Chegamos em casa. Amanda correu subindo as escadas. Ferris foi para a cozinha, ele estava com fome. Fiquei sentada no sofá. Meus pés estavam me matando.

- Amanda! – chamou Erick. Ela parou de subir as escadas – Não quero que você vá atrás daquele marginal assassino!

- Nem precisa falar isso pai! – respondeu – Eu nunca mais quero vê-lo!

- Liz, - começou ele – suba!

Respirei fundo e obedeci. Comecei a subir as escadas. Meu marido veio logo atrás de mim. Entramos no quarto. Fiquei ao lado da cama com a cabeça um pouco baixa.

- Sua vadia! – falou Erick. Não olhei na cara dele – Você me traiu! Eu faço tudo por você: lhe dou presentes caros, lhe sustento, lhe dou todo e é assim que você retribui? Fale alguma coisa!

Fiquei imóvel. Ele me deu um tapa na cara.

- Erick, por favor, não! – pedi colocando a mão no lugar que ele havia acabado de estapear – Não bata em mim! Faça isso pelo nosso filho que eu estou esperando!

- E esse filho é meu mesmo? Quem garante que ele não é do garçom?

- O Jonas usou proteção!

Ele ia me dar outro tapa, mas eu pus a mão na frente do rosto e ele não deu.

- Você é uma rapariga, vulgar, filha de dois miseráveis, cachorra...

- Se eu sou tudo isso – interrompi – por que não pede o divórcio? – ele levantou uma sobrancelha – Nenhum de nós dois está feliz com essa relação! Peça o divórcio, por favor!

- Nunca! – falou. Ele se aproximou de mim.

- Por quê?

- Porquê eu te amo e você, querendo ou não, vai ter que me amar também!

- Somos casados há 20 anos e eu ainda não te amo! – lembrei. Suas narinas bufaram.

- Nós dois constituímos uma família! – disse. Ele olhava para o chão pensativo – Tivemos três lindos filhos! – uma lágrima escorreu dos seus olhos. Deve ter pensado na Natasha. Eu também pensei – Temos uma boa moradia, nunca passamos por dificuldades financeiras, eu tenho um bom emprego... – ele continuou a falar bem das nossas condições de vida – Vivemos tudo isso e você ainda não sente nada por mim?

- Eu sinto nojo de você! – falei lentamente – Toda vez que você me toca, eu sinto nojo de mim também! Você é um covarde! Eu te odeio Erick! – olhei friamente para ele. Ele fez o mesmo – Você matou minha melhor amiga! – lembrei de Margaret – Você matou a sua própria irmã! – lembrei de Ruth – E você matou a nossa filha!

- Aquilo foi um acidente! – falou alto – Eu sempre amei a Natasha e vou continuar amando! A culpa é daquele filho de marginal!

- A culpa não é do Nicolas! – arregalei meus olhos – Erick, você fez alguma coisa com ele e o Jonas? – perguntei desesperada. Era tanta coisa acontecendo em tão pouco tempo.

- Nossa filha está morta e você está preocupada com o seu amante e a cria dele?

- Não mude de assunto! O que você fez com eles dois?

- Me aguarde! – ele virou de costas – Ah, Liz – começou – Eu vou sentir muita pena dessa criança, se ela não for minha!

Ele saiu do quarto.

Onde está o meu Jonas? Como ele está? Será que já acordou do desmaio? E o Nicolas? Como ele estaria se sentindo? A ex-namorada dele faleceu em cima dele e a garota que ele gosta odeia o. Sinto-me uma covarde por não ter falado a verdade. Eu sei que você que está lendo essa historia está pensando a mesma coisa! Mas entenda, eu não poderia colocar meu bebê em perigo, apesar de já estar em perigo. Por que tudo na minha vida tem que ser tão complicado?

Fiquei deitada de lado na cama. Dormi. Não sonhei.

Acordei. Erick estava na minha frente, segurando uma bandeja.

- Hora do almoço! – disse abrindo um sorriso malicioso – Vim trazer a sua comida até você, como um... Garçom!

Eu não gostei do modo que ele falou aquilo. Sentei-me. Ele colocou a bandeja em cima das minhas pernas. Em cima da bandeja tinha: um mini buquê de rosas amarelas, uma jarra de suco de laranja e um prato que estava coberto. Tirei a proteção de alumínio que cobria o prato. Gritei quando vi o que estava no prato.

Tinha duas fotos. Em uma, tinha a imagem do Jonas morto. Ele estava com a camisa ensanguentada e com o rosto cheio de hematomas. Na outra foto, o Nicolas estava nas mesmas condições.

- Agora não terá mais razões para você fugir de novo! – falou Erick. Comecei a chorar desesperadamente.