Após terminar de fazer a janta, Kise retirou seu avental de coelhos (ganhará do Kuroko faz algumas semanas) e guardou cuidadosamente dentro de uma gaveta, puxou as mangas da camisa azul e foi a procura do resto da família para poderem jantar juntos.

- Talvez ele esteja na sala – Dito isso, o loiro foi a sala á procura do primeiro filho de três. Taiga era o mais velho dos três, tinha apenas sete anos; cabelos loiros e olhos levemente castanhos iguais ao do maior. E o loirinho menor adorava se esconder no espaço de um sofá e outro; então Kise não teria muito trabalho em encontrar, que , de fato , já tinha encontrado.

- Taiga, venha jantar. Sabe aonde estão os outros ? – O maior pegou o filho no colo e voltou para a cozinha, onde o colocou na cadeirinha alta.

- O Alex deve estar no jardim... já o papai e a Yano eu não sei.

Kise suspirou alto, aonde Aominecchi e sua filha devem ter ido ?

‘’Mas que pai mais descuidado! Baka, Ahominecchi!’’ – Foi o primeiro pensamento do loiro, que saiu em passadas rápidas atrás do segundo filho, que de acordo com o mais velho, estava no jardim.

- Alex ?

- Mamãe! Olhe o que eu achei! – Alex gritou e levantou a cabeça para Kise; Alex era moreno igual o pai, poderia dizer que era uma versão do Aominecchi com seis anos.

- Eu já te pedi pra me chamar de papai e..... o q-que é isso ? – Kise estremeceu ao ver o que tinha nas mãos do filho. Uma minhoca. Grande e nojenta - A-A-A-ALEX! TIRE ISSO DE P-P-PERTO DE MIM! – Kise gritou histericamente, pulando em cima do carro.

- Mas, mamãe.... por acaso o senhor tem medo de minhocas ?

- T-tenho!

Alex sorriu irônico para o pai, e jogou a minhoca para cima; que, por pouco, não cai direto em Kise (que saiu correndo em alta velocidade de cima do carro). Agora ele tinha razão, Alex era completamente um Aominecchi com seis anos.

- O-ok! Você já se divertiu vendo seu pai com medo, agora vamos comer! – Agarrou o braço do filho e o levou para a cozinha, o colocando na cadeirinha alta também.

- Sabe onde está sua irmã e seu pai ?

- Não.

‘’EU VOU MATAR AQUELE IDIOTA!’’

- Mamãe, o senhor está com uma cara assustadora – Taiga comentou, se encolhendo um pouco na cadeira.

- Ah, me desculpe.... Vou procurar seu pai.... – Pegou uma faca e colocou no bolso da calça – Caso ele não voltar para casa, vamos ser só nós três a partir de agora.

- E-e a Yano ?

- Ela foi com o idiota de seu pai, merece receber o castigo no nível Ryouta.

Kise estava começando a se estressar, odiava quando Aominecchi sumia com sua princesinha por aí. ‘’Mas o carro está na garagem....’’ Então, estariam dentro de casa.

Suas opções de pensar o que estariam fazendo eram duas. Ou estavam fazendo hora com sua cara ou estavam fazendo hora com sua casa.

‘’Aominecchi é um péssimo pai.’’ – Pensou Kise enquanto se lembrava de todas as maldades que já fizera com seus próprios filhos. ‘’Cuecão, quebrar a boneca, tomar o leite..... COMO UM PAI ASSIM EXISTE ?’’ – Kise já pisava mais firme e abria cada porta da casa, como se fosse encontrar uma traição e ele já soubesse de tudo.

Mas foi quando que ele abriu o quarto da filha, que toda sua raiva se esvaziou automaticamente.

Aomine dormia a sono solto com sua filha nos braços, estavam cobertos e havia um álbum de fotos aberto sob a cama – Kise sorriu e se sentou na beirada da cama, pegando o álbum – Era o álbum de todos os momentos em que Kise passou com Aomine.

Ele se lembra de todos. De quando se conheceram na Teikou, quando jogaram a primeira partida juntos; até se lembrava de todas as derrotas – Mudou a página – Essas fotos foram na época em que a Kaijo perdeu para a Academia Touou – Mudou de página novamente – Kise se lembrou quando começaram a namorar; Foi Kise em que propôs tudo, Aomine chorava baixinho na derrota contra a Seirin, Kise o consolou e isso foi o início de tudo – Mudou a página novamente – ‘’Ah, esse foi um dos momentos mais felizes da minha vida’’, foi o dia em que Aomine o pedirá em casamento – com um esforço enorme mas conseguiu depois de gaguejar por 27 minutos na frente da família de Kise coisas como ‘’Eu....você...buquê,filhos madrinhas!’’ – Kise deixou escapar um sorriso bobo; como ele amava esse idiota. – Guardou o álbum e foi acordar duas de quatro pessoas mais importantes na sua vida.

- Aominecchi, Yano... acordem, hora da jant...

- OPA! JANTA ? – Aominecchi acordou em um salto, pronto para comer o que viesse na frente.

- Você só liga para a janta, não é ? – Kise emburrou enquanto acordava a caçula.

- Claro que não, idiota. É só pra não acordar a Yano dizendo ‘’Opa! Kise ?’’ – O moreno passou os braços na cintura do loiro, depositando um beijo no mesmo.

- Ahhhhh! Papai e mamãe estão se B-E-I-J-A-N-D-O! – A loirinha deu uma risadinha e pulou da cama, correndo para a cozinha.

- Francamente! Yano, calma , me espera! – Aomine saiu correndo atrás da filha, fazendo Kise suspirar e voltar para a cozinha.

Após todos jantarem e tomarem um banho, Kise e Aomine colocaram as crianças nos quartos. E no momento ambos estavam deitados na cama.

- Aominecchi.

- Sim ?

- Sabe que dia é amanhã ?

- Não, qual é ?

- O primeiro dia a Yano na escola.

Kise sentiu Aomine ficar duro na cama.

- C-como ?

- Amanhã é o primeiro dia da Yano na escola, como eu disse – Ele se virou para encarar o marido, que tinha pânico nos olhos.

- NÃO PODE SER, MENTIRA!

- Aominecchi, calma! É verdade.

- ELA NÃO TEM IDADE PRA IR PARA ESCOLA! ELA É MINHA PRINCESINHA, NÃO POSSO DEIXAR!

- AOMINECCHI, ELA JÁ TEM CINCO ANOS. SE ACALME! – Kise impediu o marido de cometer uma loucura ; como queimar a escola ; o colocando de volta na cama. – Agora durma. Boa noite – Deu um último selinho no marido antes de se virar para o outro lado para dormir.

2:34 da madrugada.

E Aomine não conseguia dormir; estava com insônia.

3:21 da madrugada.

‘’Ela não pode ir para a escola.... não pode, não pode, não pode!’’

4:58 da madrugada.

Aomine se revirava histericamente no mesmo lugar; sem acordar Kise, claro.

6:23 da manhã.

‘’Vou ter que enfrentar isso...’’

Aomine continuava deitado, Kise havia se levantado há um tempo e o moreno disse que iria dormir mais um pouco, então o loiro foi arrumar as crianças.

- Eu deveria levantar e dar boa sorte na escola para eles.... mas...... – Enfiou o rosto no travesseiro – EU NÃO QUERO! MINHA PRINCESINHA NÃO VAI! Não... não....

- Aominecchi, venha dar adeus aos seus filhos! Está na hora de ir para a escola – A voz do marido fez com que Aomine se levantasse e fosse um tanto rápido demais para a entrada da porta. Seus três filhos estavam bonitinhos e arrumadinhos; Taiga e Alex (Aomine fez o mesmo escândalo para não os deixar ir na escola aos atrás, mas não tanto quanto com Yano) já estavam prontos para ir.

- Papai, mamãe, até mais tarde! – Ambos saíram acenando.

- Então... mamãe, vou dar adeus ao senhor primeiro.... – A caçula abraçou a perna de Kise, que agachou e lhe deu um beijo na testa. – Agora, papai.... – A menor fez o mesmo com Aomine, que não agüentou e desabou em lágrimas – Não chore, papai, estarei de volta logo. – E saiu pela porta.

Kise virou sorrindo para o marido que ainda chorava alto, suspirou e limpou suas lágrimas.

- Venha, vamos fazer um ótimo almoço para eles, ok ?

- O-ok....

Nesse dia Kise teve certeza de uma coisa.

Aomine era o melhor pai do mundo.