- Amor? – estava perdido em pensamentos, enquanto brincava com os cabelos macios de Melody. Estavam em casa, assistindo algum filme romântico, mas estavam tão distraídos que as imagens se moviam na TV sem que eles percebessem. – Mel?

- Hum? – Respirou fundo e olhou para o marido. “Marido”. Gostava de como soava a palavra. – O que foi?

- Nada, só estava pensando... Ainda não escolhemos um nome para o bebê. Que acha de Yumi se for menina?

- Não sei... Prefiro esperar para olhar nos olhos dele e descobrir com que nome ele se parece. Yumi é legal, mas é que e se ela tiver cara de Ashiya? E outra, e se não for menina?

- Tem razão... – Suspirou e depositou um selinho em seus lábios. – Falta tão pouco agora não é?

- Isso me assusta... E se eu não for uma boa mãe? E se ele não gostar de mim? E se ele me odiar? – Olhou prolongadamente para o mais alto. – E se ele não me quiser por perto, o que eu vou fazer?

Miyavi levantou-se e agachou de frente a esposa, encostando seu ouvido na barriga já crescida. Assentiu com a cabeça algumas vezes e murmurou alguns ‘Uhum’. Melody não estava entendendo mais nada.

- O que é isso, Miyv?

- Nada demais, só estava ouvindo nosso bebê. Ele me disse que já te ama incondicionalmente e que não agüenta mais esperar para poder ser abraçado por você. O quê? – Voltou a encostar o ouvido na barriga. – Ah sim, e pediu pra falar pra você parar de se preocupar que logo ela vai estar ao seu lado.

Com os olhos marejados, Melody começou a chorar, rindo de tamanha felicidade. Miyavi retribuiu o sorriso e a beijou, afagando seu rosto.

- Você é mesmo um bobo, mas eu me orgulho de ter me casado com um bobo assim. – Riu enquanto olhava para o marido, mas de repente seu rosto mudou de feição e um líquido começou a escorrer por suas pernas. – Miyavi, a bolsa estourou!

- Ah, a bolsa estourou... – Disse calmamente, de repente ficando consternado. – A bolsa estourou? Meu deus, a gente precisa correr, e temos que ir para o hospital... – Andava de um lado para o outro enquanto tentava pensar.

- Amor, calma! A bolsa estourou agora, relaxa. – Levantou com a ajuda do marido. – Mi, eu vou tomar um banho, enquanto isso pegue algumas roupas para mim, okay?

- Mas, a gente precisa ir logo para o hospital, e... – Respirava ofegante, totalmente descontrolado.

- Mi, pegue as roupas. Não se preocupe tanto comigo, eu estou bem. – Acariciou o rosto do marido. – Acha que pode fazer isso?

- H-hai. Eu vou pegar as roupas.

- Isso. Eu vou tomar banho.

Com muita calma, Melody foi até seu quarto e pegou uma muda de roupas, e dirigiu-se ao banheiro. Tomou um banho não muito demorado e se vestiu. Assim que saiu, viu Miyavi perdido num mar de roupas espalhadas pela cama. Riu com todo o alvoroço do marido, era visível o quão sem ação ele estava, não sabia o que fazer. Chegou próximo a ele e o abraçou, beijando e descansando a cabeça dele em seu peito, mesmo com a diferença de altura.

- Anjo, acalme-se. Está tudo bem.

- Eu... Eu vou ser pai, Mel.

- E eu mãe. – Riu debochada. – Agora fique tranqüilo. Vamos para o carro, enquanto isso procure relaxar.

Encaminharam-se até o carro, e o maior pareceu se acalmar um pouco. Dirigia com cuidado, evitando qualquer movimento brusco. Melody estava no telefone, avisando o médico particular deles que o bebê estava a caminho. Depois ligou para uma dezena de amigos. Miyavi aproveitou e ligou para seus amigos também, dizendo que seu bebê ia nascer.

 - Kai, meu bebê está nascendo! Kai, o meu bebê! – Falava alto ouvindo a risada de alegria do baterista do Gazette no viva voz.

- E a Mel, como está? – perguntou preocupado.

- Eu estou bem Kai. Quem me preocupa é o Miyv, parece que é ele quem vai nascer... Ai!

- O que foi? – Os dois perguntaram em uníssono.

- Ai... Nada demais, só mais uma contração. O tempo está diminuindo rápido dos intervalos, o bebê tem pressa.

- Kai, eu te ligo depois. – Desligou enquanto estacionava o carro. Em poucos instantes Melody entrava no hospital, e logo estava na sala de parto, junto ao seu médico.

- Mi, fica comigo? – Pedia deitada, entre uma contração e outra.

- Claro que sim! – Beijou-a. – Vai ficar tudo bem.

As contrações continuaram devagar e o médico certificou-se de que o bebê estava na posição correta. Esperaram pacientemente que as contrações aumentassem a freqüência, o que demorou várias horas. Miyavi alisava os cabelos da jovem mãe, dizendo que tudo estaria bem e que ela ficasse tranqüila. Quando o médico achou que era a hora, pediu que Melody fizesse força. A moça suava e respirava fundo, buscando forças para ajudar o bebê a sair.

- Vamos bebê, ajude a sua mãe. – Segurava com força a mão do marido, que lhe transmitia toda a força e confiança que precisava.

- Só mais um pouco, Melody. – O médico dizia. – A cabeça já saiu. Vamos, só mais uma vez.

- Ahhh... – Fez força pela última vez, e o som que se seguiu foi de um choro de criança.

- Parabéns, é uma menina linda. – O médico cortou o cordão umbilical e limpou a criança, embrulhou-a em um pano azul e entregou para a mãe. – Já escolheram o nome?

- Miyv... Eu sou mãe... Miyv, olhe, nossa menina! – Assim que sentiu o cheiro de sua mãe, o bebê se aquietou e se aconchegou. Melody chorava de alegria, Miyavi ainda estava absorto em pensamentos.

- Então qual o nome dela? – O médico sorriu feliz.

O cantor pegou com cuidado a filha nos braços e a trouxe próximo a seu corpo. Olhou para os olhos fechados da filha. Sua mão estava perto da barriga dela, e mesmo de olhos fechados, ela agarrou-se com sua pequena mãozinha ao indicador do pai. Miyavi derreteu com tal atitude e olhou para Melody, mostrando todo seu amor pelo olhar.

- Airi. O nome dela é Airi, minha amada. Meu bebê. A razão do nosso amor, Mel.

Só agora, com sua esposa e filha que Miyavi percebeu o quanto era feliz. Só agora ele entendeu que o que ele sempre quis era isso, ter sua própria família. Agora era tudo verdade.

Liu_Lestat

09/08/09