Correntes De Sangue escrita por Apenas uma Sonhadora


Capítulo 3
Imperfeita


Notas iniciais do capítulo

Então, tchurma, eu realmente demorei (pra caramba) para postar esse capítulo. Eu já devia ter postado ele há um mês mas eu o perdi. Pois é. Triste história de vida. Mas enfim: aqui está ele! Espero que gostem :D



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Não pude conter meu sorriso largo todas as vezes que ele me fitou com um brilho nos olhos. Nós estávamos andando até minha casa quando meu celular começou a tocar. Era minha mãe. Recusei a ligação e me deparei com a hora: 19:47. Comecei a entrar em pânico.

– O que aconteceu, Lilah? Está tudo bem? – James me segurou pelo braço e colou uma mão em meu rosto.

Me acalmei com aquele gesto carinhoso que parecia ter sido treinado por anos e disse:

– Não. Não está nada bem. Minha vai me matar! A gente tem que correr. Agora! – encaixei a mão dele na minha e comecei a correr para casa.

Escancarei a porta do prédio e tentei entrar, mas Jay puxou meu braço e me pegou no colo, me beijando novamente.

– Se cuida, minha princesa – ele me colocou no chão e entregou um papel para mim – Esse é meu novo endereço, se precisar, vá para lá.

James deu um beijinho em minha testa e voltou para casa.

Entrei correndo no prédio, subi as escadas e tentei entrar normalmente em meu apartamento. Minha mãe me olhou furiosamente, jogou a esponja de lavar louça longe e começou a gritar:

– QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA CHEGAR EM CASA ESSA HORA, DELILAH? ACHA QUE EU SOU UMA PALHAÇA? QUE ROUPAS SÃO ESSAS? POR QUE VOCÊ ESTÁ TODA MOLHADA? VENHA AQUI JÁ! – fiquei pasma com todas as coisas que ela falou para mim antes de me levar para o quarto pelo braço, fincando as unhas em meu pulso.

Fiquei com vontade de gritar de dor, mas não o fiz. Mamãe jogou minha mochila no chão, abriu meu guarda roupa e começou a tirar todas minhas roupas de lá.

– POR QUE VOCÊ NÃO PODE SER IGUAL A TODAS AS OUTRAS MENINAS? Bonitinha, magrinha, com juízo! Você acha que alguma das outras meninas chega em casa atrasada, a essa hora? Acha que elas têm esse tipo de roupa? Você é ridícula, Delilah! Vá lavar esse rosto, tire essa roupa ridícula que você está e tome um banho! De agora em diante você vai usar as minhas roupas, que são muito mais adequadas para mulher que as suas! Ah, e deixe de ser criança! – ela pegou os ursinhos de pelúcia que estavam em cima da minha cama e os rasgou. Meus olhos lacrimejaram e levei minha mão à boca. Qual era a finalidade de tudo isso? Eu tinha apenas chegado atrasada!

Mamãe saiu do meu quarto jogando os ursinhos estripados no chão. Ela bateu a porta e eu corri para trancá-la. Cai no chão chorando. Toda a felicidade que eu vivenciei naquele dia parecia distante. Corri para o banheiro e liguei a torneira, enchendo a banheira com água quente. Tirei a roupa e coloquei o papel que James me dera em cima da cama. Enquanto a banheira enchia, subi na balança e tentei olhar o número que definia meu peso, mas minhas lágrimas deixavam tudo muito borrado. Me olhei no espelho e apertei umas gorduras que não deveriam estar ali. Minha mãe estava certa. Por que eu não podia ser igual a todas as outras meninas? Bonita, magrinha, toda perfeitinha. Eu era um fracasso. Nem minha própria mãe gostava de mim.

Me arrastei para dentro da água quente. Os cortes e cicatrizes arderam, mas eu já estava acostumada. Encostei minha cabeça na ponta gelada da banheira e pensei em tudo que minha mãe disse. Eu nunca iria presenciar tanta dor em meu coração. Ainda não acreditava que realmente ouvi e vi aquilo. Não tinha um porque para isso. Ela nunca tinha reclamado das minhas roupas, nem que eu tinha me atrasado, nem dos meus bichinhos de pelúcia.

Novamente a pergunta me veio na cabeça: “Por que eu não podia ser perfeitinha igual as outras meninas?”. Fechei os olhos, mergulhei na água e subi logo depois, procurando por ar. Olhei para o espelho em cima da pia e vi uma coisa um tanto desejada: uma das minhas milhares de lâminas. Levantei, fui até lá e peguei-a. Voltei para a banheira e deixei a pont gelada da lâmina perfurar meu braço, formando a palavra “imperfeita”. O sague jorrou de todas as linhas formando a palavra e eu apenas me recostei novamente na banheira, um tanto aliviada. Comecei a fechar os olhos e afundei meu braço, mas batidas impacientes na porta e gritos femininos dizendo: “Vá já para a sala, Delilah!” interromperam meus pensamentos.

Me levantei imediatamente e tirei a água da banheira, me enrolando na toalha e me vestindo.

***

– Nós descobrimos uma solução para o seu problema, Delilah. – meu pai disse em uma voz calma, como se tivesse falando o que teria para jantar.

– Como? Problema? Que problema? – tentei soar normal, mesmo não sabendo de que problemas eles falavam, já que não sabiam de nada dos meus cortes.

– Seu problema de juízo, claro. Poderia ser por qualquer outro problema, mas a primeira coisa que se deve ter é juízo.

Juízo? Fala sério? Eles realmente estavam achando uma solução para me dar juízo? Quem teria que ter juízo era eles. Não fui eu quem entrou no quarto da filha, rasgou os bichinhos de pelúcia dela, jogou todas as roupas que estavam no armário dela fora e ainda a chamou de gorda, feia e ridícula.

– Na quarta-feira você vai para um acampamento militar... Com seu irmão.

– O QUÊ? – eu e ele gritamos em uníssono.

Como assim eles me mandariam para um acampamento militar com meu irmão? Era impossível. Eu estava prestes a desmaiar. Não, não, não! Era a última coisa do mundo que eu queria fazer. Um acampamento militar. Com o capeta do meu irmão.

Corri para o meu quarto e tranquei a porta. Peguei uma mochila, coloquei um cobertor, o meu celular e, bem escondido, um pote com todas as minhas lâminas dentro. Peguei o papelzinho que James tinha me dado e li, atentamente. Abri a janela e sai pela escada.


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Notas finais do capítulo

Eae, tchurma??? Gostaram??? Deixem reviews e comentários aqui em baixo!!! Goodbye e até o próximo capítulo.
Se quiserem conversar comigo entrem aqui:
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