Nárnia Além Da Vida Parte II escrita por Pevensie
Notas iniciais do capítulo
Aqui vai o primeiro capítulo. Boa leitura!
- Não... não, por favor! De novo não. - O desespero tomava conta do rapaz.
- Vai apodrecer no lugar de onde nunca devia ter saído. A diferença é que agora é para sempre, verme. - Seus lábios vermelhos destilavam puro veneno.
O terrível passado voltava para assombrá-lo. Ela o apertava como se quisesse destruir-lhe todos os ossos. Uma picada, depois outra, e mais outra... a visão já ficava turva por conta da quantidade de sangue em seu rosto. As mãos presas nela... na sua antiga companheira... a cadeira de prata.
Ele quase pulou da cama.
- Nãaaaaaaaaaaaaao! - gritou Rilian enxarcado de suor, e por fim percebeu que não passava de um sonho.
…
- Delicie-se meu caro, vamos coma tudo. É tudo seu, sei que você quer mais.
- Não majestade chega! - Nessas alturas ele já se sentia muito mal.
- É tudo seu. Você quer, não tenha medo. Coma mais meu rei, coma mais.
- Como posso resistir? Como? Qual é o preço? Pago o que for preciso, o que for preciso.
- Seu herdeiro Edmundo, quero seu herdeiro!
Edmundo chorava... suas mãos meladas, boca, bochechas... e Edward, o pequeno Edward era sacrificado na mesa de pedra, em troca de manjar turco.
- Me perdoa, me perdoa, mas não posso resistir. - disse Edmundo ainda sonhando.
...
- Deixe-a em paz, eu lhe ordeno. - bradou Caspian
- Eu vou tomar tudo o que é seu, assim como você um dia tomou de mim. - ele fuzilava, Caspian com o olhar.
O outro cavaleiro vestido de negro a levava, levava a sua menininha.
- Papai! Papai me ajuda!
- Annaaaaaaa eu vou te salvar minha filha, eu vou te salvar.
Ela já não era mais uma menininha, agora na garupa, era uma mulher. Um grande buraco negro se abriu, e ele partiu levando-a, tudo o que sobrou foi a flor de seus cabelos que havia caído, seus longos e negros cabelos, como os de Susana... - Caspian se levantou imediatamente, mas com cuidado para não acordar o seu anjo, precisava de ar, de muito ar.
…
- Só um beijo vai, um só. - Pedia Pedro com um maroto sorriso nos lábios.
Lilian virou-se de costas, seu cabelo foi ficando mais curto, e com cor cinza, afinal era isso que agora eram, cinzas. A parte de trás de seu vestido foi se rasgando, revelando assim, duas lindas e grandes asas.
- Voa comigo amor, vamos voar pelo universo.- A estranha cor de seus cabelos não diminuíam sua beleza.
Pedro lhe deu a mão, e começaram o tour pelo céu, eles brilhavam, brilhavam como nunca. Brilharam tanto que a luz dela, começou a enfraquecer. Pedro voava mais alto, e quando olhou para baixo viu Lilian caindo ao chão, ele tentava descer para alcançá-la e impedir que se machucasse, mas era tarde e o forte impacto da queda, levantou um nuvem de poeira por causa da areia da praia, e a luz de Lilian se apagou definitivamente.
Quando Pedro despertou, virou-se para o lado de Lilian que ainda dormia, e abraçou-a suavemente.
…
- Ahhhhhh... ahhhhhhhhh - Susana gritava de dor. Já não conseguia ver quase nada, a poeira do chão machucava seus olhos, mais havia uma coisa que a machucava ainda mais, os golpes de Alice. Mais uma vez, seu triste passado vinha a tona, Susana estava em Nárnia e Alice a agredia com voracidade, ela tentava reagir, mas era quase impossível. Suas roupas estavam sujas, como quando sofria no colégio. O abominável Tash lhe proporcionava uma terrível enxaqueca fazendo com que tudo a sua volta girasse, o frio era proporcionado por Jadis era insuportável. Susana tentou levantar e quando finalmente conseguiu ficar de pé, foi fortemente golpeada com um soco de Alice, suas pernas bambearam, mas ainda conseguia ficar de pé. O ar era pesado, o dia obscuro e sombrio, e tudo o que ela desejava era sair dali, mas quando Rabadash apareceu... suas forças fizeram o contrário... o terrível bárbaro apontou o arco para o peito de Susana, e com a flecha da própria, atirou. Tudo ficou cinza e seu corpo foi parar no chão violentamente, a risada de Rabadash a arrepiada e... bom, Tash terminou o serviço devorando-a.
A cama estremeceu e o fato de ser apenas um pesadelo, não aliviou a tensão que ela sentia. Caspian não estava mais ali, o que a fez ficar ainda mais desconfortável.
- Acalme-se Susana, acalme-se... - pensava em alto - É só um sonho, seria logicamente impossível... - essas últimas lhe lembraram que todas as vezes que dizia isto estava errada, nada é impossível.-Preciso me acalmar, já se passaram 15 anos, se ele me quisesse já teria vindo à muito tempo... oh não, ele jamais poderia vir para cá, apenas os puros de coração tem acesso ao país de Aslam.
O nervosismo não passava, e nesses casos, a melhor alternativa era um bom banho, na confortável banheira do Peregrino da Alvorada.
Caspian estava muito cansado e resolveu que já era hora de sair do convés. Chegando ao quarto não viu Susana na cama, e seguiu seu delicioso aroma até o banheiro. Um lindo sorriso saiu de sua boca ao ver sua amada se banhando, ela era tão linda, tão delicada, tão perfeita que mesmo depois de tantos anos juntos a emoção era a mesma dos primeiros dias. Susana estava de olhos fechados e Caspian permanecia em silencio, mas a coisa mais mágica do amor deles era que Susana podia sentir a presença de Caspian como quando ela a visitou em seu mundo. A rosa que Caspian dera a Susana quando a pediu em casamento, estava intacta, o perfume nunca lhe saíra e agora o eterno apaixonado a tinha em suas mãos.
Ele se aproxima devagar e em silencio para não estragar o momento, se ajoelha em frente a banheira com Susana de costas, pega a rosa e acaricia as costas da moça com esta, o leve e suave beijo no pescoço de Susana a faz estremecer e sentir que é a mulher mais feliz do mundo. Caspian coloca as mãos nos ombros da amada e nesse instante Susana esquece todos os seus problemas, pesadelos e tristezas.
-Ah amor... só a tua presença me acalma. O que eu devo fazer para retribuir todos os momentos de felicidade que você me proporciona e todo o seu amor?
Caspian segura o queixo de Susana, e o vira em sua direção. - Anjo eu só preciso desse teu olhar apaixonado, e de um beijo como este... - Sua boca encontrou a de Susana, e em poucos segundos ele já estava na banheira, abraçando-a e passando a ela todo seu carinho e proteção.
…
O dia amanhecera lindo como sempre, o sol dava todo o contraste do dia. Era bem cedo e já se podia ouvir o canto de todas as aves daquele paraíso, e a princesa Anna foi a primeira a acordar para apreciar cada segundo do dia, como fazia sempre. Mas hoje era um dia mais que especial, pois a querida princesa Anna Susana, e o galante principe Carlos Caspian completavam 15 anos de idade, e sabemos que no país de Aslam tudo é motivo de festa.
Ao longe dava para avistar o grande castelo... mas castelo? No país de Aslam? Sim o castelo aslânico foi construído especialmente para a festa de Carlos e Anna. Esse imenso palácio foi projetado pelo pequeno Edward e construído pelo inválido Lúcio, juntamente com a ajuda de Aslam, nobres e anões.
Lúcia estava admirada pelo tamanho e a beleza do grande castelo, que fora construído principalmente por seu filho, Lúcia sentia muito orgulho de Lúcio, embora o garoto pensasse que sua mãe só o elogiava por pena de sua deficiência na perna.
- Bom trabalho filho, seus primos ficarão agradecidos pelo presente que você ajudou a construir, Aslam também está grato por sua ajuda.
- Ah por favor mãe! Não preciso da sua pena, sei que sou um pobre coitado.
- Lúcio não diga isso, sabe como fico chateada quando você fica com esses complexos de inferioridade. Você é um príncipe e é tão importante quanto seus primos ou qualquer outro.
- Não sou nenhum idiota mamãe, é claro que sou tratado com diferença, Roberta tem o carinho de todos. Liliana, Benjamim e até o Edward são mais importantes que eu, e nem se fala da Anna e do Carlos, eles são os preferidos de todos. Está na cara que Aslam gosta mais deles, olha só esse castelo só para comemorar o aniversário deles. Tanto trabalho para ser destruído depois de uma festa, e olha só o que eu ganhei de aniversário. - diz o garoto estendendo o presente a sua mãe.
- Um lindo cetro Lúcio, digno de um príncipe.
- Você não entende mesmo não é mãe? Isso pode parecer um cetro para os outros, mas para mim é uma bengala, e em vez de representar glória e honra, represeta a minha vergonha.
- Mas te ajuda muito não é?
- Para um manco como eu, qualquer galho velho serve de apoio.
- Meu coração, olha pra mim – disse Lúcia estendendo o queixo do filho – Você é especial e muito importante pra mim, e mesmo que se sinta inferior sei que você será mais importante para Nárnia do que os quatro filhos de Adão e Eva foram algum dia. - Ao terminar de dizer isso a rainha se retira.
- Esse é o problema... - Suspirou Lúcio falando para si mesmo – Qualquer um pode se orgulhar de mim, menos o papai...
…
O jovem Carlos era completamente apaixonado por barcos, e nessa paixão era acompanhado pelo Robert, marido de sua tia e ex de sua mãe. Carlos comandava o Peregrino da Alvorada com a ajuda de Robert, não era segredo para ninguém o grande afeto que um sentia pelo outro, e Caspian e Lúcio sentiam ciúmes da relação dos dois.
- Sabe Carlos eu queria tanto que o Lúcio fosse como você.
- Como assim?
- Você sabe o quanto é difícil lhe dar com ele, Lúcia é quem tem mais êxito. Eu tento me aproximar, mas ele sempre se afasta, ele é um garoto muito fechado e negativo e isso me preocupa um pouco.
- Ah tio, ele só é assim por causa da perna, o coitado foi o único de nós que nasceu com deficiência e o que mais revolta ele foi ter nascido assim aqui no paraíso onde tudo é perfeito.
- Acho melhor voltarmos com o navio, seus pais podem querer tomar café com os outros e nem pedimos autorização para sair com o Peregrino.
- Esses dois vivem em uma eterna lua de mel, desde que nasci. Nunca vi um casal mais apaixonado, eles são tão grudentos que dá até nojo. - disse o jovem sorrindo.
- Não fale isso, você não sabe o quanto é bom estar apaixonado por alguém. Sabe... eu até invejo os seus pais... queria que o meu casamento continuasse com a mesma paixão do início. - disse Bob desanimado.
- Por que tio? Seu casamento vai mal? A tia Lúcia parece gostar tanto de você.
- Eu não sei, ela está um pouco diferente, esquiva e distante.
- É porque ela se preocupa demais com o Lúcio, mas logo ele vai ter maturidade o suficiente e deixará de dar problemas.
Caspian se junta aos rapazes.
- Bom dia primeiramente, mas posso saber por que estamos navegando? - disse em um tom sério.
- Ah desculpe Caspian, Carlos e eu já estavamos voltando.
- Tudo bem só estava brincando. - disse dando um sorriso descontraído.- Hoje o dia está maravilhoso e espero que nada estrague esse dia tão especial para a Anna e para você Carlos. - disse o rei pensando na grande festa que haveria a noite.
…
É uma pena que uns certos elementos não pensassem dessa forma, mas uma coisa era certa: muita coisa ia mudar naquele dia.
Continua...
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