POV Audrey

Nós fomos para um planeta chamado Saphira, onde os habitantes tinham pele azul parecendo, bem... Safiras.

Aparentemente, essa era um planeta bastante pacífico, a não ser durante um único mês de um único ano, onde ocorreu uma guerra catastrófica. Advinha onde/quando nós fomos parar?

É claro que o Doctor tinha que errar as coordenadas e parar no meio de um grupo rebelde.

Depois de uma grande confusão, reviravoltas, bastante sangue e muita corrida pelas nossas vidas, nós conseguimos salvar a vida da família real e restauramos a paz no planeta. Chegaram a servir um banquete em nossa homenagem!

Não foi de todo ruim, eu suponho. Nós nos divertimos e tudo mais.

Porém, eu não pude deixar de notar que Rose ainda estava muito abalada do encontro com a Besta e o Doctor estava agindo de uma forma fria comigo, como se estivesse ressentido sobre alguma coisa. Resolvi perguntar o que havia acontecido quando voltássemos para a TARDIS.

- Certo, ahm... Desculpem novamente, por ter pousado no momento errado. Mas foi mais legal desta forma não é?

- Claro... – Rose respondeu com a voz distante, Doctor olhou para ela parecendo preocupado.

- O que está acontecendo com vocês dois? – perguntei depois de alguns momentos de um silêncio sufocante

- O que está acontecendo com a gente? Nada. Por que pergunta? – ele falou sem olhar para mim

- Bem, você está estranho. Você não para de me analisar e sempre olha para mim como se esperasse que eu começasse a matar todos que estão a minha volta. E Rose parece doente, e está com a aparência de quem não dorme há dias. Também está agindo de forma estranha, como se estivesse assustada.

Rose não olhou para mim, mas Doctor me estudou cautelosamente.

- Como você quer que nós nos sintamos? Você já era estranha o bastante, Audrey. Você sabe tudo o que vai acontecer na minha vida, e depois eu ainda descubro que você guarda um segredo? Que tipo de segredo é esse? E por que você não quer me contar? E por que você? Tudo isso não faz sentido. E Rose? É claro que ela está assustada! Aquela coisa no abismo disse que ela faria uma escolha que a faria perder todo mundo a quem ela ama! Você quer que ela se sinta como? – ele gritou para mim, Rose foi para o lado dele, colocando a mão em seu peito tentando acalmá-lo

- Doctor, eu sinto muito. Eu sinto mesmo. Mas tudo o que eu fiz até agora foi para proteger vocês dois! Você esteve lá, você enfrentou aquela coisa! Você sabe que se eu tivesse ido, tudo podia ter dado muito mais errado! E Rose, eu sei que você está assustada, mas saiba que não é exatamente assim. E o fato de ele ter dito isso é quase bom! Porque isso muda tudo! Eu vou explicar para vocês quando for a hora. Eu juro. Mas no momento, eu não posso! E você sabe disso, Doctor. – eu falei calmamente

Os dois me encararam

- Audrey... – ele começou, mas foi interrompido pelo celular de Rose tocando.

- Eu tenho que atender, é a minha mãe. – ela falou e saiu da sala de controles para atender ao telefone

- Doctor, não tinha melhor jeito de fazer isso! Eu sinto muito.

- O que a Besta dizia antes? – ele perguntou

- Que ela iria morrer em batalha. – eu respondi e ele fechou os olhos

- Eu posso sentir que tem algo vindo. Algo grande e terrível. Eu não sei o que é, nem como vai acabar, mas eu sinto que algo vai acontecer. Antes do que eu gostaria. – ele abriu os olhos novamente e me encarou – Eu estou certo, não estou?

- Está. Algo grande e terrível está vindo. E você e Rose estão indo de encontro com isso.

- E você acha que ela vai sobreviver a esta tempestade?

- Eu acho que eu posso achar um lugar seguro para vocês se abrigarem. Agora, por favor, vamos parar com essas metáforas.

- Certo. – ele concordou

Rose voltou para a sala de controles, parecendo ainda mais abalada. Doctor também notou.

- Está tudo bem? – perguntei

- Minha mãe... Quer que eu vá para casa. – Rose falou

- O QUE? – Doctor gritou se desesperando, ele havia entendido que ela iria voltar para casa permanentemente.

- Por pouco tempo. Ela quer me contar alguma coisa e disse que não podia dar a notícia pelo telefone.

- A gente ACABOU de visitar ela. – Doctor reclamou, mas estava visivelmente mais feliz por perceber que era só por pouco tempo

- Eu sei. Mas o assunto é sério. – Rose falou

Isso me lembrou de uma fanfic que eu havia lido há algum tempo atrás... Sobre o que era mesmo?

Ah, não... Não, não, não, não!

Jimmy Stone.

- Certo, já que você não quer compartilhar o assunto... – Doctor falou curioso enquanto colocava as coordenadas

Como Rose não disse nada, ele revirou os olhos e a TARDIS começou a sacudir. Quando parou Rose se dirigiu para a porta.

- Alguém quer vir comigo? – ela perguntou

- Eu adoraria conhecer a Jackie! – falei concordando

- Você tem certeza que a TARDIS te passou qualquer memória sobre Jackie Tyler? Memórias reais? Provavelmente não, porque se tivesse, você se esconderia na TARDIS comigo.

- Não sei... A memória dela te dando um tapa me parece bastante real... – eu falei e Rose riu levemente, ainda parecendo bastante abalada com alguma coisa

- Argh... Até depois então. Não demorem muito. E Audrey, não diga que eu não avisei!

Revirei os olhos enquanto saia da TARDIS com a Rose.

Enquanto andávamos em direção ao apartamento dos Tyler, eu olhei para Rose e perguntei:

- O que a sua mãe quer falar com você... Tem alguma coisa a ver com Jimmy Stone?

Rose parou de repente.

- Como você sabe sobre ele? Você só sabe sobre a vida do Doctor e eu nunca contaria sobre isso para ele!

- Eu li algo sobre ele uma vez, Rose. Eu... Eu sei que não ajuda, mas eu sinto muito por tudo que aconteceu. – e pelo que pode acontecer acrescentei mentalmente

Rose assentiu.

- Você queria conhecer a minha mãe, não?

- Sim! Claro! – eu falei e nós seguimos em silêncio

Depois de alguns minutos chegamos.

- Mãe? Eu cheguei! E eu trouxe uma amiga minha e do Doctor.

- Olá, querida! – Jackie falou e abraçou Rose, depois olhou para mim – Oi! Eu sou Jackie!

- Eu sou Audrey. – cumprimentei

- E cadê aquele alien maldito? – perguntou Jackie – Nem precisa me dizer... Está com aquela nave dele! – Jackie revirou os olhos

- Eu disse para ele que era uma passagem rápida, e ele resolveu não vir. – Rose explicou – E devido ao que você quer conversar comigo, eu acho que é melhor assim.

- Você ainda não contou para ele?

- Mãe... Não é uma história simples de contar. E eu não sei se eu quero que ele saiba.

Jackie olhou um olhar sugestivo para mim.

- E você contou para a sua nova amiga?

- Não exatamente... É uma história complicada, ela simplesmente sabe. – Rose falou

- Mas eu posso dar uma volta, se vocês quiserem conversar a sós.

- Não. – Rose falou – Fique.

- Certo. – concordei

Nós nos sentamos no sofá.

- Rose, ele vai ser solto. – Jackie contou

Rose fechou os olhos e se afundou no sofá.

- Não... – ela sussurrou

- Rose, querida, ele não pode chegar perto de você que ele vai preso. Ele nunca mais vai te machucar. Ele nunca mais vai encostar em um fio de cabelo seu.

- Quem que nunca mais vai machucar a minh... Rose? – perguntou o Doctor entrando no apartamento para a surpresa geral

- O que você está fazendo aqui? Eu achei que você fosse esperar na TARDIS. – Rose falou, tentando se controlar, mas a voz estava visivelmente abalada, e era óbvio que ela estava lutando contra as lágrimas.

- Fiquei entediado. Quem nunca mais vai te machucar, Rose? Quem é que algum dia já te machucou? – ele perguntou, a raiva em sua voz crescendo

- Ninguém. Não é nada. Deixe isso para lá.

- Rose... – Doctor começou, mas foi interrompido por Rose

- Olha só, você não quer falar do seu passado, e eu não quero falar do meu! Eu só quero ir para a TARDIS agora. – ela olhou para a mãe dela – Eu venho te visitar em breve.

Rose abraçou Jackie e saiu pela porta.

Eu e o Doctor também nos despedimos dela e fomos até a TARDIS em silencio.

Rose não estava na sala de controles, nem na biblioteca, nem na cozinha, nem na sala de TV. E nós não conseguíamos achar o quarto dela em lugar nenhum.

Sexy me disse que Rose queria ficar sozinha, então eu fui me deitar.

POV Doctor

O que Jackie quis dizer com “machucar”?

Eu espero que ela tenha dito isso no sentido de magoar, e isso já é ruim o bastante.

Ela também falou “Ele nunca mais vai encostar em um fio de cabelo seu”

Será que alguém poderia ser tão perverso a ponto de machucar Rose fisicamente?

Porque se existe alguém assim eu com certeza vou caçá-lo e matá-lo. No mínimo.

Como alguém pode pensar em machucar ela? Ela é o melhor que a raça humana tem para oferecer! Como é que alguém pode ousar tocar nela com qualquer tipo de intenção hostil?

Então eu ouvi um grito. E eu sabia muito bem quem estava gritando.

Corri para achar Rose, e agradeci a TARDIS mentalmente quando achei a porta do quarto dela rapidamente.

Ela estava dormindo. Tendo um pesadelo, provavelmente. Eles não estavam sendo tão incomuns desde a Besta.

- Rose! Rose, acorda! – eu falei chacoalhando ela

3 minutos e meio depois ela finalmente acordou.

Ela estava respirando com dificuldade e se assustou com a minha presença. Quando percebeu que era eu, começou a chorar e me abraçou.

- Shh... – falei para ela – Vai ficar tudo bem. Você está a salvo aqui na TARDIS, Rose.

Levou mais alguns minutos para ela se acalmar.

- Foi horrível, Doctor. Parecia tão real! Ele estava ali e...

- Rose, foi só um sonho. O que é que tenha sido aquilo que nós enfrentamos, nós o derrotamos.

- Não... Não era sobre isso. – ela falou e abraçou as próprias pernas, desviando o olhar. Ela parecia... Envergonhada.

- Rose, isso tem a ver com o que eu ouvi você e a sua mãe conversando?

- Sim. – ela falou ainda sem olhar para mim

- Por que você não me conta o que aconteceu?

- Porque eu não sei como... E eu não quero que você saiba.

- Por que não? – eu perguntei segurando a mão dela

- Porque... – ela não terminou a frase, apenas riu miseravelmente.

- Rose, o que quer que tenha acontecido, você pode me contar.

Ela respirou profundamente e me encarou, os olhos voltando a lacrimejar.

- Promete que, não importa o que eu te contar agora, não vai mudar como você se sente por mim?

Olhei para ela por um momento.

- Eu prometo. – falei estendendo meu dedo mindinho para ela, ela enganchou meu dedo no dela e sorriu

Sem olhar para mim, ela começou a contar:

- Quando eu tinha 15 anos, eu conheci esse garoto, Jimmy Stone. Ele tinha 20, e... Ele parecia incrível, sabe? Tinha sua própria banda, e tinha largado a escola... – Rose deu uma risada amarga – Eu tinha uma queda por ele, mas eu nunca achei que um cara mais velho fosse ao menos olhar para mim. – dessa vez eu soltei uma risada e Rose corou – Enfim, ele me chamou para sair e eu aceitei. Alguns meses depois nós começamos a namorar. Foi um período bastante ruim para mim, por causa dele eu comecei a beber e a fumar... – Rose pareceu envergonhada de admitir isso para mim, na verdade, eu não conseguia formar a imagem dela fazendo essas coisas – Eu fazia tudo por ele. Eu até larguei a escola para me mudar para a casa dele. Contra a vontade da minha mãe, é claro. Mas eu fiz isso do mesmo jeito, porque eu achei que ele me amava e que ele era... Que ele era o homem dos meus sonhos. Mas você sabe como é... Eu era nova, inexperiente e ele era mais velho... Queria certas coisas no nosso relacionamento e eu não estava pronta. Só que, se tem uma coisa em que ele é bom, é em manipular as pessoas. Ele sempre me fez me sentir como se eu não fosse boa o suficiente, sabe? Então eu acabei cedendo, achando que eu tinha que compensar ele de alguma forma, por ser tão inútil. – Rose estava chorando agora, mas ela continuou – Ele não se importava se me machucava ou não, o que importava era que ele tivesse prazer. – eu fechei os olhos tentando conter a minha raiva – Então ele começou a beber mais e mais. Foi ficando mais violento. E um dia, ele chegou especialmente bêbado em casa e ele queria me levar para cama. Eu me recusei. Ele não gostou disso. Ele me disse coisas horríveis naquela noite e depois... Acho que você pode imaginar o que aconteceu.

- Rose... – eu falei e a abracei o mais forte que eu consegui – Você é a melhor pessoa que eu já tive o prazer de conhecer. E você não é inútil, ou um desperdício de espaço. Você é incrível, é brilhante. Fantástica. E sua mãe estava certa, ele nunca vai tocar em você de novo. Eu não vou deixar. Você está segura, eu prometo.

Eu me separei dela e me deitei na cama junto com ela. Ela deitou a cabeça no meu peito e eu a abracei.

Não muito tempo depois, ela voltou a dormir, desta vez sem pesadelos. E eu continuei com os meus pensamentos de qual seria a melhor forma de matar Jimmy Stone.