sua missão era defender Midgard não só por seu juramento ancestral mas também porque sua descendente mais nova, Azera, estava na ala feminina das tropas dos SOLDIERS. Ambas eram muito parecidas e Zeras zelava pelo bem estar da menina que tinha apenas 14 anos e ocupava um alto posto no batalhão, era seu orgulho.

Quando Uriel partiu em direção a cidade, Zeras interceptou-o no meio do caminho e lutou contra ele, ela percebeu que algo estava acontecendo na cidade e que era péssimo. Podia sentir o cheiro do sangue humano no ar, estava temerosa por sua descendente mas se focou na árdua batalha que travava com seu antigo aliado e quando este deu uma pequena brecha , a ancestral prendeu-o numa magia antiga de selamento que em troca, ceifaria sua própria vida.

Uriel praguejava e jurava que tudo seria inútil porque ele voltaria e destruiria tudo de qualquer maneira, Zeras sabia que fazendo aquilo ela daria mais tempo para sua descendente se preparar e se tornar forte para derrotar Uriel se fosse preciso. Com este pensamento em mente, Zeras completou a magia e selou Uriel nas profundezas de uma antiga montanha.

A ancestral foi ao chão, seu corpo estava perecendo e sua vida sendo drenada para terminar o selamento quando percebeu que Azera estava ali, de pé em frente a ela. A menina estava ferida e sua armadura estava manchada de sangue, eram as marcas do combate que acabara de travar em Midgard, onde apenas ela da tropa feminina havia sobrevivido. Aproximou-se do focinho de Zeras e tocou-a com as mãos tremulas, seus olhos marejados demonstravam todo o desespero que estava sentindo.

Um choro compulsivo tomou conta de si, pedia, implorava para que a ancestral vivesse e dizia que queria fazer algo para salva-la. Diante da insistência da menina, Zeras entrou em acordo com ela e selou em Azera parte da sua alma, parte de seu poder e parte de tudo o que havia se tornado, com isso a ancestral dá seu ultimo suspiro e sente seu coração dar as ultimas batidas.

Azera lamentou por ela durante um bom tempo, a chuva caia forte sobre as duas, a menina não queria se levantar, não queria abandonar sua ancestral, sua amiga, sua mãe. Zeras era tudo que lhe restava, perdera os pais em batalha quando mais nova e tinha poucas lembranças dos dois, perder aquela que se tornou seu tudo era doloroso demais.

Ela não sentia um vazio no peito graças a presença de uma parte de Zeras em seu corpo mas a tristeza era inevitável, mas tinha que ser forte. Tomou coragem e então se levantou, secando as lágrimas e jurou diante do corpo de Zeras que protegeria os humanos e seu povo enquanto vivesse, partiu dali e não foi mais vista por seu clã. Uriel permaneceu adormecido no profundo da terra.

A condição para sua ressurreição era a força de um dragão cujo símbolo fosse igual o de Zeras. O símbolo lua era raro entre os clã draconianos, a única a ter o simbolo, na era presente, era a própria Azera que havia saído do clã, mas que estava sempre perto dos humanos e zelava para que ninguém despertasse o malévolo de seu selamento.