Harry Potter E O Segredo Do Vira-tempo escrita por Valéria Snape Riddle


Capítulo 4
Viva e deixe morrer




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Live and let die...

(viva e deixe morrer, Paul Maccartney)


–Lily?


Lilian acordou sobressaltada com as batidas na porta. Era severus. Por quanto tempo havia dormido? Olhou pela janela, um sol fraco brilhava lá fora. Já era de manhã, pensou.

–lilian, por favor abra. – a voz parecia um tanto angustiada.

–já estou indo Severus – ela disse, tentando acalmá-lo. – sentou-se na cama, calçando os chinelos. Foi até a porta e a destrancou, abrindo-a.

–Oh lily... estava ficando preocupado – disse em tom angustiado, abraçando-a.

– não precisava Sev. Fiquei o tempo todo aqui, na verdade, logo depois que você saiu, deitei e peguei no sono, acabei de acordar...

–Graças a Merlin, lily... – severus parecia aliviado.

– eu que digo isso severus... está tudo bem com você?

– sim, eu te disse que não havia motivo pra se preocupar...

– eu sempre vou me preocupar com você severus – disse meio amarga – ainda mais indo encontrar-se com você-sabe-quem...

–Esta tudo bem lily – ele disse meio constrangido com a preocupação dela. “ainda não estou acostumado a toda essa atenção...” pensou.

–severus? – ela chamou meio aflita. Ele já sabia o que ela iria lhe perguntar.... sentou-se na cama,já dentro do quarto. Severus fechou a porta e permaneceu de pé a frente dela.

–voce por acaso passou lá em casa? Como está James e o meu Harry? – perguntou angustiada com a possível resposta.

–lily... – ele começou, controlado e meio triste, tentando escolher as palavras – seu filho sobreviveu...

–Oh Merlin! Graças! – ela exclamou com uma súbita alegria; mas em seguida caiu uma angústia ainda maior sobre ela, como uma tonelada. Olhou atônita, já lendo em seus olhos a notícia que ele estava pra lhe dar... severus sentiu um nó na garganta; teria que lhe falar. Ela, pressentindo, encheu seus olhos de lágrimas, a face transparecendo a dor que brotava de seu coração, antevendo o que seria dito.

–E James?...

–desculpe, lily. Eu sinto muito. E sentou-se cansado ao lado dela na cama.

–um soluço brotou da garganta dela. Ela cobriu o rosto com as mãos; seu corpo começou a se sacudir, frágil, com o choro abafado e dolorido que saia por entre seus dedos.

–Lily, por favor, não fique assim... não tivemos escolha – ele disse, abraçando-a, tentando consolá-la.

–Não consigo aceitar, severus! – ela gritou entre soluços. – meu marido morreu... – a voz foi sumindo de sua garganta, em seguida, se sacudiu mais ainda com os soluços entrecortando o choro, quase convulsivo, fazendo-o angustiar-se ainda mais. ele Lembrou-se de Harry.

–lily por favor, você também me faz sofrer desse jeito – ele lutava para não deixar as lágrimas caírem também, vendo sua dor – lembre-se de Harry... ele precisa de você, ele está vivo! Eu falei que o feitiço do amor o protegeria, e o protegeu! Ele escapou somente com uma cicatriz na testa...

– somente uma cicatriz? - Ela disse, enxugando as lágrimas – e onde ele está? – perguntou, parecendo melhor.

Ele suspirou, ao vê-la parar de chorar – esta com hagrid, o guarda-caças, em hogwarts.

–Ainda bem severus... - ela disse. – confio no hagrid.

–sim, podemos ir lá buscá-lo agora se você quiser...

–sim, nós vamos... – ela levantou os olhos pra ele, encarando-o. – havia muita tristeza naqueles olhos, os mais lindos que ele tinha visto. mais tristeza do que podia suportar.

– não consigo diminuir essa dor... – ela murmurou com a voz embargada. De repente olhou para o vazio, como se compreendesse alguma coisa. Em seguida olhou pra ele e falou, mais em tom de afirmação do que de pergunta:

–Voce poderia te-lo salvado não, severus? - Ele prendeu a respiração. Por Merlin, a mulher era muito inteligente. Engoliu em seco:

–por que você acha isso?

–voce o deixou voltar pra casa, e não fez o menor esforço de avisar alguém, Dumbledore, talvez... – ela o olhava acusadora.

–mas eu tentei salvá-lo, lily! Fiquei esperando até as onze horas da noite! Me arrisquei a ser pego pelo lord ali, com você, te protegendo,e também ao garoto! Por causa dele quase perdi meu disfarce de comensal, por causa dele e de voce! – ele cuspiu as palavras desesperado.

–mas você podia ao menos ter avisado alguém, para irem até o trabalho dele...

– e você, pensou nisso também? Estava tão apavorada e aflita com a ideia de perder seu filho que nem conseguiu raciocinar direito, não é? – ele argumentou a beira do desespero.

–é, realmente... - concordou lily – viu como a situação era desesperadora? – murmurou Snape esgotado.

– eu também poderia ter pensado nisso sev, mas na hora estava desesperada e...

– pois é, lily... eu não conseguia pensar em outra coisa senão...

– mas sev, você estava nos salvando! Você devia ter pensado nisso mais claramente! Eu confiei em você!!! Por que você teve que ser tão egoísta ? – ela disse a beira das lágrimas outra vez. Diante dessas palavras dela ele não conteve seu desespero. Começou a falar, pondo tudo pra fora de uma vez, sem esperar que ela compreendesse; segurou em seus ombros com força, Fazendo-a olhar para ele.

–-Voce não imagina o quanto eu estava sofrendo lily, com a ideia de você morta; a mim, naquele momento, só pensava em salvar você. Fiz um esforço tremendo pra me controlar, e não tirar você dali a força, naquela hora mesmo! Eu realmente precisava salvar você de qualquer jeito! Mesmo que pra isso eu tivesse que sacrificar o maldito do Potter! Você não podia morrer de jeito nenhum! Mas eu me controlei, e pensei no seu amor por eles, afinal eles eram sua família, você os amava, não é verdade? Então, por você eu esperei até não poder mais, até o ultimo minuto, e segui as instruções do bilhete misterioso que Dumbledore recebeu, para fazer o feitiço do amor em seu filho, pra que ele sobrevivesse, por que segundo o bilhete ele tinha que sobreviver, afinal ele é o escolhido da profecia, o único capaz de derrotar o lord e acabar de vez com esse inferno... e, sinceramente, me perdoe, não pensei muito na vida de James... na verdade, se ele morresse eu estava no lucro, já que eu te amava, e te amo demais pra continuar morrendo por dentro a cada vez que eu via voces se beijarem tão felizes... me corroia a inveja, ao vê-lo pegar em sua mão dentro de casa a tomá-la nos braços com tanta intimidade, quando podia ser eu no lugar dele, tendo você todinha pra mim, então não me venha com moralismos agora Lilian, você não sabe o que tenho sofrido todo esse tempo sem seu olhar, sem seu sorriso, sem sua presença em minha vida, e tudo por minha causa! – as palavras saíram todas de uma vez só, enquanto as lágrimas teimavam em cair dos olhos de Snape, sem que ele conseguisse impedir. Parou de falar de súbito, enquanto deu uma sacudida nos ombros de lily, nervoso; e finalmente estacou, soltando os ombros dela, cansado e de repente se sentindo leve por ter colocado tudo pra fora ali, na sua frente.

– Oh Sev, eu nunca imaginei que... – ela olhava atônita dentro de seus olhos negros. Ele desviou o olhar, e enxugou nervosamente as lagrimas de seu rosto com as mãos, envergonhado. Ela segurou em seus pulsos impedindo ele de continuar. Ele levantou os olhos negros para ela, e ela viu a imensa dor que ele sentia por trás daqueles olhos, de anos de solidão e arrependimento.

–Desculpe lily, você não merecia mais um problema na sua vida; Justo agora. Não foi minha intenção...

–está tudo bem, sev... – ela disse enquanto pousou um dedo sobre seus lábios finos – Não precisa se desculpar, eu sei de tudo isso... – Snape parou de falar e sentiu os dedos dela ali. Uma crescente onda de desejo correu por seu corpo. Segurou em seu braço enquanto juntava os lábios, beijando os dedos dela, meio que sensualmente, os olhos cravados nos dela, esperando uma reação; ela fechou e abriu os olhos e engoliu em seco, olhando para a boca dele, entreabrindo e umedecendo os lábios devagar, com a língua. Imediatamente sem poder mais evitar, ele a puxou pra junto dele, e colou sua boca na dela, num beijo angustiado e necessitado, como se há anos quisesse fazer isso; segurou a nuca dela por cima dos cabelos, firme mas delicado, trazendo-a pra mais perto, beijava-a com ansiedade; ela não fez nada pra impedir, pelo contrário; suspirou de encontro a boca dele e correspondeu, abraçando-o. ele percebeu que ela também queria e a trouxe pra mais perto colando-se á ela, sentindo seu perfume... ah Merlin, que se dane o resto do mundo, eu a quero demais... ela inclinou-se discretamente sobre ele enquanto o beijava, ele adorou, acabou deitando-se do outro lado na cama com ela quase em cima dele, num beijo cada vez mais selvagem...

De repente ouviram um barulho de algo entrando pela janela adentro, chocando-se contra a parede e caindo na poltrona do outro lado do quarto; aquilo fez eles voltarem para a realidade e se separaram, meio a contra gosto, ela ainda o abraçando, ele querendo voltar de onde pararam, mas ela olhou para a poltrona e disse:

–Uma coruja?

Ele ergueu a cabeça para trás olhando na direção em que ela olhava, ainda meio deitado na cama; em seguida olhou pra ela que o olhava também, sorrindo meio tímida, por ainda estar inclinada sobre ele; afastou-se devagar para que ele se levantasse; ele se levantou sem tirar os olhos dela, por um instante, se fitaram, indagativos; depois, ele se levantou e foi até a poltrona. A coruja estendeu a perninha, na qual havia um pedaço de pergaminho, para ele pegar. Ele abriu e leu:

“Já imagino porque está tão atrasado para o jogo severus; esta tudo bem, mas pelo menos venha a minha sala com Lilian, depois de passar em hagrid e pegar o menino. Ele chora, sentindo falta da mãe. Espero que ela esteja “melhor”. Acredito que você tenha feito “tudo” para faze-la se sentir assim...

Abraço,

Albus.”

Snape sorriu, meio malicioso, meio envergonhado. “Aquele velho... muito perspicaz pro meu gosto.” – lily, temos que ir buscar seu filho; ele sente sua falta...

–Oh Merlin, esqueci de Harry... – exclamou, levantando num sobressalto, preocupada.

– tudo bem, vamos na casa de hagrid. – Snape sorriu pra ela, meio divertido, afinal foi ele que a havia feito se esquecer...

– viu como você bagunça o meu mundo? – ela riu, se aproximando dele. Ele pegou suas mãos e as beijou.

– estou afim de bagunçar mais ainda – susurrou sem tirar os olhos negros dos dela. Ela soltou as mãos dele, colocando uma mão em seu rosto; suspirou:

– eu também estou afim dessa “bagunça”, mas agora temos mesmo que ir sev... – foi até o armário e pegou o suéter e a calça; olhou pra ele mais uma vez. E entrou no banheiro, fechando a porta.

“Ah Merlin não estou mais acostumado com isso...” pensou, sentando-se na poltrona, e quase sentando em cima da coruja; ela voou rapidamente e saiu pela janela; ele então desabou, cansado. Pensou no beijo... “ela deu sinais de que o queria... oh merlin que momento foi aquele, mágico... se a maldita coruja não tivesse entrado com uma mensagem do velho, talvez fosse até o fim... diabos. esse velho sabe mesmo como interromper...

–Vamos sev? – ela abriu a porta do banheiro, os cabelos molhados, acabou de sair do banho, pensou. Estava linda, as bochechas rosadas, cheiro de sabonete no ar, tão fresca...

– Pára de sonhar, sev – ela se aproximou – eu estou viva não estou? Embora James esteja morto – refletiu com um olhar triste, mas rapidamente se recompôs e continuou – mas ele não está mais aqui...

– eu estou aqui lily, - ele lançou- lhe um olhar encorajador, otimista.

–é, você está, eu estou e o Harry também...

–voce precisa ser forte. Seu filho precisa de você.... e eu também – acrescentou, com uma ponta de medo.

– sim, tenho certeza que se ele estivesse me vendo agora, gostaria que eu seguisse com a minha vida – concluiu, tentando se animar.

–sim... eu quero te ajudar no que for preciso, lily. – olhou-a nos olhos , mais aliviado.

–É maravilhoso poder contar com você sev – ela disse pegando sua capa e pondo sobre os ombros.

–voce sempre vai contar comigo, lily – ele sorriu, levantando-se e indo até a porta.

–vamos? – abriu a porta e ela passou, saindo. “Ah Merlin nunca enjoava do perfume dela...” ele pensou, e afagou, levemente seus cabelos. Olhou para ela, e fechou finalmente a porta atrás de si.



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