Boneca De Pano escrita por Daniella Rocha


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ;)



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— Então seu plano brilhante é: irmos para Las Vegas sem levarmos a armadura que, sem ofensas Capitão, é a nossa maior chance de trazer Pepper de volta e me ajudar a quebrar alguns ossos do Hammer. Mas para as coisas ficarem mais interessante nós só teremos realmente um plano quando você dê uma conferida na montanha para ver se tem uma passagem e caso tenha, ótimo, caso não tenha...? — na face de Tony havia um grande ponto de interrogação. — Eu prefiro seguir com meu plano.
— É claro que eu tenho que dá uma olhada na montanha Stark, eu não tenho uma bola de cristal pra vê-la daqui.
— Ah, é. No experimento só contava com bíceps e velocidade, hm. — Arqueou as sobrancelhas e jogou de ombros, dando um sorrisinho no final.
— Pra mim não dá mais. — O Capitão se preparou para sair da oficina, mas Fury o impediu colocando a mão esquerda sobre o ombro do louro.
— Ótimo, acho que você sabe onde fica a saída. Hasta la vista, baby. — Tony revirou os olhos e seguiu em direção ao J.A.R.V.I.S.
— Capitão respire. Ele precisa da sua ajuda, só não quer admitir, você sabe como ele é.
— Eu não preciso da ajuda de ninguém. Fury, você também sabe onde fica a saída, então vai e leva o picolé andante com você.
— Senhor — Steve ia se queixar novamente, mas o olhar de Nick o impediu.
— Stark você me perguntou o eu queria não é? — Fury disse chamando a atenção de Tony que virou a cadeira giratória na direção dele.
— Sim, mas sei que você não vai me dizer, então prefiro gastar meu tempo pensando em um jeito de trazer Pepper de volta e comprar uma passagem pra bem longe daqui a ter que perder meu precioso tempo pensando no que você quer ou deixa de querer.
— Então você admite que seu plano é ridículo.
— Eu não disse isso Capitão.
— A questão é que você não me deixou terminar de dizer o que faríamos.
— Ah, não? Mil desculpas Roger. — Ironizou, mas Steve ignorou esse fato e prosseguiu:
— Quando você estivesse lá dentro você acionaria seja lá o que for que você aciona que faz com que aquela sua armadura se desloque para Las Vegas e vai — Steve levantou as mãos e apontou os dedos para o corpo de Tony — colando em você.
— Se você está falando da Mark 42, bem, tenho uma péssima noticia para você, eu a destruir.
— Faz outra, você não é um gênio?
— E como você pretende fazer com a parte de ir conferir se a montanha tem alguma “passagem secreta”? — Dramatizou.
— Tenho acesso aos satélites, o Capitão pode ver a montanha através dele e então monta um plano, enquanto isso você constrói a Mark 42, Tony. — Nick instruiu.
Tony suspirou e jogou a cabeça para trás. Ele tinha outra opção? Sim, tinha, mas as chances dessa opção saírem bem mais sucedida do que o plano atual do Capitão eram menores. Ele teria que engolir seu orgulho e ego para salvar Pepper, para ele parecia um bom motivo, um ótimo motivo, provavelmente o único motivo.

Já passava das oito horas da noite e Tony não parara de trabalhar na Mark 42 desde então, quanto mais rápido ele terminasse a armadura mais rápido ele salvaria Pepper e tudo voltaria ao normal e então ele poderia ir para o Japão com a ruiva para nunca mais voltar. O Capitão havia voltado para a nave da S.H.I.E.L.D. junto com Nick Fury e ainda não havia dado noticias algumas sobre o que descobrira na montanha, se tinha realmente algum jeito de entrar lá e desativar os sensores para que ele pudesse chamar a Mark 42 e assim resgatar Pepper.
O som na oficina estava tão alto que se não fosse pelo fato de J.A.R.V.I.S. ter abaixado o volume Tony não teria atendido o celular.
— Estou ocupado.
Aquele novo modo de atender a ligação alheia poderia ser adotada pelo resto da população, ou não.
— Que gentil, posso deduzir disso então que a sua raiva só piorou com o sequestro da Pepper. Os jornais não falam de outra coisa. — Rhodes.
— Eu vou trazê-la de volta. — Enquanto Tony conversava ele testava a parte do torso da armadura.
— Você sempre trás. — Concluiu o amigo. — Qual é o plano?
— Resumindo eu estou construindo a Mark 42.
— E?
— E que o plano por enquanto é esse. O resto eu estou deixando nas mãos do Capitão América.
— Pensei que Tony Stark trabalhasse melhor em carreira solo.
— E eu trabalho, mas já que ele quer ajudar. — Tony jogou de ombros e nesse mesmo instante a parte de seu torso foi coberto pela armadura e o jogou contra uma estante contendo aparelhos e ferramentas de carros.
— Tony?
— Eu ‘to bem. — Ele se levantou. — J.A.R.V.I.S.?
— Senhor?
— Por que tanta potencia? Diminua. — Ele se levantou e voltou para a mesa, removendo a armadura.
— Desculpe senhor.
— Vamos tentar de novo. — Ele respirou fundo.
— Ainda estou aqui Tony. — Rhodes o lembrou. — Então é ele que quer ajudar ou é você quem precisa de ajuda?
— Vai mesmo me fazer dizer?
— Talvez.
— Ele quer ajudar, eu preciso de ajuda, Pepper precisa de ajuda, o mundo precisa de ajuda. Por que não ajudarmos uns aos outros?
— Que pensamento humanitário. — Rhodes sorriu. — O que posso fazer por você?
— Por enquanto nada, mas se eu precisar, eu te aviso.
— Tudo bem, então.
— Rhodes?
— O que?
— Obrigado.
— Não tem o que agradecer Tony. Boa sorte. — Depois eles se despediram e desligaram os celulares, mas não passou dez segundos e o aparelho de Tony tocou novamente.
— Casa dos ocupados, quem é?
— Tony, tem um jeito. — Steve comunicou trazendo toda a atenção de Tony para si.
— E?
— Precisamos da Nicole.

As unhas da garota estavam cravadas na grama, o corpo estava gelado, porém soado como se tivesse corrido por muito tempo. Seu cabelo louro pálido cobria seu rosto vermelho e choroso que estava encostado na lapide de Hannah “Mulher guerreira, mãe carinhosa” eram essas as palavras gravadas. A lua já havia caído e Nicole havia permanecido no cemitério. Suas roupas estavam sujas de terra e em seu cabelo havia folhagem das arvores que balançavam conforme o vento gélido da noite soprava, ela se encolheu em posição fetal e esperou. Esperou para que qualquer coisa acontecesse, qualquer coisa que mudasse sua vida de uma forma boa, não trágica, não, ela não aguentaria mais que alguma coisa de ruim lhe acontecesse. Que futuro a aguardava? Pessoas que pensam não ter nada e possuem tudo se fazem essa pergunta e temem a resposta, mas e ela? E ela que um dia teve tudo e agora não tem nada? O que o futuro lhe reserva? Mais dor? Mais perdas? Mais sofrimentos?
Passos esmagando as folhas secas chamou sua atenção e ela levantou a cabeça, o cabelo estava sobre seus olhos, o que atrapalhou um pouco sua visão.
— Quem está ai? — Ela encostou as costas na lapide e retirou o cabelo do rosto. Agora o que atrapalhava sua visão era a forte claridade de uma luz sobre seu rosto. Era uma lanterna.
— Nicole? — A voz masculina e familiar chamou por ela e em seguida tirou a lanterna de seu rosto, levou um tempo até que as vistas dela voltassem ao normal. — Bem que ele disse que eu poderia te encontrar aqui. — O homem se aproximou e estendeu a mão para Nicole.
— Ele quem? — Sua voz estava tremula pela corrente de vento que soprou na direção dela. O homem tirou o casaco e colocou sobre ela e depois a ajudou a ficar de pé.
— Capitão Roger. — Sorriu e a ajudou a caminhar em direção à rua principal do cemitério, lugar este onde havia deixado estacionada sua picape preta.
Nicole se surpreendeu pela resposta recebida.
— Como ele sabia? — Ela deixou ser levada pelo homem, ela estava sem forças para ir contra a gentileza dele. Ela o conhecia, não apenas como amigo de Tony Stark, mas como Coronel e apesar dela saber que ele a levaria exatamente para a Torre, ela não recusou a ajuda.
— Acho que foi mais um chute. — Rhodes abriu a porta do carro e a ajudou a sentar-se, depois deu meia volta e ele entrou no veículo, ambos colocaram o sinto de segurança e Rhodes dirigiu em direção ao centro de Nova York. — Eu ainda não acredito que o doido do Tony deixou você sozinha, está certo que ninguém sabe quem você é, mas não vai demorar muito para ter fotos suas circulando por ai, e sozinha você é um alvo fácil.
— Por que você veio? — Ela olhou para ele com a testa franzida.
— Como assim?
— Por que não o Tony?
— Ah, bem, ele está um pouco ocupado e pediu minha ajuda.
— Novidade. — Disse sarcástica.
— Ele está construindo uma Mark 42 para resgatar a Pepper.
— Alguma novidade sobre ela? — Se interessou pelo assunto, afinal ela se importava com a Pepper, bem, se preocupava mais com ela do que com o Tony.
— Um cara chamado Hammer a pegou, ele é o arque-inimigo das Indústrias Stark.
— Pensei que ele estivesse preso. — Depois de Hammer ter ajudado Ivan Vanko a matar pessoas inocentes ele fora preso.
— Estava.
— Pepper está bem? — O Coronel olhou para Nicole, que o fitava.
— Espero que sim. — Voltou sua atenção para estrada e após um tempo dirigindo eles chegaram a Torre.
Quando o elevador abriu Nicole deu de cara com aquela grande vidraça que dava vista para a cidade de Nova York.
— Olha quem chegou. — Tony subia as escadas que dava acesso à oficina. — Por que você não vai para o seu quarto e toma um banho? Vou colocar algumas roupas para você em cima da cama e preparar alguma coisa pra você comer.
Nicole arqueou uma sobrancelha confusa.
— O que...? — Deixou a pergunta vaga. — Como é que é? — Riu sem humor. — Não vai me insultar, praguejar ou algo do tipo? O que é que você quer dessa vez? — Cruzou os braços sobre o peito.
— Bem, já que você tocou no assunto...
— Eu sabia. Nada que vem dá sua parte é realmente porque você quer, mas porque você precisa.
— Exatamente, no atual momento eu preciso salvar a Pepper e preciso da sua ajuda.
Nicole prendeu a respiração e arregalou os olhos. Tony Stark estava admitindo que precisava de ajuda?
— E ai? — Arqueou as sobrancelhas e depois abriu um pequeno sorriso.
Ela suspirou.
— Eu tenho um quarto? — Sua voz soou derrotada.
O quarto de Nicole era aquele em que ela acordara essa manha, nada ali havia mudado, a não ser pela cama arrumada. Ela havia acabado de sair do banho enrolada a uma toalha quando Tony apareceu no quarto com roupas nas mãos. Eram roupas femininas. “Finalmente”, pensou Nicole.
— Essas são uma das poucas peças de roupa que Pepper deixou aqui, elas estavam na lavanderia. — Ele a entregou.
— Você precisa da minha ajuda com o que? — Perguntou enquanto recolhia as roupas.
— O Capitão vai te explicar melhor, vou estar te esperando na oficina. Fica lá em baixo. — Depois ele caminhou em direção à porta e antes de ele a fechar ele olhou para a loura e disse: — Obrigado.
Aquele era um pedido claro de ajuda da parte de Tony, um pedido desesperador, Nicole concluiu.

As roupas eram composta por um short jeans e uma camiseta social branca de botões. Nicole penteou o cabelo e o prendeu em um rabo de cavalo, depois calçou o tênis que ela estava usando quando chegara a Torre Stark. Ela saiu do quarto e caminhou em direção à sala de estar, onde ficava a escada que levava até a oficina, ao adentrar no ambiente todos os olhares caíram sobre ela. Ali estavam o Tony, o Steve e o Nick.
— Hm, oi. — Ela caminhou em direção a uma larga e extensa mesa e sentou de frente para Tony e para Steve que estava ao lado dele. Nick estava em pé em um canto mais afastado, apenas observando o trabalho dos vingadores.
— As roupas te caíram bem. — Comentou Stark voltando sua atenção para a armadura.
— É, ficaram um pouco grandes, mas qualquer roupa que não seja minha me cai grande.
— Roupas suas que você diz é da sessão infantil? — Zombou Tony.
— Tipo isso. — Sorriu sem graça.
— Isso ai é pra você. — Respondeu a pergunta que provavelmente Nicole havia se feito ao perceber um prato com um sanduiche a sua frente e um copo de suco.
— O que tem aqui? — Ela perguntou sentando-se em uma banqueta preta.
— Não tem carne. — Deixou claro.
— O que tem a carne? — Steve perguntou.
— Ela é fresca e não come carne.
— O nome disso não é ser fresca e sim vegetariana.
— Por quê? — Steve perguntou e Tony olhou para Nicole com uma sobrancelha arqueada como se dissesse “Viu? Eu não sou o único a achar que você é doida por não comer carne.”
— Por que fizeram um experimento com você? — Respondeu com outra pergunta.
— Eu fui escolhido.
— Sim, mas por que você se permitiu ser feito de cobaia?
— Porque eu queria servir ao meu país e...
— Deixa pra lá. — Disse frustrada e impaciente. — Sou vegetariana porque eu quero, não tem um motivo.
— É claro que tem um motivo, sempre há um motivo por trás de qualquer escolha. — Tony se pronunciou.
— Carne é cara. — Nicole mordeu o sanduiche e mastigou lentamente.
— Então você não é vegetariana, você não comia carne por motivos... financeiros. — Deduziu o moreno estreitando os olhos, meio duvidoso pela sua conclusão.
— Eu não como carne, sou vegetariana. Podemos falar sobre outra coisa? — Nicole não gostava de ser o centro das atenções ou de falar sobre situações do passado.
— Claro, eu vou te dizer o que você deve fazer. — Steve disse dando a volta na mesa e ficando ao lado dela. — Há um modo de entrar onde a Pepper está, mas para isso você tem que desativar os sensores.
— Sensores do que?
— Com os sensores que estão instalados ao redor da montanha Hammer conseguirá prever quando o Tony se aproximará com a armadura, por isso ele está construindo a Mark 42, ela monta e desmonta rapidamente, então quando você desligar os sensores o Tony vai ativar a armadura e depois ele vai entrar e pegar a Pepper.
— E bater no Hammer. — Tony acrescentou.
— Certo, mas porque você não entra lá e desativa? Ou o próprio Tony?
— Porque você é pequena. — Quem respondeu foi o Nick. — A passagem que o Capitão encontrou é pequena demais, estreita, só alguém do seu tamanho consegue passar por ela. Você vai entrar na sala de controle e desativar os sensores.
— Finalmente meu tamanho está ao meu favor. — Disse sarcástica. — Mas como eu vou entrar na sala de controle sendo que eu nem sei onde fica ou como se desliga um treco desses?
— O Capitão vai te mostrar onde fica e o seu pai vai te ensinar como se desliga.
Pai! Aquela palavra causou um arrepio pela espinha de Tony que fez os pelos de seu braço se eriçar. Nicole ficou apenas em silencio, ela ainda estava absorvendo aquela observação que Nick fez questão de deixar tão explicita.
— O que foi? Disse alguma atrocidade, por acaso?
— Não. — Nicole respondeu com um sorriso amargo.
Tony fez uma careta pelo tom indiferente de Nicole, mas tentou esconder o desgosto.
— E como eu vou entrar sem ninguém me ver? — Tentou contornar a situação e voltar ao assunto.
— Contamos com a sua astúcia e rapidez. — Respondeu Steve.
— Bem, parece divertido. — Disse por fim.

Steve e Nick foram embora da Torre Stark e restaram apenas Nicole e Tony, eles permaneceram na oficina apesar de já ser de madrugada. A loura olhava de um lado para o outro, observando cada detalhe, cada quadro, cada carro, cada fio de cada computador, ela sempre tentava evitar olhar para Tony, mas às vezes era impossível quando, por exemplo, ele se preparava para experimentar as partes prontas da armadura. Era incrível ver como cada parte daquela armadura despedaçada se movia em direção ao corpo do Homem de Ferro.
— Não vai dormi, não? — Ele a tirou de seus devaneios.
Faith o olhou durante um período e depois pulou da banqueta.
— Claro. — Disse a contragosto e caminhou em direção à saída da oficina.
— Eu não estou te expulsando, só acho que é tarde para você está acordada.
— Quando você é sedada três vezes em menos de dois dias e depois acorda, é como se você tivesse embernado por um bom tempo.
— Isso que dá ser hiperativa. Senta. — Ele apontou para o banco onde ela estava sentada. Nicole refez o caminho e se fez obediente.
— Não sou hiperativa, só tenho força de vontade. Acho que puxei isso da minha mãe. — Sorriu enquanto colocava um cotovelo sobre a mesa e a bochecha na mão.
— Por que ela me escondeu a verdade? — Ele parou de fazer o que estava fazendo e a encarou. — Eu não tinha o direito? Ela queria se vingar ou algo do tipo? Você nunca quis me conhecer? — A última pergunta veio à tona com angustia e rancor.
— Talvez ela temesse sua reação.
— Que reação?
— Exatamente a reação que você teve quando soube sobre mim. Primeiro aquele ar de superioridade, depois a raiva e depois a indiferença. Essa reação Tony.
— Ela queria o que? Que eu cantasse de alegria?
— Provavelmente não, porque sua voz é irritante.
— Ah, então está explicado porque sua voz é assim, é genética, né? — Se alfinetavam sem cessar.
— É, alguma coisa de você eu tinha que ter. Felizmente a beleza e o temperamento eu puxei da minha mãe. — Estreitou os olhos.
— Pelo o que eu me lembro de sua mãe ela era doce, gentil e engraçada e você é só um pé no saco.
Nicole nem prestara atenção no que Tony a chamara, pois o fato de que ele se lembrava da mãe dela a fez paralisar.
— Você se lembra da minha mãe? — Sua voz era descrente.
Tony suspirou e passou as mãos pelo rosto. Ele estava exausto fisicamente e mentalmente.
— Hannah foi minha primeira namorada. A primeira e a última a gente nunca esquece. — Ele deu a volta na mesa e passou por trás da Nicole e caminhou em direção à porta da oficina. Precisa beber alguma coisa forte que o mantivesse acordado, ele necessitava terminar aquela armadura o mais depressa possível.
— Eu sempre quis te conhecer — começou —, mas eu sempre via você nos jornais, nas capas de revistas e na televisão, você parecia — fechou os olhos e quando voltou a abri-los estavam marejados. Tony parou no meio do caminho e esperou Nicole continuar, mas ela estava encontrando dificuldade para prosseguir.
Ele voltou a sentar-se de frente para ela e cruzou as mãos sobre a mesa. Estava na hora deles conversarem.
— Parecia o que Nicole?
— Feliz. Você parecia feliz e eu sabia que se eu aparecesse poderia arruinar essa felicidade e eu preferia mil vezes que você continuasse sendo feliz sem saber da minha existência do que o contrário e sendo infeliz, como agora.
Tony era um homem egocêntrico, narcisista e orgulhoso, mas Nicole sacrificara o desejo — o direito — de ter um pai, apenas para que ele fosse feliz. O que essa garota tinha na cabeça? Tony se fazia essa pergunta.
— Por causa disso? Não me parece uma boa desculpa.
— Pessoas fazem coisas estúpidas às vezes, para deixar outras pessoas felizes.
— Sim, mas só quando você ama essa pessoa. — Eles se encararam e Nicole abriu um pequeno sorriso e jogou de ombros. — Para se amar uma pessoa você precisa conhecer ela, precisa aprender a lidar com ela e admirar tanto as qualidades quanto os seus defeitos. — Seu tom de voz era desacreditado. — E eu não me refiro a você ter uma coleção de revistas falando sobre mim na sua casa, eu digo conhecer olhando no olho, tocando e sentindo cada emoção. — Ele se levantou e colocou as palmas das mãos sobre a mesa e abaixou a cabeça.
— Mas teve momentos que minha parte egoísta queria se revelar. — Admitiu.
— E por que não o fez? — A olhou.
— Por que meu medo era maior.
— Medo do que?
— De ser rejeitada. — Semicerrou os olhos. — Irônico, não acha?
— Eu não te rejeitei. — Nicole arqueou uma sobrancelha e Tony voltou a se sentar. — Ta, vai me dizer que se a situação fosse ao contrário você iria fazer uma festa?
— Não.
— Viu?
— Mas também não ia virar as costas Tony, é disso que eu estou falando, da rejeição.
— Você disse que estava tudo bem. — Contra atacou e Nicole se levantou irritada.
— Você é o pai, você é quem tem que dizer se está ou não bem, é você quem tem que ser o responsável, é você quem tem que cuidar de mim. Isso não é obvio? Você não é o pai? Aja como um! Droga! — Nicole correu em direção à saída da oficina e depois disso Tony ouviu apenas as batidas de seu coração pulsando fortemente contra seu peito.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Mereço recomendações? ;D
Seguinte, semana que vem é semana de prova ._., então se eu ficar um tempinho sem atualizar já sabem o porquê, ok? Mas antes de segunda vou ver se consigo postar o capítulo 8.
Deixem seus reviews dizendo o que estão achando e o que precisa ser melhorado. Favoritem, recomendem e sejam felizes *u*
Tenham um bom feriado! Beijos e fiquem com Papai do Céu! ;***



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