Sonhos De Lobo escrita por Sereny Kyle


Capítulo 1
one-shot


Notas iniciais do capítulo

mais uma fic desses dois que eu amo tanto!
espero que gostem e comentem
boa leitura
Sereny Kyle



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            Fazia tempo desde que tivera seu último sonho de lobo quando sentiu seu corpo mais uma vez ser abandonado quando pegou no sono. Os sonhos de lobo nunca eram como os outros, pareciam mais verdadeiros do que os dias em Bravos, pareciam mais com sua vida antes da guerra, em Winterfell, com os pais, os irmãos, com Jon e sua Agulha... Com tudo que fora enterrado no passado...

            Nos sonhos de lobo, ela podia correr despreocupadamente pelas florestas, sem temer a guerra, sem temer ser descoberta e capturada, podia caçar com seus irmãos mais jovens de sua nova matilha (a antiga matilha, a qual realmente pertencia, tinha se espalhado e dois de seus irmãos tinham sido perdidos para sempre)... Ela gostava de caçar, de sentir o pelo eriçado de ansiedade, da adrenalina, da luta e do gosto de sangue quente em sua boca...

            O último tinha sido exatamente assim... Correndo, caçando... Mas não este. Este era diferente de todos os outros... Arya não estava na floresta, não estava com seus novos irmãos e irmãs da matilha, não estava correndo ou caçando.

            Ela podia sentir o frio cortante arrepiando seu pelo, o frio rigoroso que balançava e fazia zunir tudo a sua volta, como um fantasma agourento gritando o terrível fim... Era perceptível que tudo em Westeros estava mudado e sombrio, muito diferente de como ela se lembrava.

             Mas essa não era a única parte do sonho que estava diferente... Arya não estava apenas em um lugar fechado, mas se sentia diferente dentro de seu próprio corpo... Nos sonhos de lobo, ela costumava ser Nymeria e ter todos os sentidos de Nymeria e o corpo de Nymeria... Dessa vez, ela sabia que era Nymeria, mas sentia como se fosse ela mesma... Como se tivesse ido inteira dessa vez e tivesse abandonado Essos.

            Ela também não parecia estar deitada na grama, parecia deitada num chão duro, de pedra, construído pelo homem e o chão estava mais quente do que deveria, ela podia sentir, devido ao fogo crepitando em algum lugar do cômodo em que se encontrava. O cheiro de madeira queimada se misturava a outro que ela sabia que já tinha sentido antes, mas não se lembrava do que poderia ser...

            Apesar de não ter mais seus novos irmãos da matilha, Arya não estava sozinha naquele lugar. O peso de um braço transpassava o seu corpo como num abraço e ela sabia que se tratava de um homem mesmo sem abrir os olhos. Os homens tinham cheiros diferentes dos das mulheres e os adultos, diferentes dos das crianças. Aquele cheiro também lhe era familiar, principalmente misturado ao outro de que ela tinha a impressão de que se lembrava.

            Arriscou abrir os olhos, mas demorou a se acostumar com a escuridão, ali não havia velas acesas e o fogo que crepitava sonoramente estava num nível muito alto do que o chão em que encontrava. Parecia o meio da noite pela escuridão, longe do entardecer e da aurora, mas seus olhos eram perfeitos para a noite e logo ela começou a ver tudo como se fosse dia.

            Arya conhecia aquele lugar, já estivera nele... Mas aquilo tinha acontecido em outra vida, já fazia tanto tempo... Desde então, acontecera tanta coisa à garota que as lembranças se embaçavam lentamente e ela já não sabia distinguir mais o que era verdade e o que era sonho... Ela vestia um vestido... Será que vestira? Enfeitado com bolotas... Sim, ela se lembrava das bolotas horrendas! Ela ficara parecendo um carvalho... Alguém tinha lhe dito que parecia com um carvalho, sim, mas um carvalho bonito... Quem tinha sido? Um dos irmãos? Robb? Jon? Não, não era um irmão, mas era alguém de quem gostava, por quem sentia muito carinho...

            Ela não pensava nele desde que se separaram... Algumas vezes, se lembrava de todos que conheceram Arya Stark, quando estava tentando ser ninguém, mas era difícil... Lembrava dos pais e dos irmãos, daqueles que conhecera em Winterfell, de Syrio e daqueles a que chamava os nomes antes de dormir e ao acordar, deles nunca esquecia... Uma vez até se lembrara do gordo que conhecera na Estrada do Rei, quando fingira ser um garoto de nome Arry, que ia para a Patrulha da Noite, Torta Quente... Mas daquele outro não se lembrava... Doía muito se lembrar dele e de como se separaram... Eles não puderam se despedir como puderam se despedir de Torta Quente... Ela não se permitia pensar nele, porque lhe dava saudade e vontade de voltar... Ela já não tinha mais pelo que voltar, mas voltaria para ele, então se proibira de lembrar seu nome...

            Aquele cheiro era dele, ela sabia... Ela descobrira o cheiro dele naquele lugar, quando ficara muito próxima dele pela primeira vez... Os dois tinham rolado no chão e ela tinha lhe dito que ele fedia, mas tinha sido mentira, porque ela estava brava na hora, mas agora não conseguia se lembrar por quê... Ele tinha um cheiro quente e oleoso, um pouco queimado do trabalho na forja, um cheiro que ela considerava másculo... Ele mexia com todos os sentidos dela...

            Focou sua atenção no outro ocupante do cômodo (ela sabia que aquilo não era um quarto, ela já estivera naquele lugar, rolando no chão) e ele estava ressonando tranquilamente, com o braço passado por ela, num abraço carinhoso, afagando com dedos sonolentos seus pelos do pescoço... Ou suas costas lisas de menina, ela não sabia dizer ainda com o que se parecia no sonho...

            Arya sabia que se tratava dele pelo cheiro guardado na memória, pelo contorno de seu corpo, pela força do braço que a segurara quando rolaram juntos naquele mesmo chão e que sempre estivera lá, dia e noite, quando precisara... Confiara mais nele do que pensara que chegaria a confiar em alguém que não fosse um irmão seu...

            Lembrava de que ele tinha o sono leve e que sempre acordava com um sorriso mínimo para ela, mesmo que durante o dia usasse uma expressão séria e intensa... Queria acordá-lo pra poder ver aquele azul profundo de seus olhos, tê-lo olhando para ela, sorrindo para ela, mesmo que fosse apenas um sonho... Doía sentir saudade dele...

            Ela se mexeu um pouco, fazendo-lhe o braço deslizar sobre ela e aquele olhos perfeitamente azuis como safiras se abriram imediatamente. Ela sorriu e ele sorriu de volta, mas sem parecer ver que ela sorria para ele.

            - O que foi, Nan? – ele perguntou e ouvir sua voz doeu mais do que todo o resto. Não parecia distante, como estavam separados pelo Mar Estreito, ele estava ao seu lado e bastava um sussurro para ouvi-lo. – Você ouviu alguma coisa? – ele ergueu a cabeça, tentando escutar e depois voltou a deitar, olhando para ela, com um sorriso triste, coçando gentilmente atrás de sua orelha.

            Em pouco tempo, ele voltou a dormir e ela encostou o rosto em seu peito (ou talvez fosse o focinho de Nymeria, ela ainda não sabia dizer), sentiu seu cheiro uma última vez, sentia-se despertando lá longe e logo acordaria em Bravos, mas queria poder ficar ali, acordar ali, viver ali... E, antes de voltar, pode ouvi-lo chamar seu nome.

            - Fique aqui comigo, milady – ela ouviu, antes de acordar.


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Notas finais do capítulo

mereço reviews?



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