Math For Love escrita por Valentine


Capítulo 2
Fraudes


Notas iniciais do capítulo

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Seis horas da manhã: cedo demais para a maioria dos estudantes de Nottingham High School North, em Trenton, New Jersey. Pelos corredores ainda escuros da escola que apresentava apenas alguns presidentes de grupos estudantis preparando seus afazeres para o dia que seguiria, Mary caminhava lentamente em direção à biblioteca. Cumprimentou a bibliotecária de óculos fundo de garrafa que a recepcionava e com quem construira uma relação de amizade durante os três anos em que permanecera naquela escola. Caminhou até a bancada com computadores e ligou a CPU de um deles.

– Sua impressora parou de funcionar de novo? - Perguntava Rachel, a bibliotecária.

– Nem me diga. Preciso economizar um pouco nos livros e comprar outra. - Respondeu Mary, sentando-se na cadeira em frente à CPU que carregava.

– Você não precisa abrir mão do que gosta, Mary. Sabe muito bem que se quisesse, poderia lucrar muito com as aulas extras que lessiona no seu reforço.

– Não posso fazer isso, Rachel. Eu comecei a fazer isso vonluntariamente, e assim deve ser. Além disso, não são todas as crianças que poderiam pagar por isso. - Disse abrindo o arquivo e solicitando impressão.

– É, mas você sabe que o dinheiro seria de muita ajuda, até mesmo pra garantir seu futuro na universidade.

– Eu sei, mas mesmo assim, não me sentiria justa cobrando pelas aulas. De qualquer forma, esse trabalho já vai contar muito em meu histórico escolar, não é? - Sorriu conformada, pegou os papéis e foi em direção à saída. - Tenha um bom dia, Rachel!

Mary andou pelo corredor, agora já com uma certa quantidade de pessoas circulando em direção aos armários, e foi até o banheiro feminino. Olhou-se no espelho. Não era aparentemente alguém que chamasse atenção, ou que se diferenciasse das demais pessoas. Os cabelos pretos caídos atrás do pescoço, num corte suficientemente curto e com alguns cachos escondidos atrás das orelhas realçavam o tom mel de seus olhos, e sua pele clara com pequenas espinhas espalhadas por todo o rosto. Típico rosto adolescente– pensou. Tinha uma aparência mais nova em comparação com as garotas de sua classe, talvez por estar no terceiro ano do ensino médio prestes a fazer dezesseis anos, a mais nova da turma. Não era feliz por sua aparência, mas nem por isso se depreciava. Não fazia questão de parecer com as demais narcizistas que se espalhavam pela escola. Definitivamente, não conseguia se imaginar assim.

Olhou no relógio de pulso e percebeu que ainda tinha tempo para tomar um café da manhã na lanchonete em frente à escola, sua aula começava apenas às oito. Saiu do banheiro e caminhou até a saída da escola, mas foi impedida pela voz rouca e familiar que chamava-lhe do outro lado do corredor.

– Senhorita Monroe? - Olhou atenciosamente para o diretor Simon que acabara de chegar à escola com uma pasta na mão.

– Sim, diretor?

– Acompanhe-me até minha sala, gostaria de tratar de um assunto com você.

– Ah, claro.

Acompanhou o trajeto do homem alto e esguio à sua frente, chegando rapidamente até a diretoria. Sentou-se de frente para a mesa escura de carvalho, enquanto o diretor abria sua pasta e retirava uns papéis, colocando-os na gaveta ao lado.

– Tão cedo aqui, aconteceu alguma coisa? - Ele perguntou enquanto arrumava seus papéis.

– Nada demais, precisei usar a impressora da biblioteca, se não for um problema.

– Claro que não, você pode usar a biblioteca quando for necessário, sabe disso!

– Sim. - Respondeu, tentando encerrar o assunto e encaminhar para o real objetivo da conversa. Seu estomago revirava de fome.

– Mary, você sabe o quanto seu trabalho tem sido muito importante para os alunos daqui. A maioria deles tiveram um desempenho maravilhoso depois da sua ajuda , e pelo que me disseram, você tem uma facilidade de relacionar-se com eles. - Sim, era verdade. Pena que Mary não se sentisse tão à vontade diante de seus colegas de classe.

– Fico feliz por isso, diretor. - Sentia-se recompensada por dentro.

– Queria poder lhe fazer uma proposta, espero que aceite, seria de muita importancia para a escola.

– E qual seria?

– Um de seus alunos apresentava dificuldade e obteve uma grande melhora nas aulas, e seus pais ficaram muito contentes com isso. Entretanto, eles têm um filho mais velho que vêm recebendo muitas propostas de universidades por ter um grande talento esportivo. - Mary questionou-se de quem poderia ser esse aluno. - Esse filho mais velho cometeu muitas fraudes nas avaliações, participou de sistemas de roubo de gabaritos, cópia de resultados, e com isso conseguiu chegar até o terceiro ano do ensino médio, mas agora ele precisa recuperar todos os conteúdos perdidos durantes os anos. E assim, seus pais acreditam que você, por ser colega dele, poderia obter um resultado melhor, ensinando-o.

– Como assim, diretor? Eu ensino crianças do ginásio, como poderia fazer o mesmo com um aluno no mesmo nível que eu?

– Ele não é o mesmo nível que você, o conhecimento deste rapaz se limita a equações simples. Você deve o conhecer, Daniel Harris.

– E como ele chegou até aqui, pelo amor de Deus?

– Fraudes. Foram descobertos roubos de gabaritos no sistema da escola, e ele está sendo punido por isso.

– Punido? Qual a punição, senhor? Ele vai continuar na escola depois disso?

– Entenda: Daniel será um nome importante para a escola. É muito renomado e valorizado pelas universidades, teremos um crédito imenso após tudo isso.

– Então é assim que as coisas funcionam? O garoto desrespeita a escola e continua aqui, porque seu talento esportivo trará credibilidade à escola?

– Mary, por favor! Seria ótimo se aceitasse a proposta.

– Não, diretor, não é correto. O que acontece aqui é o privilégio de um aluno por interesses. Isso é um absurdo!

– Os pais do garoto estão dispostos a pagar por isso. Seria um ótimo investimento para o próximo ano na universidade, não acha?

Mary pensou bem e não acreditava no que acontecia. Era isso? Estava sendo proposto sua participação nesse jogo de interesses? O que perderia se não aceitasse? Talvez a oportunidade de bancar seus estudos superiores? Precisava balancear as coisas. Mas a sua raiva e decepção ao ver que o diretor era esse tipo de pessoa não deixava-a fazer isso nessa situação.

– Eu preciso pensar, diretor. - Suspirou e levantou-se.

– À vontade! Você pode me responder até o fim dessa semana, sem pressas. É uma grande oportunidade, Monroe.

Saiu da sala, intrigada. Sabia que seus pais não poderiam bancar seus estudos, e que realmente, seria sim um grande investimento. Mas a atitude do diretor Simon diante dos delitos de Daniel Harris não só a surpreendeu, como a decepcionou. Precisava desesperadamente pensar no que realmente importava para sua vida, seu futuro.


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