Nárnia Além Da Vida Parte II escrita por Pevensie


Capítulo 27
Decisões Precipitadas


Notas iniciais do capítulo

Olá galera. Nesse capítulo Benjamim conversará com Caspian e tentará fazê-lo cair na real.



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– Um... um filho meu? – perguntou Alvaro atordoado, mas com uma alegria que nunca havia sentido antes.

– Anna minha filha, se não quer sujar suas mãos com o sangue desse rapaz, tudo bem, mas não brinque com uma coisa tão séria.

– Não estou brincando papai. Estou grávida de Alvaro, tenho certeza disso, além do mais, o senhor Cornélio me confirmou. E o que você acha mamãe? – disse virando-se para Susana.

– Eu, eu não sei, fui pega de surpresa. – Susana olhou para Caspian e pediu – Caspian, eu espero que você tome a decisão certa, entenda a Anna, agora mais do que nunca ela vai precisar do seu apoio. Afinal uma criança é sempre motivo de alegria.

– Não nessa ocasião, nessas circunstâncias, e muito menos por ser filho e neto desses desgraçados.

– Você está sendo irracional, estamos falando de um bebê. – exaltou-se Susana.

– Você não tem moral para me pedir nada. Não Dirija a palavra a mim Susana. – dizia Caspian com desprezo, e Rabadash estava adorando a discussão dos dois, no fundo ele sabia que não precisaria soltar Susana naquele dia.

– Papai isso é jeito de falar com a minha mãe? – repreendia Anna.

– Não se preocupem se Caspian não quer essa criança, eu vou ficar com ela. – provocava Rabadash.

– Você nunca vai encostar suas mãos no meu neto – Caspian já ia partindo para cima dele. Mas Rabadash mais rápido e mais hábil, puxou a espada que estava em sua cintura e apontou para barriga de Anna.

– Cadê a sua valentia agora? – ameaçava bufando. – Saiba que Nárnia está sob meu comando e a vida de cada um também.

– Não me ameace – Caspian parecia furioso, se não estivesse cercado por uma feiticeira e 30 soldados calormanos, mataria Rabadash ali e agora.

– A criança ainda nem nasceu, resolveremos tudo depois, mas vou ficar de olho em vocês. E não tente nenhuma gracinha Caspian, agora você tem mais uma vida para se preocupar.

...

Caspian voltou com Anna para casa e durante todo o caminho de volta esteve calado. Chegando em casa Carlos e Benjamim foram interroga-los, mas Caspian falou que precisava conversar com a sós com Anna, e assim seguiram juntos para o quarto de Caspian.

Anna sentou-se na poltrona e esperou um sermão do pai, mas Caspian permanecia calado olhando pela janela.

– Não vai dizer nada pai? Vai ficar a manhã inteira mirando o mar por essa janela?

– Você vai se casar. – disse devagar e sério, sem tirar os olhos da janela.

– O que? Como assim pai? O Alvaro está preso, e mesmo se não estivesse, eu não quero me casar com ele.

– Não é com ele que você vai casar. – continuou sério.

– Mas com quem então? – a menina estava mais confusa do que nunca.

– Você vai casar com o Victor. Eu vou conversar com ele.

– Mas pai, como vai fazer isso? Por que? Todo mundo já sabe que essa criança vai ser do Alvaro, um casamento não vai adiantar de nada. E o Victor, o Victor é um moleque, não vai querer casar nem por amor, imagine se vai querer para assumir o filho de outro.

– Não se assuste com essa coisa de casamento Anna, você não estará sozinha, eu também vou me casar.

Anna ficou mais chocada com a notícia do casamento de seu pai, do que com o seu, como ele faria isso? E Susana?

– Repete de novo o que você disse pai. Acho que não ouvi bem, ou estou tonta.

– Você ouviu muito bem, eu vou me casar, e será no mesmo dia que você.

– Pai. Como assim? E a mamãe? O que está acontecendo entre vocês dois? Por tratou ela daquele jeito na frente de todo mundo?

– Escute aqui Anna, e me entenda muito bem, da mesma forma que você não quer saber mais nada do Alvaro, eu não quero mais saber da sua mãe. Para mim ela está morta, está tudo acabado entre nós dois como se nada tivesse acontecido.

– Você só pode estar brincando!

– Eu não amo mais a Susana, e ela também não sente mais nada por mim, acabou minha filha e não me pergunte o porquê. – Terminou a conversa saindo do quarto, deixando Anna sozinha.

– E aí pai, o que aconteceu? Eles vão soltar a mamãe? – perguntou Carlos.

– Não, não é nada disso. Na verdade era sim... eles iam soltar a Susana se a Anna matasse o Alvaro.

– E ela fez isso não fez? – disse Benjamim ficando um pouco nervoso.

– Não, ela não conseguiu.

– Como não conseguiu pai? Trocou a liberdade da minha mãe pela vida daquele miserável. Não consigo entender, porque ela não o matou? – perguntou Benjamim indignado.

– Porque... bom a irmã de vocês está grávida.

– Ela vai ter um filho daquele cara pai? É isso que você quer me dizer?

– Sim Carlos, é isso mesmo. Mas antes que vocês dois digam qualquer outra coisa, eu quero que saibam que eu vou me casar também. – As expressões de Benjamim e Carlos não foram diferentes da expressão de Anna, eles ficaram até mais chocados que ela.

– Que história é essa Caspian? Ou melhor, onde minha mãe fica nessa história. – Benjamim parecia exaltado.

– Nos deixe sozinho Carlos, preciso ter uma séria conversa com seu irmão.

Carlos foi para o quarto de Caspian, conversar com Anna e tentar compreender tudo aquilo. Benjamim olhava para Caspian duramente exigindo explicações.

– Vamos para outro lugar, não quero que ninguém escute nossa conversa.

– A sala de reuniões está boa para mim.

Os dois se dirigiram até ela, Caspian pegou uma garrafa de vinho e duas taças, mas Benjamim recusou.

– Prefiro não beber, já não estou com o humor muito bom.

– Isso é péssimo, você é muito jovem para se estressar tanto.

– Não depende de mim, mas dos atos das pessoas ao meu redor. Estou esperando explicações Caspian.

– Onde foi parar a palavra pai? – disse servindo vinho em sua própria taça.

– Acho que depois dessa conversa, coisas irão mudar. Não gostei nada dessa novidade.

– Sente-se!

– Estou melhor assim.

– Benjamim nem começamos a conversar e você já está sendo grosseiro.

– Me explica pai, anda logo!

– Bom, você já é maduro o suficiente para encarar os fatos. Benjamim eu descobri uma coisa terrível, uma coisa que mudará o rumo de nossas vidas e eu quero compartilhar com você. É sobre seus pais.

– O que tem eles? – perguntou preocupado.

– Eles estão muito bem. Muito mesmo, não precisam de nossa preocupação.

– O que é então? Fala Caspian, por que vai casar com outra se é marido de minha mãe.

– Sua mãe não é a pessoa que imaginávamos Ben. Nem ela e nem seu pai. Os dois não prestam, eles sempre traíram a mim e a Lúcia sem a menor consideração. Susana não vale nada e eu a odeio.

– Nunca mais abra a boca para falar desse jeito da minha mãe. – Benjamim tinha pegado Caspian colarinho, e se segurava para não bater no homem que amava como pai.

– Acalme-se Ben, vamos conversar, não faça isso com seu pai. – pedia Caspian livrando-se das mãos dele.

– E você não faça isso com a minha mãe. Que absurdo é esse Caspian? Isso que você está dizendo é uma falta de respeito com a minha mãe, com ela, com meu pai e com a Lúcia.

– Não é comigo que você deve reclamar Benjamim, é com seus pais. Eles sim nos desrespeitaram. Nos traíram e nos enganaram.

– Isso que você está falando é um absurdo. De onde tirou isso Caspian? Como pode difamar a imagem da minha mãe desse jeito?

– Quer provas de que eles me traíam? Aqui está – gritou entregando a carta ao Benjamim. Mas o garoto furioso a rasgou em diversos pedaços sem ler nem uma letra.

– Como você pode acreditar em uma mísera carta? Como? Não vê é um plano para separarem vocês?

– Sua mãe é tão ordinária e sonsa que me fez acreditar no mesmo. Mas a vi junto com o Robert, eles se beijavam descaradamente, nem pareciam os santos que são. Me escute Ben, não estou te mandando odiar a sua mãe, mas peço que fique ao meu lado.

– Eu não acredito Caspian – dizia colocando a mão na cabeça – não acredito que você está dizendo uma loucura dessas. Eu pensava que você amava a minha mãe, mas acho que me enganei.

– Eu a amo! – gritou com os olhos arregalados. – Sempre amei e sempre vou amar, apesar de toda essa canalhice que ela fez comigo. Mas eu não posso perdoar e nem admitir uma traição dessas. Susana disse coisas terríveis pra mim, não foi o Rabadash quem me destruiu, foi ela, ela confessou que não me ama, nunca me amou de verdade. Ela sempre amou o Robert e sempre esteve com ele durante todo esse tempo, acredita em mim filho, ela me disse tudo, e ainda me disse que Carlos e Anna são frutos da relação dela com seu pai. Benjamim você não é meio-irmão deles, vocês tem o mesmo pai e a mesma mãe. – Dizia Caspian desabando.

– Por que diz isso pai? – perguntava o garoto chorando. – Como pode anular de sua memória tudo o que vocês viveram? Todos os anos, todas as palavras, os momentos, os olhares? Como pode duvidar de minha mãe depois de ter vivido tanto tempo com ela? Como pode duvidar da sua paternidade, eu vi como você ficou feliz quando meus irmãos nasceram, você virou outro homem, e como pode duvidar de tudo isso depois de tanto tempo?

– Você não entende o que estou passando Benjamim – disse bebendo uma taça de vinho toda de uma vez – não sabe o terror que tenho vivido, e olha que fazem poucas horas que descobri isso, imagina o que vou viver pelo resto da eternidade. Eu estou sofrendo tanto Ben, eu estou tão sozinho e todos vão se virar contra mim, como você está se virando agora filho. Benjamim depois que descobri tudo isso, nem sei mais como respirar direito, é como se minha alma tivesse saído de seu corpo e só tivesse restado o material. Toda vez que eu olho em volta dessa casa e percebo que sua mãe não está aqui eu me sinto morto, como se todos os meus órgãos vitais estivessem faltando. Susana era a minha vida e o meu chão, e agora eu não tenho mais nada. Você acha que é fácil pra mim dizer tudo isso? Acha que é fácil encarar toda essa verdade imunda e me dar conta de que nunca mais terei sua mãe de volta? Mesmo se eu a quisesse de novo, mesmo se a perdoasse, Susana me disse que vai ficar com Robert, que é ele que ela quer, e que é ele que ela ama, então me diga por que não acredita no que eu te disse. – terminou batendo com a mão fortemente na mesa.

– Porque a minha mãe nunca amou o meu pai – foi a vez de Benjamim gritar, ele arfava por ver a cegueira de Caspian – Ela nunca o amou como ama você. Ela nunca o beijou como te beija, nunca o olhou como ela te olha, nunca falou dele como fala de você. Eu sempre achei que tivesse algo errado com os meus pais, eles eram diferentes dos outros casais, diferente dos pais dos meus coleguinhas que eram apaixonados. Eu olhava para tevê e quando via um casal me perguntava o motivo de meus pais serem tão diferentes, eu não via neles a paixão que via até em um casal de passarinhos. Minha mãe nunca disse a ele que o amava, seus olhares nunca foram intensos. Mas quando eu vi vocês dois juntos pela primeira vez aí sim eu realmente pude ter a certeza de que o amor existia. Eu nunca tinha visto minha mãe tão feliz em toda minha vida, quando ela me explicou que deixaria meu pai para casar com você, confesso que fiquei um pouco triste, mas quando vi o quanto ela estava feliz eu logo mudei de opinião. Você fazia tão bem a ela, que aquela cara vazia e pálida deu lugar a um rosto feliz e bobo, eu via os olhos dela brilharem toda vez que alguém pronunciava o seu nome, e toda vez que você saía, ela ficava na janela até que você voltasse, nem que isso levasse a noite toda. Depois que vocês casaram, ela passou a cantar e a mulher triste e solitária que vivia chorando pelos cantos, desapareceu, você mudou a vida dela, e não foi só por um dia, foi sempre assim. Geralmente os enteados não costumam gostar de seu padrastos, mas você era diferente, você cuidava da minha mãe e isso era o mais importante pra mim, não só dela, mas você cuidava de mim como se eu fosse seu filho e eu passei a te amar e a acreditar nisso. Você mudou nossas vidas Caspian, você cuidou e amou a pessoa mais importante pra mim, e agora como você quer que eu acredite nessa história que inventaram para destruir minha mãe? Não importa o que você leu, viu ou ouviu, o importante é o que você sente Caspian, o que o seu coração te diz sobre a minha mãe?

– Eu não sei de mais nada... – balançou a cabeça abaixando-a em seguida.

– É uma pena pai, nossos inimigos não estão nos destruindo, somos nós mesmos. Quem está fazendo a mamãe sofrer não é o Rabadash, é você.


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