Math For Love escrita por Valentine


Capítulo 33
Amici Milano


Notas iniciais do capítulo

Gente! Antes de mais nada, peço desculpas por não ter avisado isso no último capítulo. Fiz vestibular essa semana, e acabei me ausentando das minhas atividades. Acreditava ter anunciado isso a vocês, mas só agora vim perceber que não o fiz. Por isso, mil perdões! Nunca esqueceria de vocês.
Agora, obrigada às duas recomendações que recebi, fiquei muito contente e agradecida! Aqui está o capítulo extra que vocês tanto queriam, um beijão, e deixem seus comentários!



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Eu abri os olhos rapidamente quando ouvi o som irritante do despertador, piscando rapidamente para ter certeza de que tudo aquilo havia sido apenas um sonho bobo meu. Mas não. Não era. E, sinceramente, eu não sei se isso me deixava feliz ou assustada.

Os sapatos de salto da tia Ana estavam ali mesmo onde eu os havia deixado na noite passada, no canto da cama. O vestido azul que eu usava estava completamente amassado, e graças à Deus não tinha um espelho ali perto para que pudesse ver minha situação horrível por ter dormido de maquiagem.

Ergui os braços, alongando-os completamente, e bocejando pela terceira vez. O sol raiava forte lá fora, o que me assustou com a possibilidade de ter perdido o horário do almoço com Peter.

Ah, Peter... E Daniel.

Fechei os olhos e respirei fundo, não podendo evitar as imagens da noite anterior, que fizeram meu peito quase saltitar. Ainda sentia um frio na barriga só de imaginar, como se estivesse passando novamente por aquilo. Porque eu não senti nada disso quando Peter me "beijou" no primeiro ano? Porque só o Daniel me deixa assim?

Lembro-me bem de como reagi na noite passada.

Quando entrei em casa, deixando Daniel na porta, era como se não sentisse minhas pernas. Já não bastasse a dor de meus pés que magicamente sumiram, sentia meus membros anestesiados.

Fechei a porta atrás de mim e deixei que o peso de meu corpo caísse sobre ela. Deslizei o tecido das costas do meu vestido sobre a superfície plana de madeira, ouvindo o choque de meus joelhos com o chão também de madeira. Esfreguei os olhos com as duas mãos, tentando acreditar que aquilo tudo era verdade.

Como pode? Como, em todo esse mundo, pode Daniel Harris ter me beijado?

Suspirei, colocando para fora todo o ar que parecia preso em meu peito, todo o ar que havia prendido desde o momento em que ele tocou meus lábios com os seus. Toquei meus lábios, ainda sentindo-os formigar com o gosto daquele beijo.

Que sensação estranha... Meu coração batia tão forte que eu conseguia ouvir o palpitar sem tocar o meu peito. Como ele fez isso comigo? Ainda podia sentir suas mãos em minha cintura, minha pele arrepiava só de lembrar o que aconteceu!

Levantei do chão, pegando os sapatos com as mãos e caminhando até as escadas, subindo-as vagarosamente. Minha mente não conseguia parar de imaginar aquilo... O Daniel disse estar gostando de mim... De mim, justo de mim! Como isso aconteceu? Ele foi o primeiro a dizer que isso nunca aconteceria!

Entrei no quarto e deitei na cama, não estava com a mínima vontade e paciência de trocar de roupa. Não ali, depois do que acabou de acontecer.

O pior foi para dormir, o que eu só consegui fazer depois de quase três horas tentando conter meu nervosismo.

De qualquer forma, hoje é um novo dia. Um novo dia bem confuso, por sinal. Almoçaria com Peter e seria como se nada daquilo houvesse acontecido. Por mais que Daniel mexesse comigo desse jeito, não poderia ser flexível. Como saber se isso não é mais uma confusão de Daniel Harris? Como saber se ele não está brincando comigo, ou até mesmo sem entender seus sentimentos?

Não pode ser verdade... Ele não pode estar realmente apaixonado por mim. Não posso acreditar nisso.

Chequei o celular ao lado, em cima do criado mudo. Haviam cinco chamadas não atendidas de Daniel. O que eu deveria fazer? Não, não estava preparada para conversar.

...


– Desculpe o atraso. - Falei em um baixo tom de voz, sentando-me na cadeira de frente para Peter. - Acordei tarde hoje.

Marcamos de nos encontrar no Amici Milano, um restaurante italiano que fica na Chestnut Avenue, um dos meus preferidos. A decoração aconchegante parecia ter o poder de deixar a comida de lá cada vez melhor.

Peter levantou os olhos do cardapio, encontrando os meus. Logo, seu olhar desceu para meu corpo, o que me deu uma sensação péssima de desconforto.

– Você está diferente, Mary. - Peter disse, voltando a olhar para meu rosto.

Juntei os dedos com nervosismo, estalando-os rapidamente. Acho que já estava experiente nisso.

– Diferente? Diferente como? - Perguntei, desviando o olhar para as janelas de vidro que deixavam raios solares tocarem minha pele.

Peter fechou o cardápio, colocando-o sobre a mesa forrada e desviando seu olhar do meu.

– Suas roupas. Seu cabelo.

Olhei para baixo, vendo o confortável tecido do meu suéter vermelho. O clima estava frio e era agradável usar meus suéteres. Uma saia de pregas não muito curta era escondida pelo comprimento do suéter, dando para ver apenas a sua barra e a meia calça branca que usava. Passei a mão direita por meu cabelo ainda úmido que caia completamente liso atrás das orelhas.

– Qual o problema com as minhas roupas? - Perguntei, sentindo minha voz falhar.

Peter se consertou na cadeira.

– Não, não tem problema nenhum. - Ele sorriu amarelo. - É que você estava diferente ontem. Hoje você parece uma garota de quinze anos. Peter riu, apoiando o queixo no punho.

Franzi as sobrancelhas, entrelaçando meus dedos e mantendo o olhar em minhas mãos.

– Mas... Eu tenho quinze anos.

Peter desfez o sorriso, voltando a abrir o cardápio, obviamente desconfortável com aquele assunto.

Aquele não foi o melhor almoço de minha vida. Não chegou nem perto de ser o encontro que eu imaginava. Peter não parecia satisfeito com nada daquilo, e eu sentia que minha aparência havia o decepcionado. Eu sou tão estranha assim?

Não importava, não conseguia me concentrar. Por mais que tentasse prestar atenção no que Peter falava, minha mente estava em Daniel. Em nosso beijo, em nosso contato... em tudo o que ele me disse na noite passada. Porque eu acreditei que sair com Peter me faria esquecer tudo aquilo?

Não posso estar sentindo algo por ele... Eu sinto que me envolver com Daniel seria uma maluquice.


...


Enquanto os raios solares tocavam minha pele, caminhava rumo à minha casa. Por mais que Peter tenha insistido em me deixar em casa, recusei. Não estava me sentindo confortável com aquilo, nem um pouco. Nunca imaginei que um encontro poderia terminar daquele jeito.

Daniel... Será que tudo era culpa dele? Se não fosse aquele beijo, como as coisas aconteceriam? Será que meu encontro com Peter seria diferente? Será que eu o agradaria ou me sentiria feliz durante esse almoço?

Virei à esquina, vendo de longe a caixa de correio da minha casa. Aproximei-me notando algo estranho na porta de casa. No acostamento, um carro conhecido estava estacionado. Caminhei mais um pouco, reconhecendo a placa.

Daniel.

Olhei na direção na entrada, e lá estava ele, sentado nas escadas. O que ele fazia ali? Há quanto tempo estava ali?

– Está aqui há muito tempo? - Perguntei, colocando as mãos nos bolsos de meu suéter e parando em sua frente.

Daniel levantou o olhar rumo ao meu, e eu pude ver uma grande angústia na expressão daqueles olhos azuis.

– Não muito. Uns trinta minutos no máximo. Você não me atendia, resolvi esperar aqui.

Sentei-me ao seu lado na escada, dobrando os joelhos e abraçando minhas pernas.

– Desculpe, não estou com cabeça pra nada hoje... - Sussurrei, fechando os olhos.

– Como foi o encontro? - Perguntou, olhando para o carro estacionado lá na frente.

– Péssimo. Vamos fingir que isso nunca aconteceu. - Respondi, ainda com os olhos fechados.

Um silêncio constrangedor se instaurou entre nós, e eu estava curiosa para saber o que Daniel estava pensando.

– Vejo que a verdadeira Mary voltou. - Abri os olhos, olhando-o diretamente.

– Como assim? - Perguntei.

Daniel desviou o olhar para meu suéter.

– Ah. - Virei o rosto. - Nem venha, eu já sei o quanto estou horrível. Mas, quer saber? Eu não me importo. Eu gosto de me vestir assim, é confortável.

Daniel sorriu, olhando para seus sapatos.

– Eu não disse que estava horrível. Acho que combina com você. Não consigo te imaginar de outro jeito.

– Pensei que você tivesse se impressionado comigo ontem. - Sussurrei, esticando as pernas.

Daniel suspirou ao meu lado.

– Eu fiquei impressionado sim. Mas eu prefiro a Mary que eu conheço. É dela que eu gosto.

Senti meu coração parar por alguns segundos, mas logo recuperei a consciencia e fechei os olhos.

– Eu não consigo acreditar nisso. - Disse, abrindo os olhos e voltando para seu rosto. - Daniel, até ontem você estava correndo atrás de uma líder de torcida que mal conhece, como posso acreditar nisso? Como vou saber se não é só mais uma confusão sua?

Daniel pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos. Senti um arrepio alcançar minha espinha assim que o calor de sua pele tocou a minha. Ele pousou seus olhos nos meus, despedaçando cada pedaço da enorme barreira que construí frente a meus sentimentos.

– Confia em mim. Por favor.


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Notas finais do capítulo

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