Somente Amigos escrita por Awdrey Knight


Capítulo 4
Capítulo 4 - Nico




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Ter ido perambular sozinho na mansão de Thalia com certeza não tinha sido uma boa ideia, eu já andava a mais de 10 minutos quando percebi que não encontraria a cozinha, então tentei voltar e só consegui me enrolar ainda mais. Nesse momento eu não fazia a mínima ideia de onde ficava o salão principal, e muito menos de como voltar para lá. E olha que moro em uma casa bem maior que o convencional, mas essa aqui me deixava tonto de tão grande.

O engraçado era que Thalia não ostentava nem um pouco, como a maioria dos estudantes fazia - Jason, um idiota do meu ano, por exemplo, adorava cantar aos quatro ventos que era filho do prefeito de Nova York, o todo poderoso Zeus Grace. Mas humildade, nesse sentido, não era a única qualidade de Thalia, ela era inteligente e muito bonita também, de um jeito diferente. Quando Bianca me apresentou a ela e Annabeth eu pensei ‘Uou! Esse é meu ano de sorte, minha irmã acaba de me apresentar duas deusas!’. Annabeth era bonita, o corpo atlético, a pele ainda bronzeada das férias de verão, os cabelos muito loiros, mas sua característica mais marcante eram com certeza os olhos, que tinham um tom de cinza nebuloso, como uma tempestade prestes a acontecer. Quando eu olhei em seus olhos tive a certeza de que estava olhando para alguém muito mais inteligente que eu, e que se fizesse algo que não devia as consequências seriam as piores possíveis.

Mas foi Thalia que chamou mais minha atenção, tudo nela exalava a rebeldia dos contrastes. Os cabelos de um castanho muito escuro tinham ocasionais mechas azuis, a jaqueta de couro e as botas de combate lhe davam um ar raivoso em contraste com o corpo pequeno e magro, a pele muito branca resaltava os olhos de um azul intenso e elétrico, que eram ainda mais destacados por uma maquiagem pesada. Assim que a encarei pela primeira vez senti um choque me transpassar o corpo, e tive certeza que ela era especial.

- Nico, não é mesmo? – disse Argos me tirando dos devaneios com os olhos de Thalia – A Senhorita Thalia me pediu que o acompanhasse de volta ao salão principal.

- A claro – disse e o segui. Quando cheguei ao salão principal devia estar mais vermelho que um pimentão, não estava acreditando que tinha precisado de um “resgate”. Também não ajudava nada Thalia estar rindo da minha cara quando cheguei.

- Acho que dessa vez o Minotauro ficou sem almoço – brincou Thalia se referindo a antiga lenda grega do labirinto. E eu ri sem graça.

- Pois é né.

- Então vamos ver ou não esse filme?! – disse Percy animado.

Nesse momento um idiota entrou na casa, e a única coisa que eu consegui pensar foi ‘O que ele tá fazendo aqui!’. Então ele deu um abraço em Thalia tirando seus pés do chão e lhe deu um beijo estalado na bochecha.

-Sai pirralho – disse ela numa voz de fingida irritação.

- Essa é a minha irmãzinha! – disse ele rindo.

- Não me chama assim. Afinal, eu sou um ano mais velha que você.

- Ta, ta... Não vai me apresentar aos seus novos amigos?

- Bianca, Nico esse é o irritante do meu irmão Jason – disse Thalia apresentando o irmão de má vontade. Mas não era realmente preciso, no meu caso. Ele estava na maioria das minhas aulas, e eu não o suportava. Ele era o típico garoto popular insuportável que toda escola tem, jogador titular de futebol, namorado de uma líder de torcida atirada, Reyna, e se achava mais do que podia. Não sabia como ele podia ser irmão de Thalia, além da diferença de personalidade, eles também não se pareciam fisicamente.  Jason mesmo sendo um ano mais novo era pelo menos uns 10 centímetros mais alto que ela, tinha o corpo forte típico de um jogador de futebol americano, a pele também era um pouco mais morena, os cabelos eram bem curtos e loiros, foi então que reparei nos olhos, idênticos aos de Thalia um azul elétrico intenso.

- Prazer em conhecê-la, Bianca – disse Jason se aproximando da minha irmã e beijando sua mão. O que a fez corar um pouco, e me deixou com ainda mais raiva dele.

- Sempre um prazer revê-la, Annabeth – disse também beijando a mão dela.

- Galanteador como sempre Jason – disse ela com um sorriso torto.

- Percy – disse o cumprimentando com um aceno de cabeça. Então ele virou para mim e pareceu finalmente me reconhecer, me lançando um olhar curioso, como se tentasse ler minha intenções.

- Di Ângelo – disse apertando minha mão com muito mais força que o necessário, e eu precisei me esforçar para não fazer uma careta. Então baixinho para que somente eu ouvisse, acrescentou – se você tocar na minha irmã, eu quebro a sua cara.

Com isso ele simplesmente subiu para o quarto, dizendo que tinha que se arrumar para uma festa que começaria mais tarde. Deixando-me pra trás um pouco traumatizado. Acho que Thalia percebeu que tinha alguma coisa errada, porque disse:

- Não se preocupe, ele só estava marcando território. Pode até parecer um idiota, mas no fundo é um cara legal. E então, vamos ou não ver esse filme?! - ela então começou a nos guiar para algum outro lugar da casa. E eu pensei comigo mesmo que só se fosse bem, mais bem lá no fundo mesmo.

Quando Thalia abriu a porta que procurava, o que vi realmente me impressionou. Afinal não é todo mundo que tem uma sala de cinema em casa, não era como as salas de cinema dos shoppings, é verdade, mas a tela era gigantesca e a sala abrigava 30 pessoas, fácil. Então me lembrei de que estava na casa do prefeito.

Assistimos a um filme chamado “A Mulher de Preto”, e como o personagem principal era o mesmo ator de Harry Potter, não conseguia me concentrar direito no filme porque não tirava seu antigo personagem da cabeça. Bianca a meu lado estava completamente imersa no filme e roia as unhas sem parar. Annabeth toda hora enterrava a cabeça na camisa de Percy, que parecia achar o medo dela engraçado. Sabe, esses dois me intrigavam, toda vez que estava perto deles tinha a impressão de que estavam prestes a começar a se agarrar, mas que alguma força invisível os segurava. Tinha a impressão que a qualquer momento essa força não conseguiria mais suportar tamanha atração e eles iam a qualquer momento começar a se pegar na frete de todo mundo. Mas é claro isso nunca acontecia. Além disso, ele namorava Rachel que era uma gata, apesar de um pouco maluquinha. E aparentemente ela namorava um tal de Luke. Então aquilo devia ser coisa da minha cabeça.

E mais longe, na outra ponta estava Thalia, toda concentrada no filme. Sim, tinha feito questão de sentar o mais longe possível dela, depois da ameaça de Jason não queria ariscar ficar muito perto dela. Principalmente dentro da casa deles, onde ele poderia aparecer a qualquer momento. Podem me chamar de covarde, mas eu gosto do meu rosto e não pretendo perde-lo tão cedo.

- Ai! – gritou Bianca me assustando. Ela esfregava o joelho, com os pés apoiados na poltrona, enquanto os outros três riam.

- Pronto – disse Annabeth em meio a risos – você foi “iniciada”.

Finalmente entendi que ela tinha mordido Bianca e comecei a rir também, e logo Bianca não resistiu e também se juntou a nós. Ou seja, a gente parecia um bando de malucos, mas eu não me importei fazia tempo que eu e Bianca não riamos daquele jeito, fazia tempo que nós não fazíamos amigos.

Acabamos ficando conversando até tarde sobre besteiras, e Thalia convidou a todos pra dormir ali, o que nós logo aceitamos. A verdade é que eu e Bianca não estávamos ansiosos para voltar para casa e ver nosso pai, Hades. Desde que nossa mãe morreu em um desabamento 6 anos atrás, ele tinha se tornado uma pessoa depressiva, e parecia contaminar todos a sua volta com isso. Não tolerava um sorriso sequer, e se dedicava completamente ao trabalho, se mudando conforme fosse necessária a sua presença, sempre arrastando eu e Bianca com ele. Já havíamos morado em diversas cidades nos mudando rapidamente, o que fazia com que sempre nos vissem como os estranhos garotos novos, sem tempo de fazer amigos de verdade. Quando nos trouxe para Nova York, disse que dessa vez seria definitivo, mas eu não acreditava, pois ele tinha ditos o mesmo de Las Vegas, e depois de Los Angeles e cá estamos nós em uma nova cidade.


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Notas finais do capítulo

Bom, novamente quero agradecer aqueles que chegaram até aqui. Afinal, creio eu, não são muitos. Por isso muito obrigada. E depois de quatro capítulos nesse ritmo lento (e admito, um tanto chato, porem necessário) de apresentações, creio que a partir do próximo as coisas ficarão mais interessantes. Muito obrigada novamente, e até breve.



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