Fay acordou e olhou para o relógio, já eram dez horas. Por um momento pensou que iria perder a aula mas lembrou-se que era sábado. "O que aconteceu noite passada" indagava a si própria. Se lembrava de Thomy ter vindo, ele falou de sua mãe, ela começou a chorar e ele ficou ali com ela. Apenas isso, depois provavelmente caíra no sono.

Olhou em volta, nenhum sinal do espirito.  O que ela poderia fazer? Sabia que algo aconteceria com a mãe, mas de nada essa informação adiantava. As lagrimas encheram seus olhos ao pensar no destino cruel da mãe. "Não, não há por que lamentar por algo que não aconteceu." Mas, ela iria ficar ali sem fazer absolutamente nada? Não haveria algo ao seu alcance que poderia mudar o destino da mãe? Sim! Talvez houvesse.

Fay foi até o telefone e discou o numero do celular da mãe, deu caixa postal. A garota sentiu um aperto no coração, mas logo se despreocupou e pensou que a mãe estava apenas em uma reunião, pelo menos era nisso que ela gostaria de acreditar. Então ela ligou para o numero do hotel onde a mãe estava hospedada, que por precaução sua mãe sempre deixava anotado em um pedaço de papel.

A recepcionista atendeu:

-Bom dia! Hotel Galés.

-Bom dia, eu quero falar com a hóspede do quarto 306. -Sua mãe também havia anotado o quarto em que iria ficar.

-Desculpe, mas a Srª. dessa quarto saiu agora a pouco.

-Obrigada.- E assim desligou o telefone.

Realmente sua mãe deveria estar em alguma reunião, mais tarde provavelmente retornaria a ligação.

Assim Fay apenas esperou. Já era quase meio-dia quando o telefone tocou.

-Alô?

-Filha! Você me ligou? Me desculpa estava em uma reunião.

-Foi o que eu pensei. Você está no hotel?

-Não ,estou almoçando. O que houve?

-Quando você voltar para o hotel pode me ligar?

-Posso ,mas só vou voltar a noite. Aconteceu alguma coisa?

-Não é nada, eu só quero conversa com calma.

-Tudo bem, te ligo mais tarde. Te amo.

-Também te amo. -Sua mãe desligou, mas ela ainda ficou na linha por alguns segundos ouvindo o ruido do telefone.

Como contaria a sua mãe que ela corria perigo? Fay não podia contar que via um espirito, sua mãe mandaria um psicólogo visita-la. Não havia explicações para isso. E assim, ela ficou pensando em algo para dizer. E assim o dia passou, Fay tentou pensar enquanto arrumava seu quarto, embora não gostasse de arrumar ela odiava quando outra pessoa o fazia. Finalmente pensou em uma desculpa, embora muito fraca. Escureceu e ela ficou a esperar.

Finalmente o telefone tocou:

-Mãe?

-Oi filha, o que foi?

-Mãe... Quando você volta?

-Em poucos dias, ainda não sei ao certo.

-Eu tive, um...um pressentimento que algo aconteceria com você. Você pode voltar logo?

-Não se preocupe filha, assim que meu trabalho aqui terminar eu volto.

-Mas mãe! Por favor!

-Antes do seu aniversario eu volto, prometo.

-Mas...Mãe...

-Vai ficar tudo bem.

-Mas prometa que vai tomar muito cuidado.

-Prometo filha, agora mamãe tem que ir beijos.

-Beijo.

Fay colocou o telefone no gancho. E agora? Ao final de tudo o Thomy tinha razão, a única coisa que podiam fazer era esperar. Não havia escolhas, era simplesmente aceitar.