Danyel

Faltava apenas uma semana para irmos embora. Como um mês passava rápido! Ainda mais quando eu estava perto de Laura. Putz, eu não posso gostar dela, mas era tão inevitável. Toda vez que eu fechava os olhos a linda imagem do rosto de Laura surgia. Minha família havia amado Laura, isso era claro de se perceber. Tínhamos nos divertido muito hoje. Jogamos jogos de tabuleiro e Ariana havia passado mal por ter tido uma infecção no estomago. Sara havia adorado Laura e todas as tardes brincavam juntas. Laura demonstrava tanto carinho por ela. Ela era assim. Amável, carinhosa, amorosa... Pare de pensar tanto nela, Danyel!

— Como ela está? — perguntei quando Laura apareceu do lado de fora. Estava de noite e o céu estava bastante estrelado. Referia-me á Ariana.

— Dormindo. Zayn está com ela. — Ela me olhou e começou a andar em direção ao portão, andando até se sentar na grama. Olhando para o céu. Fui até ela e me deitei ao seu lado, também olhando para as estrelas. — Me seguindo?

— Não. — falei. Ela soltou uma pequena risada e se deitou ao meu lado. — O que houve entre você e seus pais? — Laura ficou séria e olhou novamente para o céu estrelado.

— Eu não quero falar.

— Por quê?

— Para, Dante, não gosto de falar disso! — Ela falava com um tom de raiva em sua voz. Laura fechou os olhos e mexeu nos cabelos.

— OK, desculpa. — Por que eu pedi desculpas á ela? Laura me lançou um olhar compreensivo.

— Não, tudo bem. Sou uma boba, mesmo. — Sorri para ela.

— É, concordo. — Ela me olhou estranho. — Mas uma boba linda. — Ela sorriu e suas bochechas se avermelharam. Laura ainda ficava mais linda quando ficava corada. Aproximei-me de seu belo e maravilhoso rosto e o fitei. Nós dois debaixo de um céu estrelado... Era o clima perfeito. Laura aproximou seus lábios e eu senti seu doce perfume adentrar minhas narinas. Meu coração bateu mais forte e movido pelos meus sentimentos, avancei em seus lábios, iniciando um beijo lento e romântico. Minha língua pediu permissão e ela deu, abrindo espaço. Pus minha mão em sua cintura delicadamente. Laura acariciava minha bochecha enquanto nossas línguas dançavam em perfeita harmonia. Meu coração batia mais forte do que o normal. Não tínhamos pressa alguma, mas Laura separou nossos lábios, dando-me pequenos selinhos, de olhos fechados. Fitamo-nos e Laura avançou em meus lábios. Ela me beijava com vontade e nossas línguas se entrelaçavam. Minha mão ficou fazendo carinho em sua bochecha, enquanto as suas seguravam meu rosto.

— Laura! — Ouvimos minha mãe chama-la, nos separamos com o susto, Laura se levantou e saiu correndo em direção á casa. Sentei-me, olhando para as estrelas. Eu precisava beija-la de novo. Sentir os seus doces lábios tocando os meus novamente.

Laura

Depois de cinco dias depois de maravilhoso beijo, Danyel fazia questão de me beijar em todos os momentos do dia. Naquele dia, minha sogra havia me chamado para ajuda-la no jantar. Eu estava sorrindo á toa. Boba e frenética. Danyel mexia comigo e isso era mais do que óbvio. Mas eu não podia. Precisava raciocinar. Era um namoro de mentira. O mês já estava acabando... E o que seria depois? Eu seria seu brinquedinho. Ele ficaria comigo por ficar e eu não queria isso. Não sou igual á essas garotas por aí. Por mais que nossos beijos fossem inesquecíveis, eu precisava lutar contra isso. Eu lutaria contra os meus sentimentos. Infelizmente chegou o dia todos irem embora. Despedi-me de todos com longos abraços e agradecimentos.

— Vamos nos ver de novo? — Perguntou Sara, sorrindo.

— Claro que sim, princesa. — falei sem certeza. Aquela pequena criaturinha beijou minha bochecha e me abraçou. Nunca havia recebido tanto carinho assim de tantas pessoas durante esse período de tempo. Fomos para o carro e eu dei a desculpa de que estava cansada e que precisava dormir. Danyel acreditou e com isso deu um beijo em minha bochecha. Fechei os olhos, fingindo dormir e tudo que eu vi foi a imagem de Danyel. Ai Senhor, dá-me forças. Eu já saberia o que ia fazer. Por mais doloroso que fosse.

***

Depois que chegamos e ele colocou as minhas coisas na sala. Danyel se aproximou de mim para me beijar, obviamente. Desviei meu rosto e ele me olhou sem entender.

— O que foi? — perguntou.

— Bom, você conseguiu o que queria né? — falei séria. — Fingi ser sua namorada por um mês para sua família, agora eu vou ter o que eu quero. — Ele me puxou pela cintura.

— O que não vai ser muito difícil de adivinhar né? — Danyel sorriu, enquanto eu permanecia séria.

— Quero você longe de mim, Danyel. — Ele ficou paralisado e eu tirei suas mãos de minha cintura. Ele me lançou um olhar confuso. — Era o nosso acordo lembra? Fingi ser sua namorada e agora eu quero que você fique longe de mim. — Repeti.

— Espera aí, Laura. Eu não estou te entendendo e os nossos beijos? — Ele perguntava irritado.

— Quem garante que você não estava fazendo isso para se aproveitar da situação?! — Me exaltei. — Chega! Eu não quero mais fingir. Acabou essa história de namoro de mentira! Se afaste de mim, Danyel. Nunca mais converse comigo, nunca olhe para mim. Quando me vir na escola, finge que não me conheça. — Ele me lançou um olhar impressionado.

— Ok eu vou. — Quando ele chegou perto da porta, Danyel se virou me encarando.

— Graças a Deus que não namorávamos de verdade. Não sei quem seria o idiota de namorar uma garota como você. — Se ele conseguiu me dar para baixo, ele conseguiu. Bati a porta com força e comecei a chorar. Ouvi o barulho de carro saindo de frente da minha casa. Deslizei na porta. Idiota. Isso que ele era. Levantei-me e fui até uma pequena mesa com três vasos de vidro e violentamente joguei todos no chão com raiva. Eu soluçava muito e chorava sem parar.  Sem querer pisei num grande pedaço de vidro e gritei de dor. Logo, Matt apareceu, passando pela porta e me lançando um olhar preocupado. Matt era um grande amigo meu. Mas o que ele estava fazendo aqui?            

— Laura! O que houve? — Fui até as escadas e me sentei lá, com o rosto vermelho.

— Pisei num pedaço de vidro. — Um grande corte estava marcado com sangue escorrendo em meu pé direito. — Que bosta. — Matt sumiu por um minuto para dentro da cozinha e voltou, se abaixando, limpando o sangue de meu pé e fazendo um curativo. Matt sempre foi gentil com todos. — Obrigada.

— De nada. — Ele deu um meio sorriso. — Por que estava chorando?

— Besteiras. Mas... O que você veio fazer aqui?

— Vim saber se você tinha chegado. Fala o que aconteceu, Laura.

— Não foi nada, Matt, sério.

— Ah claro. E os vasos estavam ali quebraram por um passe de mágica. — Ele disse irônico. Baixei o meu olhar e comecei a chorar novamente. Matt sentou ao meu lado e abraçou meu ombro.

— Eu e Danyel terminamos. — Olhei para ele que logo enxugava delicadamente minhas lágrimas com o polegar.

— Não se preocupe. Vai ficar tudo bem. — Ele beijou o topo de minha cabeça e continuou me abraçando pelo ombro. Matt ficou me consolando até anoitecer. Só ficamos abraçados no sofá. Eu refletia sobre minhas escolhas. Eu não tinha motivos para chorar. Afinal, foi tudo mentira. Sempre foi. Eu precisava esquecer e ficar feliz. Porque eu consegui o queria. O que eu sempre quis. Me livrar definitivamente de Danyel.