Asdfghjkl escrita por Lasanha4ever


Capítulo 8
Capítulo 8




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Assim que o Lucas vai embora, eu sinto um vazio dentro de mim. Sei lá, eu estou tanto tempo ao lado dele que estar separada é estranho. Ainda não consegui tirar da minha cabeça a forma com que ele descreveu a garota. Ele parece estar tão... Apaixonado. Ele é fofo quando apaixonado. A garota tem sorte por ser amada por ele. Quem me dera que eu tivesse alguém apaixonado por mim, ando tão necessitada de... Sei lá, ficar abraçada com uma pessoa que me entenda e me ame. E eu sei que o Lucas já, já vai namorar a tal garota que ele gosta, e eu vou ficar sozinha.

Ignoro esse pensamento no segundo seguinte, soou tão mesquinho e idiota.

Fico focada em me distrair para não pensar no Lucas, o que me faz pensar mais em não pensar nele, consequentemente, penso mais nele do que o normal. Odeio o fato de eu complicar tanto que acabo não fazendo nada proveitoso.

Quando encontro o Lucas conversando com alguma garota no colégio, fico me perguntando se ela é “a garota”, mas eu não vejo os olhos do Lucas brilharem quando conversam com elas. Eu sempre consegui perceber quando uma pessoa gostava da outra. Era tão obvio, e lindo. Mas eu não consigo ver quando o Lucas está perto da tal garota.

- Anda Lucas, me conta logo! Quem é a garota? – pergunto em uma de nossas caminhadas da escola para a casa dele.

- Ui, tá curiosa por quê?

- Porque sim! Conta logo, cara.

- Nem.

Reviro os olhos e o empurro de leve com meu ombro.

- Você é muito curiosa, sabia?

- Eu sei. Agora me conta, vai.

Ele apoia seu braço em meu ombro e nega.

- Você vai ser a primeira a quem contarei, mas antes, eu preciso contar a ela.

- Poxa... Quando vai contar pra ela?

- Assim que eu tiver coragem. Entenda meu lado, Becca. Ela é linda e tipo assim, muito perfeita, e está solteira. Sempre tem algo errado com garotas lindas, divertidas e amigáveis solteiras. Talvez ela não queira ninguém, ou então ela tem alguém e eu não sei, sei lá. Só sei que, eu não acho que ela vai aceitar sair comigo. Eu sou um nada comparado a ela.

- Você não é um nada, cala a boca. – falo antes de me dar conta de que falei rápido demais, e isso parece meio estranho.

- É? Valeu... Mas mesmo assim, estou com medo de falar o que eu sinto e perder a amizade dela.

- Para tudo! Ela é sua amiga?

Ele cora e fica com os olhos levemente esbugalhados. Essa feição em seu rosto só me diz uma coisa. Ele não queria que eu soubesse disso.

- Não é da sua conta.

- Que do mal.

- Nem sou, Becca. Enfim, tenho que ir, meus pais estão putos comigo, então não você não pode ficar aqui hoje, e eu não posso ficar lá com você.

Relutante, me despeço dele e vou para minha casa. Não consigo parar de pensar em quem ele gosta. Não é ciúme, tenho certeza. Eu não sentiria ciúmes do Lucas. Mas eu estou com uma impressão estranha. Não consigo prestar atenção direito nas coisas que antes eu prestava – como livros e filmes. Ao invés disso, não consigo parar de pensar nele e na tal garota por mais de uma hora – eu contei, é verdade.

O mês passa devagar. O Lucas não para de falar da tal garota, o que me deixa irritada, e é também um dos motivos que fez eu me afastar um pouco do Lucas. Não é ciúme, ok? Só não suporto escutar sobre uma garota que tá fazendo ele se apaixonar vinte quatro horas por dia. É um saco.

Acaba de amanhecer e eu acordo com o barulho de alguma coisa batendo na janela. Amaldiçoo o barulho, coloco um travesseiro acima da minha cabeça e volto a dormir. Meus pesadelos estão cada vez mais escassos. E meus pais finalmente deram inicio ao divórcio, e estão querendo fazer do modo mais pacífico possível.

Às vezes eu sinto falta do meu pai – ele finalmente alugou um apartamento cerca de dez quilômetros de distancia da minha casa. Às vezes eu desejo que nada disso tivesse acontecido, que ele não bebesse tanto, que a minha mãe não tivesse traído ele. E que eu não tivesse me distanciado do Lucas. Faz uma semana que eu não o vejo, e estou com saudades.

Saio da cama e me arrumo. Eu vou até a casa dele fazer uma surpresa. Estou de calça de moletom cinza e uma blusa de alça fina e colada, branca. E, como a Lei de Murphy existe, começa a chover.

Sorte do dia: estou de sutiã. Azar do dia: meu sutiã é de ursinhos. Ainda bem que não existem muitas pessoas diurnas em pleno sábado chuvoso. Corro o mais rápido possível para a casa do Lucas, e entro pela janela de seu quarto que, como sempre, está aberta. Ainda bem que não é chuva com vento, senão seu quarto estaria inundado.

Ele está dormindo, e seu laptop ligado ao seu lado. Tenho uma decisão a fazer. Entro no facebook dele e descubro quem é a garota, ou acordo ele e só saberei depois que o covarde tiver coragem de contar a ela? Primeira opção.

A última conversa dele foi ontem com o Bruno. Começo a ler.


  Bruno S:

E aí, mano, vai contar pra ela?


  Lucas:

Não sei, e se ela não gostar de mim desse jeito? Somos amigos desde sempre, não quero perde-la.


  Bruno S:

CONTA PRA ELA LOGO, VIADO.


  Lucas:

VSF VC TBM, AFF.


  Bruno S:

LeR s2s2s2


  Desde quando o Lucas gosta de ler?

  Mando uma mensagem para o Bruno.


  Lucas:

Ler, como assim? 0.o


  O Bruno tá online, e visualiza.


  Bruno S:

Ué, mano, vc n ia dormir? Deve tá é chapado pra n entender o que é LeR...


  Lucas:

Pior que não me lembro, o que é mesmo?


Enquanto ele digita, o Lucas acorda. Fodeu.

- O que você tá fazendo aqui, Becca? – ele pergunta com a voz rouca e um olhar confuso.

O Bruno não respondeu ainda. Fodeu. Fecho o laptop e escondo-o embaixo da cama.

- Eu vim ver se você ainda estava vivo, porque a gente não se vê há uma semana.

- Eu tô bem. E pelado. Já volto. – ele sai enrolado no lençol para o banheiro. Tento pegar o laptop, mas ele chega antes do laptop carregar a pagina do Facebook. Que ódio. Ele está com uma cueca box preta e uma camiseta branca simples, e se senta ao meu lado.

- Então, o que estava fuçando no meu computador?

- Nada.

- Qual é, Becca. Eu sei quando está mentindo.

- Idiota.

Ele ri.

- Eu ‘tava olhando seu face.

- Por quê...?

- Pra descobrir quem é a garota!

Impressão minha ou ele fica nervoso.

- E descobriu?

- Nadinha. O merda do Bruno fala em códigos e eu não entendi nada.

Não estou fazendo beicinho, mas ele diz que sim, e começa a rir da minha cara.

- Quem é a garota, me diz!

Ele nega. Taco um travesseiro em seu rosto, o que só o faz rir mais um pouco.

- Quando eu contar à ela você saberá.

Reviro os olhos.

- Por que não conta logo pra ela?

- Na real?

- Na real.

- Nós somos amigos há anos, e não sei se ela gosta de mim do mesmo jeito. Tenho medo de estragarmos nossa amizade.

- Quanto tempo?

- Que?

- São amigos há quanto tempo?

Ele não responde de imediato, mas por fim, fala.

- Treze anos, mais ou menos.

- Puta amizade aí. Conta pra ela. Se vocês são amigos há tanto tempo, e se ela for gente boa. Ela é gente boa, né?

- É sim. – ele fala sorrindo.

- Então, já que ela é gente boa, não acho que ela vá estragar a amizade de vocês. Pode ser que ela goste de você também.

- Eu duvido. – ele tem um quê de desânimo no olhar.

- Pois eu não.

Não é muito difícil gostar do Lucas.

- Conta para mim como ela fica perto de você, sabe? Como os olhos dela ficam quando ela te vê. Como é o sorriso dela, se ela sente ciúmes. Se ela ri das suas piadas sem graça. Se os abraços que ela te dá demoram mais que dez segundos... E aí eu te digo se ela gosta ou não de você.

- Mesmo se ela mesma não souber se gosta de mim? – ele fala cauteloso.

- Sim.

- Tá. Deixe-me ver... Seus olhos ficam com mais vida, é como se ela tivesse pingado colírio em seus olhos antes de olhar para mim. Eles até brilham mais, a cor fica tão vívida e hipnotizante... E o sorriso dela, perfeito mesmo com um dente meio tortinho que ela tem e odeia. Quando eu sorrio, ela sorri junto, e não é um daqueles sorrisos falsos que ela dá para os outros. E sim, ela sente ciúmes, ou pelo menos eu acho que sente. Quando eu comento sobre alguma garota gostosa do colégio perto dela, ou converso com alguma garota, ela fica cheia de ódio no olhar. Não ódio, mas sabe aquele olhar que as criancinhas têm quando alguém rouba seu brinquedo? É praticamente o mesmo. Totalmente encantadora. E nossos abraços, eles duram séculos. Quando eu a abraço, eu me sinto o cara mais sortudo do mundo. E quando eu durmo com ela em meus braços, eu fico que nem aquela música “Can’t Take My Eyes Of You”, que é uma das preferidas dela também. Teve uma vez que ela cantou essa musica para mim, mas não sei se cantou porque eu gosto dessa música, ou porque queria me dizer algo. E então, ela gosta de mim?

Isso que eu tô sentindo é ciúmes? Não sei, só sei que eu não gosto disso.

- Ela te ama, seu idiota. Como você não percebeu até agora?

Ele sorri. Não um sorriso simples. Um sorriso brilhante, cheio de felicidade. Seus olhos brilham mais que diamantes, e eles realmente parecem olhos apaixonados. Nunca vi um sentimento tão puro refletido nos olhos.

Então, ele fala:

- Ela é você.


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Notas finais do capítulo

estou na dúvida se faço um capitulo extra ou termino a história aqui... Ideias? ;P



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