Away From Her (Achele) escrita por Ren Mage
Notas iniciais do capítulo
Essa one-shot é baseada nesse vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=2zIJ357-Gzo
Boa leitura.
"Ela é adorável. Suas mãos estão tremendo pois ela foi movida pelo meu amor. Minha dor."
As mãos de Dianna tremem ao ouvir a voz dela ecoando no grande espaço. Há muita gente, mas, naquele momento, só há elas. Seus olhos viajam pelo lugar, evitando o encontro com os dela. Seu coração acelera.
"Porque ninguém nunca a amou com essa paixão, porque ela tem quase 30 anos e mesmo se morresse no dia seguinte, ninguém lamentaria mais do que eu."
Ela lambe os lábios e os morde, nervosa. Deveria olhar?
"Ela sabe que eu ainda lamentaria 30 anos depois. Me apaixonei por ela porque a primeira coisa que fiz foi magoa-la. Talvez eu nunca a tivesse reconhecido como pessoa se não tivesse visto a dor em seus olhos."
Dianna então se lembra de uma entrevista que deu: "Ela meio que me salvou..." Disse para a entrevistadora. Porém fora interrompida antes que pudesse terminar a frase. Mais uma coisa que nunca fora dita.
"A hora veio e eu estava esperando que ela fosse embora. Eu não esperei. Eu não estava realmente apta a pensar no que estava acontecendo. Eu apenas estava ali."
A voz que recita o poema começa a sair tremida, frágil. Ela está prestes a chorar. Dianna não quer vê-la chorar, era a última coisa que gostaria de ver. Agora ela não vai olhar de forma alguma. Mesmo que queira muito rever o seu rosto...
"Quando eu dirigi pela última vez para vê-la, não parecia a última vez."
Ela para de recitar o poema. Um soluço ecoa no espaço e o silêncio reina na plateia. Não havia nada além dos soluços de sua garota. As mãos de Dianna suam. Seus olhos começam a queimar, já não é mais tão fácil lutar contra as lágrimas.
"Eu não me lembro de ter dirigido para casa. Destranquei a porta, fechei as janelas. Tomei um banho. Me sentei. Escutei o telefone tocar e fui dormir."
Dianna já não aguenta mais vê-la sofrer tanto. Um impulso mais forte do que a razão a faz se levantar. Ela não pode deixar que continue. Ela não pode vê-la chorar. Lea a vê na plateia. Elas trocam um olhar amedrontado e cheio de significado. As duas estão paradas e Lea pega o microfone novamente.
"Era aquele dia de novo e então não era. Isso aconteceu várias vezes. Às vezes eu esticaria a mão para tocar o rosto dela, então eu saberia que não estou sozinha."
Ela engole em seco e encara Dianna, que está paralisada, seu olhar fixado em seu rosto.
"Alguém me disse que a dor iria embora mas não tenho certeza se quero que ela vá. É onde eu a sinto com mais clareza e sem isso todo movimento que eu faço ecoa pois ela não está aqui para me absorver."
Dianna se vira e dá um passo a frente. Outro, outro, mais outro. Lentamente, até chegar ao meio do teatro. O tapete vermelho se estende até a escada do palco. Ela está de frente para ela, porém longe dela.
"Eu não gosto que isso volte para mim. Uma ex amante quer a sua alma, a sua vida e, depois, a sua morte também. E você dá, é o único jeito de sentir algo novamente."
Mais um passo. Mais perto.
"Não é um evento, não é nada que aconteceu. É só você. A raiva e a beleza que nunca realmente vão embora. Não é algo que você pode esperar desaparecer, nada nunca realmente desaparece. Minha mente ainda se apega a imagem dela. O amor cresce além do físico. Ele acha o significado mais profundo no espiritual."
Dianna está no pé da escada, seus olhos não se desencontraram dos dela em momento nenhum. O que acontece ali é intenso, algo que realmente ultrapassa o físico. Um imã espiritual as atrai e não há mais ninguém no teatro. Não há mais ninguém.
Só elas.
"Querendo ou não, ela está presente. Algo importante para mim. Eu só desejo que a pessoa que você mais quer te queira do mesmo jeito."
As lágrimas escorrem dos olhos de Dianna. "Eu quero." Ela tenta dizer com os olhos. Mas a outra sabe. Ela sempre soube.
"Eu queria que a pessoa com que você está há tantos anos realmente fosse sua alma gêmea, a pessoa com quem você vai se casar. Eu sinto falta de me sentir tão confortável sabendo que ela me amava, pensando que nada iria nos separar."
Dianna sobe a escada e para na frente de Lea. Elas dão as mãos.
"Ela se foi e você não pode fazer nada sobre isso."
As duas soluçam no meio daquele sofrimento. Elas deveriam estar juntas. Nada deveria tê-las separado.
"E essa é a parte mais difícil, quando você não pode fazer nada sobre isso. Quando você sabe que quer fazer e que faria se pudesse."
Nesse momento, Lea já não pode mais recitar aquela poesia. A poesia delas. A poesia delas a fez chorar. Dianna pega o microfone de sua mão. Ela se lembra muito bem do resto.
"Se ela está vivendo sua vida feliz e apaixonada, mesmo que não seja por você... Você é feliz. Você é feliz porque ao menos ela ainda está sorrindo."
Lea solta a sua mão e usa as duas para enxugar o rosto. Ela esfrega os olhos e depois olha para Dianna com um sorriso triste mas esperançoso.
– Você ainda se lembra?
Dianna retribui o sorriso e a segura pelos ombros. Encara os seus lindos olhos com ternura.
– Eu sempre vou me lembrar. – Responde. E, assim, se inclina na direção da amada. Seus lábios se encaixam com perfeição e seus braços contornam seus corpos. Elas precisavam uma da outra mais do que qualquer coisa. E ninguém, ninguém impediria aquele amor.
Nem mesmo as centenas de pessoas ocupando as cadeiras dos Tony Awards daquela noite. Nem as câmeras que filmaram a cena toda. Nem o trabalho das duas.
Porque só existiam elas. Não havia mais ninguém.
Só elas.
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Esse poema se chama Away From Her e é escrito/narrado por Andrew Landon. Qual foi a interpretação de vocês da história? O que acharam? Não se esqueçam de comentar e obrigada por ler. :)