Kurt acordou mais tarde naquele dia. Isabelle disse que ele ainda estava muito abalado pelo término do namoro, e recomendou-lhe que ficasse em casa alguns dias. Rachel não estava em casa, para variar, provavelmente em algum lugar exótico com Brody.

Ligou a chaleira, abriu as cortinas e procurou (sem sucesso) algo na geladeira para comer. Se contentou então só com o chá. O castanho estava procurando o que assistir na tv, quando ouviu a campainha tocar.

– Mas já?, disse Kurt, surpreso em ver o carteiro já naquele horário.
– Sim, acho alguém lá dos transportes se adiantou e as cartas chegaram mais cedo, ele explicou.
– Bom, obrigado então! Bom dia!

Contas, contas, cartões dos pais da Rachel... “porque eu ainda perco tempo olhando isso?” riu consigo mesmo. Estava quase jogando todas em cima da mesa e voltando para seu chá no sofá, quando viu uma com papel diferente.

A ultima carta. Ele a puxou, e com ela veio um aroma familiar. “O perfume do Blaine...” pensou, dando um longo suspiro. “porque ele faz isso?”
O envelope dizia “From: Blaine Devon Anderson To: Kurt Elizabeth Hummel”
Kurt o abriu, se sentou no sofá e começou a ler:

“Kurt, meu amor, eu nem sei por onde começar. Eu sei que não quer falar comigo, mas eu precisava falar com você uma ultima vez. Na verdade, eu precisava te abraçar, te beijar e ter você aqui comigo, uma ultima vez... mas creio que isso seria pedir demais. Então vou me resumir a esta carta.

Eu tenho passado por momentos muito difíceis nesses últimos tempos, desde a última vez que nos vimos. Acontece que eu não posso mais viver com essa culpa de ter te machucado, não posso mais viver sabendo que nunca vamos ficar juntos.
E eu simplesmente não vejo outra saída a não ser...

Só tenho mais uma coisa que eu gostaria de te pedir... Para que você, por favor, não se esqueça de nós... Não se esqueça daquele dia na escadaria da Dalton. Não se esqueça de quando cantou Blackbird para o Pavarotti. Do nosso primeiro beijo... e de todos os outros. De quando dançamos juntos nos bailes da escola. E Kurt, não se esqueça de mim e de como eu te amei de todo o meu coração.

Bom, eu acho que era isso o que eu precisava dizer...
Provavelmente quando você estiver lendo esta carta, eu já estarei longe de você, mas perto de antigos amigos amarelos.

Adeus, Kurt.

Do seu Blaine.”

O papel da carta tinha pequenas manchas, como gotas quando caem em tinta. Blaine devia estava chorando quando a escreveu.

A essa altura, as lagrimas de Kurt se juntavam as de Blaine naquele pedaço de papel. Ele não sabia o que fazer. Mas sabia que se ainda havia algo que pudesse ser feito, ele tinha que estar lá para tal.

Nem fez as malas (na casa de Burt devia ter algo que ele pudesse usar), só levantou do sofá, pegou a carta e foi para o aeroporto. No taxi mandou uma mensagem avisando Rachel de tudo o que acontecera. Também começou a pensar sobre o que faria quando chegasse. Onde está Blaine? Kurt sabia que ele iria fazer alguma bobagem e que não faria isso em casa. Mas onde?

Pegou a carta novamente. “Eu já estarei longe de você, mas perto de antigos amigos amarelos”. Amigos amarelos só poderia ser Pavarotti. “Perto do Pav, Blaine? Como?”, o castanho pensou, “não se esqueça do nosso primeiro beijo, ele disse... E isso aconteceu... quando eu estava construindo o caixãozinho do Pav!!”
– Na arvore do Pavarotti! É claro!, Kurt gritou, assustando um pouco o motorista.

Kurt comprou sua passagem, e entrou no avião que estava praticamente saindo. O avião viajou em seu tempo e velocidades normais, porem aquela viagem nunca tinha passado tão devagar para Kurt. Pareciam séculos e ele sentia que a cada minuto, estava mais perto de perder Blaine...