Vivo Por Ela escrita por MayLiam


Capítulo 17
A metade - parte final.


Notas iniciais do capítulo

Gabriela Salvatore, Obrigada pela recomendação.
Meninas, obrigada pelos comentários. Tentei responder todos da melhor forma possível!
Curtam e parte final e tentem não me matar...
Só esse pedido já é um baita spoiler do que pode vir por aí... Chumbo grosso, é claro.
Boa leitura!



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Eu paraliso ao descer do carro. Encarando minha antiga propriedade. Jurei por anos nunca mais regressar a esta cidade, ou a este lugar; mas cada dia fica mais claro o poder que Elena exerce sobre mim e minhas decisões racionais.

Quando atravesso as portas da entrada da casa, Jenna caminha até mim, com o olhar surpreso.

–Senhor, não o esperava. – sorri gentil, embora assustada, segurando minha capa.

–Foi uma decisão de última hora. Como tem passado Jenna? – ela sorri gentil, me acompanhando enquanto caminho pelo hall, indo em direção à sala.

–Muito bem, senhor. Logan e eu estivemos a par de todos os assuntos da propriedade, como sempre nos incumbiu. – assinto sentando-me.

–Sim, eu tenho acompanhado os relatórios ao longo dos anos.

–Veio para uma longa temporada ou ficará de vez conosco? – ela está acenando para as bebidas diante de mim, oferecendo um de meus licores, o que eu rejeito com um aceno.

–Uma curta temporada, espero. Não estou a gosto.

–Oh! – ela parece surpresa. – Pensei que estava vindo fazer companhia a senhora, e como ela me disse que pretendia passar uma longa temporada, eu pensei...

–Senhora? – pergunto confuso e ela me encara da mesma forma.

–A condessa Star. – solto minha respiração em surpresa.

–Andie? – ela afirma – Andie está aqui? – assenti sorrindo. – Desde quando?

–Há, já tem umas semanas. Desde que ela retornou à corte, na verdade. O senhor não sabia? – me pergunta confusa. – Ela disse que é sua convidada aqui. – tento limpar meus pensamentos. O que ela faz aqui?

–Ah, claro. Perdão! Eu estou atordoado pela viagem. Sim, eu sabia. – digo tentando esconder o tom de incredulidade. Ela sorri gentilmente.

–Vou subir e organizar tudo em seu quarto. O senhor pode chamar-me se precisar de algo, – ela sinaliza para o sino ao meu lado – estarei aqui em seguida.

–Ela está em casa? A condessa?

–Sim, está em seu momento de leitura. Geralmente ela não desce muito quando está aqui. Fica mais tempo no quarto, até ir à corte. – assinto. – Devo avisá-la?

–Não, Jenna. Eu... Ah... Ela faz as refeições no quarto?

–Não, geralmente faz na sala de jantar e insiste que a façamos companhia. – sorrio

–Certamente que sim. Bem, eu a farei companhia hoje a noite. No entanto, peço que não conte que estou aqui, quero fazer-lhe uma surpresa. – assenti sorrindo. – Vou estar em meu escritório, por favor, avise-me quando terminar de preparar meus aposentos, para que eu possa subir e descansar um pouco antes do jantar.

–Certamente senhor. – ela para um pouco e fica me olhando.

–Algo mais? – ela parece acordar de um transe e cora sorrindo.

–É bom vê-lo novamente, aqui, em sua casa. – assinto sorrido e ela se vai, voltando com um rapaz que a ajuda com minhas malas.

Estou meio paralisado, tentando descobrir o que há por trás do enigma que trouxe Andie a minha casa. Levanto-me e vou até meu escritório. Eu não entrava a muito no lugar, mas parece exatamente igual a quando o vi da última vez. Ainda há papeis e documentos escritos por Alaric em minha mesa, e isso me causa uma pontada no peito, e um calor que me faz soltar todos eles antes mesmo de eu perceber. Eu abro a grande janela por trás de minha mesa e fico encarando a cidade de Londres à frente.

–O que ela faz aqui? – suspiro, deixando meu pensamento ecoar por minha voz. A imagem de Elena me vem à cabeça. Uma de nossas últimas discussões em especial. O modo como ela disse que parte de meu medo de voltar a este lugar se deve ao fato de revê-la. Agora a possibilidade que antes não fazia sentido algum, fica rondando a minha mente. Como ela está? Por onde esteve por todos estes anos? É inquietante pensar que temos muito o que conversar, e agora ela aqui, para que eu faça isso. Seria o destino me pregando uma daquelas peças onde eu tenho a chance de uma segunda oportunidade? Ou mesmo uma saída pra esta loucura que é o que sinto por Elena? Estaria o universo dizendo pra mim que Andie deve ser o motivo de minha real atenção?

–Isso ainda vai me deixar louco. – suspiro.

–Senhor... – Jenna está na porta. – Seu quarto está pronto. Tomei a liberdade de lhe preparar um banho. – sorrio.

–Você sempre sabe o que fazer Jenna. É exatamente do que preciso agora. – ela sorri me deixando. Eu subo em seguida, hesitando nos corredores, encarando cada porta de quarto até o meu, pensando em qual ela estaria. Quando chego a meu antigo quarto, um frio transpassa meu corpo. Eu tenho muitas lembranças daqui. Lembranças de noites agradáveis, que deveriam causar um bom sentimento, mas que me fazem tremular de pavor com essa nova proximidade de minha antiga vida.

Encaro cada canto do quarto. Imagens e mais imagens de mim aqui, dia e noite, com mulheres, bebidas e livros começam a encher o lugar. Até o perfume me faz tombar. Eu não tenho mais nada a ver com tudo isso.

Depois de não sei quanto tempo, eu me arrasto até a banheira, tomo meu banho e, quanto me visto, caminho ate uma das janelas e volto a encarar a cidade. Eu estou em casa, mas me sinto em algo pior que uma prisão. Sinto-me em um calabouço, sendo torturado por minhas lembranças. Não vejo como estar de volta a este lugar me ajudará em algo, mas agora não posso voltar atrás. Dei minha palavra.

As luzes da cidade acendem abaixo de minha janela, e eu me sobressalto com a percepção. Estive em uma espécie de sono, embora acordado. Tento organizar meus pensamentos e focar em meu próximo objetivo. Saber a razão da Condessa de Madsi estar em minha casa. Desço até a sala de jantar, ouvindo sua voz. Depois de tanto tempo, o som me faz sorrir.

–Pôs a mesa apenas para dois? Paul e Logan não virão? – Jenna percebe minha presença e sorri para ela.

–Na verdade, senhorita, já comemos.

–Jenna, sabe que detesto comer sozinha... – Andie mesmo repreendendo alguém tem uma voz doce e melodiosa. Eu senti muita falta disto. – Para quem pôs a mesa, então?

–Para mim. – eu falo e ouço sua respiração paralisar. Aceno para que Jenna saia e assim ela faz, com um sorriso. Andie continua estática e eu caminho até a mesa, sentando na cabeceira, ficando de frente para ela, seu olhar está baixo e quando ela ergue-o para mim, fica pálida quase que de imediato. – Por favor, não tenha uma síncope agora. – digo tentando não sorrir de sua feição de pavor.

–Damon. – ela ofega, com olhos brilhantes.

–Andie. – sorrio e ela engole, baixando outra vez o olhar e soltando a respiração. Volta a me encarar em seguida.

–O que faz aqui? – sua pergunta é baixa e me faz rir.

–Eu certamente tenho um motivo para estar em minha casa. – ela cora desviando de meu olhar – Minha pergunta é o que você faz aqui.

–Claro, perdão. – ela pigarreia um pouco – Eu apenas me surpreendi. Não o esperava.

–Você parece estar roubando todas as minhas possíveis e lógicas falas. O que me faz lembrar que não há lógica no fato de tê-la aqui, Condessa de Madsi.

–Certamente não há lógica. – ela fala recorrendo a taça com água diante de si, e tomando um gole, tentando recuperar-se. Eu sigo cada movimento seu, e Jenna logo está de volta com o jantar, me perguntando se pode servi-lo.

–Claro. – digo, sem tirar os olhos de Andie, que em momento algum me encara. Quando ficamos sozinhos novamente, um silêncio se instala no local, depois de segundos de curiosidade, é ela quem começa a conversa.

–Perdoe-me, por favor, perdoe-me, estou mais que envergonhada. – ela começa com uma súplica familiar no olhar.

–E eu estou mais que curioso, o que faz aqui, Andie?

–Eu achei que fosse mais seguro... – ela hesita me deixando confuso.

–Stefan sabe que você...

–Não! – ela quase grita – Não, por Deus, ele não faz ideia. Assim como você não... fazia. – ela ainda evita me olhar por muito tempo. Extremamente incomodada.

–Está me deixando a cada segundo mais curioso. – provoco tomando um gole do vinho que está servido para mim. Quando descanso meu olhar nela novamente, ela está me olhando, foi o maior espaço de tempo que conseguiu fixar seu olhar no meu, e depois voltou a fugir dele.

–Vou lhe contar, só peço que façamos a refeição, depois que eu comer, poderei contar tudo. – eu sorrio, e ela parece relaxar.

–Você continua sendo muito inteligente para sair de situações complicadas. – ela cora mais um pouco sorrindo, mas está menos tensa agora.

–Você irritantemente continua sendo o único a reparar neste tipo de qualidade. – abafo um riso. – Jenna está feliz com sua volta, tudo nesta mesa hoje reflete o que você mais gosta. – ela observa, começando a dar garfadas em seu prato.

–Você lembra? – ela me encara e sorri.

–Sim.

Ficamos durante todo jantar em total silêncio, e mesmo depois do café. É só quando a ofereço que me acompanhe até meu escritório pra a conversa que o silêncio é rompido e ela me segue até o local, suspirando quando finalmente sento-me diante dela esperando ouvir uma história que nem de longe me parece tediosa. E ela mantendo a tradição de nunca me decepcionar, lembra-me que sua característica mais atraente é a de ser direta.

–Eu estou falida. – ela diz de uma só vez, sem me encarar. E a sala fica em silêncio por um longo tempo.

–Certo. – digo por fim, tentando assimilar tudo.

–Eu voltei a Londres porque estava sendo praticamente perseguia em Paris pelos agiotas de meu pai. Que me deixou uma herança de dívidas. Se minha mãe fosse viva, certamente ela teria morrido após a leitura daquele testamento. – estou paralisado. Ela me encara e move seus ombros para cima, numa expressão de rendição.- Eu só tinha este lugar para vir. Ninguém na corte sequer desconfia que me instalei na casa de um ex pretendente. Muito menos meu noivo. O qual me comprometi apenas pelo fato de ser um canalha que... – eu regalo os olhos – Perdão. – ela sorri e me faz sorrir. – Lorde Aaron tomou conhecimento de minha situação um pouco antes de eu decidir voltar à corte, eu não tenho ideia de como, mas digamos que ele acelerou minha decisão. – aceno positivo, começando a entender tudo.

–Então você veio até minha propriedade, por que seria o último lugar onde te buscariam? – ela afirma. -Como conseguiu que meus empregados não dissessem que você...

–Eu disse que aceitei um convite seu, e que não seria bem vista estando na casa de um ex pretendente, sendo solteira, mas que não pude declinar de seu pedido e... – ela para e me encara – Enfim, você sabe que eu não teria problemas em convencer Jenna e os outros a ficarem calados.

–Sei sim. Você me fez querer casar, mesmo que não intencionalmente. Não subestimo suas habilidades de convencer alguém a mudar o que pensa.

–Damon... – ela cora.

–Ele a chantageia?

–O que esperava daquele lado da família real? – ela diz bufando.

–Entendo. O que não entendo é o porquê de um lorde, estar chantageando uma condessa falida a ser sua esposa. – ela me olha e empalidece novamente, engolindo depois. – O que ele quer de você?

–É mais o que eu sei do que qualquer outra coisa. Mas por favor, não me faça falar nada a você, não quero envolve-lo nisso. – bufo.

–Andie, você já me envolveu. É meio tarde para requebros de preocupação agora. Está se escondendo em minha casa.

–Eu sei, mas Damon... Por favor. Eu não quero comprometer você.

–Não está melhorando. – rosno, ela ergue as mãos em defesa.

–Eu vou lhe contar, quando estiver pronto a ouvir. Mas primeiro tem que me prometer segredo, absoluto, a questão é delicada. Terá que confiar em mim.

–Eu confio em você, mas se o assunto envolve a coroa, você tem que me contar, meu irmão é o conselheiro do rei, Andie.

– Eu sei. – ela fala em tom triste e resignado.

–Se há algo que possa por em risco a vida dele, ou de quem ele ama, eu quero saber. – digo me referindo a Elena também, claro. Se a coroa tem algum problema, não é só meu irmão quem está na mira de alguém.

–Damon, eu sei.

–Tem algo a ver com as inquietudes na corte, sobre riscos à coroa? – ela acena negativamente.

–Eu não posso te falar nada mais agora, por favor. Confie em mim! Eu jamais faria nada para prejudicar você, ou sua família. Um dos grandes motivos de eu ainda estar nesta situação com Aaron é porque estou tentando não envolver mais ninguém.

–O que aconteceu com você em Paris?

–Damon...

–Andie, que... – eu me exalto ficando de pé e lhe dando as costas. Depois de um tempo a sinto aproximar-se de mim, e sinto suas mãos em meu ombro.

–Não faria nada para prejudicar você. Na verdade eu me sinto bem melhor agora com você aqui, porque poderei dividir o que está acontecendo, e me sinto mais protegida. Mas ainda não é hora. Acredito que é capaz de descobrir sozinho e quero lhe dar a chance de fazer isso, por que você sempre teve uma visão melhor que a minha e pode notar algo que eu não notei. – eu bufo me voltando para ela que me olha com doçura, estou pronto para relutar, mas ela põe o dedo em minha boca. – Não quero contaminar sua percepção com minha versão. Confie em mim!

–No que você se meteu? – ela segura minha face e me olha bem fundo nos meus olhos, e por um momento, é como se eu tivesse voltado anos atrás.

–Por favor. – ela pede e eu relaxo, cedendo ao carinho que estou recebendo em minha face. – Eu nunca vou entender porque você me afastou. Não vejo em você nada que me fizesse desistir do que tínhamos.

Eu a olho e então me afasto.

–É mais do que o trauma físico. Esta marca em meu rosto não representa o que me fez te pedir que não voltasse. É mais o que ficou dentro de mim depois daquele dia.

–Eu estou vendo o mesmo. O mesmo fogo no olhar, o mesmo rubor na pele, a mesma paixão e força na voz. Você não mudou.

–Tudo isso eu recuperei há pouco tempo, não era mais nem a sombra do que você vê agora, mas tive motivos para voltar. – ela está sorrindo pra mim.

–Agradeço muito por você ter tido motivos. Por isso está aqui novamente? – eu apenas assinto – E eu poderei ficar? – concordo.

–Eu confio em você, mas as pessoas mudam. – ela assenti – Por um tempo eu não sabia mais quem eu era, e depois de todos estes anos eu posso não saber mais quem você é, mas por tudo o que já vivi com você eu vou confiar.

–Não totalmente. – ela fala mais num tom de conselho.

–Não totalmente. – repito e ela assenti.

–Assim é melhor. Eu agradeço por me deixar ficar e tenha certeza de que não vou comprometer você, nunca. Ao menos eu quero que fique com a certeza de que farei o possível para não comprometer nem você, nem seu irmão.

–Mas você sabe que, eventualmente, terá que me dizer. – ela afirma sorrindo.

–Vou abraçar você. – ela diz.

–Por quê? – me afasto um pouco e ela sorri chegando mais perto de mim.

–Porque senti saudades. – diz e me abraça forte. Eu demoro um pouco, mas retribuo, sentindo seu perfume e calor. É a primeira vez em todo o dia que me sinto bem em estar de volta a esta casa e ao meu passado. Ela me faz sentir bem. E mesmo com uma certa angústia e apreensão, sinto que posso confiar nela.

.........................

Os dias foram passando sem que eu percebesse muito bem. Estar na companhia de Andie outra vez me inquietava e entretinha, depois de tudo. Conversávamos por horas. Eu contava o que podia de meus anos preso em Valeford e ela me dizia algumas coisas sobres seus aos em Paris. Também contei o motivo de ter voltado à corte e ela passou a ser extremamente controladora quando o assunto era minha saúde. Ela e Jenna quase não me deixavam em paz.

Em uma tarde, Stefan veio me ver, e ela percebeu que teria que tomar mais cuidado comigo de volta à casa, pois certamente não seria a última vez que meu irmão viria. Realmente não foi. Stefan passou a vir pelo menos uma vez por semana, mas nunca com Elena. Eu sabia bem o porquê, e não podia esperar algo diferente, mas era impossível não se ressentir.

–Toda vez que seu irmão vai embora você fica com este olhar. – observa Andie, me encarando curiosa.

–Que olhar?- ela estreita os olhos pra mim.

–Esse olhar distante e pensativo. Nas últimas três semanas toda vez que ele vem você fica assim.

–Só pensando.

–Faz quase dois meses que retornou e ainda não saiu desta casa.

–E faz quase dois meses que você me enrola.

–Damon! – ela repreende.

–Você está enrolando.

–Eu disse que uma das condições para eu lhe contar é você passar a frequentar a corte e tentar notar algo sozinho. – bufo.

–Talvez tenha imposto isso porque sabia que e não ia voltar lá e isso lhe poupa de me dizer qualquer coisa.

–Não diga bobagens. Me nego a crer que virou uma espécie de eremita, só isso.

–Pois virei.

–Você fica com um humor péssimo também. – ela termina silenciando. – Perdi a fome, com licença. – diz deixando a mesa.

Suspiro. Não posso descontar as frustrações com Elena nela. Eu a sigo logo em seguida.

–Me perdoe. – digo quando a alcanço na sala. Ela está sentada encarando as chamas da lareira. Sento-me ao seu lado. – É algo difícil de explicar.

–Eu sei. – fala de maneira doce. Se aproxima mais de mim e descansa sua cabeça em meu ombro. – Você poderia ler para mim hoje, novamente. Eu sempre gostei do som da sua voz.

–Diga-me o que quer ouvir.

–Austen. – diz sorrindo.

–Você não cansa?

–Ah, não. Eu adoro imaginar a carranca do Sr. Darcy. Desconfio que seja igual à sua. Então as falas dele em sua voz ficam bem coerentes. – sorrio.

–Imagino que as da senhorita Bennett também. – ela bate em meu peito.

–Não seja tolo. Eu posso ler as da senhorita Bennett.

–Ora, seria uma leitura bem divertida. – ela ajeita a postura e me encara.

–Vamos? – assinto e ela me leva até o escritório.

Quando dei por mim, estávamos lado a lado, lendo um trecho do livro juntos.

–Srta. Elizabeth. Lutei em vão e não consigo mais aguentar. Estes últimos meses têm sido um tormento. Vim para Rosings para vê-la. Eu precisava vê-la. Lutei contra meu bom senso, contra expectativas familiares, a inferioridade de seu berço, a minha posição. Mas estou disposto a deixar essas circunstâncias de lado para pedir-lhe que acabe com a minha agonia.

–Não entendo.

–Eu a amo. Ardentemente. Por favor, dê-me a honra de aceitar a minha mão.

–Senhor... Eu... Eu aprecio a luta que travou consigo e sinto muito por ter-lhe causado tanto sofrimento. Acredite, foi sem querer.

–Esta é a sua resposta?

–Sim, senhor.

–Está... zombando de mim?

–Não.

–Está me rejeitando?

–Esses mesmos sentimentos que o impediram de estimar-me o ajudarão a superar isto.

–Posso perguntar porque fui rejeitado com tanta rudeza?

–E eu poderia também perguntar por que escolheu dizer que gosta de mim contra todo o seu bom senso.

–Não, acredite-me...

–Se eu tivesse sido rude esta teria sido uma razão. Mas tenho outras, sabe disso.

–Que outras razões?

Escutamos um barulho vindo da porta do cômodo e paramos bruscamente.

–O que foi isso? – Andie questiona sorrindo e dou de ombros.

–Senhorita Gilbert! – ouço a voz de Jenna chamar e dou um pulo – Senhorita! – saio de imediato encontrando uma Jenna confusa me encarando.

–A noiva de meu irmão estava aqui? – ela assente.

–Saiu como uma ventania pela porta, não pude pará-la. – eu corri até a saída a tempo de a ver entrar no carro.

–Elena! – o automóvel se foi. - Elena!- estou ofegante, porque me vejo perseguindo o carro até os portões da propriedade. – Deus! – dou meia volta indo até a garagem e entrando em meu carro.

–Damon? – ouço a voz de Andie da entrada. Saio com o carro da garagem e ela vem em minha direção – O que houve? – pergunta confusa. -Era Elena? – apenas acelero o carro. – Damon!

A deixo para trás e começo a seguir o carro de meu irmão.

–O que diabos você veio fazer aqui estas horas? – me pergunto sem tirar os olhos do carro.- Ah, Elena!

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Quase um mês que estou de volta à corte. Não vi mais Damon depois de nossa chegada. Stefan volta e meia sai em viagem e começou a visitar o irmão. Eu não o acompanho, arrumo milhares de pretextos sempre, mas não sei se posso confrontá-lo.

Então, eu tenho passado a maior parte de meus dias presa em meus aposentos, lendo. Vez ou outra, quando Stefan está aqui, ele me convence a acompanha-lo num dos intermináveis jantares com o rei. É cansativo, mas ele parece ficar triste quando eu recuso, e percebo que ele faz um enorme esforço para passar mais tempo junto a mim. No fim, eu não rejeito, mas desejaria que ele tivesse um pouco mais de apreço à leitura como eu e como ele.

Numa tarde, após regressar da visita que fez ao irmão, ele me pareceu um tanto preocupado.

–Não o vi chegar. – falo me aproximando dele.

–É, eu acabei sentando aqui antes de subir e me perdi em pensamentos. – ele explica sinalizando para que me sente ao seu lado, faço o que ele quer.

–Como está Damon? – ele sorri.

–Está bem. Ranzinza como sempre no que diz respeito à corte, mas isso é sinal de muita saúde, ao menos.

–Então no que está pensando?

–Nele, curiosamente. – sorrio sem nada entender e ele gesticula com seus ombros. – Damon está me escondendo alguma coisa. – congelo, sentindo um frio me percorrer. – Eu quase consegui tocar a tensão que emanava dele hoje.

–Escondendo o que? – minha voz sai patética e assustada. Ele suspira, me encarando em conflito.

–Eu não sei direito. Ele fica tenso toda vez que eu apareço por lá. E sempre está redirecionando o rumo de minhas conversas, como se não quisesse tocar num tema desagradável comigo, algo assim.

–Que conversa ele redireciona?

–Quase sempre quando falo daqui ou de você. – sinto desabar um pouco mais no sofá. – Mas por outro lado ele parece muito bem de saúde. Bem mesmo. A recuperação está sendo ótima.

–Fico feliz por ele. – sorrio forçadamente, tentando conter os nervos, já sinto pequenos espasmos nas pernas. Deus! Se Stefan apenas pudesse imaginar.

–Falando nisso, quando vai vê-lo? – eu ia protestar, mas ele ergueu as mãos me parando – Eu sei que vocês vieram para cá brigados, você e ele deixaram bem claro pra mim neste par de semanas, mas ele veio, e está se tratando, e pergunta por você, e você pergunta por ele. – fujo de seu olhar – Só quero dizer que talvez um dos dois deva deixar as diferenças de lado e se reaproximarem.

–Oh, e claro que devo ser eu. – bufo ficando de pé. – Seu irmão é intratável e você bem o sabe. – ele assenti – Ele também sabe o caminho para o palácio, se está tão interessado em saber de mim, ou de você pode vir nos visitar aqui.

–Elena, sabe que meu irmão não suporta este lugar, nem as pessoas daqui. –seu olhar é doce e quase suplicante.

–Acontece que o irmão dele mora aqui. – meu tom sai mais alto do que eu gostaria - Stefan, você não percebe como é injusto que apenas nós tenhamos sempre que ir por ele?

–Você não sabe o que ele viveu aqui, e como é difícil voltar a esta vida.

–Eu sei, que sejam quais forem as decepções que seu irmão sofreu na corte, nada parece lhe importar mais que sua vontade em manter um juramento ridículo de nunca mais por os pés neste lugar. Apesar de tudo, seu irmão é extremamente orgulhoso.

–Elena, Damon não sofreu uma decepção com ninguém da corte, não é por isso que ele se recente em vir aqui. Você está olhando por outro ângulo. – ele vem em minha direção, com o tom mais alterado, estamos quase começando a gritar um com o outro e novamente por causa dele. O que me irrita profundamente. Stefan e eu sempre discordamos quando o assunto é seu irmão.

–Você pode me dizer então que outro ângulo existe?

–Ele não quer lembrar de quem era naquela época. Isso o fere demais. Ele não tem medo das pessoas, ou de alguém em especial. Ele tem medo de si mesmo. Do homem que não quer voltar a ser, do homem que quase acabou com a própria vida. – ele termina se mostrando cansado demais, eu sinto minha garganta fechar, e minha vista está embaçada, por lágrimas. – Você não pode entender, porque não o conhece como eu conheço. Às vezes nem o próprio Damon parece conhecer tudo o que é. Há pessoas neste lugar que o admiram mais que tudo, e mesmo assim ele nunca viu motivos para isso, mesmo os motivos gritando em vários cantos deste lugar, ou mesmo do país. – ele está argumentando comigo, articulando quase exasperado – Ele adotou a imagem que pessoas invejosas e desiludidas diziam que ele tinha, e deixou de lado àqueles que reconheciam todas as suas virtudes. Assumiu que enquanto uns não conseguiam dizer o que ele realmente era, outros não tinham medo de fazê-lo. Alaric e eu, e muitos de outros de seus amigos sempre diziam que nada disso era verdade. Por um tempo ele pareceu separar as coisas e ignorar, mas depois ele... – ele vacila, voltando a se sentar, sucumbindo ao sofá. -Depois do acidente ele só dava ouvidos às críticas ruins. Não suportava que mais ninguém falasse das coisas boas que fez, ou mesmo de suas virtudes. Por mais que tentássemos, ele não nos deixava argumentar. “Esse sou eu”, ele dizia, “Vocês não podem, nem precisam fingir que não gostam de algo que fiz, eu sou adulto para aceitar o que sou: fútil, egoísta, mimado” – suspira.- Com o passar dos anos só piorou. Ele afastou todo mundo. Cada amigo, cada pessoa que o admirava, que o amava...

Desta vez sou eu que volto a sentar, meio cansada, meio perdida. Eu conheço bem este lado de Damon, sua relutância em sentir, em demonstrar o que senti.

–Eu entendo que você acha difícil acreditar nisto às vezes, mas você sabe de que estou falando. Você já viu. – assinto em silêncio – Meu irmão está lutando, está se esforçando pra fazer as coisas mudarem, ele não assume anda. E talvez nem saiba ao certo porque razão tudo começou a mudar, mas ele está mudando. – eu me encolho porque sei bem qual é a razão. Stefan segura a minha mão, e me olha no fundo dos olhos. – Ele não assume, e você às vezes parece fazer o mesmo, mas é óbvio que você faz parte disto. – sinto que vou desfalecer a qualquer momento – Você, com sua determinação, sua fibra. O enfrentou de uma maneira que eu nuca consegui. Você resgatou parte de meu irmão, e eu lhe sou eternamente grato por isso. Por que sentia muita falta dele. – sorrio, sentindo cada músculo de meu corpo responder- Eu preciso que não pare. O que quer que tenha feito com ele, não pare agora. Não se afaste, não desista. Em meses você operou nele mudanças que não consegui em anos. Eu nem ninguém.

–Stefan... – eu tento.

–Sei que você gosta dele. – desvio de seu olhar. – Vocês são teimosos, tem tanta coisa em comum. Você lê tanto quanto lembro que ele lê. Você ri das mesmas piadas odiosas que eu conto e só ele ria. Não desista dele agora.

–Eu não desisti de ninguém. Só acho que agora ele tem que ficar um pouco sozinho. Ver outra vez as pessoas deste lugar, as ruas e os lugares. Se reconectar a sua vida antiga sem muito da nova ao redor. – digo coisas que não fazem sentido algum pra mim, só quero me manter longe, por agora.

–Talvez você tenha razão.- ele suspira, com olhar triste. – Só não dê muito espaço, já tem um mês. – ele diz e beija minha mão saindo do cômodo e entrando em seu escritório. Sei que está decepcionado e triste, percebo como se frustra quando é contrariado, mas ele não pode saber meus reais motivos, por mim, não saberá nunca.

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Stefan não conseguia esconder sua tristeza em minha resistência em se aproximar de Damon, ele até tentava, mas seu olhar triste não me deixava ter paz. Por mais alguns dias eu relutei bastante, mas foi numa volta de uma de suas visitas ao irmão que eu resolvi que, talvez, já era hora de saber como o duque estava. Por diversas razões, mas principalmente pelo meu noivo.

–Penei em surpreender o duque para um jantar hoje à noite. – ele me encara surpreso.

–Jantar?

–Sim. – ele me olha confuso. – Sei que acabou de retornar da casa dele, mas aí é que está a surpresa. Ele não espera que volte tão cedo. Muito menos comigo. – sorrio.

–Eu adoraria, Elena, mas hoje eu tenho um jantar importante com o rei.

–Ah. – suavizo meio frustrada. Já estou devidamente vestida para sair. – Podemos marcar um outro dia, então.

–Não posso. – agora quem está confusa sou eu, e ele parece notar – Amanhã estou saindo de viagem por uma semana, não lembra?

–Marcamos quando você retornar, então. Não me importo.

–Mas eu realmente quero que você o veja. Ele perguntou por você hoje, e me parecia abatido. Talvez sinta sua falta. – eu pondero – E você já está vestida, deve ir. Pode até ficar a noite lá, se desejar. A casa é grande, te muitos quartos. Pelo tempo que passaram sem se ver devem ter assuntos por toda uma noite.

–Não sei se seria de bom tom ir visitar seu irmão sozinha. – ele bufa.

–Desde quando se importa com isso, Elena? – sinto minha face queimar – Além do mais, o duque é meu irmão, e você morava com ele sozinha.

–Haviam empregados

–Aqui também. – suspiro – Ora, vamos lá. Estou feliz porque mudou de ideia.

–Tudo bem. – ele sorri. – Mas não passarei a noite lá. Mesmo que seja tarde, prefiro que o motorista me traga de volta ao palácio. – ele assente.

–Então acho melhor você se adiantar, porque meu irmão tem hábitos bem regulares e já deve estar praticamente sentado à mesa. Gerard e levará. – assinto.

Pouco tempo depois estou me vendo à caminho da casa do duque. As ruas estão frias, mas passam a impressão de calor, por todas as luzes que a incendeiam. Quando chegamos diante a belos portões eu suspiro, e Gerard conduz o carro para dentro da propriedade, uma casa linda e suntuosa. Ele me ajuda a descer e eu caminho até a entrada. Uma mulher gentil me atende, e eu me apresento, segura meu casaco e pede que eu me acomode, enquanto ela vai o guardar, para em seguida, chamar o duque. Eu assinto e começo a andar pela sala, o lugar é magnífico. Muito bem decorado, como a mansão em Valeford. E sei que tudo aqui transmite o bom gosto de Damon.

Há um retrato num grande quadro acima da lareira, Stefan e ele, em roupas de caça. É uma bela pintura, me pego olhando pra ela e me perco por um tempo. Quando volto em si, me pergunto onde está a gentil senhora, mas então eu ouço vozes, parecem um pouco alteradas, e com certo receio eu começo a caminhar na direção delas. Eu encaro uma fresta vinda do final de um pequeno corredor junto às escadas, e então as vozes ficam mais claras, Damon e uma mulher, parecem discutir, mas os sons ainda não fazem total sentido. Chego até bem perto da porta e hesito, colando meu ouvido nela.

“Lutei em vão e não consigo mais aguentar. Estes últimos meses têm sido um tormento”.

–Com quem ele está falando? – ofego pra mim mesma, forçando mais minha audição pra ouvir melhor.

“Lutei contra meu bom senso, contra expectativas familiares, a inferioridade de seu berço, a minha posição. Mas estou disposto a deixar essas circunstâncias de lado para pedir-lhe que acabe com a minha agonia”.

“Não entendo”. – responde a mulher, e meu coração está disparado.

“Eu a amo”. Congelo “Ardentemente. Por favor, dê-me a honra de aceitar a minha mão”.

–O quê? –levo minhas mãos à boca antes que qualquer outro desabafo me escape e eu seja descoberta. Meu Deus! Como ele pode?

“Senhor... Eu... Eu aprecio a luta que travou consigo e sinto muito por ter-lhe causado tanto sofrimento. Acredite, foi sem querer”. – ainda estou tremendo quando ouço a resposta dela.

“Esta é a sua resposta?” – ele pergunta com voz indignada, e quero entrar eu mesma no local e lhe dizer que sim. Também quero ver a quem ele oferece tal declaração depois de me dizer que estava apaixonado por mim e que me amava.

“Sim, senhor.” – ela diz, com voz tranquila.

“Está... zombando de mim?”

“Não.”

“Está me rejeitando?” – ora, como ele pode ser torpe.

“Esses mesmos sentimentos que o impediram de estimar-me o ajudarão a superar isto.”

“Posso perguntar porque fui rejeitado com tanta rudeza?”

–Pela mesma razão que o rejeitei. – digo sentido minha garganta vibrar e meu corpo tremular ainda mais.

“E eu poderia também perguntar por que escolheu dizer que gosta de mim contra todo o seu bom senso.” – porque é um brutamontes, cafajeste.

“Não, acredite-me...”

“Se eu tivesse sido rude esta teria sido uma razão. Mas tenho outras, sabe disso”. – ela grita, e com certeza as deve ter. Ai que ódio!

“Que outras razões?” – ele pergunta afobado.

–Senhorita, Gilbert? – pulo com a voz da senhora junto a mim, e isso faz com que eu derrube um vaso, que está na mesa às minhas costas. Como pude ser tão tola?

Começo a correr pelo corredor, passando pela senhora sentindo as lágrimas tomarem meu rosto.

–Senhorita Gilbert! - a ouço gritar e aumento as passadas, meus olhos queimam, e minha respiração está vacilante. – Senhorita! - corro quase sem rumo até a direção do carro.

Quando o alcanço, um Gerard assustado me encara.

–Madame...

–Por favor me tire daqui, agora. – peço, ele sem nada entender, desce do carro às pressas. – Não me ouviu? – eu grito – Volte para o carro e me tira daqui! – falo entrando no automóvel.

–Elena! – eu reconheço a voz, mas não me volto para olhá-lo.

–Vamos Gerard, rápido. – grito ainda mais. E o carro acelera, à caminho dos portões.

–Elena! – ouço mais uma vez, antes de deixar a propriedade para trás.

–A senhorita está bem? – Gerard pergunta pelo retrovisor.

–Apenas dirija. – digo aos prantos, começando a ouvir meus soluços. Como pude ser tão burra? Deveria ter ficado onde estava. Por que dei ouvidos à Stefan, por quê?

Me afogo em minhas lágrimas, sentindo um frio cortante dentro de mim. Minha cabeça está girando em confusão. Ele não tinha o direito. E tinha, já que não podemos ser nada mais do que já somos. Mas mesmo depois de tudo, ele não podia fazer, não depois de dizer o quanto me amava.

–Ele está vindo atrás de nós. – eu acordo com a voz de Gerard.

–O que disse?

–O carro atrás de nós. – me volto vendo um automóvel cortar o ar quase sem controle.

–Despiste!

–Mas senhorita.

–Agora! – ele começa a correr com o carro, e eu não tiro o outro de visão. Chega em um ponto onde realmente não o vejo mais, e quando relaxo no banco, Gerard relaxa na direção e diminui nossa velocidade. Minha respiração está à mil.

–Pelos céus! – Gerard freia bruscamente e quase sou jogada por cima do banco.

–Cristo! – exclamo me sentindo tonta.

–Perdão, senhorita. Está bem? – eu assinto.

–O que foi...

–Elena! – eu me volto incrédula com a voz que vem de minha janela, como ele... – Elena, por favor. – seu olhar está aflito e vívido. Eu abro a porta do carro e salto em sua direção, socando seu peito.

–Você perdeu totalmente o juízo? Poderia ter nos matado. Poderia ter morrido. – ele tenta me segurar, mas minha fúria desvia de todas as suas tentativas.

–O que diabos aconteceu cm você? Por que saiu de minha casa desta forma? O que você foi fazer lá.

–Um grandessíssimo papel de tola. - eu grito – Foi isso que fui fazer. – falo e soltando de seus braços.

–Não estou entendendo. – eu bufo me afastando dele.

–Você é um mentiroso, hipócrita, cafajeste da pior espécie, duque. – ele arregala os olhos.

–Pode me dizer o que está acontecendo?

–Por que você não volta e vai se entender com sua noiva?- ele parece ainda mais confuso – Ah, não... – sorrio amarga – Espera. Ela lhe rejeitou. – grito. – Exatamente como a outra. Talvez você não tenha sorte pra esta coisas por não merecê-las.

–Elena, você está alterada e confusa. Eu não estou entendendo absolutamente nada do que você está falando, eu...

–Não importa! Fique longe de mim. Infelizmente eu terei que suportar você, porque é o irmão do homem que eu amo. - ele engole – Você ouviu? Homem que eu amo. – me aproximo mais dele repetindo cada palavra com total convicção. – ele dá um passo atrás.

–Certo, você ama meu irmão. Disso já sei. O que não entendo é porque está assim? O que eu fiz. – estou incrédula e cansada, não quero vê-lo.

–Apenas fique longe de mim. Não quero ter que tratar com você a menos que seja extremamente necessário, por ele. De você não quero mais nada. Nem atenção, nem amizade, muito menos falsas declarações de amor. – lhe dou às costas.

–Falsas declarações de... Elena! – ele segura meu braço.

–Me solta! – grito, e lágrimas tomam meu rosto, isso o afasta. Ele ergue as mãos vencido e dá um passo para trás. – Nunca mais encoste um dedo em mim. Nunca mais. – entro outra vez no carro. – Tire seu carro da frente do meu duque, e me deixe ir. – Eu falo sem o encarar. Ele fica em silêncio, se afasta e vai até seu carro deixando o meu passar.

Sinto todo meu corpo tremer quando vejo os muros d palácio à frente.

–Nenhuma palavra do que você viu hoje a ninguém, Gerard, por favor. Eu prezo muito a descrição e saberei recompensá-lo.

–Não se preocupe, senhorita. Está mesmo bem? – ele pergunta.

–Sim, eu estou. – enxugo a última lágrima que pretendo derramar por esta noite. O agradecendo novamente, eu deixo e carro e entro no palácio, a gradecendo aos céus quando chego em meus aposentos e não vejo Stefan, em nenhum local. Como sei que ainda deve demorar no jantar eu sucumbo no sofá diante de mim, e falho miseravelmente em minha pretensão. Chorando como uma criança.

Não faço ideia do porquê está doendo tanto, mas doi. Hoje cedo quando Stefan reforçou algumas de nossas qualidades e defeitos em comum eu me permiti pensar novamente em como éramos parecidos, de como ele era uma metade de mim. Mas não. Damon não é nada para mim. Não mais.


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Notas finais do capítulo

O que será que doeu tanto na Elena? Fico me perguntando isso...
E a Andie, hein? ....
Até logo!