Wake escrita por Taís, Juh, Amanda


Capítulo 3
Promessa


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos lindos comentários no capítulo anterior.

Boa- Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/362133/chapter/3

Naruto passou por vários tons de cores diferentes, antes de delicadamente dizer:

— ESTÁ MALUCO, SASUKE? — perguntou aos berros.

Shiii... Silêncio! Eu não sei se você percebeu, doutor Naruto, mas estamos num hospital. — disse tranquilamente.

— Eu não posso falsificar exames médicos... Aliás, você não poderia estar propondo isso porque é contra nosso código de ética, e se descobrem... Sasuke, se descobrem nem eu e nem você poderemos mais ter um paciente, entendeu? Ótimo, agora vamos!

— Ei... Não está vendo que achei a solução perfeita? Eu não preciso nem de um diploma pra ver que essa professora precisa de tratamento, ela nem se interessa pela vida... Deve passar mais tempo dormindo que vivendo. E você não quer me dar um paciente terminal, então pra todos os efeitos... Sakura só tem mais alguns dias de vida.

— Esquece, não vou forjar os exames dela, Sakura não tem nada.

— Ela bateu a cabeça...

— Mas os exames dizem que ela está bem.

— Que exames? — perguntei tomando-os das mãos de Naruto.

— Devolva agora, Sasuke. — Exigiu e eu sorri trambiqueiro. Quando eu queria uma coisa, não media esforços, e se tinha uma carta na manga, por que não usar?

— Acho que não, doutor Naruto... Já fiz um favor parecido pro senhor, o senhor se recorda? Não me refiro a exames médicos, mas aos exames da faculdade... Ta lembrado? É uma pena ter que refrescar sua memória, mas vejo que não me dá alternativas... — disse num tom casual, vendo a fúria de Naruto brotar pelos poros, e nesse mesmo instante me vi vencedor... Ele não iria contestar.

— Você não ousaria... — disse num tom baixo certificando-se a nossa volta de que ninguém nos ouviria.

— O que seu sogro diria se descobrisse que você comprou o resultado dos exames finais da faculdade, porque ao invés de estudar, você ficou curtindo as festas do campus? E a Hinata sabe? Será que você estaria trabalhando nesse renomado hospital se eu não tivesse te ajudado nos exames, Naruto? — perguntei vendo-o engolir seco.

— Só você sabe o quanto me dediquei aos estudos e trabalho depois disso, Sasuke...

— E só você sabe o quanto venho trabalhando para provar minha tese, Naruto.

— Mas a Sakura não vai morrer... Imagina o que vai acontecer com as nossas carreiras quando ela vier a saber disso? Vão caçar nossas licenças quando descobrirem que forjamos os exames dela!

— Não tenho tempo para ficar pensando se vai dar certo ou não. Prefiro tentar, se não der eu mudo o plano. E você tem a minha palavra de que se descobrirem, eu assumo toda culpa, ok? Fica mais tranquilo agora, doutor Naruto? Agora eu deixo tudo com você, prefere me ajudar ou ver sua carreira despencar? — perguntei e Naruto passou a mão nos cabelos antes de concordar.

— Me dê algum tempo para forjar os exames, está bem? — disse tomando os exames da minha mão e sumindo da minha vista. Sorri vitorioso, finalmente teria meu tão desejado paciente terminal. E mesmo que eu tenha que omitir, falsificar e manipular algumas informações básicas do tipo: a professora não vai morrer. No fundo eu sabia que alguém iria me agradecer no final, porque a forma de vida daquela professora não inclui a coisa mais importante: Viver.

Dei uma ultima olhada na professora que agarrava nos braços o travesseiro que deveria estar em sua cabeça, sabia que logo ela acordaria... Ou não, acordar não parece ser o seu forte. Desci até o estacionamento do hospital e fui até o meu carro. Vasculhei a bolsa dela, encontrando algumas coisas inúteis e uma chave, da qual coloquei em meu bolso da calça, peguei também a agenda da professora que estava sobre o banco e puxei o elástico abrindo-a.

Daí, pensei que fosse encontrar ali seus compromissos importantes e inadiáveis, mas não... A maluca tinha a programação de todos os filmes que iriam passar durante a semana na TV bem anotados. Fora os lembretes marcados pros próximos finais de semana dela:

. Lembrar-me de inventar alguma desculpa para não comparecer ao manifesto dos professores.

. Desculpas para não ir à escolha do vestido que Hinata usará no casamento.

. Lembrar de sentir dor de cabeça durante a noite, Ino mencionou te chamar pra uma balada.

Fechei a agenda irritado. Agora virou um desafio, essa professora vai mudar nem que seja na marra!

Liguei o carro indo ao restaurante que tinha na rua de trás do hospital e pedi algo bem saboroso pra levar, junto dum Milk Shake de morango com chocolate. Voltei o mais rápido que pude, Naruto na certa estava terminando os exames e achei que deveria ter um tempo a sós com ela antes de golpeá-la com a notícia.

Bisbilhotei pelo vidro da porta... Ela já havia despertado. Estava sentada com as costas apoiada em milhares de travesseiros, cutucando a comida com o garfo numa expressão nada animadora. Entrei sem bater, lançando meu melhor sorriso na direção da professora que soltou um longo suspiro largando o garfo sobre o prato.

— Não se preocupe... Seu salvador acaba de chegar! — disse ao retirar seu prato com aquela comida realmente difícil de engolir, substituindo pela deliciosamente gordurosa que comprei pra ela.

— Isso na sua mão é...

— Milk Shake de morango com chocolate! Come rápido antes que seu médico chegue. — alertei sentando-me ao seu lado na cama, ajudando-a a desembrulhar a comida. Se ela continuasse naquela lerdeza, Naruto nos pegaria no flagra.

— Eu não deveria estar falando com o cara que me atropelou. Naruto já esteve aqui e me contou antes de sair pra terminar meus exames. — ela disse com a cara emburrada.

— Quer dizer que aquele filho da mãe já me dedurou? — fingi uma decepção, afinal, eu precisava coagi-la quando na verdade, a única culpada por ser atropelada era ela própria.

— Está perdoado, já que não terei de comer essa comida sem sal. — disse dando uma garfada com vontade na comida que lhe trouxe.

— Me sinto aliviado! Professora, por que não me diz como se sente? — comecei a sondá-la.

— Estou ótima! Aliás, não entra na minha cabeça o porquê de eu ter que ficar aqui perdendo a série nova que está passando na TV, se não sinto nada!

— E sua família? Ninguém veio aqui te ver...

— Bom, meus pais são do interior. Já faz alguns anos que não lhes vejo, e os demais familiares já partiram dessa pra melhor.

— E o seu namorado? — perguntei fazendo-a engasgar com o Milk Shake que estava tomando.

— Eu... Eu não tenho namorado. — disse desviando o olhar.

— Ora, e por que não? — instiguei. Precisava conhecer minha paciente.

— Eu realmente acho uma perca de tempo. — respondeu num tom de frustração.

— Hmmm, me deixe adivinhar... Alguma decepção amorosa? — perguntei tentando arrancar mais informações da professora que logo acabou com a minha festa.

— Não vejo como minha vida pode ser da sua conta, doutor! — disse nitidamente incomodada com o assunto, pra não aborrecê-la decidi trocar.

— Tudo bem, assunto proibido... Não está mais aqui quem falou! —disse erguendo as mãos em sinal de rendição. — Gosta de esportes?

— Oh, claro que sim, mas que pergunta... Assisto todos eles! — respondeu dando de ombros. Claro que praticá-los seria pedir demais, né?! Humf.

— Entendo... Mas você não pratica nenhum exercício, nem na academia? Queimar umas calorias sempre é bom... — eu disse, mas na verdade eu já sabia de sua resposta, porque só dessa professora permanecer acordada já deveria ser considerado como exercício físico.

— Ah, sim. Semana passada queimei umas quatrocentas calorias... Esqueci a pizza no forno, um desperdício só! — disse lastimando-se.

Eu pretendia continuar com as investidas, mas o fato é que a professora é tão preguiçosa, que se a escada do céu não for rolante, ela vai optar ir direto pro inferno. Conhecendo-a tão de perto, vendo a maneira tão morta com que ela age e tudo isso em apenas um dia, só confirmava a cada segundo que eu estava certo em manipular os resultados dos exames dela. Com certeza Naruto me agradeceria por minha genialidade depois, quando parasse para pensar com mais calma. Na verdade, ele tem esse problema em não admitir que eu esteja certo, digo isso porque ele adentrou no quarto fuzilando-me com os olhos. A professora só não percebeu, porque é claro que ela não se daria o trabalho de levantar o olhar... Isso cansa muito, não é mesmo?

Naruto pigarreou, ajeitando seu jaleco e desviou os olhos da professora para os exames em sua mão.

— Naruto, será que você pode assinar a minha alta logo? Deixei um pacote de miojo dentro do microondas programado para cozinhar daqui uns cinco minutos... — ela disse ao se espreguiçar.

— Bem, Sakura, acho que precisamos conversar sobre seus exames antes de falarmos sobre isso... — Naruto disse desconfortável, e ela uniu as sobrancelhas ao encará-lo. Olhei para Naruto incentivando-o a falar logo. — Preste atenção, por favor. Você tem histórico de câncer na família? — perguntou na lata, e a professora demorou alguns minutos refletindo.

— Sim, o tio Haruno faleceu há alguns anos por causa dessa doença... Sempre tiro um dia de folga na data da morte dele, e na do aniversário também, em nome do luto sabe... — ela disse por fim. E eu sei muito bem o luto dela, que é tirar o dia para dormir e não fazer nada. — Mas por que a pergunta?

— Nós fizemos alguns exames em você, por conta do atropelamento, mais especificamente na cabeça já que você a bateu... Fizemos um raio-X do crânio para saber se estava tudo bem. Realizamos depois uma tomografia computadorizada, uma ressonância magnética e diagnosticamos um tumor cerebral... — Naruto disse enquanto que a professora mudava de expressão. — Ele é maligno e está num estágio bem avançado... — Naruto disse ao fechar os olhos. Aquele bunda mole estava prestes a desistir então tomei as rédeas da situação, encarando aqueles olhões verdes cheios d'água.

— Sakura... Não se pode remover o câncer neste estágio, isso na certa provocará sua morte antecipadamente... E eu estou aqui, porque o melhor a se fazer é um tratamento psicológico enquanto passam-se a estimativa de dois ou três meses que teremos pela frente. — disse vendo uma lágrima grossa transbordar pelo rosto estático da professora que não movia uma partícula sequer de seu corpo. Algo parecido com culpa martelou dentro de mim, mas decidi não tornar o momento ainda mais dramático... Era melhor que ela soubesse tudo de uma só vez. — Juntos nós conseguiremos melhorar a sua qualidade de vida, e quem sabe até mesmo prolongarmos este prazo... Sakura, você está conseguindo compreender? — perguntei, mas ela continuou na mesma, perdida em pensamentos... Enquanto eu me sentia um monstro.

Aproximei-me dela, enxugando a lágrima que caia morta pela face, tomando seu olhar para mim.

— Eu vou te ajudar. Acredite, eu posso e irei te ajudar! — disse como uma promessa. Uma promessa que certamente cumpriria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, as coisas vão começar a andar a partir daqui.

Nós não demoramos tanto assim, mas tentaremos ser mais ágeis com as postagens a seguir. O cap ficou menorzinho mas compensaremos nos próximos, ok?!

Nos digam o que acharam do cap, comentem!

Bjs****