Antes Do Amanhecer escrita por Jaque Morello


Capítulo 16
Fragmento Quinze - Mexendo onde não deve.




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Quando contei sobre a ligação de Thierry, Camel fez com que todos nos reunissemos de manhã e isso incluía Anabelle. Eu continuava muito brava. Me sentia traída por Camel e por Thierry.

 - Quero explicações! - rosnei pela milésima vez a todos. - E quero elas A-GO-RA!!!

 - Você é mandona assim mesmo ou hoje você acordou inspirada? - me perguntou Dina.

 - Parem! - disse Jarede.

 - Também quero explicações! - disse Bells. - Como assim o Thierry fala com vocês e com a gente não?

 - Thierry é um ser sobrenatural assim como nós. - disse Bernard. - Ele não sabe que vocês também tem lá os poderes de vocês, então achou que seria mais seguro se apenas nós soubessemos o que ele era.

 - E o que ele é? - perguntei.

 - Um licantropo. - respondeu Raoul.

 - Ele se… - começou Bells branca como uma folha. - Ele se… Transforma em lobo?

 - O que?! - perguntei chocada.

- O que vocês não sabem é que os lobos matam vampiros. - disse Dina. - Por isso Thierry está voltando. Lucius não sabe de Thierry então estamos um passo a frente, mas ainda temos que fechar a catacumba.

 - O que é uma catacumba mesmo? - perguntou Bells.

 - É um ossário subterrâneo. - disse Camel. - Em 1776 Maria Antonieta se deitou com o pior cara que poderia se deitar, Cloud Jassè. Ele era um vampiro. Ele tentou mordê-la, mas a doida conseguiu fugir. Assustada demais esbarrou em uma de suas servas, Monalisa, que era uma bruxa. As duas armaram uma emboscada e prenderam mais de 200 vampiros no meio dos ossos da Catacumba de Paris.

 - Como Lucius conseguiu abrir? - perguntei curiosa.

 - Alguém deve ter vendido a alma para ele. - disse Dina. - Só tem essa explicação. 

 - E o que fazemos agora?

 - Bom… Você é a salvadora do mundo. Comece a salvá-lo! - Dina se levantou e foi fitar a janela num modo de dizer que aquela conversa entre nós duas estava encerrada. Revirei os olhos.

 - Uma bruxa tem que fazer o feitiço para fechar a catacumba de novo. - lembrou Roody. 

 - Eu posso ajudar nisso. - disse Bells.

 - Mas você tem que se assumir como salvadora da pátria antes disso, Dee. - disse Henri.

 - É, acho que já está na hora. - declarei encarando Dina.

 - A noite colocaremos o plano em ação. - anunciou Camel. - Vamos tomar cuidado. Lucius e Charlote podem aparecer por lá.

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    O céu estava pintado de noite escura e a Lua brilhava redonda e gorda. Toda vez que a Lua sismava em se mostrar cheia algo muito ruim acontecia. Era o destino escrito naquela imensidão azul e eu sabia disso melhor do que ninguém.  O vento frio soprou tomando nossos corpos no cemitério Père-Lachaise. Estava na hora, eu podia sentir.

 Anabelle estava com um pedaço de madeira na mão e com ele riscava o chão a nossa volta. Cada anjo olhava para um lado do cemitério. Dina estava muito nervosa, isso também eu conseguia sentir. 

 - Posso sentir o teu medo de longe. - eu disse a ela.

 - Eu também. - riu Anabelle.

 - Fui atacada por um vampiro uma vez. - explicou Dina. - Não foi nada legal, posso assegurar.

 Me coloquei de frente para Bells, ela me deu um sorriso meigo e me perguntou pela milésima vez se eu tinha certeza do que estava fazendo. Mais uma vez respondi que sim e então ela deu inicio ao feitiço.

 - INSENDIA! - gritou Bells e o fogo tomou conta dos lugares onde ela tinha marcado, formando um pentagrama de fogo no chão. - Diga! - mandou ela.

 - Eu, Desirèe - comecei e o vento se transformou numa ventania incessante. - desejo de Deus, declaro que aceito meu destino e que lutarei até a morte para salvar o meu povo.

- Ita sit perpetuum! - disse Anabelle de olhos fechados. - salutem mundorum… est hic. - ela abriu os olhos e cambaleou por um segundo. - Pronto! Agora vamos fechar a catacumba. - disse erguendo os braços fazendo o fogo se erguer também.

Do outro lado do cemitério Lucius também já estava preparando seu jogo. Ele tinha em sua frente uma vampira com sede de vingança. Ele sorriu para ela.

 - Adrielly  - disse ele afagando a bochecha dela. - Vá atrás de Desirèe Bouvié. Está sentindo o cheiro dela? - a vampira assentiu. - Ela está com o seu Henri. Tome-o de volta, e a mate por todos os anos que ela os manteu longe um do outro. - num piscar de olhos Adrielly havia sumido de sua frente.

 Ela corria em uma velocidade sobrenatural pelo cemitério. O coração batendo como um tambor dentro do peito. Rastreava-me já pronta para me atacar. Ela queria o meu sangue. Queria matar-me apenas com uma mordida, fatal o suficiente para que eu aprendesse a jamais mexer com o amor de um vampiro. Ela me avistou entre as árvores e avançou, mas sem poder dar mais um passo foi jogada para longe. Seu corpo se estabacou contra um tronco e ela caiu no chão. Sentiu medo antes mesmo de vê-lo, ouvia ele rosnar em seu ouvido, o calor de sua respiração roçando-lhe o pescoço. Olhou para cima horrorizada. Era um lobo, e ele estava ali prontinho para matá-la. Sem pensar duas vezes gritou de pavor, e para que o lobo sentisse dores no ouvido tempo suficiente para que ela conseguisse fugir.

 Ouvi o grito e não pensei duas vezes antes de sair correndo para salvar seja lá quem fosse. Ouvia Henri vindo atrás de mim, pronto para me proteger de qualquer coisa que entrasse em meu caminho.  Eu a encontrei ainda no chão encarando o lobo assim como ele fazia com ela e então reconheci os olhos dele.

 - Thi? - disse baixinho, mas a simples menção a seu nome fez o lobo desviar os olhos para mim, deixando Adrielly livre para me atacar. Tão rápido quanto a vampira, Henri entrou em minha frente protegendo-me mantendo-me atrás de seu braço.

 - Adrielly, não! - disse ele muito bravo. 

 - Vou matá-la Henri. Saia da frente. - disse ela, a voz era baixa e naturalmente sedutora. - Ela impediu o nosso amor. 

- Se quiser matá-la, vai ter que me matar primeiro. - disse ele.

 - Você não lutaria comigo. - disse ela parecendo magoada.

 - Quer apostar? - ele avançou para ela, mas invés de atacá-lo ela saiu correndo. 

 Ao mesmo tempo os anjos e Anabelle também tinha problemas. Charlote apareceu correndo e se meteu dentro da catacumba.

 - NÃO! - gritou Jarede com as mãos na cabeça. 

 - O que deu em você? - rosnou Roody, mas Jar não respondeu. Apenas correu catacumba adentro atrás de Charlote.

 - MAS O QUE?! - Dina berrou chocada.

 - PARA BELLS! - berrou Bernard. - PARA AGORA SENÃO JAREDE VAI FICAR PRESO LÁ DENTRO.

- NÃO VOU PARAR. - respondeu Bells. - Temos que proteger a cidade!

- É meu irmão Anabelle! Eu te imploro! - choramingou Bernard.

 - Não vou parar! - repetiu ela.

 - Vamos atrás de Lucius. - mandou Dina aos outros e cada um correu em uma direção.

 - Vou fechar isso agora. - disse Anabelle a Bernard decidida.

 Eles foram distraídos por um vulto e então uma vampira se jogou com tudo em cima de Bells que começou a gritar desesperada. Bernard se lançou em cima da vampira para salvar Bells. A vampira era mais forte do que Bernard esperava e foi facil para ela socar-lhe o rosto, ele pegou o braço dela e torceu. Em um movimento muito rápido ela afrouxou o braço e o empurrou, ele girou e em resposta deu uma rasteira nela. No chão ela deu um mortal para frente que acertou o rosto dele e o fez bater contra uma arvore. O galho quebrou e Bernard sorriu, aquela briga estava no fim agora.

 Dentro da catacumba Jarede segurou o braço de Charlote.

 - Para! Nós precisamos sair daqui. - disse ele e ela o olhou surpresa.

 - Não posso. - disse ela. - Estou aqui numa missão e vou cumprí-la. Vou pegar a chave da cadeia dos anjos revoltados para o meu mestre.

 - Charlote não! - tentou ele, mas ela estendeu a mão e algo a mordeu. Ela berrou de dor. Char primeiro olhou o que havia lhe mordido e se deparou com um pequeno dragão que provavelmente caberia em uma de suas bolsas de grife e então ela olhou para a sua mão e reparou desesperada que ela se desfazia em cinzas. - Charlote! - Jarede também se desesperou. - NÃO, NÃO, NÃO! 

 - O que está acontecendo Jar? - perguntou ela chorando.

 - Você está morrendo. - disse ele com lágrimas nos olhos também.

 - Não! Por favor! - ela o agarrou com a outra mão. - Não me deixe morrer.

 - Vou tentar Char. - disse ele pondo a mão no braço dela. - Prometo tentar.

 Ouviu-se um outro grito. Bernard havia enfiado o galho no estomago da vampira que ele lutava e ela caiu dura no chão, gelada como um cadáver. O dragão deslizou rapidamente para fora da catacumba deixando a chave desprotegida. O corpo de Char também foi ao chão, fraco demais para mais algum movimento. Jarede conseguiu finalmente fazer com que o corpo de Charlote parasse de se desfazer, apesar dos lábios dela já estarem brancos.

 - Vem. - disse ele a pegando no colo. - Vou tirar você daqui.

 Char sorriu. O cara que ela amava estava com ela nos braços, e a chave que ela fora buscar estava em uma de suas mãos, pois ela a pegou quando caiu. Se não fosse pelo fato de estar morrendo, ela classificaria isso como seu dia de sorte.

 - Ah, finalmente! - suspirou Bernard aliviado.

 Bells abaixou a cabeça e o fogo ao seu redor se apagou.

 - Está fechada. - informou ela.

 - Vamos embora! - disse Bernard alto o suficiente para que todos pudéssemos escutar.

 - Você precisa me ajudar Ber. - disse Jarede a ele. - Ela está morrendo. - a voz dele estava carregada de dor.

- Vamos fazer o possível, ok? - disse Bernard num sorriso mavioso.

 Deixamos o cemitério quase de manhã, a tempo ainda de ouvir o uivo do lobo. Meu coração se apertou e Camel me apertou contra ele no abraço.

 - Vai ficar tudo bem. - disse antes de beijar a minha cabeça. 

 - Assim espero. - disse eu.

 - Desculpe não ter te contado sobre Thierry gordinha. Eu me sinto muito mal com isso tudo.

 - Tudo bem. - sorri, acariciando seus cabelos, e lhe dando um selinho.

 A brisa soprou calma entre nós. E a Lua Cheia havia sumido. Agora eu podia terminar minha noite em paz.

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 Antes do Sol nascer Adrielly achou o corpo de sua amiga Larissa no chão. Balançou a cabeça em sinal de negação e sem dó nem piedade arrancou o galho do estomago da outra vampira que arfou e berrou para vida.

 - Você não serve pra nada mesmo. - rosnou Adrielly para ela.

 - Obrigada por me salvar… De novo. - disse Larissa.

 - É isso que as irmãs fazem não é mesmo? 

 As duas deram um sorriso cúmplice uma para a outra. Hora do plano B.


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