Math For Love escrita por Valentine


Capítulo 23
A Mary's Kiss (Extra!)


Notas iniciais do capítulo

RECADO IMPORTANTE
Gente, eu prometi e estou cumprindo!
Prometi que a cada nova recomendação a partir de agora, vocês ganhariam um capítulo extra de 1000 palavras narrado por um personagem.
Agradeço à recomendação da Larissa Ferreira, espero que gostem!
Se quiserem outro capítulo extra assim, é só fazer uma recomendação!
Aguardo comentários, beijos!



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Meu primeiro beijo foi aos catorze anos. Não exatamente. Quer dizer, isso depende do seu ponto de vista, claro, isso se você considerar aquilo como um beijo. Foi com um primo meu, quer dizer, eu o considerava um primo, mas na verdade ele era o primo da minha prima. Eu sei, é uma confusão, não é?

Embora ele sempre a visitasse nas férias de verão, já faz alguns anos que não o vejo. Três anos, eu acho. Lembro do inicio do meu Primeiro Ano do Ensino Médio, eram as nossas férias, e eu, como sempre, alternava as tardes na casa da Katie, minha melhor amiga. Ou ex-melhor amiga, interprete como quiser.

Em uma dessas tardes, brincávamos de verdade ou desafio com seus vizinhos, e o seu primo estava lá. Lembro-me como se fosse ontem: quando a garrafa vazia de Coca-Cola girava em nossa rodinha e uma das garotas ali - acho que era Sabrina ou Samantha o seu nome- me desafiou a beijar o primo da Katie.

Você me conhece, é claro que não aceitei.

Mas, você sabe como são os pré-adolescentes dessa idade, aquela fase em que querem ser adultos e forçam uma personalidade inexistente para serem encarados assim. Acabei ouvindo algumas piadinhas, me chamaram de covarde, até ofenderam a Katie por ser amiga de uma "covarde" como eu.

Não aguentando aquela pressão, a Katie foi a primeira a me empurrar dentro do armário do seu quarto junto com o seu primo, dizendo que só nos permitiria sair dali depois de algo acontecer. E por "algo" você deve ter noção do que ela estava falando. Pelo visto, Katie era esse tipo de pessoa, que mudava sua personalidade para ser aceita entre os amigos.

Acho que nunca senti tanto nervosismo na minha vida.

– A Katie é uma idiota... Ela ainda me paga.- Eu sussurrava, debruçada entre os casacos amontoados nos cabides.

Estava um pouco escuro, a luz natural exterior penetrava por uns pequenos espaços vazados na madeira branca da porta do armário.

Você nunca beijou ninguém? - Ele perguntou, do outro lado do pequeno espaço. Não era óbvio?

– Não. - Senti minhas bochechas esquentarem. Ainda bem que não deu pra ele reparar.

Eu consegui ouvir uma risadinha de longe, senti que ele caçoava de mim. Aquele idiota.

– Porque está tão nervosa? Eu também nunca fiz nada disso. - Ele disse, logo me assustei.

– S-Sério? - Gaguejei e ele percebeu minha surpresa.

Ele pareceu arrepender-se do que disse ao cruzar os braços.

– Se contar isso a alguém, eu juro que vou te perseguir e matar. - Ele disse, mas eu me segurei para não rir.

Passamos alguns segundos calados.

– Porque as pessoas tem de fazer isso? - Perguntei quebrando o silencio. - O que elas vão ganhar nos obrigando a dar um beijo? Isso diz respeito à vida de alguma delas?

Ouvi o garoto suspirar ao meu lado.

– Também não entendo. Parece falta do que fazer, sei lá. Meus colegas me zoariam pro resto da vida se descobrissem que nunca beijei uma garota.

– Então porque não beija alguém? Tem tanta gente aí que vê isso como um troféu.

Pude perceber a sombra de sua cabeça projetada na parede se abaixando, seguindo o som do estalar de seus dedos.

– Sei lá... Eu tenho vergonha. - Ele disse. - Parece ser fácil, mas tenho medo de fazer alguma coisa errada. É difícil chegar assim do nada.

– O que poderia dar errado? - Perguntei, encostando-me na parede virada para ele.

– Ah, me diga você. - Ele riu. - Você também nunca beijou, como sabe o que deve fazer?

Abaixei a cabeça, constrangida. É, ele estava certo. Tudo o que eu sabia sobre beijos era o que via nos filmes, o que os livros contavam.

– Encostar os lábios... é um beijo, não é? - Perguntei, brincando nervosamente com meus dedos.

Esperei uma resposta, mas só o ouvi se aproximando de mim.

– Assim? - Ele perguntou, quando de repente, a distância era a mínima para que nossos lábios se tocassem.

Assustei-me, quase dei um pulo para trás, mas não foi possível já que a parede atrás me impedia. Não durou muito. Três, quatro segundos com os lábios encostados, no máximo. E vou te falar uma coisa: eu não senti nada demais. Cadê a grande emoção dos beijos que todo mundo fala? Quando ele se afastou, tinha um sorriso tímido nos lábios. Eu ainda estava apavorada.

– Então esse foi o nosso primeiro beijo. - Disse por fim, olhando para o chão.

Aquela foi a última vez que o vi, o primo da Katie. Depois daquelas férias, a Katie afastou-se de mim, como você já deve saber. Não sei se devo considerar aquilo um beijo de verdade, mas foi a minha única experiência com garotos. É, realmente, acho que nunca tive nada tão próximo disso com algum outro, exceto o Daniel, que cuidou de mim durante toda essa noite.

Espera, porque eu lembrei disso mesmo?

Ah, sim, foi por causa do que aconteceu há cerca de dez minutos atrás, quando o Daniel se despediu e saiu da minha casa. Fiquei tão feliz por poder contar com ele, por poder desabafar e contar meus problemas. Desde que perdi a Katie, ninguém nunca foi tão amigo a esse ponto. E, ao se despedir, ele depositou um pequeno beijo em minha testa, um beijo que me fez recordar a única vez que um garoto chegou tão perto de mim... Foi como um pedido e um desejo para que eu ficasse bem, para que aguentasse toda aquela dor que ele me fizera esquecer por um momento.

O beijo inocente de Daniel mexeu mais comigo do que o beijo daquele garoto, há três anos atrás.

Não entendo, como o Daniel consegue fazer isso? Simplesmente, toda a dor simplesmente é ofuscada por sua presença, é como se ele conseguisse me fazer feliz, me fazer esquecer tudo o que me fez chorar...

Vou contar um segredo para vocês: Eu tenho muito medo. Medo de que o Daniel desperte em mim algo que eu nunca senti por ninguém, algo que eu não posso sentir por ele, afinal, ele já é de outra pessoa.

E cá entre nós, quem é Mary Monroe diante de todas as outras que ele pode ter?


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Notas finais do capítulo

Gostaria de outro capítulo extra assim? Faça uma recomendação!
Comentem bastante, e terá um capítulo novinho em breve!