Andou em passos silenciosos pela madrugada. A lua, que brilhava e iluminava seu caminho nas madrugadas silenciosas da floresta estava ausente, escondida pelas sombras. Restava-lhe, apenas, confiar em sua gata, Felina, para que o guiasse no silencio e na escuridão.

Estava quieto demais, vazio demais e Chris não gostava disso, nem Felina. Os dois estavam atentos, a gata na mochila de Chris e esse, com o arco e flecha a postos. Andaram mais um pouco, decididos que aquele lugar estava menos sujeitos a ataques e pararam. Chris pegou uma corda, escalou uma arvore relativamente grossa e se sentou num dos galhos, com Felina em seu colo. Os olhos verdes da gata lhe encararam, brilhando na escuridão, enquanto ele acariciava sua cabeça e se encostava na arvore, preparando-se para mais uma curta noite de sono.

– Tudo bem, Felina - disse ele para o felino em seu colo - Podemos dormir agora.

Como se a gata realmente tivesse entendido, Felina se encolheu no colo de Chris e começou um ronronar suave. O dono ajeitou as pistolas em suas coxas, verificando se estavam devidamente travadas e encolheu-se, devido ao frio da madrugada.

Dormiu por alguns minutos, mais precisamente, 45.

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O cheiro de morte acordou Felina que, num pulo silencioso se pôs de pé e tentou acordar seu dono e avisar da horda. De mau-humor, Chis gemeu em desgosto por ter que acordar, mas logo entendeu. A horda era composta por mais de duas dúzias de errantes e sua rota passava próxima a arvore que os dois se encontravam.

Rapidamente, Chris desfez os nós que lhe prendiam ao tronco e escalou a arvore mais um pouco, com Felina em sua mochila novamente. Observou por alguns minutos a horda, que caminhava morbidamente entre as árvores, sem destino.

Repentinamente, Felina virou sua cabeça bruscamente para a sua direita e ficou encarando o horizonte. Os errantes também mudaram de direção, como se parecessem mais animados. Chris sentiu nojo e Felina soltou um miado suave.

– Sobreviventes, huh? - ele murmurou. Pareceu pensativo por um tempo, então suspirou e puxou seu capuz - Tudo bem então. Segure-se Felina.

Agilmente, pulou do galho em que estava para o galho da outra arvore, segurando-se com as mãos e impulsionando-se para frente, para o próximo ganho. Pulava com a facilidade de que já havia praticado parkour intensamente. Felina permanecia em silencio enquanto Chris pulava de galho em galho, seguindo a horda. Correu nos galhos de uma arvore enorme e parou, agachado, no final do galho.

"Um chalé?", pensou ele. "Como isso passou despercebido por mim?". Felina deu mais um miado, alertando Chris. Uma estranha gritaria havia começado dentro do chalé, estranha o bastante para chamar a atenção da dupla.

Chris pulou mais uma vez, porém, dessa vez, no chão. Já estava amanhecendo quando Chris e Felina se esconderam atrás de uma moita e observavam a movimentação do grupo de sobreviventes. Dois mortos e um ferido. Eles eram fortes e organizados, pelo que o sobrevivente jovem pode ver. Uma bela mulher ruiva saiu do chalé acompanhada de um homem musculoso de cabelos pretos, segurando os corpos dos mortos. "Parecem um casal", pensou ele. "Quero dizer... Os mortos. Parece que eram um casal".

Não queria ser visto. Ficou escondido, fascinado com o clima de luto do grupo. Era estranho, fazia muito tempo que não via pessoas que pareciam ser minimamente civilizadas.

Olhou para Felina, que havia pulado da mochila e passara a observar o grupo pela moita. Ela estava assim por um tempo, como se dissesse que poderia confiar neles. De fato, eles eram fortes e ágeis. Tinha um bebe com eles e, mesmo assim, eliminaram todos os errantes sem ter muitas perdas.

Felina virou a cabeça para trás, com o rabo de pé e as orelhas para cima. Os olhos verdes arregalados, como se procurasse algo que apenas ouvia. Soltou um miado baixo.

– Bom... Eliminaram quase todos - disse ele, rindo da própria piada mórbida - Vem Felina - disse Chris, pegando a gata e colocando na mochila - Temos que, pelo menos avisa-los.

Puxou o capuz para perto dos olhos e guardou o arco e flecha, tentando não demonstrar ameaça. Andou sem fazer barulho até a porta do chalé, que estava despedaçada no chão. Percebeu que eles cantavam juntos.

Stop Crying Your Heart Out.

Aquela musica era linda, mas não tinha tempo a perder. A horda de errantes que Felina havia apenas escutado agora era visível no horizonte. E se aproximava rápido.

– Stop crying our heart out... Adoro essa...

O grupo se virou para ele, tenso. Uma garota que havia sorrido ao ouvir sua voz, voltou a ficar chorosa. O grupo ficou tenso, procurando por armas ou qualquer coisa que pudesse usar pra se defender.

– Wow wow! Calma! - disse Chris - Eu vi o que aconteceu com vocês e, acreditem, não quero que vocês me causem um estrago.

– O que você quer? - perguntou um cara, com um tapa-olho e cheio de cicatrizes pelo corpo.

– Avisar - disse Chris - Tem mais uma horda de errantes a caminho.