I Don't Feel Any Pain escrita por Malu Black


Capítulo 1
I don't feel any pain


Notas iniciais do capítulo

Escrevi esta one-short enquanto assistir a cena da morte da Éponine, então pode ter ficado um pouco dramática. Possui uma linguagem, talvez, um pouco mais rica do que a que eu geralmente utilizo quando vou escrever devido às minhas leituras atuais.
Enjoy.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/361266/chapter/1

   "The rain will make the flowers..."

   "Grow up".

         Os outros revolucionários respiraram fundo, e mantiveram suas expressões sérias, talvez com um leve toque de pena pela vida perdida e pelo seu amigo, Gavroche.

          Gavroche permitiu que algumas lágrimas escorressem por seu rosto, afinal, sua irmã acabara de morrer. "O primeiro a cair na barricada". Não seria a última pessoa a cair, mas eles não precisavam pensar nisso agora.

         Todos, agora, olhavam para o corpo sem vida depositado nos braços de Marius Pontmercy. Era uma garota. Uma jovem garota, vestida de garoto, que tivera o infortúnio de estar apaixonada pela pessoa errada, no momento errado. 

Ela não devia amar Marius Pontmercy. 

Não. Não devia.

         Mas ela não podia evitar tal desgraça independentemente de ele amar outra pessoa. Independentemente de qualquer outro rapaz de sua idade que a olhasse com o mesmo brilho encontrado em seus próprios olhos, enquanto ainda viva, olhava para Marius. O rapaz rico que fingia ser pobre para manter-se com seus amigos como revolucionário na França.

"Vive la France!"

         Éponine, embora insistisse em dizer que Marius estava cego e que, por isso, se apaixonara pela "rica burguesa", na qual Cosette se tornara; não conseguia perceber que a cegueira, na realidade, se apossara dela, pois esta não se dera conta que da pessoa que a amava. Da mesma forma que Monsieur Marius fizera. 

        Como poderia, no entanto, ela se dar conta da cegueira prematura levando em consideração seu amor e devoção por Monsieur Pontmercy? 

        Digo mais, como ela poderia se dar conta que seu encantamento pelo jovem rapaz rico, enquanto havia outro rapaz, não tão abençoado financeiramente quanto o citado anteriormente; era apenas uma perda de tempo e o sofrimento atraído para ela mesma.

        Afinal, havia alguém que a olhava com tanto amor e devoção quanto ela olhava para Marius Pontmercy, o jovem rico perdidamente apaixonado por Cosette, a garota que passara sua infância juntamente à Éponine na estalagem cheia de bêbados do Monsieur e Madame Thérnadier. Sim, havia alguém que a olhava assim. Mas, este, poderia ser considerado tão bom ator a ponto de ninguém perceber sua distração com a presença da Srta. Thérnadier tanto no Café ABC quanto na barricada, ou até nos discursos em meio da praça pública realizados pelos revolucionários.

       Aquele que, desde a primeira vez que a avistara mesmo com Éponine vestida em trapos pela falta de condições, ele a amara. 

       Por que esse tipo de desgraça sentimental deve ocorrer, não é mesmo? Mas, se não fossem os sentimentos vivenciados pelos seres humanos dia após dia, não haveria história. Não haveria porque escrever tantas histórias de aventuras e batalhas sem um motivo pelo qual lutar. Afinal, não existiria Romeu e Julieta sem o sentimento bruscamente despertado por um breve, mas inesquecível encontro. 

       Seria muito bom dizer que Éponine, de alguma forma, sobrevivera ao tiro em seu peito causado por uma ação impensada devido a sua determinada vontade de manter Marius vivo, mas nem eu, nem ninguém, poderíamos mentir a esse ponto.

      Aquele que amava Éponine de verdade continuou na luta. Até o trágico momento no qual os soldados franceses invadiram o local onde os sobreviventes, com exceção de Marius, desacordado, e o Monsieur sem nome revelado fugiram pelo esgoto; haviam se refugiado.

        Enjolras estava próximo è janela. Já sabia que ia morrer e não se importava com isso, pois o corpo de Éponine jamais voltaria a se mexer tão graciosamente como só ela fazia, a batalha estava perdida, pois seus amigos morreram. Com exceção de um que veio ao seu lado quando ergueu a bandeira da revolução, pronto para o tiro que chegou até seu peito rapidamente.

 “Without her, I feel her between my arms”

        Seu corpo caiu pela janela, permanecendo pendurado nesta.

 “I don’t feel any pain”

        Doeu, a princípio. Mas, após algum tempo, Enjolras já não sentia nada. Apenas pensou na possibilidade de ter feito tudo diferente antes de duas balas separarem ele de sua chance de ser feliz.

“And although, I know that she’s blind”

        Ela devia ter percebido. Ele devia ter falado a verdade a ela. Mas agora já era tarde. Já havia passado o tempo de ele correr, ao menos tentar, atrás de sua felicidade.

“I Love her”

            Já era tarde, mas, talvez, quem sabe talvez, de alguma forma, eles conseguissem se reencontrar. Era demasiado ridículo pensar em uma vida desta forma, com chances de mudar tudo após a morte.

Mas, pelo menos ele sabia agora...

“I Love her, but only on my own”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero ter feito alguém chorar, porque eu choro muito quando assisto Les Misérables desde a parte da morte da Éponine até... o final, eu acho.

Bjos :*