Radio escrita por WofWinchester


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo.
Espero que gostem.



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– Penny! – knock knock knock – Penny! – knock knock knock – Penny! – knock knock knock.

– Já vou Sheldon! – berrei de dentro do banheiro, enquanto tentava entrar dentro de um vestido 36 que parecia um 34.

– São 19 horas, 37 minutos e 53 segundos, 54, 55, 56... – hoje iríamos ao casamento de uma amiga minha, e por falta de opção e com uma boa chantagem, eu consegui arrastar o Sheldon comigo. O ditado “melhor só do que mal acompanhado” não era apropriado para um reencontro de colegial.

– Penny! – Knock knock knock – Penny! – knock knock knock.

– Sheldon são só sete e meia! O casamento é às 8 e meia! Eu nem me maquiei ainda!

– Segundo meus cálculos, demoraremos cerca de 1 hora e sete minutos se pegarmos a rua principal, e 59 minutos se pegarmos a rodovia. Ou seja, segundo meu relógio, ajustado com erro de precisão de 0,2 milésimos de segundos, se sairmos agora, contando o tempo de chegada ao seu veículo, e uma trajetória sem imprevistos... – abri a porta com os sapatos na mão, Sheldon estava usando um smoking e encarava seu relógio - Estaremos certa de 5 minutos atrasados.

– Feliz?

– Na verdade? Não. O único motivo de eu estar indo nessa reunião social de baixa classe é porque Leonard vai passar a noite fora com um projeto, Rajesh foi visitar os pais na Índia e o Wolowitz foi praticar coito com a Bernadette na casa da mãe dele – eu o encarei.

– E por que você escondeu minhas revistas em quadrinhos.

– Vamos logo – disse trancando a porta e descendo as escadas.

– Posso fazer um breve comentário? – perguntou Sheldon.

– Não.

– Opressora sem coração.

– Penny

– Sim?

Estávamos no carro, em meio a um congestionamento. Sheldon havia me avisado para pegar a rodovia por que... Bom, eu não me lembro bem de todas as estatísticas de escolha pessoal social que ele citou, mas eu apenas o ignorei e fui pela rua principal. E aqui estamos.

– Eu não estou diretamente dizendo que o seu período pré-menstrual tem alguma coisa a ver com o seu mau humor, teimosia, irritação, tendências violentas, a batida na traseira de um caminhão estacionado ou os “passa por cima babaca” que você gritou enquanto dirigia acima do limite de velocidade estabelecido por lei. Mas se eu soubesse da sua conduta destrutiva no período em que seus hormônios estão descontrolados, não teria entrado nesse veículo suicida.

– Se você leu todos os livros que diz que leu sobre comportamento feminino, acho que devia saber que não devia ter falado isso... SEU BABACA IDIOTA METIDO A SABE TUDO IRRITANTE!

– Eu posso aceitar isso e meu coração continua aberto.

Eu o encarei.

– Página 68, parágrafo 2: Ela precisa de apoio emocional quando se mostrar descontrolada a ponto de arrancar os cabelos.

– Sheldon... – falei com os dentes trincados – Só fica quieto, por favor.

– Tudo bem Penny, mas ainda acho que devia abrir seu coração e expor seus problemas. Vai se sentir melhor.

– E desde quando você se importa?

– Eu não disse que me importo.

Foi nessa hora que o trânsito começou a liberar, eu estava a ponto de jogar o Sheldon pela janela e passar por cima dez vezes. Mas numa coisa ele tinha razão: Eu estava irritada. E não fazia ideia do porque eu me sentia assim. É como se apenas o fato de eu estar respirando me desse motivos suficientes pra ter raiva. Me concentrei apenas na estrada, nos faróis, no asfalto, eu precisava limpar minha mente antes que ela explodisse. Depois de uns 22 minutos em silêncio, estávamos chegando.

– Sheldon – chamei-o. Ele estava encarando o vidro da janela, tão imóvel que parecia uma estátua – chegamos.

Era um castelo da era feudal, monumento histórico. Não imagino quanto Sasha, minha amiga, deve ter gasto para fazer um casamento aqui. Logo a frente tinha um lago, ligado ao jardim. Percebi que as pessoas estavam saindo. O casamento já devia ter acabado.

– São 21hrs e 3min. O casamento já deve ter acabado – falou Sheldon, me olhando de canto – eu disse pra você pegar a rodovia.

Suspirei.

– Vamos, vou só cumprimentar os noivos – disse enquanto estacionava e saia do carro.

Entramos no castelo, onde a música já estava tocando. Os convidados conversavam uns com os outros, enquanto Sasha estava abraçando algumas pessoas que deviam ser da família dela.

– Penny! – saltitou ela quando me viu.

– Desculpe chegar atrasada, pegamos um congestionamento.

– Tudo bem. O importante é que você veio – nos olhamos por alguns segundos, e logo seus olhos se voltaram para Sheldon – e esse é seu namorado?

Ah?

– Não, não, esse é o Sheldon meu... – amigo, eu ia dizer. Quando por trás de Sasha apareceu Erick, meu namorado do colegial. Ele a abraçou e beijou seu pescoço, isso me fez ficar boquiaberta. No último ano, ele terminou comigo sem me dar qualquer explicação, e muitas pessoas disseram que ele estava tendo um caso com a minha melhor amiga, lógico que eu não acreditei. Logo depois eu me mudei e perdemos totalmente o contato. Eu confiava em Sasha, mas agora... – noivo.

Não precisei olhar para o lado pra saber que Sheldon estava me olhando com um cara totalmente sem entender nada. Para disfarçar, eu o abracei pela cintura e sorri, cutucando ele discretamente.

– Que bom! – exclamou Sasha. – Você tem muita sorte Sheldon, Penny é maravilhosa.

– Eu tenho?

– E pra quando é o casamento? – perguntou Erick entusiasmado.

– Novembro – falei.

– Não. Novembro é a convenção do Star Wars, não se marca nada nesse mês, muito menos um casam... – e o belisquei e ele se sobressaltou – é em novembro.

– Só faltam 3 meses, quero que me convidem hein. Mas então Sheldon, o que você faz?

– Eu sou um cientista.

– Sério? Nossa, nunca cheguei a conhecer um! Mãe vem cá! O noivo da Penny constrói foguetes! Que legal!

– FOGUETES?? Você é louca? Eu sou um físico teórico! É como comparar um engenheiro automotivo com um limpador de carros do farol. Ah meu Deus – ele se virou para mim – que gente ignorante Penny, eu quero ir pra casa comer cereal.

Todos em volta olhavam com uma cara de WTF??

– HAHA. Ele adora fazer piada. – desconversei com uma risada.

– Ótimo, primeiro limpador de carros e agora comediante.

– Você é muito engraçado, Penny tem sorte por ter você – falou Sasha encarando Sheldon.

– Eu ainda não entendi – falou se virando pra mim – Por que você disse que nós somos...

NÃO! VOCÊ NÃO PODE ME DESMENTIR NO MEIO DE TODA ESSA GENTE!

Sem pensar eu fiquei na ponta dos pés, colocando minhas mãos no pescoço dele e o puxando para um beijo. Foi o típico “Cala a boca e me beija.” De cara eu senti o protesto e o pavor dele, mas agora era tarde demais para voltar atrás. O segurei mais forte, pressionando meus lábios contra os dele, forçando uma abertura. Suas mãos que estavam segurando meus braços a manter distância, deslizaram para minha cintura, e agora estavam me prendendo a ele. Algo totalmente desajeitado, acabou virando um beijo verdadeiro. Quando senti que meus pulmões precisavam de ar, me soltei dele, que me encarava com um mistura de pavor, vergonha e surpresa, e tanto eu quanto Sheldon estávamos ofegando. Ficamos nos olhando até que aplausos ecoaram pelo lugar.

– Que beijão de cinema hein – falou Sasha – Eu quero um Erick – ela fez um biquinho para Erick que a enlaçou pela cintura. E de repente todos os casais do lugar estavam fazendo o mesmo. Olhei novamente para Sheldon que estava tão desconcertado quanto eu, e sai quase correndo para o banheiro feminino.

Chegando lá, molhei o rosto e me sentei no chão com as mãos na cabeça. Que merda que eu fiz. Eu beijei o Sheldon. O Sheldon. O Doutor Sheldon Lee Cooper. A última criatura na face da terra que eu já quis beijar. Por que? O que eu vou fazer quando o Leonard descobrir? Quando a Amy descobrir? É claro que eu não devo nenhuma satisfação pro Leonard, mas o fato de eu ter beijado o melhor amigo dele... Isso não pode ter acontecido. Quem era aquele cara que me prendia em seus braços? O frio e sem sentimentos Sheldon Cooper? Nem pensar. O que mais tinha ali era calor, sentimentos, desejo. Ah meu Deus, me puxa!

Fiquei mais uns dez minutos ali sentada, tomando coragem para sair daquele banheiro. Por fim, suspirei e voltei para o salão principal. Olhei para os lados e encontrei Sheldon no meio de algumas pessoas que olhavam com cara de “Do que esse cara tá falando?”

– E então o Ozônio disse: H20 com gás. – disse com um pequeno sorriso – é, acho que vocês não entenderam a piada...

– Sheldon, precisamos conversar – falei tocando seu braço de leve. Olhei para as pessoas para pedir licença, mas elas já estavam atravessando para o outro lado do salão.

– Eles não tem senso de humor.

– Sheldon, o que aconteceu antes...

– A troca forçada de bactérias salivares? Quando você me agarrou a força como um homem das cavernas agarrava a fêmea para o coito? Eu não gostei, achei ofensivo.

– Eu sei Sheldon, me desculpe, não foi minha intenção, foi apenas impulso.

– Com tantos caras por aqui você foi sentir impulso sexual logo por mim? Não tenho nada contra você Penny, mas acho que meus genes não se desenvolveriam bem com as suas características tão baixas. Reprodução está fora de questão.

– Características baixas??

– Você sabe. Baixo QI, tendências violentas, promíscuas, impulso hormonal fora de controle, e conduta social inaceitável. Não consegue manter relacionamentos duradouros, vida financeira e profissional sempre condenada ao fracasso, tendência a mentir e omitir fatos, o que a torna menos confiável e não possui nenhum atrativo a não ser a beleza atraente de uma fêmea no cio.

– Espera, como é? Sheldon eu não to entendendo nada!

Ele suspirou – Certo, vou traduzir para o vulgar. Você é burra, violenta, vadia e dependente do álcool.

Eu o encarei sem saber o que dizer.

– Mas isso não é relevante em uma amizade. - falou por fim.

– Sheldon...

– Sim?

– Você é um idiota.

Esbarrei em seu ombro e fui em direção ao jardim, com os olhos embaçados. É, talvez eu não seja boa o bastante pra nada e nem ninguém. Sentei nas escadas que ficavam de frente para o lago, a luz da lua cheia iluminava a água que se movia graciosamente com a ajuda do vento. Para minha sorte, alguém que esteve ali deixou uma garrafa de Whisky quase cheia e um copo pela metade. Peguei o copo e olhei meu reflexo sem expressão, enquanto uma lágrima caia na bebida. Desde que recebi o convite do casamento da Sasha eu estava assim, eu estava com raiva de ver todas minhas amigas se casarem, serem felizes e eu sempre sozinha, sempre procurando um cara decente, e Sheldon só confirmou o que eu já sabia: O problema era eu. Eu era insuficiente.

3 horas depois...

Depois de retirar quase toda a maquiagem chorando e ver a garrafa de Whisky vazia, resolvi que era hora de ir pra casa. Minha vontade era de deixar Sheldon aqui, mas eu o obriguei a vir, então vou leva-lo pra casa. Subi as escadas e entrei no salão. O casamento agora tinha se transformado numa Rave, tudo escuro, luzes piscando e uma batida alta. Procurei por todos os lados e nem sinal dele.

– Me procurando? – a voz de Sheldon ecoou no meu ouvido. Me virei pra trás e ele estava ali, a centímetros de mim.

– Demônio! Onde você tava?

– Num lugar bem longe dessa orgia barulhenta. Vi quando você entrou. Podemos ir embora por favor?

– Vamos.

– Penny, espera!

Sheldon segurou meu braço e quando eu me virei, fui de encontro ao seu corpo e seus lábios que já estavam esperando os meus. Sheldon estava... me beijando? ELE estava me beijando? Ele enroscou os dedos no meu cabelo, aprofundando o beijo. Minha cabeça estava um turbilhão, minha pulsação estava acelerada, e a única coisa que eu conseguia pensar era, Sheldon está me beijando.

Assim que suas mãos afrouxaram, ele parou o beijo, mas continuou me encarando a centímetros do meu rosto. Olhos nos olhos, azuis nos verdes.

– As pessoas... estavam olhando... podiam desconfiar que... você mentiu.

Assenti com a cabeça e cruzamos o salão, esbarrando em algumas pessoas até a saída.


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