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Massageou a testa levemente, como se isso pudesse amenizar a dor. Ficar acordada até tarde, encher a cara, e comer descontroladamente com certeza não fazia bem à saúde. Bebeu um gole de água que estava levando consigo, precisava fazer aquela maldita dor passar logo.

O pior de tudo era a bronca que levaria de seu capitão, e infelizmente com razão. Guardou a garrafa no meio de suas vestes e continuou sua trajetória até o seu esquadrão.

Quando estava se aproximando do escritório de seu superior, Matsumoto viu duas pessoas bem incomuns. Se não estivesse lúcida, poderia jurar que era uma simples brincadeira de sua mente embriagada. O que diabos Zaraki e seu tenente faziam na sala de seu capitão? E por que estavam discutindo?

- Então esteja aqui amanhã bem cedo – Essas foram as únicas palavras que a tenente pôde ouvir.

O Kenpachi saiu do lugar com um sorriso triunfante, passando por ela como se a mesma não existisse. Yachiru falou mais algumas coisas que a mulher não conseguiu ouvir e também se retirou, com a mesma expressão no rosto.

A mulher de cabelos loiros alaranjados levantou uma de suas sobrancelhas, mostrando que não tinha entendido. Com cautela ela espia seu capitão pela janelinha do local, e se surpreende ao notar que ele não estava irritado, muito pelo contrário.

- O que aconteceu aqui? – Pensou pasma ao ver o garoto sorrir.

Aproveitando o possível bom humor do garoto de cabelos brancos, a tenente entra no cômodo de maneira sorridente. O menino nem ao menos olhou para ela, apenas continuava escrevendo compulsivamente, com aquele sinistro sorriso no rosto.

- Bom dia Hitsugaya-taichou... – Cumprimentou receosa, ele estava estranho.

- Já é de tarde, Matsumoto! – Avisou de maneira repreensiva – Você tem idéia do que estou fazendo? – Deu outro sorriso assustador.

- Não... – Respondeu com medo.

- Minha aula de amanhã – Disse de maneira calma, mas ainda estranha – Eu vou ser o melhor professor, Matsumoto... O melhor professor...

Por um momento a Rangiku pensou estar sonhando, seu capitão estava mais assustador do que o normal, talvez devesse levá-lo ao hospital. Deu um sorriso amarelo e sentou em sua cadeira, pelo menos não tinha levado nenhuma bronca ou punição.

- Terminei! Bem, agora vou almoçar – O garoto se levantou cansado – Fique aqui e termine os relatórios! E por estar atrasada, vai trabalhar até tarde.

Era bom demais para ser verdade afinal.

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A menina de cabelos róseos cantarolava enquanto ia sendo carregada por seu capitão. Zaraki estava fazendo sua caminhada diária, procurando novos adversários e cortando algumas paredes inúteis. Apesar de já ter passado o horário de almoço, nenhum deles aparentava estar com fome.

- Droga, nenhum adversário bom o suficiente – Reclamava o cicatrizado, sentando no chão de qualquer jeito.

- Sente saudades do cabeça de fósforo? – Perguntou a pequenina.

- Ele sim valia a pena – Respondeu se espreguiçando – Acho que vou ao mundo humano amanhã – Pensou em voz alta.

- Oba! Eu vou com você, quero rever o magricela – Comemorou dando vários pulos de alegria.

- Não, não vai! – Avisou – Aquele nanico de gelo vai te ensinar, e você precisa tomar conta do esquadrão.

- Mas...

- Mas nada Yachiru! – Declarou sério – Prometo voltar logo, fique aqui e cuide de tudo. Ikkaku assinará os papeis inúteis enquanto você não sabe ler...

A garotinha apenas faz um biquinho irritado, não queria contrariar as ordens de seu superior, mas gostaria de ir junto com ele. Zaraki passa a mão pelos cabelos curtos da garota, de uma forma gentil, tentando agradá-la.

- Vamos comer, preciso de energia – Diz se levantando.

- Certo... – Responde ainda chateada.

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O usuário da poderosa Hyourinmaru almoçava em cima do telhado de seu esquadrão, observando o treinamento dos outros shinigamis. Era mais comum comer dentro de sua sala, mas ouvir os gemidos de dor da senhorita Rangiku não era agradável. O dia estava bonito e um vento refrescante passava por toda Seiretei, deixando o clima bem aceitável.

Brincava com o seu lamen enquanto esperava ele esfriar, odiava coisas quentes. Analisou todo o local com os olhou, tentando ver se achava sua amiga de infância, mas acabou vendo algo pior, muito pior.

- Só pode ser brincadeira... – Pensou vendo certo taichou e sua tenente passando perto dali, sem ter percebido sua presença.

Os dois passavam devagar e conversavam bastante, aparentemente como sempre faziam. Hitsugaya espiava por cima do telhado, como se fosse um ladrão prestes a roubar uma jóia rara.

- O que eu estou fazendo afinal? – Pensou irritado – Recomponha-se Hitsugaya-taichou! – Bateu no próprio rosto, tentando voltar ao normal.

Quando ia voltar para seu lamen, uma das telhas acaba se soltando e o garoto cai bem na frente dos dois. Yachiru ria descontroladamente, fazendo o baixinho ficar vermelho de raiva e vergonha. Sua vontade era de matar ambos, mas no fundo ele sabia que era o culpado.

- Olha Ken-chan, está chovendo baixinhos – Provocou a garota de cabelos rosa.

- Estava nos espiando? – Indagou o Kenpachi, aparentemente bravo.

O garoto se levanta e tenta recompor sua aparência séria, apesar desta já estar completamente destruída. Com um simples salto ele volta ao telhado, sem dizer uma palavra sequer.

- Eu vou me ausentar por alguns dias, estarei no mundo humano – Começa o Zaraki – Se você machucar, humilhar ou simplesmente tocar na minha tenente, eu voltarei imediatamente e te mato, entendeu?! – Disse alto o bastante para ele ouvir.

O capitão da décima divisão nada responde, apenas volta para seu lamen. Zaraki volta a caminhar, achando que ele já tinha entendido o recado. Após os dois se retirarem, o garoto da um sorriso vitorioso.

- Então ele vai sair por alguns dias? Que ótima noticia... – Pensou animado, voltando a comer e a procurar sua amiga com os olhos.

Terminando de comer e fracassando na missão de encontrar a morena, Hitsugaya volta para sua sala, pronto para assinar relatórios inúteis e brigar com sua tenente preguiçosa.

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Acordou cedo graças ao barulho de objetos caindo. Esfregou os olhos com as mãos, tentando deixar sua visão um pouco mais nítida. Levantou-se assim que percebeu estar deitada no chão frio do quarto.

- Eu te acordei? – Indagou o homem causador de tanto barulho.

- Já é de manhã, Ken-chan?

- Sim – Afirmou voltando a surrar objetos na pobre mochila – E eu já estou indo...

- Não posso mesmo ir com você? – Perguntou chateada e da forma mais doce que pôde.

- Não. Ikkaku cuidará de você, não se preocupe – Bagunçou os cabelos róseos da garota – Agora vá à sala do irritadinho. Eu volto em alguns dias.

A menina se aproximou do homem e abraçou a cintura dele, de forma carinhosa. O capitão sorriu observando tal ato, ele tinha um carinho muito grande por aquela baixinha. Pegou sua fiel espada e guardou-a nas costas, pronto para ir.

- Eu volto logo – Despediu-se saindo do local.

Acenou vendo-o ir embora e deu um sorriso entristecido. Estava novamente sozinha.

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Olhava para o relógio inexistente em seu pulso a cada cinco segundos, estava ansioso demais. Releu novamente o papel que continha seu maravilhoso plano maligno, perfeito como sempre, nada daria errado. Seus olhos verde água brilharam quando viu a porta sendo aberta, mas se decepcionou vendo quem era.

- Matsumoto! – Chamou bravo, assustando a mulher. Quando ela finalmente chega no horário, ele quer que ela se atrase.

- Bom dia capitão – Desejou com o seu típico bom humor – Pode entrar Yachiru-chan, ele não morde.

Estava pronto para brigar com ela, mas ao ouvir o nome da pequena toda sua raiva foi embora. A garotinha entrou carregando um caderno tão rosa quanto seus cabelos, enquanto sorria animadamente.

- Olá Yachiru – Cumprimentou educado – Sente-se – Pediu enquanto apontava para uma cadeira que foi deixada propositalmente.

- Er... Certo – Obedeceu receosa, estranhando aquela educação.

A menina deixou seu caderno sobre a mesa que tinha entre eles. Hitsugaya pegou alguns papeis e começou a lê-los silenciosamente. A tenente levantou uma das sobrancelhas, não entendendo direito a situação.

- A arte de aprender é simples – Começou repentinamente, sem desgrudar os olhos do papel – Faça e aprenda...

- Faça e aprenda? – Repetiu confusa.

- Sim – Afirmou, finalmente olhando para ela – Se quiser aprender a escrever algo, precisa fazer ele.

- Não entendi...

- Vamos começar com algo simples – Sorriu gentilmente – Vamos aprender a escrever Café. Vá à cozinha e me traga um, assim você aprenderá.

Matsumoto arregalou os olhos ao escutar isso. Era mesmo seu capitão ali fazendo tamanha maldade?

Continua.