Maison De Rosalia (Black Rose) Interativa escrita por Izabell Hiddlesworth


Capítulo 30
Secrets That Live In The Darkness


Notas iniciais do capítulo

Oii!!

Editei a sinopse e a capa da fic. ^^ Depois me digam o que acharam :3 (Obs.: é o portão da Black Rose).

Eu sei que vocês queriam saber do Fran e do Ginger, do Acace e do Heimirich, but...

Boa leitura!! ^^



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O que é esse sentimento? Eu o sinto na maior parte do tempo, mas nunca encontro uma definição. Tão misto, tão profundo, tão pesado. Era como se eu estivesse afundando, como se eu quisesse destruir tudo, torturar todos... Eu me sentia tão vazia.


Acace estava machucado seriamente, e eu não queria ver Fran por causa disso. Yomi-chan me abandonou para cuidar de Fran, já que Ginger estava trancado no observatório. Yusuke, Alex e Arthur estavam na enfermaria com Heimirich, tratando dos ferimentos de Acace.



Viollet e Miguel também estavam com Fran. Shiyo e Yuiichi estavam dando uma volta pelo jardim, com direito à braços dados e beijos eventuais. Hikaru, Kain e Evandro estavam ainda na arena, discutindo sei-lá-o-que.



– Que tédio - reclamou Mira, de cabeça para baixo no parapeito estofado da janela.



O sangue desceu rápido à cabeça, então me endireitei. Abracei minhas pernas flexionadas, repousando o queixo nos joelhos. O sol baixava sobre a linha do horizonte, deixando o quarto com um tom alaranjado.



– Você já se sentiu assim, Mei-chan? - Perguntei num murmúrio.



Mira tentou olhar para mim com "Hã?" estampado no rosto, mas, pelo movimento brusco, acabou indo ao chão. Não pude evitar um sorriso divertido. Passei para o piso de madeira, tirando as mechas azuladas de seu rosto.



– Se machucou?



– Ittai - resmungou ela, se sentando.



Voltei ao banco acoplado à janela, observando as trilhas do jardim.



– Assim como? - Mira retomou seu lugar.



– Assim... Entorpecida de tanta raiva - suspirei. - Sem nexo, ou sentido.



– Por que isso agora, Cash-chan? - Ela amarrou o cabelo azul em uma rabo de cavalo no meio da cabeça.



– Não sei. Eu me sinto afetada com tudo isso, é difícil de aguentar. Sabe, eles são minha família, a única parte da família com quem eu realmente tenho contato - encostei a cabeça no vidro.



– Acho que tenho uma leve ideia do que você está passando - Mira me imitou. - Mas é passageiro.



A encarei com indiferença. Eu tinha certeza de que ela sabia muito mais sobe aquele sentimento que estava me consumindo as entranhas, tentando me virar do avesso.



– Você sabe que o tempo não cura tudo - a fitei intensamente.



– Mas retarda a dor.



– Aumenta a raiva.



E de repente, acompanhar o pôr-do-sol parecia ser necessário para nós duas. Dark se deitou aos nossos pés, mantendo as orelhas em pé. Pensei em Ginger, sozinho no observatório cheio de culpa, dor e raiva, assim como eu.



Precisava encontrar alguém que já tivesse estado na posição de Ginger na mesma situação que ele. Precisava ser alguém de ar descontraído que soubesse convencer e acalmar os ânimos sutilmente. Precisava ser alguém como...



– Yuiichi! - Pulei no chão de supetão.



Dark reclamou quando pisei em seu rabo sem querer.



– Oh, sorry - acariciei a cabeça do bichano.



Mira me encarava assustada, piscando os olhos roxos.



– O que tem o Yuiichi-kun?



– Depois eu explico, temos que roubá-lo ele da Shiyo por alguns minutinhos - puxei Mira para fora do quarto, sendo seguida por Dark.



Os corredores estavam vazios e silenciosos e o elevador parado no primeiro andar. Descemos as escadas e fomos para os fundos da mansão. Forcei a porta da saleta depois da lavanderia, mas estava trancada.



– E agora? Você sabe onde ficam as chaves? - Mira perguntou.



– Só sei das que ficam com o Ginger, com o Yusuke ou com o Evandro - respondi.



– Por que não saímos pelo hall?



– Hm, deve estar trancado também - murchei os ombros.



– Então eles devem ter saído pela lateral - sugeriu a azulada.



Corremos de volta ao corredor principal, chegando às portas de vidro. Afastamos as cortinas e forçamos as maçanetas douradas.



– Yeay, aberta - comemorou Mira.



Saímos no alpendre de teto forrado por brincos-de-princesa de todas rosas, roxos, brancos e amarelos. O passeio de pedras brancas e creme se estendia até a fonte com o enorme leão em pé nas patas traseiras com um uma rosa na boca.



– Está vendo eles?



– Ainda não - disse Mira.



Numa fração de segundos, vislumbrei uma cumprida madeixa verde se esgueirando pelos sapotizeiros.



– Por ali - apontei e puxei Mira pelo passeio.



Contornamos a fonte, onde o passeio de pedras se divergiu em várias trilhas através dos arvoredos.



– Shiyo! - Gritou Mira, colocando as mãos ao lado da boca para ampliar o som.



Pássaros nos galhos das árvores próximas alçaram vôo. Os olhos de Dark brilharam no desejo de ter um daqueles pássaros debaixo de sua pata.



– Assim não - baixei as mãos de Mira. - Não queremos fazer escândalo.



Escolhemos uma trilha e adentramos o bosque. Já começava a ficar escuro debaixo das copas largas das árvores. Eu e Dark continuaríamos enxergando tudo com clareza, mas os outros certamente iam acabar tropeçando em algo.



– Argh - a voz de Shiyo veio do meio das árvores num grunhido, antecedida de um barulho abafado de folhas secas e terra sendo atingidos por um peso considerável.



Eu disse.



– Shiyo? - Mira chamou.



– Shi-chan, você está bem? Minha princesa se machucou? - A voz de Yuiichi soou preocupada mas ao mesmo tempo divertida.



Nos apressamos entre as folhas e raízes grossas até os dois. Shiyo estava sentada sobre a tíbia direita, enquanto Yuiichi examinava seu joelho esquerdo que começava a sangrar por conta de um arranhão.



– Nee, Yuiichi-kun - Mira se aproximou mais. - Precisamos que você dê alguns conselhos para o Ginger, visto a situação em que ele se encontra.



– Mas a Shi-chan se machucou e -



– Nós cuidamos dela, vai logo - apontei para a mansão com o polegar.



Yuiichi se levantou com certa relutância, mas seguiu o passeio de volta à mansão. Me ajoelhei ao lado de Shiyo examinando o pequeno corte.



– Nada de mais, só precisamos lavar, passar uma pomada e colocar band-aid - sentenciei.



– Consegue andar? - Perguntou Mira.



– Hai - Shiyo mostrou-se forte, apoiando-se no tronco de uma árvore próxima.



Quando seus joelhos se esticaram por inteiro, houve um estralo de seus músculos e ela logo voltou ao chão.



– Qual é, nem é tão grave assim - revirei os olhos.



– Mandem o Yuiichi voltar aqui e me carregar para o meu quarto - a esverdeada cruzou os braços.



– Shiyo, você só está com frescura - Mira suspirou.



Shiyo levou a mão ao peito, num gesto de indignação. Fuzilou Mira com o olhar e então virou o rosto.



– Hump!



O sol estava se pondo rápido. Apesar de ser um corte bem pequeno, havia sangrado. Eu podia sentir o cheiro calmante das gotículas do líquido vital de Shiyo, outras criaturas poderiam sentir também.



O céu começou a ficar roxo e eu comecei a ficar preocupada. Shiyo não iria levantar de jeito nenhum, a menos que Yuiichi viesse buscá-la. Mas se um de nós fosse atrás do moreno, os outros ficariam vulneráveis e não podemos deixar a verdinha aqui sozinha.



Senti um arrepio correndo minha espinha, mal pressentimento. Dark esfregou a cabeça em minha perna, mostrando que sentia o mesmo.



– Dark, leve a Shiyo - mandei.



O gato preto foi envolvido por uma rápido brilho. Dark assumiu sua forma humana: alto, pele clara, cabelos negros, lisos, cortados em camadas que iam até o fim de suas escápulas. A franja lhe tampava o olho esquerdo, que nunca ficava visível em sua forma humana - mesmo que ele mudasse a aparência. As roupas negras quase lhe camuflavam na atual iluminação.



Dark se abaixou e pegou Shiyo no colo, antes que ela pudesse reclamar. Mira e a verdinha estavam com os lábios ligeiramente abertos em uma exclamação de surpresa muda. Tive de puxar Mira novamente pelo passeio.



Tínhamos alcançado o alpendre quando as folhas das árvores farfalharam violentamente, me fazendo virar para trás. Uma figura de capa e capuz negros vinha da fonte com a cabeça levemente baixada. Dark abriu a porta lateral e colocou Shiyo para dentro rápido.



– Quem é você? - Ousei perguntar.



O vento assobiou por entre a folhagem. Um sussurro rouco percorreu o espaço entre nós e a figura de negro. Gelei. Mira se agarrou à mim, tremendo. Dark a puxou para a sala, me pegando pelo pulso também.



Meus lábios oscilaram os fonemas e eu nem sequer pude balbuciar algum coisa. A criatura estava encurtando a distância entre nós. Logo, levantando um dos braços esticou um tentáculo negro em minha direção.



Fechei os olhos quando os braços de Dark se apertaram contra mim. O tentáculo cortou o ar ao lado de minha orelha e, para minha surpresa, seguiu em frente. A coisa penetrou no interior da mansão.



– Não! - Shiyo berrou.



A figura negra queria ela. Shiyo estava sendo arrastada para fora, gritando a plenos pulmões por ajuda. Os alarmes da mansão dispararam ensurdecedores, mas talvez já fosse tarde demais. Me soltei de Dark, fazendo a katana do kuroneko aparecer em minhas mãos.



Cortei o tentáculo que prendia a perna de Shiyo, sento atingida por uma substância preta que esguichara da coisa. Caí de rosto no chão, sentindo a terra debaixo da grama me sujar um pouco. Começava a ser arrastada para a criatura.



– Cashmire-sama! - Ouvi Evandro gritar por mim nos batentes da porta de vidro.



– Sai da frente - era Arkane.



O estralo da espada transpassando o tentáculo grotesco me fez relaxar por um breve instante. Evandro me pegou no colo um tanto desajeitado e me levou para dentro. Fui colocada sobre o tapete felpudo, arfando e me agarrando ao blazer do loiro.



Arkane apareceu novamente, empurrando Evandro de seu campo de visão. Ela olhava para o meu tornozelo assustada. Segui seu olhar, encontrando uma mancha negra anelar no local.



– Temos que levá-la para a enfermaria - Evandro voltou para me pegar de novo.



– Não - Arkane o colocou no chão. - Eu consigo curá-la.



Um escudo púrpura nascei na mão da albina. Percebi o movimento quando ela engoliu em seco. Cerrei os olhos, com medo de que acabasse sem pé. O escudo foi encostado na mancha. Uma fumaça cinza e fina evaporava rapidamente subindo de minha tez. Não houve dor, graças à Deus.



– Pronto - Arkane fechou o cenho quando percebeu minha expressão de temor.



– Arigatou, Yomi-chan - a abracei pelo pescoço.



Shiyo voltou nos braços de Hikaru, junto com Mira. A garota foi colocada ao meu lado para que Arkane pudesse cuidar de suas marcas também. Corri para os batentes da porta, procurando por Dark. O neko apareceu ainda humano, com o rosto coberto pela mesma gosma negra.



Puxei as mangas da blusa e limpei seu rosto. A mão quente segurou meu pulso para que a cabeça se esfregasse nas costas de minha mão. Dark me abraçou e, por sua lateral, pude ver os postes de luz do jardim iluminarem o círculo queimado no passeio de pedras.



Yusuke e Kain examinavam o local com as mãos nos bolsos das escuras calças sociais. Meu agente levantou os olhos para mim, frio e sério. Escondi o rosto no braço de Dark.



– Desliguem o alarme - mandou Evandro, a um dos criados.



– Quero ir para o meu quarto - pedi com a voz abafada pela jaqueta de couro que o neko vestia.



Obedientemente, Dark assentiu e me levou ao elevador. Ele preparou minha cama, enquanto eu tomava um relaxante banho. Não parava de pensar no sangue nas costas de Fran, no sangue que Acace tossia, nas gotas de sangue de Shiyo que atraíram a criatura.



– Sangue - murmurei para a água quente.



Quando foi que eu comecei a me sentir assim... Sem sentido. Eu queria destruir alguma coisa, fazer alguém que pertuba sangrar. Queria isso do fundo da alma, até Dark passar a mão por cima de meu ombro e fechar o chuveiro.



Ele me envolveu numa toalha, saindo do banheiro. Assim que saí, encontrei uma bandeja de chá e biscoitos na mesa de centro. Beberiquei o chá vermelho, comi uns biscoitos e a vontade de apagar só aumentava.



Enfim, pude repousar a cabeça no travesseiro, tendo o sono velado por meu gato que continuava fielmente ali, segurando meus pesadelos. Gostaram? u.u



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Notas finais do capítulo

Gostaram? Modéstia à parte, eu gostei u.u

Dark: *ronronando*

Nos vemos nos reviews. :3

Bjs 'w'