Almost Human escrita por MsNise


Capítulo 20
Sentindo


Notas iniciais do capítulo

Eu tinha escrito as notas do capítulo, mas não sei por que não salvou ): Enfim, eu amei escrever esse capítulo e espero que vocês amem lê-lo. Podem escutar essa música http://www.youtube.com/watch?v=9YueD5mZ9KA enquanto o leem, porque acredito que dá um bom clima. E quero agradecer a MsAbel que revisou pra mim, como sempre.
Até as notas finais :*



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Seguimos para a Sala de Banhos com nossas mãos entrelaçadas. Peg faz questão de balançar nossas mãos entre nós como criança, achando tudo incrível. Eu também acho, mas demonstro isso apenas rindo dela.

– Por que temos que ir para o banho para conversarmos? – questiono na metade do caminho, curioso.

Ela deixa que andemos mais alguns passos antes de responder.

– Ora, simplesmente porque temos – ela responde simplesmente, o que não me agrada no todo.

Quero questioná-la novamente, mas deixo-me guiar por ela, que abandonou toda aquela fascinação quase infantil que estava demonstrando.

Como é meio da tarde, a Sala de Banhos está vazia e podemos aproveitá-la o quanto quisermos. Peg parece se reanimar, conduzindo-me a fazê-la girar como em um passo de dança. Rio de sua atitude e a enrolo em meus braços, aproximando nossos rostos dando um beijo estalado em sua boca.

Não consigo mais ver muita coisa, mas sinto quando ela sorri contra meus lábios. Ela me pega pela mão novamente e me conduz pela sala escura, me deixando confuso.

– Viemos tomar banho – não deveríamos nos despir?

Logo escuto o barulho de água sendo agitada e ela me diz em uma voz de soprano suave:

– Tire seus sapatos.

Obedeço, procurando sua voz quase sussurrada no breu em que nos encontramos. Sinto a areia lisa e macia pelo tato e sei que em breve encontrarei a água também.

– Pronto – sussurro, com medo de falar alto demais nesse lugar que faz tudo parecer tão frágil.

Ela continua me conduzindo pela mão, puxando-me a seu encontro. Ainda escuto o barulho da água sendo agitada quando os meus pés descalços a sentem. Ela está morna e seu barulho é reconfortante.

Peg para quando a água alcança a minha cintura, mas sei que já alcançou seus ombros. Dou a volta em torno dela até me afundar mais e a água atingir meu pescoço.

– Sabe o que isso me lembra? – ela murmura, me encontrando com o tato. Ela se aproxima – sinto sua proximidade inebriante – e rodeia meu pescoço com seus braços finos e frágeis. Envolvo sua cintura magra. – Lembra-me daquele dia em que fomos naquela cachoeira.

– Eu me lembro que pulamos com roupa na água – rio fracamente, com a lembrança vívida em minha memória.

– Você me obrigou a fazer isso, na verdade – ela diz, me acompanhando na risada. – E, como naquele dia eu não consegui, te darei o troco hoje.

– Jurava que tínhamos vindo para cá para falar do casamento da Mel e do Jared – disse, moldando minha voz de maneira que ela parecesse apreensiva.

– Teremos tempo para falar sobre isso longe da Sala de Banhos – ela me disse, encostando nossas bochechas. Senti que ela estava sorrindo.

– O que você está tramando? – questionei, tentando disfarçar minha voz que ameaçava entregar que eu estava rindo.

Ela não me respondeu. Em vez disso, descolou nossas bochechas e aproximou nossas bocas. Deixou nossos lábios se roçarem lentamente, mas se limitou a isso, trazendo uma vontade de quero mais para mim. Encostou então nossas testas e permitiu que ficássemos parados assim.

– Esse é o meu castigo? – murmurei, depois de um tempo de silêncio agradável.

Ela riu e afastou nossos rostos, deixando um pequeno espaço entre nós. Queria conseguir vê-la; eu nunca me cansaria de fazê-lo. Poderia descrever seu rosto de mil jeitos possíveis e isso ainda não seria o suficiente. Nada para Peg nunca seria suficiente; ela é muito maior do que tudo isso.

– Sim, esse é o seu castigo – ela tentou deixar sua voz severa. – Seu castigo é ter que ficar comigo pelo resto de sua vida.

– Ai, meu Deus! – exclamei, fazendo-me de revoltado. – Como aguentarei isso?! Você só pode estar brincando. É um sacrifício enorme!

Ela riu novamente, desmanchando sua máscara e acabando com a brincadeira suavemente, sem grandes estragos.

– É claro que estou brincando, bobinho – ela disse e riu novamente, aproximando-se de mim e encostando sua cabeça em meu ombro molhado. – Você não precisa ficar comigo pelo resto de sua vida – ela suspirou.

– O que quer dizer? – perguntei, apertando mais seu corpo contra o meu. Daria tudo para ver seu rosto nesse momento.

– Quero dizer que... – ela esperou um pouco, provavelmente tentando organizar sua cabeça. Afastou-se de mim, ainda me envolvendo com seus braços. – Toda essa história de casamento me fez pensar. Será que, se vivêssemos em um mundo normal, você aceitaria viver comigo pelo resto de sua vida?

– Peg – disse com doçura. – Mas é claro! Eu me casaria com você em qualquer situação, meu amor. Eu te amo muito e o modo como a sociedade está organizada não afeta isso e nunca afetará. Você é a maior dádiva que eu já recebi em minha vida e eu nunca te abandonaria. Nunca.

Aproximo nossos rostos, mas ela não me deixa beijá-la. Não antes de falar o que tinha planejado.

– Então... – ela engole em seco e solta uma risada nervosa. – Sei que estou um pouco adiantada, mas... quer se casar comigo?

Meu queixo cai. Ouvir isso – apenas ouvir, já que não posso ver – faz eu me sentir a pessoa mais realizada do mundo. Quero estender esse momento até não conseguir mais e mais um pouco depois disso. Para isso uso uma técnica que certa vez li em um livro: fecho meus olhos e fragmento esse momento em milhões de pedacinhos, todos preparados para serem utilizados a qualquer hora do dia em qualquer dia.

Ela espera impacientemente, querendo que eu quebre logo esse silêncio. Sorrio como nunca havia sorrido antes e dou a resposta mais óbvia e mais verdadeira que poderia dar:

– Sim – e eu declamo essa palavra da mesma maneira como é escrita: simples, sem controvérsias, sem objeções. Uma palavra monossílaba, assim como meu nome, assim como o apelido de Peg. Minha voz soa firme, precisa, exata. Do jeito como eu queria, da maneira como eu precisava.

Ela se apressa em uma explicação desnecessária e fala atropelando as palavras, morrendo de nervosismo:

– Mas não precisa ser já. Nem daqui a pouco. Muito menos no mesmo dia do casamento da Mel e do Jared - acredito que os dois precisem dos holofotes só neles neste dia. Pode ser depois de tudo isso passar, com calma. Apenas um símbolo. Tanto que aconteça, tudo dará certo... – e ela continua tagarelando, dando justificativas repetitivas e dispensáveis.

Apesar de amar ouvir sua voz delicada, me canso de escutar o que ela diz. Não quero palavras saindo da boca dela; quero a boca dela junto com a minha. Portanto, no meio de uma frase, eu a calo, juntando nossos lábios.

Ela luta contra mim, mas finalmente se rende em alguma hora. Mas em seguida pega meu rosto entre suas mãos molhadas e afasta nossos lábios. Ainda precisa falar algo.

– Você tem que prometer algo antes de tudo – ela diz com a respiração ofegante batendo em meu rosto.

– Qualquer coisa – respondo sedento dela, mantendo meus olhos fechados.

– Acontecerá. Depois do casamento da Mel e do Jared. Eu preciso dessa certeza.

– Você tem essa certeza se depender de mim. Eu prometo – e abro meus olhos, porque sei que se pudesse distinguir todos os traços de seu rosto e a cor de seus olhos, eu a olharia exatamente nesse momento. Para confirmar a promessa.

– Promete?

– Sim.

– Preciso de um motivo agora. Por quê?

– Porque é o que eu mais quero também. O que eu mais quero é você.

Um breve tempo de silêncio se passa e, mesmo sem conseguir enxergá-la, sei que está sorrindo. Sei exatamente quais músculos ela mexe, a maneira como seus olhos brilham e a fascinação que ela carrega junto consigo.

– Então eu suponho que podemos ficar juntos.

Sorrio novamente e pego seu rosto entre as minhas mãos, enrolando meus dedos em seus cabelos loiros e compridos. Aproximo-nos e cubro seus lábios com os meus suavemente. Deixo nossos lábios se fundirem um no outro enquanto nos beijamos e sei que nada no mundo superará o que estou sentindo agora. E eu sinto toda a força do mundo impulsionando nosso amor. É forte e definitivo. E também é tudo o que eu preciso.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Deixem reviews! Senti falta de alguns comentários no último capítulo que eu postei e não quero que isso se repita. Comentem nem que seja pra criticar. Quero saber a opinião de vocês ):
Podem me mandar MP ou falar comigo pelo twitter @lenisemendes
Até o próximo capítulo :*



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