Mais um dia de trabalho passado.

                Estou realmente cansado de todo dia ficar correndo do trabalho para casa, de casa para o trabalho.

                Preciso umas férias.

                Meu nome é Karl, e eu preciso umas férias. Férias longe de tudo… tudo mesmo. Inclusive da secretária, a Cristhine. Fica dando em cima de mim que nem uma carente, quando eu já falei que não quero nada com ela.

                Não sei porquê. Ela é gata e gostosa, mas eu não estou nem um pouco interessado nela. E aqueles peitos enormes podem ficar para ela mesmo. Não sei o que há comigo, mas depois de tantas despedidas de solteiro de meus colegas, nunca perdi minha virgindade.

                Tenho 26 anos e ainda sou virgem.

                Provavelmente meu tempo de perder isso já passou, e eu estou virando paranóico. Tão paranóico que nem a Cristhine nem a Lettia, minha vizinha do lado, me satisfazem. Nem muito menos tenho aquele desejo de olhar para o decote delas.

                Tomei meu café da manhã calmamente, não quero mesmo desgrudar da cadeira hoje. Ainda por cima, como estagiário, meu trabalho é triplicado. Sorte que eu tenho um chefe de estágio legal… ele me explica tudo e quebra meu tédio nas horas livres. Ele é muito interessante e a vida dele tem muita aventura. Posso considerar ele meu amigo. Acho que ele me considera o mesmo.

                Não posso falar o mesmo do chefe da empresa… ele fica paquerando todas as garotas lá da empresa e não casa com nenhuma. Eu me mataria se fosse um dos 10 filhos dele… que por acaso também trabalham lá na empresa. E ele não dá férias para ninguém… e não paga horas extra… e, o que eu mais odeio nele, abusa dos estagiários. Faz a gente trabalhar que nem burros, e no final, nem nos paga direito. Só fui para lá porque tem muito desemprego, e lá, pelo menos, me dão sustento. E pagam meu almoço. Ou melhor, o Vicent (meu amigo) que paga meu almoço. O chefe que se dane mesmo.

                Bom, onde eu ia? Ah, de tanto pensar minha cabeça queimou… queimou que está cheirando a queimado. AH! AS TOSTAS!

                - Bom dia, gatão! – Lettia estava regando suas flores e me acenou. Ela mora em uma casa enorme… comparando comigo, que moro em um apartamento pequeno. Muito pequeno.

                - Err… bom dia, vizinha. – Eu apenas costumo acenar, mas hoje retribui com um sorriso.

                - Precisa uma carona? – Ela jogava o regador com a maior das despreocupações para cima de sua horta de alfaces. – É que… sua empresa fica longe… bem longe!, e você ia precisar andar de ônibus. E isso é perigoso hoje em dia!

                - Mais perigoso que andar no mesmo carro que você?

                Ela não entendeu a piadinha e eu virei costas. Continuei meu caminho. A paragem de ônibus era a uns 10 minutos dali. Depois, do ônibus até a empresa, ainda era mais 30 minutos. Podia ir nas calmas, ainda faltava 1h para as 9. Além disso, eu poderia pedir na Cristhine que desse mais umas horas extras no seu “trabalhinho”, para compensar meu atraso. Ela faria isso de bom grado, já que…

                - Me passa suas chaves, cara. – Uma voz falava no meu ouvido. Eu sentia a arma no meu pescoço. – Me passe também tudo que você tiver aí de valor. Celular, dinheiro, cartões,…