A casa mal assombrada escrita por Daniela Lourenzo


Capítulo 4
capítulo 4




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Pov Rocky

—Aí está a senhorita! 

—Oi Dona Olga, desculpe a demora... - falo sem jeito

—Ah, não tem problema minha linda! Pelo visto o assunto era muito importante, não é? - responde com uma piscadinha

—Assim... ahn... Esse é o livro do Ty?

Ela dá um risinho enquanto olha cada parte do meu rosto e depois volta o olhar para o Deuce:

—Menina difícil, meu jovem? 

—Um pouquinho! - responde rindo e fazendo um sinal com a mão 

— Bom, muito obrigada dona Olga! Boa noite pra senhora, até semana que vem! - dou um sorriso e pego o livro.

Depois de colocá-lo em minha mochila e sair pela porta da biblioteca sinto uma mão puxando meus ombros:

—Ei, calminha aí ligeirinha! 

—Eu tô morrendo de fome! Não faz ideia! - falo revirando os olhos passando a mão sobre o estômago.

—Tenho sim! Esqueceu que comemos no mesmo horário?

—Oh, é verdade... Mas temos que ir logo! Vamos passar na tua casa ainda, esqueceu?

—Talvez não precise... Depois que voltei para casa quando saímos da casa da Cece eu deixei uma mochila arrumada com minhas roupas e coisas já na mala do carro.

—E a roupa de hoje a noite? - pergunto arqueando uma sobrancelha

—Teu irmão tem uma caixa com roupas minhas...

—Isso que é intimidade, viu! 

—Vai dizer que a Cece não deixa roupas na sua casa... - ele diz dando a partida no carro

—Não... - respondo e ele me encara - ela usa as minhas...

Ele solta um riso e eu reviro os olhos. 

O caminho até minha casa é tranquilo. Começou a tocar algumas músicas do Ed. Sheeran, o que fazia com que o ambiente não ficasse totalmente em silêncio.

— Está bem mesmo com tudo isso? - pergunta

—Não entendi...

—Sobre esse final de semana naquela casa...

—A verdade? - ele acena- Não...

—E por que não falou nada? 

—Ah, porque a Cece ficou tanto tempo doente e eu fiquei com tanta saudade que queria fazer esse esforcinho por ela! E bom, temos a chance de ficar juntos...

—Temos é? - pergunta em tom de deboche

—Deuce, não quis dizer nós dois e sim o pessoal! Melhore.

—Desculpe. Você já visitou o local? 

—Não... quer dizer, eu sei aonde fica e tudo mais, mas nunca cheguei a ir lá...

—Mas os seus pais não congregavam naquela igreja?

—Falou certo, meus pais que congregavam! Não sou muito adepta a religiões...

—Então não acredita em Deus?

—Acredito! Não acho que preciso estar vinculada a uma religião para acreditar em Deus.

—Entendi... Bom, espero que tudo dê certo e que voltemos em segurança!

—Amém! - falo encostando o rosto no vidro do carro

(...)

Ao chegar em casa vou direto para a cozinha preparar alguns sanduíches para mim e para o Deuce. Como estou suada e um pouco incomodada com o meu cheiro ( odeio suor!) resolvo levar as coisas para o meu quarto e tomar um banho antes de qualquer coisa.

—Ty, o seu livro está na minha bolsa... - digo ao pé da escada

—Tudo bem! Deixa só eu terminar essa pesquisa que eu pego, obrigado.

—Nada... Cade o Deuce? 

—Subiu. Provavelmente está no meu quarto pegando alguma roupa...

—Ah, tudo bem... Até mais tarde!

—Até!

Arrumo as coisas na bandeja e vou subindo bem devagar para não correr o risco de tropeçar, cair e derrubar tudo.

Entro no meu quarto com o maior cuidado e deixo as coisas em cima da estante maravilhosa que ganhei da vovó no mês passado. Vou até o guarda roupa e pego o pijama e a minha toalha e logo em seguida parto para o banheiro apenas com a toalha enrolada no corpo mesmo.

Sento um pouco na cama para pensar sobre o que vai acontecer a manhã:

—Será que é mesmo uma boa ideia Rocky? - pergunto olhando no espelho a minha frente

E se tiver algum louco lá? Ou tiver acontecido algo ruim naquele lugar e a gente não sabe? Não tem porquê uma casa linda daquelas e grande estar toda fechada e abandonada como está agora... E também por que a igreja ao lado fecharia? O padre sempre mostrou muito compromisso com o seu trabalho...

Estava tão concentrada no espelho e no meu reflexo que comecei a sentir alguns ventos mais frios pelo corpo e pela lateral da orelha...

—Nossa, que frio! 

Vou até a janela da frente e fecho-a rapidamente! Passo também as cortinas pela frente e prendo cada um a um lado da janela para não correr o risco de passar algum raio de luz bem cedo e acabar me acordando fora do horário...

Sento novamente na cama e começo a sentir os arrepios novamente... Não sei se aconteceu com vocês em algum momento da vida, mas já tiveram a sensação de estarem sendo observados? Ou simplesmente estarem tão ansiosos ou com medo de algo que acabam criando situações na cabeça?

—Calma Rocky... Vai ser um bom final de semana, você vai ver! - repito de olhos fechados

Resolvo levantar e finalmente ir tomar o meu banho. Ao chegar no corredor ouço um barulho estranho vindo do banheiro:

—Deuce? - chamo baixinho

—Deuce, é você? 

Vou me aproximando aos poucos e a medida de que fico mais perto o meu coração acelera cada vez mais...

—Deuce? - paro em frente a porta

Coloco a mão sobre a maçaneta e vou girando lentamente até conseguir ter espaço para colocar a cabeça. Quando estava abrindo os olhos ouço um grito no meio da minha cara e eu acabo me batendo contra a parede

Grito de volta e cubro os olhos sem saber o que pode ter causado esse barulho enorme contra mim! Vou escorregando pelas paredes e fico encolhida no chão.

—Rocky? Ai meu Deus, Rocky! Desculpa, não vi que era você!

—Deuce? - falo tirando as mãos dos olhos

—Desculpe, estava com os fones no ouvido enquanto escovava os dentes. Acabei batendo a mão na prateleira de shampoo e derrubei alguns...

—Você tem noção do susto que me deu?! Eu poderia ter infartado aqui! Chamei você mil vezes, Deuce! - grito furiosa

—Me desculpa!!! E, Rocky? - fala envergonhado olhando para os lados.

— O que é?

—Você esqueceu de pegar a tolha do chão... - fala de costas

—O que?!! Ai meu Deus, sai daqui!!

Puxo ele com força e entro correndo no banheiro batendo a porta com força logo em seguida.

Fico contra a porta com a mão no coração com os olhos apertados.

—Que droga! Que vergonha! - falo sem parar

—Rocky... - ouço um sussurro

—Ainda está aí? - pergunto

—Desculpe mais uma vez...

—Tudo bem, deixei o seu jantar no meu quarto!

—Certo, obrigado... - ouço ele se afastar

Resolvo levantar devagar e prendo o cabelo num coque.

—Tudo bem... Um bom banho vai lavar todas as sensações negativas e constrangedoras que esse dia trouxe para você.

Então eu coloco a toalha em cima da pia e vou para debaixo do chuveiro. 

Pov Deuce

Caramba Deuce! Você não consegue dar uma bola dentro, né? 

Ver a Rocky pelada? Como homem eu gostei sim, mas como um amigo eu não tenho dúvidas de que isso foi super errado! Sei que estará morrendo de vergonha e não a posso culpar por nada, até porque foi eu que não respondi quando fui chamado.

Vou até o quarto do TY, troco de roupa e vou até o quarto da Rocky.

Sento em sua cama e observo cada detalhe do cômodo:

Sua penteadeira toda organizada com seus perfumes, maquiagens e acessórios. Estante com alguns livros e mochila em cima, com sua câmera, algumas pelúcias e o globo que dei de presente no natal passado. Seu violão no canto do quarto ao lado do skate me fazem lembrar do dia que fomos até a praia ao anoitecer tentando organizar um luau que infelizmente não funcionou, obrigada chuva.

Ao lado da cama há um criado mudo com algumas fotos nossas com o pessoal e tem uma, em especial, que tiramos no aniversário de 17 anos da Cece... Esse foi o primeiro dia em que começamos a conversar e um tempinho depois viramos grandes amigos! 

— Tudo bem? Não achou o sanduíche? - Ouço uma voz no fundo

—Ah, Oi! Achei sim... só fiquei um tempo parado olhando o seu quarto... É bem bonito! - falo tímido

—Ah, obrigada... -responde sem jeito

Ela vai até a estante, pega a roupa separada e olha para mim:

—Pode virar rapidinho? 

—Ah, claro...

Ouço um suspiro e logo em seguida em começa a se trocar. Estende a toalha no porta toalhas no canto do quarto e senta ao meu lado na cama com a bandeja na mão.

—Me acompanha? - pergunta sorrindo

—Será um prazer! 

Ela sorri e me entrega a xícara ainda quente e os sanduíches. 

A todo momento fico observando seus passos... O jeito que come, que se move, que sorri... Ela é tão bonita! 

—Então, aonde vai dormir? - sou interrompido ao ouvir sua voz

—Oi? Bom... tem o sofá e o quarto do Ty, qualquer um está bom!

—Acho que  Tinka vai dormir com ele hoje! Se eu não estou enganada ele foi buscar ela em casa agorinha...

—Ah, então eu fico no sofá! - respondo dando um empurrãozinho

—Dorme aqui... - fala levando a bandeja até a estante novamente

—No seu quarto? - pergunto

—Sim, no meu quarto! Qual o problema? - pergunta se jogando no canto da cama

—Ah, não sei... 

—Apaga a luz e deita aqui!

Ela ascende o abajur e chega para o lado, me entregando um lençol e um travesseiro. Liga o ar condicionado e a televisão a sua frente.

—Ela é rica ela!

—Não sou rica! Trabalhei um bom tempo no shopping e cuidando do vinícius, esqueceu? A família dele que era rica! Adorava meu salário! - falou rindo

Tiro as sandálias e deito ao seu lado. Ela coloca um filme de animação e olha para mim:

—Posso? 

— O que?

—Encostar no teu ombro...

—Ah, pode vir!

Ela sobe um pouco mais na cama e encosta o rosto no meu ombro. Aproveito e faço um cafuné nela e com a outra mão faço carinho em seu rosto. 

—Você também acha Mulan incrível? - pergunta

—Mulan?

—Sim, olha só que exemplo de mulher. Ela vai contra todo um sistema para salvar a vida do pai! Que por sinal não apoiou sua decisão... 

—Ah sim!! Com certeza! Você teria a mesma coragem que ela?

—Não sei... talvez sim, talvez não... não meço esforços para alcançar meus objetivos

Então ela olha para mim com aqueles olhos castanhos enormes e pergunta

—E você? Teria a coragem dela?

—Também não sei... 

Ela solta um risinho e volta a assistir o filme.

Depois de 50 minutos de filme ela acaba dormindo e eu resolvo dormir no sofá, só para caso os pais dela não gostem de ver a filha dormindo na mesma cama com um cara.

—Ei, para onde está indo? - pergunta sentando na cama enquanto coça os olhos

—Talvez seja melhor se eu dormisse no sofá

—Deuce... 

Ela levanta da cama, passa por mim e fecha a porta. 

—Não tem problema, e eu não vou te morder! 

—Rocky, você não entende!

—Então fala pra mim, Deuce! O que está acontecendo?

—Você não tem ideia do quanto é difícil estar próximo a você e não poder fazer nada! Não poder ficar te tocando, não poder beijar você, dizer as coisas que eu sinto e ficar um pouco mais perto! 

—Você... você gosta de mim? - pergunta e eu respondo encarando o chão

—Sim. Achei que seria apenas um sentimento bobo, mesmo depois de termos conversado na biblioteca.

—Fica aqui... não dorme na sala

—Rocky...

Ela levanta meu rosto e dá um beijo em minha bochecha.

—Por favor, assumo toda a responsabilidade caso meus pais não gostem! O que eu tenho certeza que não vai ter nenhum problema.

Ela vai até a cama e fica me encarando com um sorriso e os braços abertos. 

—Tudo bem... - dou-me por vencido e deito ao seu lado

—ÊÊ!! - ela sobe em mim e me abraça forte

—Cuidado! Ainda sou homem! 

—Vou fingir que não ouvi isso!! - Ela tira as pernas de cima de mim e eu me enrolo virando em sua direção.

—Boa noite... - sussurro com os olhos já fechados

Sinto sua respiração próxima ao meu rosto

—Boa noite... - Ela deposita um beijo em meus lábios e coloca o rosto em meu pescoço.

Dou um leve sorriso e em alguns minutos acabo dormindo.

 


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