"O fim do amor é ainda mais triste do que o nosso fim."

Nada.

Eu olhava a minha cama vazia e me perguntava que horas eram. Devia ser tarde. Quando eu me deitei, horas atrás, já passava da uma.

Todos os amores são assim? Machucam, doem e te sufocam?

Apesar dessas palavras, eu não sentia mais nada daquilo. Não me doía saber que ele não estava ali. No máximo, me magoava por saber que ele talvez estivesse em outros braços. Mas era o meu ego que reclamava, não o meu coração.

Eu sabia que se ele estivesse ali, nós estaríamos brigando. Onde estava a paz, o companheirismo e principalmente o homem que me conquistou tanto tempo atrás?

Ele era doce, carinhoso, ele se importava e jamais me deixaria sozinho, sem notícias numa madrugada fria. Eu me lembrava de todos os sorrisos sinceros de tanto tempo atrás e os comparava com os sorrisos gelados que ele me dava agora. Não era a mesma coisa.

Eu sorri, e me levantei da cama. O que estava fazendo ali? Não havia mais nada me prendendo. Eu não conseguia, por mais que tentasse, ver o fio vermelho¹ que costumava ligar nossos destinos.

Foi pelo passado que eu fiquei ali todo aquele tempo. Eu enxergava agora, o quanto era triste ver o fim de um amor. Porque era exatamente isso. Essa era a real tristeza que se abatia sobre mim, não a de não saber onde ele estava.

Mas tinha algo que doía mais que admitir aquilo. Era tentar segurar um amor morto, pelo que ele tinha sido no passado. Tentar manter aquele peso, pelas asas com as quais um dia ele tinha nos servido.

Era por isso que Aoi não parava em casa. Era por isso que eu não fazia questão de vê-lo. Não era por querer me magoar ou me trair. Era por não querer me machucar. E eu percebi, que sofria muito menos quando ele não estava ali. Ele já deveria ter chegado à minha conclusão dessa madrugada há muito mais tempo. Ainda era tão grande assim sua vontade de me proteger, de não me machucar.

Peguei as chaves da minha moto, umas poucas coisas e um maço de cigarros. Antes de atravessar aquela porta pela última vez, rabisquei rapidamente em um pedaço de papel.

Não me arrependo de nada.

Você foi perfeito em todos os momentos.

Não se esqueça de pegas as roupas na lavanderia.

Uruha.

Não precisava dizer mais nada.

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1- Fio vermelho do destino é para os japoneses um fio que liga os dedos mindinhos dos casais apaixonados. Enquanto o fio estiver ligando os dois, eles vão se amar e ser felizes *3*  Quando o Uruha fala que não consegue mais ver o fio deles, ele quer dizer justamente que o amor acabou D:

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