Everything Has Changed escrita por Bruna Pattinson


Capítulo 10
You should be afraid. You should run again


Notas iniciais do capítulo

EU MUDEI NOME DA HISTÓRIA!

Era 'I Think I Found Love', não fiquem confusos haha

Eu mudei a capa também ;)

Acho que 'Everything Has Changed' combina mais, por algum motivo, não me xinguem kk

Como sempre, estou aqui me desculpando pela demora para postar...

E pedindo reviews pra vocês, então

Enjoy



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Edward caminhou até o centro da campina, e eu apenas observei sua forma de andar. Era elegante, mas ainda assim máscula, os passos firmes, numa velocidade normal para mim. Então ele se virou, seu olhar encontrou o meu mesmo com toda aquela distância entre nós. Ele deu um sorriso suave e então sumiu de minha vista. Ouvi apenas o barulho do vento devido à força de seu novimento, e então, senti duas mãos em meus ombros e gritei.

Edward riu pelo que parecia a milésima vez nesse dia.

– Você gosta de assustar todo mundo, ou só eu? – perguntei, sorrindo. Virei-me para ele, e ele tirou suas mãos frias de minha pele delicadamente.

– Só você. Suas reações são ótimas.

Dei de ombros. Eu sou hilária.

Edward balançou a cabeça, concordando. E depois riu baixinho.

– É irritante pra você andar na velocidade humana? – perguntei. Edward sorriu.

– Não. Já estou acostumado. Quando se vive eternamente se aprende a ter paciência.

Isso me fez pensar numa pergunta que eu estava ansiosa para descobrir a resposta, desde ontem.

– Quantos anos você tem?

Seu sorriso sumiu um pouco, e ele ficou meio hesitante.

– Tem certeza de que não vai sair correndo de novo?

Balancei a cabeça uma vez, um pouco incerta. Vai que ele tivesse cem mil anos ou coisa assim? Meu Deus.

– Não tenho nem mil, Bella. Ainda – ele sorriu. – Eu pareço tão velho assim?

Não respondi. Olhei para baixo, encarando a grama, esperando sua resposta completa.

– Tenho cento e doze – ele murmurou, finalmente.

Suspirei. Nem era tanto assim. Eram só onze décadas. O Moisés viveu novecentos anos. Pelo que sei até a Madonna já viveu mais que isso.

E antes eu achava que vinte e cinco era muito velho.

Mas ele não tinha cara de vinte e cinco. Ele nem tinha cara de dezoito.

Edward suspirou.

– Por que você decidiu se transformar? – perguntei, me sentando abaixo de uma árvore próxima a nós. A sombra me fez sentir melhor, eu estava quase suando com o sol quente do meio dia. Edward me acompanhou, se sentando a uns cinco centímetros de mim.

– A decisão não foi minha. Eu nunca quis isso – ele disse, olhando para frente e não para mim.

Avaliei sua expressão por alguns segundos, sentindo um pouco da pena que eu sabia que ele podia ver em meus pensamentos. Seu rosto, por mais que fosse novo, tinha expressões de um sofrimento antigo, e de uma mágoa do homem de cem anos que ele realmente era.

– Te transformaram à força? – perguntei, minha voz falhou duas vezes.

– Não, não. Você entendeu errado.

Edward suspirou, e ficou calado por alguns segundos. Talvez se perguntando se deveria me contar o que tinha para contar, ou não. Se confiava em mim ou não.

– Eu estava doente, e ia morrer rapidamente. Carlisle me transformou para me salvar. Mas é assim que funciona na maioria das vezes – ele disse, finalmente.

– Como assim?

– No geral, para se transformar alguém em vampiro, a pessoa precisa estar entre a vida e a morte. Literalmente. Se você esperar demais para morder, e a pessoa já estiver totalmente morta, ela vira um Inferi. Os Inferis são mortos vivos.

– Mas os vampiros não são mortos vivos, também? De certa forma – eu disse, minha voz falhando novamente na menção do que ele era.

– De certa forma – ele repetiu. – Carlisle acredita que há alguma coisa bem antes de morrermos, que nos deixa conscientes depois da transformação, nos fazendo ser o que éramos antes, e não loucos por cérebros específicos.

– Eu pensava que só as bruxas podiam transformar pessoas em Inferis.

– Na verdade eles roubaram essa habilidade de nós. Todo vampiro sabe quando é a hora certa para se transformar alguém. É uma característica da espécie. As bruxas possuem feitiços que permitem roubar de nós as nossas habilidades, mas eles apenas funcionam com o nosso consentimento. Então, elas roubaram a habilidade de saber a hora certa de algum idiota, distorceram, e fizeram como se a hora certa fosse depois da morte. Foi como atrasar um relógio. E então, começaram a transformar corpos em Inferis. Mas elas apenas fizeram isso quando souberam que eles viravam escravos de quem os mordia. Mas quem iria querer escravos que não serviam para nada além de caçar cérebros específicos? A não ser se você tivesse um inimigo. E essa é a questão.

– Eu sou o inimigo? – perguntei, um calafrio involuntário subiu por minhas costas, mesmo com o calor que fazia ali.

– Sim. De certa forma você é um dos inimigos. O principal, nesse momento – ele olhou para mim, seu olhar de repente intenso.

– Por quê? – sussurrei.

– Alguns humanos possuem habilidades que se destacam. Habilidades que viram poderes depois da transformação. Eleazar, se lembra dele? Ele pode ver essas habilidades.

Lembrei-me da noite passada, e da conversa entre Edward e Eleazar, que eu não tinha entendido uma palavra.

“E então?” Edward perguntou, sua diversão fora substituída por uma ansiedade intensa.

Eleazar fez silêncio por alguns segundos e enfim respondeu:

“Sim. Ela é.”

– O que eu sou? Que habilidade eu tenho, Edward? – exigi, minha voz realmente firme pela primeira vez em muito tempo.

– Pelo que Alice viu... E Eleazar confirmou... Se você virasse vampira, você teria o poder de persuadir as pessoas a fazer o que você quer.

Meu queixo caiu. Só um pouquinho.

– S-sério?

– Sim. E é por isso que as bruxas querem você morta.

Balancei a cabeça, irritada.

– Isso não faz sentido algum.

– Se você for transformada, você pode acabar com a guerra que elas estão planejando. Você pode persuadir todos a viver em paz. Por isso que querem te matar, para acabar com qualquer chance de um cessar fogo.

Fiquei em silêncio, tentando absorver tudo.

– Mas por que mataram minha mãe? Se eu sou o único alvo, como você disse? – perguntei, segundos depois.

– Bom, digamos que as bruxas não entraram num consenso. Não exatamente. A maioria delas te quer morta, para não correr nenhum risco. Mas, há algumas que querem você viva... Do lado delas. Elas mataram a sua mãe para cortar seus laços com qualquer humano. Elas não são muito perigosas...

– Como assim? Elas mataram minha mãe! – repeti, incrédula.

– Isso só aconteceu por que eu não tinha me decidido.

Eu estava pronta para confrontá-lo, mas sua resposta me surpreendeu. Fiquei em silêncio, avaliando suas palavras.

– Não entendi – murmurei, por fim.

Edward colocou a cabeça entre as mãos.

– Eu não tinha me decidido se protegeria você ou não. Me decidi naquela noite, mas foi muito tarde. Eu cheguei muito tarde.

Franzi o cenho. Pude sentir um vestígio de sentimento reconhecível emanando de seu corpo. Culpa.

Me aproximei dele e toquei seu antebraço o mais delicadamente que pude, mesmo com minhas mãos um pouco trêmulas. Ele não se mexeu, então eu me aproximei um pouco mais. Edward continuava imóvel, mas agora eu podia sentir a tensão no ar, então tirei minha mão de seu corpo de pedra suavemente.

– Sei o que você está sentindo. Não é culpa sua. Não era responsabilidade sua me proteger, ou proteger minha mãe.

Ele levantou a cabeça, sem me olhar.

– Mas ainda não entendo por que você fez tudo o que fez. Não entendo por que me salvou. Não entendo por que me protegeu e continua me protegendo.

Edward finalmente me olhou, e eu não consegui decifrar sua expressão. Ele ficou calado por vários segundos, e eu me questionei se ele responderia ou não aos meus devaneios. Ele parecia estar se decidindo de novo, se ia me contar ou não, o que quer que fosse. Não era justo. Ele podia ver em minha mente tudo o que eu pretendia fazer, mas eu nunca previa suas ações, ou o que ele ia realmente dizer.

Edward balançou a cabeça em negação, por fim, e cuspiu suas sentenças para fora, com ódio de suas próprias palavras:

– Quando eu te conheci, Bella. Seu cheiro tomou conta de todos os meus sentidos. Eu queria te matar...

Arregalei os olhos. Seu tom de voz era quase seco se não fosse pela raiva. Quase inexpressivo. Fiquei confusa.

Ele continuou:

– Por pouco não o fiz. Não podia matar você. Eu não tinha o direito de matar ninguém.

– Mas você precisa... Para sobreviver – afirmei, ainda um pouco assustada com sua revelação.

– Preciso de sangue para sobreviver. Não necessariamente sangue humano.

Então ele se alimentava de animais. Por isso ele não tinha me matado.

– Você é muito boa em deduzir coisas. Mas não, Bella. Não te matei por que você não merece morrer. E estou te protegendo por que você não merece morrer – ele respondeu a meus pensamentos lentamente. Eu ainda podia ver um vestígio de ódio em seu olhar, mas agora sua expressão mudara para uma intensidade quase... Apaixonada.

– Ninguém merece morrer – murmurei.

– Você realmente acha isso? Nem o mais maligno dos assassinos? – Edward me intimou, seu olhar se tornando avaliativo. Suas rápidas mudanças de humor me deixavam sempre com um pé atrás.

– S-sim, acho que sim – fugi do seu olhar, assustada.

Edward ficou em silêncio por alguns segundos, avaliando meus pensamentos, tentando encontrar a mentira.

– Você acha. Mas nunca teve que tomar decisões que envolvesse vidas.

– Não estou lhe julgando.

Edward suspirou e ficou calado novamente.

– Qual é o ponto disso tudo, Edward? – perguntei, por fim.

– O ponto é que eu matei pessoas. Isso não lhe afeta?

No fundo, eu sabia disso. Eu sabia. Talvez essa fosse uma das razões por que eu fugira na noite anterior, o medo do que ele podia fazer. O medo de ele me matar. Ouvi-lo confirmar minha hipótese em voz alta não deveria me assustar.

Mas me assustou.

Não era como se eu já não tivesse avaliado todas as possibilidades do que Edward podia ser/podia fazer/podia ter feito. Desde ontem meus pensamentos vagavam nessas possibilidades, possibilidades que colocavam minha vida em risco. Uma parte de mim tinha um medo mortal do que Edward era capaz, mas por algum motivo, a outra parte insistia em pôr esse medo de lado e confiar nele.

Eu não era uma idiota. Só o fato de ele ser o que ele é balança minhas frágeis estruturas. Mas, a cada segundo, eu parecia me acostumar mais à ideia. Talvez eu estivesse errada ao me deixar levar.

Sei que Edward viu tudo o que pensei, mas mesmo assim respondi:

– Sim. Não posso ignorar isso. Mas, eu posso estar errada, não sei... – respirei fundo e continuei: – Eu acho que só fez o que fez devido às consequências que automaticamente caem sob as suas costas quando você escolhe essa vida. E o fato é que, você não a escolheu. Não é culpa sua. Ninguém faz o mal sem motivos.

– Mesmo assim. Eu poderia ter feito escolhas melhores.

– Eu também. Todos nós podíamos. Devíamos.

– Pare de querer generalizar, Bella. A minha situação é diferente, e você sabe.

– Só estou tentando dizer que se sentir culpado pelo resto da vida não muda nada pra ninguém. Então pare você com isso – eu disse, minha voz firme.

Edward quase sorriu.

– Você é muito condescendente. Até demais. Acho que isso borra as linhas do seu bom senso.

– O que quer dizer?

– Por que aceitou tão facilmente vir aqui sozinha comigo? – ele questionou.

Você mesmo disse que se quisesse me matar já teria o feito. Respondi em pensamento, por algum motivo incapaz de falar em voz alta.

– Mas você ainda sente medo – ele afirmou. Certamente avaliou muita coisa na minha mente desde que nós chegamos. Desde que nós nos conhecemos. Deve ser por isso que ele está começando a colocar os fatos para fora sem hesitação. Por que sabe que eu não vou dizer nada a ninguém.

Não respondi, pois ele não precisava de uma resposta. Ele já sabia.

–Essa é uma reação boa, saudável. Você deve mesmo ter medo de mim.

Expirei, e olhei para longe de seu rosto.

– Você disse que não ia me machucar.

– Mas não prometi. Prometi?

Um vento forte surgiu, batendo em meu rosto e fazendo as folhas da árvore balançarem num ritmo constante. A luz do sol passava pelas brechas, iluminando não só meu rosto, mas também o de Edward. Olhei para pele de sua bochecha, ignorando sua última resposta, e pensando numa nova pergunta.

Edward parecia ter deixado o assunto anterior de lado por um momento, e deu um sorriso ao ler meus pensamentos.

– Não, Bella. Não vou queimar até a morte.

– Então o sol não lhe faz nada?

– Sim. Na verdade, sim. Mas isso me protege – ele levantou a mão, me mostrando um anel não tão grande em seu dedo médio. Nele havia um brasão que eu não fui capaz de reconhecer.

– Como?

– Foi enfeitiçado por uma bruxa. Me impede de virar cinzas. Muito útil, não?

Não consegui rir.

– Pensei que as bruxas não gostavam muito dos vam... – eu iria continuar, mas não consegui colocar a palavra inteira pra fora. Edward apenas sorriu, ignorando minha idiotice.

– A maioria delas.

Edward se levantou, e eu fechei a cara. Eu ainda não tinha conseguido todas as respostas que eu queria.

– Você deve estar com fome.

– Não estou – menti. Ele estendeu a mão e me ajudou a levantar.

Ele me ignorou e disse:

– Está muito tarde para o almoço e muito cedo para o jantar. Então vamos fazer um lanche.

– Me diga que eu não vou ser a sobremesa – tentei brincar, mas uma brincadeira com um fundo de preocupação. Edward somente riu.

– Não, usei as palavras erradas. Só você vai lanchar.

Eu ri.

– Aonde vamos?

– Bom, Esme deve estar preparando alguma coisa para você.

Percebi que até agora eu só conhecia o pai e uma das irmãs de Edward. Então, deduzi que essa fosse sua mãe, não achava que sua outra irmã loira tivesse alguma intenção de ser gentil, preparando algo para mim.

– Ela é... Hum... Vegetariana? – resolvi perguntar, incerta. Novamente num tom de brincadeira com um fundo de preocupação. Talvez eu estivesse um pouco paranoica demais.

Edward deu uma risadinha.

– Não.

Tentei não me apavorar. Se ele estava me levando para perto dela significava que ela não ia me matar. Não era?

Não era?

– Ela não é vampira, Bella – Edward falou, mordendo os lábios para não rir.

– O que?

– Ela mesma pode te explicar a história toda quando chegarmos. Vamos – Edward tomou minha mão, me colocando em suas costas rapidamente e saiu correndo antes que eu pudesse perguntar qualquer outra coisa.


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Notas finais do capítulo

Qualquer erro me avisem, por favor

Não tive muito tempo pra editar esse capítulo muito bem :/

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