Nisi Amare escrita por LA_Black


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

notas/LA_Black: Voltamos! Capítulo novíssimo. Desculpem pela demora, mas o tempo está virando meu inimigo e a inspiração ri da minha cara nos momentos mais inoportunos. Espero que gostem. Antes, vou deixar aqui a relação das idades do Jake e da Kahli, okay? Não sei se isso acontece com vocês, mas se eu não souber a idade do povo eu meio que entro em parafuso. Kkkk' Jacob tem 20 anos, ou seja, ele reencontra a Bella quando está com 16/17 anos. Tudo aconteceu da mesma forma, ele só é mais velho do que na saga. A Kahli tem 23 anos, mais velha que o Jake. Só isso.Boa leitura



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Jacob fazia a ronda pela floresta quando Seth apareceu em sua cabeça de supetão. Sua voz mental beirava o tom de “vida ou morte” e, foi somente por isso, que ele aceitou a “ordem” do terceiro no comando.

Logo, os cinco lobos pararam em um círculo perfeito e sentaram-se sobre as patas. Jacob parecia o centro de tudo e de seus lados direito e esquerdo estavam Seth e Embry, Brady e Collin, respectivamente.

— O que é tão urgente, Seth? — A voz mental de Jacob tinha um tom ácido.

— Nossa função aqui.

— E o que tem ela? — Collin também não entendia o motivo da reunião feita às pressas. Ele estava cansado, deveria estar em “casa” desde a parte da tarde, sendo substituído por Seth, mas o cara desaparecera.

— Estamos errando. Conversei com a Kahli hoje e...

— Então foi isso que você fez a tarde inteira? — Collin interrompeu-o no exato instante em que ouviu-se um rosnado. A pseudo-discussão dispersou-se enquanto todos olhavam para Jacob.

Os dentes brancos e afiados estavam à mostra. Os pelos, arrepiados. O corpo estava pronto para atacar. Atacar Seth. Tudo o que Jacob pensava ou visualizava era Seth e o fato de ele ter passado a tarde com Kahli. Não existia o amigo ali. Ele era apenas um cara que poderia e, provavelmente, teria olhado para ela de uma forma que não competia a ele. A palavra com “i” começou a aparecer em sua mente quando ele voltou a terra subitamente. Sua mente era ligada à dos outros.

— Não quero discussões. — Gritou mentalmente esperando que os amigos se calassem. — Seth, prossiga.

Foi uma saída de mestre. Antes que notassem, ele simplesmente mudou o rumo dos pensamentos. Embora a ideia tenha sido genial, não foi o suficiente para que os caras ignorassem.

— Estamos completamente errados.

— Em que, exatamente? — Collin falou com tédio, bocejando.

— Em tudo — gritou, fazendo os outros encolherem-se. — De alguma forma, eles entram nas casas, gente.

— Como? Quem entra nas casas?

— Aqueles que atacam a cidade. Eles entram nas casas trancadas! Acha que não encontrariam uma forma de nos ludibriar e passar por nós?

— Quer dizer, que neste exato instante, eles podem estar sequestrando alguém?

— Isso mesmo! — A animação de Seth ao ser compreendido foi enorme. — Nossa ronda deve ser feita dentro da cidade. Não fora dela.

— E como vamos explicar três lobos enormes andando pelas ruas? — Embry olhou estranho para Seth. — Pelo que eu conheço, nem todos sabem sobre nossa “condição”.

— Eles têm toque de recolher. E serão cinco lobos. Entendem?

— Sim. — Responderam em uníssono.

— Seremos nós cinco fazendo a ronda. Estaremos descansados e dificilmente em desvantagem. Se houver algum ataque, algum tipo de barulho estranho dentro das casas, nós escutaremos. Assim, será muito mais fácil encontrarmos alguém, não acham?

Jacob ponderou a proposta. Era uma ideia arriscada, considerando que alguém poderia sair de casa e encontrá-los perambulando pelas ruas, mas era o mais lógico a se fazer, levando em conta a situação. Seth havia feito o que ele, como alpha, deveria ter enxergado há tempos.

— Alguém se opõe? — Ele perguntou para os companheiros, que negaram veemente. — Ótimo. Vamos começar esta noite. Dormiremos durante o dia. Vamos pegar esses caras e eles nem verão quem acabou com eles.

Em uma animação que não havia sido demonstrada anteriormente, três lobos seguiram em frente correndo e discutindo estratégias para um inimigo, até agora, invisível. Seth e Jacob ficaram para trás. Ambos transformaram-se em humanos para terem uma conversa reservada.

— Olhe Jacob, — levantou as mãos tentando manter-se longe da fúria que viu nos olhos do lobo — eu não fiz nada que pudesse desrespeitar você ou Kahli.

— Eu sei. — Os dedos agarraram os fios negros e os puxaram ao ponto de sentir dor. O que dera nele para quase atacar o amigo? — Me desculpe. Eu não sei...

— Eu sei, Jacob. Você sabe que não vai aguentar muito tempo longe dela, não sabe? — Comentou bruscamente. — Você quase pulou no meu pescoço agora a pouco e isso vai piorar. Ela é especial — um rosnado o parou. — Você sabe que é verdade, e estou falando isso como seu amigo e amigo dela. Alguém vai reparar nisso e você não vai poder fazer nada, porque ignorou o que está sentindo.

— Eu não estou sentindo! É magia!

— Não é magia, Jacob! — O grito de Seth espantou as aves que descansavam nas árvores. — Deixe de ser idiota! É a sua vida, a sua felicidade em jogo! Vai jogar fora a sua felicidade porque tem medo de ter um relacionamento que tem tudo para dar certo?

— Eu não escolhi isso. — Respondeu-o, o maxilar anguloso travado.

— E a Bella? — Somente a pronúncia do nome dela foi suficiente para causar uma dor pouco esquecida.

— O que tem ela?

— Você a escolheu?

Jacob deu as costas e caminhou para a escuridão sem ligar para a conversa de Seth. Um erro. Sem que ele sequer notasse, o mais novo agarrou-o pelo pescoço e o segurou contra uma árvore.

— Você a escolheu, Jacob?

Seth em nada se parecia com o cara calmo e despreocupado. Os olhos estavam negros, as pupilas dilatadas cobriam o doce castanho. Os cabelos revoltos mostravam exatamente o que ele sentia. Revolta. Poucas horas, vendo as atitudes de Jacob para com aquela benção, que caíra em seu colo deixaram-no assim.

— Você a escolheu, Jacob. E o que ela fez? Escolheu outro.

A fincada no peito foi mais profunda agora. Não se lembrava de que doía tanto ouvir isso. Mas porque doía? Tinha tanto tempo desde o dia em que ela escolheu o Cullen. Tanto tempo que ele se via perdido. Ele queria falar, retrucar as palavras duras dirigidas a ele, porém, mal tinha forças para livrar-se do aperto de Seth, quanto mais para falar.

— Se quer escolher a Kahli, então conheça-a. Converse com ela. Escolha ela, Jacob! Entendo que dar esse passo seja difícil, mas ele tem que ser dado para que você saia disso.

O aperto das mãos de Seth diminuiu e ele soltou Jacob dando alguns passos para trás.

— Nós mal o reconhecemos. Você não é você, Jake. Temos que crescer, mas eu não vi isso acontecer com você. Você parou, se fechou. Não deu espaço para ninguém se aproximar, nem seu pai, muito menos seus amigos. Agora você também não deu espaço para que ela pudesse entrar. Imprinting é escolha, Jacob. A sua escolha para ser feliz.

...

Fazia alguns minutos desde que a mãe anunciara que iria dormir. Após isso, tudo era silêncio. A águia não estava na janela, o que era estranho, Sibila não costumava tirá-la dos “castigos” tão rápido assim. Entretanto, não reclamaria do surto de bondade da mãe.

De banho tomado e pronta para dormir, Kahli observava a marca em suas costas através do espelho. Ela não parecia ter mudado desde a primeira vez que a vira ali, mas estava ardendo, como se aquilo estivesse vivo e pulsasse. Não era ruim, só... estranho.

Kahli bufou olhando o reflexo. Olhar a marca durante toda a noite não a faria entender o porquê dela.

Apagou a luz do banheiro e seguiu para a cama. Contrariando o frio ao lado de fora, embaixo do edredom estava quentinho. Quente. Sem saber o motivo, a palavra a levou para Jacob e a marca nas costas pulsou com mais força.

Infelizmente, ou felizmente — ainda estava tentando se decidir —, após Seth deixá-la na casa de Samantha, o fato de saber com total certeza onde ele morava a fez sentir-se viva, mais próxima do homem que a tratara tão mal com palavras e, ao mesmo, tempo a acendeu com o olhar.

Um sorriso formou-se nos lábios enquanto tampava o rosto com o travesseiro.

— Eu esperei vinte e três anos para me sentir como uma adolescente boba – sussurrou contra a fronha. — Meu Deus!

Estava prestes a apagar a luz do abajur, quando escutou o barulho de algum objeto caindo.

— Mãe? — Deixou o travesseiro de lado. — Tudo bem aí?

Ninguém respondeu, na verdade, o silêncio aumentara. Apenas agora havia reparado, era um silêncio incomum. Sem grilos chiando, corujas piando ou qualquer outro animal fazendo seus barulhos naturais.

— Mãe! — Continuou chamando por Sibila, porém em um volume mais baixo.

Abriu a porta do quarto sem produzir qualquer som e correu para o da mãe, fechando-se rapidamente lá dentro.

A cama estava arrumada. Todo o quarto encontrava-se organizado, como se a única pessoa que passara por ali durante as últimas horas houvesse o feito, exclusivamente, para limpar o lugar.

Novamente ouviu o som de algo caindo. O coração deu um salto no peito no exato instante em que escutou passos na cozinha. Tinha alguém lá dentro.

Os dedos ao redor da maçaneta tinham os nós brancos. Kahli soltou o ar pela boca e uma fumaça branca comprovou que o frio do lado de fora havia entrado em casa. Como? Ela não sabia.

A porta foi novamente aberta e ela olhou para o corredor estreito. Não havia luzes acesas, mas pode enxergar nitidamente figuras escuras se movimentando pelo cômodo. Procuravam algo. Todos os armários estavam abertos e revirados, mas, aparentemente, não encontraram nada. Os encapuzados não pareciam felizes com isso.

A saliva raspando na garganta produziu um barulho seco que ressoou em seus ouvidos.

Eles ainda não a haviam notado, portanto, sua chance era sair pela janela do seu quarto, a mais próxima dos fundos da casa. Só precisava passar pelo corredor sem ser vista. Só.

Kahli fechou os olhos e respirou fundo.

A marca nas costas pareceu queimar enquanto atravessava o pequeno espaço e entrava no quarto. Ela ignorou isso, correndo para a janela e levantando a tranca. O vidro subindo fez um pequeno ruído que Kahli acreditou não ter sido ouvido, mas foi. Ela passou as pernas pela janela e quando olhou para trás, mãos ossudas e brancas abriram a porta arrebentando-a no processo.

Descalços, os pés esmagavam as folhas e o que estivesse no chão. Os cabelos negros tampavam os olhos e ela mal enxergava o caminho. Enxergar não era importante. Sair dali era. A boca estava seca e o rosto, molhado de lágrimas que ela mal notara escorrer.

Verde.

Tudo atrás de Kahli era verde.

Como fogo, a luz de cor incomum se alastrava pela floresta. As árvores pareciam esconder-se do brilho enegrecido. Onde ele tocava, o frio aumentava, não a ponto de congelar como a neve, mas um frio de morte.

Kahli escutava os mantos escuros esfregando-se no chão enquanto eles se aproximavam. Eles pareciam cochichar entre si sussurros infelizes e, à medida que se aproximavam, os poucos animais que haviam permanecido ali corriam.

O pijama velho estava rasgado e sujo das vezes em que caíra no chão. Com certeza não possuía mais azul límpido de antes.

Respirar tornou-se um desafio quando Kahli aproximou-se da casa de madeira. Havia tomado uma pequena vantagem ao pular um estreito córrego há poucos metros dali, mas isso não os atrasaria muito.

Por favor, tenha alguém lá dentro. Por favor, tenha alguém.

As luzes apagadas diziam o contrário. Mesmo assim, ela conservou as esperanças.

Suas pernas começavam a arder quando atirou-se contra a porta.

— Seth! — Gritou, dando vários socos na madeira. — Seth!

Virou o rosto para trás, a tempo de ver o encapuzado aproximar-se. A face erguendo-se.

Kahli prendeu a respiração e encostou-se à porta.

— Tem alguém aí?

Continuou batendo, o ato soando mais como um reflexo do próprio corpo do que se estivesse esperando sua salvação. A figura sacudiu o corpo parecendo rir da situação. Os nós dos dedos começaram a doer. A sensação percorrendo seus músculos. Tudo parou. A visão escureceu. O coração, desesperado no peito, pareceu acalmar-se. Contudo, a marca nas costas parecia latejar querendo sair de sua pele. A marca era a única coisa que parecia estar viva naquele instante. Então, em um último ato de desalento ela gritou. Gritou o primeiro nome que passara por sua cabeça desde o início daquilo tudo. O nome que ela ignorara ao bater naquela porta.

— Jacob!


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Notas finais do capítulo

notas/LA_Black: Gostaram? Me contem nos comentários o que esperam do próximo capítulo. Provavelmente, leiam bem, provavelmente teremos um novo capítulo até sábado, porque aqui, na minha cidade, quinta e sexta são feriado. Espero que dê certo e postemos um novo capítulo nesta semana.Beijos