Hermione acordou apenas na manhã seguinte. Ao esticar o braço para o lado esquerdo da cama apercebe-se de que Draco ja nao está ao seu lado. Sentiu-se triste, por estranho que parecesse, por um momento, mas depois suspirou de alívio. Precisava de um momento a sós para pensar no que tinha acontecido no dia anterior e como ia lidar com o rapaz daí a diante.

            Levantou-se, esprigaçando-se, e dirigiu-se à janela. Do seu quarto via-se o lago, estava calmo e até havia um pouco de sol, uma vontade de sentar-se à beira a molhar os pés emergiu dentro dela e decidiu que era isso que ia fazer. No entanto, quando se virou para a casa de banho apercebeu-se de que não estava sozinha, afinal Draco não tinha indo embora enquanto ela dormia.

Draco acordou sobressaltado a achar que tinha dormido demais apenas para confirmar que era apenas horas de jantar. Ele devia estar cansado ainda tinha dormido umas horas. Olhou para a rapariga deitada ao seu lado; Hermione dormia serena, a mão no peito dele. Gentilmente, retirou a mão dela e sentou-se no sofá olhando-a embrenhado nos seus pensamentos.

             ‘ Está tudo tão confuso´ inicia o seu diálogo interior ´eu não percebo o que se passa contigo, Draco, tens de atinar! Que coisa é esta agora de partilhar cama com ela, de te preocupares!? Isto não pode acontecer, tens de te concentrar, ela é amiga do Potter, ela á a sabichona que odeias desde o primeiro ano! Eles mandaram-no para Askaban,ele vai morrer por causa deles!´ Levanta-se irritado com ele próprio, passa a mão no cabelo freneticamente como que para afastar aquele monólogo do seu pensamento mas não resulta.

            Lança um ultimo olhar na direção de Hermione sem saber o que pensar e sai do quarto em direcção à cozinha, onde encontra Clarisse cantarolando enquanto mexe uma panela.

            ‘ Olá! Olá! Seja bem aparecido!’ Diz ela comprimentando o rapaz de bom humor. ‘ Como está a Hermione? Já acordou? Quer alguma coisa para comer?’

            ‘Olá Clarisse, não, ainda dorme’ reponde ele num tom monótono fazendo tudo aquilo soar a uma única palavra.

            ‘ Okay, desembucha’ Clare coloca um prato de comida há frente dele e um sumo de laranja, quando o cheiro lhe chega às narinas é que Draco de apercebe do quão estava com fome.

            ‘ Achas que as pessoas mudam? Tipo achas que eu posso mudar, tipo as minhas opiniões à cerca de um certo tipo de pessoas?’ Ele pergunta meio que gaguejando.

Clarisse sorri-lhe ‘ Bem, eu acho que sim. És novo, estás a crescer, a aprender e acabaste de passer por uma situação que pode mudar a tua perspectiva acerca de certas coisas.’

‘ Mesmo que vá contra todos os príncipios desta família? Quer dizer tu conhece-los!’

‘ Sim, percebo o que dizes, mas cada um faz o que quer. O teu pai já não está cá , desculpa.’ Ela toca-lhe no braço ‘ A tua mãe, bem, a única coisa que ela quer e sempre quis foi proteger-te.’ Clare olha-o de forma maternal.

Ele percebia o que ela dizia, mas mesmo assim não estava totalmente convencido. Havia muita coisa em jogo, não só para ela mas para a mãe também. Ele sabia que a hora em que seria convocado estava perto e não queria por ninguém em risco por causa dele. Ele teria de fazer o que tem de ser feito sem questões por que senão podia corer muito mal. Mas como iria ele fazer isso sem magoar Hermione? Não lhe podia contar, mas também não queria afastá-la, não quando sabia que ela era provavelmente a única coisa que, de momento, o mantinha longe de tomar alguma decisão que se arrependesse para sempre. Estava tudo tão confuso.

Esta luta interna continuou até ele chegar à porta do quarto. Olhou para a dele e para a dela e sem exitação entrou no quarto da rapariga e deitou-se na posição em que estava antes, não queria que ela pensasse que a tinha anbadonado. Acordou na manhã seguinte e foi à casa de banho, quando ia a sair deparou-se com Hermione a espreguiçar-se em frente à janela.

‘Precisamos de conversar.’ Diz Draco rápido quando ela se vira para ele. ‘ Desculpa estás melhor?’

‘ Sim, estou’ Hermione apoia as mãos na cintura. ‘ Se é sobre ontem, desculpa não devia ter começado a vaguear sozinha, foi estupido eu sei, mas obrigada por me ajudares a sério’ ela foca nos olhos dele e começa a entrar na casa de banho , lava a cara e quando levanta a cabeça nota que Draco ainda está atrás dela através do espelho.

‘ Já acabaste o discurso de quem sabe sempre a resposta a tudo?’ ele cruza os braços e olha-a através do espelho. ‘Não tem nada a ver com isso.’

‘ Escusas de falar assim loirinho, vou só tomar banho e já falamos então.’ ela responde num tom de sarcasmo, nunca gostou que ele a chamasse de sabichona, só porque não foi a a palavra diretamente ela sabia que era o que ele queria dizer.

Depois de tomar banho saiu para o quarto e ele já não estava lá ‘Era o que mais me faltava’ pensou para ela própria. Ela não sabia o motive tão urgente da conversa, mas o pensamento de se sentar a sós com ele deixava-a a nervosa, especialmente agora que os seus sentimentos estavam confusos.

             Desceu as escadas até a cozinha e lá estava ele, atrás do balcão a arranjar um tabuleiro de comida, uma visão que ela nunca pensou vir a ver.

            ‘A Clarisse?’ perguntou a rapariga inocentemente.

            ‘Foi com a minha mãe tratar de alguma coisa, não sei bem, estavam a sair quando desci.’ Ele não levantava os olhos, estava concentrado a organizar a comida. ‘Vi-te a olhar para o lago hoje de manhã, pensei que podiamos tomar o pequeno-almoço lá’ Ele levanta o tabuleiro como que a ilustrar o plano.

            ‘ Merlin, quanto tempo estiveste a espreitar hoje de manhã?’

            ‘ Não estava para tua informação, ia a sair da casa de banho normalmente!’ Responde num tom defensivo. ‘ Anda vamos comer!’ Ele sai pela as portas das traseiras como quem está com pressa.

            Hermione segue-o em passo rápido quase que a correr e senta-se ao lado dele quando chegam ao lago. Draco começa a distribuir a comida e tira um pouco de bolo, começando a comer com os olhos fixos no lago.

            A rapariga observa-o durante uns segundos e depois começa como para que tirá-lo do estado de transe em que ele estava. ‘ Então, do que querias falar?’ Ela bebe um pouco de sumo enquanto espera resposta.

            ‘ Hum, porque é que achas que o Dumbledore te mandou para cá?’

            Essa pergunta apanhou a rapariga de surpresa ‘ Não sei, na verdade, já pensei sobre isso, mas não sei mesmo. Porquê? Eu achava que era só pra não estarmos todos no mesmo sítio, corríamos mais risco de ser atacados por Devorad…’ Ela calou-se abruptamente e olha para Draco à procura de qualquer sinal de desprezo por ela estar a falar assim, no entanto não havia sinais disso, ele estava apenas a olhar para o vazio.

            ‘É penso que faz sentido. Agora que toda a gente sabe que Ele está de volta, não é?’ Ele passa mão pelo cabelo e olha-a nos olhos ‘ Eu sei que não tenho sido a melhor pessoa e que já mostrei que sou mais parecido com o meu pai do que gostava. Mas eu queria que soubesses que eu não quero ser como ele, mas que se não houver outra hipótese para proteger a minha mae e quem me preocupo eu vou fazer o que precisar. Ambos sabemos do que eles são capazes.’

            ‘ O que é que me estás a querer dizer Draco?’

            ‘ Apenas que, eu sei que não somos amigos, mas és a única pessoa que viu o que eu realmente tenho passado por isso se vires que quando me chamarem….’

            ‘ Não , eu não vou deixar isso acontecer!’ Hermione sentia lágrimas nos olhos e desta vez não as conseguia conter.

            ‘ Sh,shhh’ Ele pega a mão da rapariga ‘ Vai, porque já está para acontecer à anos, é inevitável, e vão usar a minha mãe e outras pessoas para me manterem na linha. Por isso é que preciso que tu me tragas de volta à realidade quando vires que estou demasiado metido em tudo aquilo.’

            ‘ Mas porquê eu?’

            ‘ És a única pessoa que não me despreza naquela escola neste momento, e és umas das pessoas que eu tenho medo que saiam magoadas.’ Ele olhou-a de uma forma que ela nunca tinha visto antes, não era nojo nem desprezo, era preocupação.

            Draco nem acreditava que aquelas palavras lhe estavam a sair da boca, mas era o que era. Ele precisava de alguém com quem se preocupasse para o manter ligado ao mundo fora dos Devoradores da Morte e ela era essa pessoa por muito dificil que fosse de acreditar.

            ‘Eu também me preocupo contigo, vou fazer o que for preciso para te ajudar.’ Foi a resposta que ela lhe deu enquanto lhe apertava a mão em sinal de comfort e lhe desviava uma mecha de cabelo loiro da cara. ‘Sabes, eu acho que era mais ou menos isto o plano do Dumbledore.’ Ela sorri-lhe.

            ‘ O velho é esperto.’ Responde Draco com uma gargalhada nervosa.