Paper Stars escrita por Jiggle Juice


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Como dito anteriormente, esta fanfic foi baseada lá naquele post. Apesar de ser uma crônica, é bem óbvio que isso aqui é Faberry por dois motivos: 1) Quinn e Rachel estão marcadas como personagens 2) Sou eu e tudo o que eu escrevo em relação a Glee é Faberry, né.
Espero que você goste dessa história tanto quanto eu e lembre-se: o crédito do enredo vai para o tumblr user strangelykatie.



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Eu me lembrava daquele sonho com riqueza de detalhes. Foi um sonho que mudou a minha vida. Não teve um resultado imediato, mas foi aos poucos me salvando. Eu tinha apenas sete anos quando aconteceu. Eu estava em um lugar desconhecido onde tudo o que eu podia ver era o imenso céu escuro iluminado por milhares e milhares de estrelas cintilantes, sorrindo brilhantemente para mim. Eu estava em cima de algo que parecia uma plataforma flutuando no meio de toda aquela grandeza de galáxias. Olhei para todos os lados, mas nada vi a não ser o céu negro e as estrelas prateadas. Em um piscar de olhos, de uma maneira que nunca fui capaz de explicar, uma mulher apareceu em minha frente. Usava um vestido branco com rendas que esvoaçava levemente mesmo com a ausência de qualquer vento ou brisa. Também usava uma flor em seus cabelos loiros, uma flor branca com um suave tom esverdeado que combinada com seus olhos verdes salpicados de pequenos pontos dourados, quase tão luminosos quando as estrelas que nos rodeavam. A mulher era bonita, linda, na verdade, e eu me vi meio mesmerizada com sua beleza e sorriso que me trazia tanto conforto.

De algum lugar que desconheço, ela pegou uma tira de papel dourado e a ergueu, mostrando o que tinha em mãos. Lentamente, ela foi dobrando a tira de maneira específica até que se transformasse em uma estrela. Curiosa, arrisquei um passo para poder ver como ela fazia aquilo, subitamente interessada por minhas tão amadas estrelas. Ela desdobrou o papel e repetiu todas as dobraduras de muito bom grado e pacientemente até que eu aprendesse como fazia. Quando consegui fazer a estrelas da exata maneira que ela havia feito tantas vezes antes, seu sorriso tranquilo se alargou, como se sentisse orgulho de mim. Estávamos tanto tempo em silencio que eu achei que ela não era capaz de falar, mas, quando menos esperava, ela me surpreendeu e me agraciou com sua voz doce e cheia de calmaria:

—Quando você fizer mil estrelas, seu maior desejo será concedido.

Eu não vi quando a jarra surgiu, mas logo em seguida ela me entregava-a com a pequena estrela dourada que havia feito. Antes que pudesse perguntar seu nome ou emitir qualquer som, tudo havia desaparecido e eu estava acordando no meio da noite, na minha pequena cama com minha gata Celine deitada sobre mim.

Encarei o quarto escuro por longos momentos, Celine ronronando e ressonando em um sono profundo sobre minha barriga. Eu virei para o lado e vi minha escrivaninha com dúzias de papéis espalhados por ela. Aquilo me chamou a atenção e, com o sonho vivo e fresco em minha mente, levantei de supetão, assustando Celine que por um pouco não levou um tombo feio quando caiu no chão, posando em sua patas. Eu corri até a escrivaninha e me sentei na cadeira, logo pegando um papel azul claro dos diversos que cobria a madeira. Cortei o papel em uma tira do exato tamanho da que a mulher havia me mostrado, dobrando para lá e para cá, formando uma estrela não muito tempo depois. Não era tão bonita quanto à estrela dourada, mas tinha seu charme.

Não acreditava muito em desejos, mas gostei de fazer as estrelas de papel. Trazia-me um pouco de paz. Decidi que faria uma estrela a cada vez que me sentisse sozinha, triste ou perdida e então eu as guardaria dentro de uma jarra, igual a que a mulher de branco havia me dado no sonho, mas aquela eu achara na garagem da minha casa, no meio de tralhas e objetos esquecidos.

E toda vez que eu me sentia necessitada de alegria, eu fazia uma estrelinha de papel e a colocava na jarra. Eu não sabia o motivo ou como aquilo podia me ajudar, mas ajudava. Fazer a estrela e mantê-la na jarra me trazia alívio, e, mesmo que as lágrimas continuassem escorrendo livremente pelo meu rosto, eu me agarrava fortemente a Celine com um sorriso em meus lábios.

Parecia que conforme eu ia ficando mais velha, as decepções vinham com mais força e com mais rapidez. Lembro que, um ano depois de ter tido aquele sonho, com oito anos de idade, eu estava sozinha no jardim da escola na hora do recreio. Todas as outras crianças tinham amigos e brincavam e se divertiam entre si, mas nunca ninguém quis se aproximar de mim. Eles diziam que eu era esquisita, então eu acreditava. Minha única companhia naquela tarde era meu sanduíche de pasta de amendoim que meu pai havia feito para mim naquela manhã. Eu segurei as lágrimas até a hora de chegar em casa e quando cheguei, fui diretamente fazer minha estrelinha e coloca-la na jarra que já tinha um número significativo de outras iguais àquela.

As estrelas aumentavam a cada instante. Com doze anos, estava em uma aula de História Americana quando a professora fez uma pergunta à classe. Vários braços se levantaram, ansiosos por responder. Eu não me preocupei em fazer o mesmo. Já havia tentado várias vezes responder as questões dos professores, mas era como se eu fosse invisível para eles também. E então, no fundo da sala, isolada de toda a interação dos outros, tirei uma tira de papel de dentro do caderno e fiz uma estrela, guardando-a no bolso para coloca-la na jarra assim que chegasse em casa.

Aos catorze anos, quase quinze, eu estava apaixonada por um garoto do colégio. Eu o via passar pelos corredores e cruzava os dedos para que ele me notasse, mas isso jamais aconteceu. Então, em um dia, eu criei coragem e resolvi falar com ele. Mas quando cheguei até ele, tudo o que ele fez foi me ignorar, fingindo que eu não estava ali do seu lado dizendo o que sentia. Fingindo que eu simplesmente não existia. Quando uma garota passou por nós, ele a cumprimentou alegremente e saiu andando para longe com ela, não se dando ao trabalho de ao menos olhar para mim. Mais uma estrela foi para a jarra naquele dia.

Um dia, quando tinha quinze anos, abri a agenda do meu celular e senti vontade de gritar quando vi que não havia um só contado. Nenhum. Nada. Não tinha o número de amigos ou namorados ou parentes. Completamente vazio. Coloquei mais uma estrela na jarra quase cheia.

No dia do meu aniversário de dezesseis anos, encontrei um bolinho com uma pequena vela acesa e um bilhete na minha mesa de cabeceira. Feliz aniversário de 16 anos, querida!, o bilhete dizia, Trabalhando até tarde, estarei em casa as 11. Havia um coração torto desenhado no final do papel seguido de um “Mamãe”. Aquilo me destruiu. Nem minha própria mãe estava comigo no dia em que deveria ser o mais especial e memorável da minha adolescência. Naquela noite, eu fiz mais uma estrelinha, finalmente completando o total de mil dentro da jarra. Levei a jarra recheada de estrelas de papel até a varanda e a ergui em direção ao horizonte, oferendo aos céus com um sorriso no rosto, esperando que a bela mulher de branco concedesse meu desejo. Eu esperei e esperei, mas nada aconteceu. Depois de um tempo, meus braços doíam e eu colei a jarra em cima do meu coração, sentindo-me tola por acreditar em um sonho de criança por tanto tempo. Diferente de muitas vezes, não segurei o choro. Deixei que toda a minha tristeza e decepções se libertassem em forma de lágrimas quentes e sôfregas. Chorei alto, enchendo a noite silenciosa com o som da minha dor.

Mas, de repente, algo surgiu no céu. Uma estrela muito maior e muito mais brilhante que as outras estava no céu negro. Aquela estrela correu até minha jarra de estrelas de papel e voltou, deixando um rastro de luz perolada por onde passou. Aquela luz se transformou numa silhueta, numa silhueta feminina e delicada com vestido esvoaçante e cabelos macios.

E então, ela estava lá. A mulher de branco, a mulher bonita do meu sonho de nove anos atrás. Eu a encarei de olhos arregalados, perguntando a si mesma se não era apenas minha imaginação. Mas quando ela sorriu para mim o sorriso mais brilhante que todas as estrelas, eu soube que era real.

—Olá – Ela disse com sua voz doce que havia me feito uma promessa há tanto tempo atrás — Estou aqui para conceder seu desejo. Venha comigo, e você pode deixar para trás a vida que te faz tão infeliz. Você deseja uma vida onde você não é mais sozinha ou triste… Ou invisível – Pausou por um instante, um sorriso terno em sua boca – Não é mesmo?

Suas palavras me fizeram lembrar grande parte das situações que me fizeram encher aquela jarra de vidro de estrelas de papel. Tudo veio como um filme em minha cabeça, toda a rejeição e a tristeza que senti estavam muito claras para mim. Mas então eu fechei os olhos e sorri, um súbito sentimento quente que havia sentido pouquíssimas vezes invadiu meu peito. Ainda abraçada firmemente com a jarra, fiz um gesto com a mão para que ela entrasse em minha casa. A mulher de branco pareceu surpresa com minha atitude, mas mesmo assim o fez.

Nós nos sentamos no sofá que tinha em meu quarto e conversamos a noite toda. Ela fez perguntas sobre mim e eu estava emocionada em respondê-las; ninguém nunca havia sentido interesse em saber da minha vida e ter alguém que realmente se importava era tão bom que eu queria chorar de felicidade.

Quando os primeiros sinais do dia começavam a aparecer, ela me disse que precisava voltar. Eu fiquei triste em saber que aquilo estava terminado tão cedo, mas ela sorriu para mim e segurou meu queixo e beijou meus lábios docemente. Era meu primeiro beijo, mas não me sentia nervosa com aquilo. Era a melhor sensação que já havia experimentado. Foi um beijo curto e sem profundidade, mas foi o momento mais maravilhoso que já havia vivido. Ela desapareceu da mesma maneira que surgiu, mas eu não sentia o vazio em meu peito como costumava sentir.

Eu não fugi dos problemas que me atormentavam porque sabia que precisava enfrenta-los. Eu não precisava de um cavaleiro branco ou de uma bela princesa para me resgatar. Tudo o que eu precisava era de amor, e aquela mulher havia me dado, mesmo que por alguns momentos. Eu consegui outra jarra e fiz estrelas a cada vez que me sentia triste, sozinha ou perdida, mas sempre agarrada à esperança de que a veria de novo.

 

 



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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler e por favor, me mande seu feedback. Also, você devia me seguir no tumblr porque eu sou uma pessoa legal e eu tenho tantos fandoms que é quase certeza que você vai gostar de pelo menos um deles :)



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