- Não se preocupe, Vicent!, eu não arruinarei nada de seus planos! Nada mesmo! Mesmo nada! – Ela falava com uma voz muito kawaii e suavizante, que acalmava todas as almas. Além disso, seu rosto se semelhava ao tão famoso emoticon “=3”.

                - Espero bem que sim. – Vicent bufava, de braços cruzados. – Se nós ficarmos presos em uma ilha, nos alimentaremos de você, quando não sobrar mais nada. – A idéia fez Bárbara mudar sua expressão drasticamente. – Não iremos comer você no sentido erótico, mas sim comer seu corpo. Nos alimentarmos dele.

                - Nem nunca eu tinha pensado isso, senhor chefe Vicent! – A expressão dela agora se assemelhava a um “^^”. – Além disso, eu serei bastante útil nas tarefas domésticas, já que sou mulher mesmo…!

                - Isso não será necessário, menina Bárbara, já que vocês estarão em um hotel. – O chefe cruzava seus dedos.

                - Ah, então, o hotel também faz serviço sexual? – Bárbara mudava o sentido das palavras, procurando o chefe ficar horrorizado com a suposta mente limpa da estagiária.

                Eu ri por trás da porta, me denunciando. O chefe gritou para que eu entrasse, e eu entrei. Os dois sentados nas poltronas coraram de espanto que fosse eu que estivesse ouvindo sua conversa.

                - Senhor Karl, ainda bem que chegou. – O chefe se levantava, e puxava uma cadeira para eu me sentar. – Bárbara irá com vocês na viagem.

                - É, eu sei, já tinha ouvido. – Por um lado, eu estava feliz, porque já não estaria tão desprotegido, e Vicent com certeza não iria desperdiçar essa viagem para terminar o que não havia terminado hoje de manhã. Por outro lado, Bárbara com certeza também quereria fazer algo comigo. E, agora, eram 2 querendo 1. - Como será que isso irá terminar? – Eu pensava, enquanto me sentava na cadeira.

                - Aaaaiiin, Karl-chan! – Bárbara se levantava e andava com muita emoção até o lugar onde eu estava sentado, em passo apressado. – Eu nem acredito que a gente ficará três semanas juntos! – Ela se sentava no meu colo. – Aaaah, me abraça!, que felicidade! – Ela soterrava minha cabeça em seus peitos.

                Enquanto eu tentava desenterrar minha cabeça dos peitos de Bárbara, Vicent nos olhava com uma expressão de ódio… pudera, né, ele havia combinado tudo isso… era uma altura perfeita!, para ele dar seu golpe. Só que agora, com a Bárbara pelo meio, sua missão estava muito complicada, já sem falar que os ciúmes não aguentariam muito tempo. Eu, realmente, sou o máximo: atraio mulheres e homens /parei.

                - Estagiária Bárbara, nós vamos lá para trabalhar, não vamos pensar em safadeza. – Vicent arrumava seus óculos, mantendo sua posição superior.

                - Sim, mas também teremos muito tempo livre, chefe! – Ela saía do meu colo.

                - É, mas, por agora, Vicent tem razão, temos de pensar no mais importante dessa viagem, o porquê de ela existir: o trabalho. – O chefe gordo se apoiava na mesa, não tendo ainda se sentado. – O avião partirá em São Paulo, naquele aeroporto que eu vos tinha falado. Nesse avião, vocês irão até Los Angeles, nos E.U.A. Depois, pegarão o avião para Austrália, mais propriamente Sidney, onde depois irão de barco até a Nova Zelândia, em uma espécie de barco turístico. Só começarão a trabalhar depois de amanhã. Em princípio, amanhã já deverão estar no hotel, em Auckland. – Enquanto falava, fazia percursos, indicando com os dedos sobre a mesa.

                Todos nós ouvimos com atenção. Quando ele terminou, Cristhine bateu na porta e nos avisou que nosso táxi já estava nos esperando. Ele nos levaria até o aeroporto de São Paulo. Dentro do táxi, eu exigi que eu mesmo ficasse no lugar da frente e eles os dois atrás, para que não houvesse discussões durante aquela longa viagem de 1 hora. O aeroporto estava cheio de gente, mas, com Vicent na frente e eu atrás, com Bárbara não desgrudando do meu braço, foi facinho chegarmos no avião para Los Angeles. No avião, a hospedeira andava de olho em nós, porque Bárbara e Vicent, cada um do meu lado, tinham intenções de fazer coisas perversas dentro do avião, o que era meio que proibido ali dentro. Bárbara apenas se dignou a me dar o braço durante todo o voo, e Vicent, sem poder demonstrar sua homossexualidade, se resignou a me tocar sequer.

                - Amor do meu coração, você tem certeza que não quer namorar comigo de novo? – Bárbara perguntava, enquanto se deliciava com o leite-creme que a hospedeira havia trazido há uns minutos.

                - Claro que não, já falámos sobre isso antes, Bárbara! – Eu apenas ficava comendo bolachas.

                - Affe, Bárbara, vai ficar falando isso a viagem inteira? – Vicent acordava de seu suposto sono.

                - Tudo ciúmes, né, senhor gay?

                - Gay é teu pai. Eu apenas acho que isso enche o saco do Karl, ainda para mais que me enche também a mim.

                - Olha só, senhor chefão: lá porque você é um grande empresário e é encarregado de mim aqui, não quer dizer que possa fazer tudo o que vem na tua cabeça. Eu sou uma mulher maior de idade, faço o que bem me a-pe-te-cer. – Ela falava sílaba a sílaba toda ideia que queria reforçar. – Ah, e se eu te der um beijinho quentinho-fresquinho?, você fica calado?

                - Cala boca, sua idiota. Pessoas como você não merecem sequer viagens gratuitas da parte de seu chefe. – Ele encostava sua cabeça no travesseiro e fingia dormir de novo.