Dois dias se passaram. Já era fim de tarde. Quinn sentiu os olhos arderem. Sua cabeça doía, e as ideias estavam embaralhadas em sua mente. Tentou se mover, mas tinha algo prendendo seus braços, não conseguia falar, pois tinha alguma coisa em sua garganta.

Rachel estava sentada ao lado da cama, quando viu os olhos esverdeados piscarem. Rapidamente ela levantou e se colocou ao lado da cama, segurando a mão de Quinn. A garota parecia assustada.

- Está tudo bem, Quinn. Fique calma. Você sofreu um acidente e está no hospital. Vou chamar alguém para te ver.

Ao tentar se distanciar, a morena sentiu um aperto mais forte em sua mão. Fitou a líder de torcida e sorriu.

- Já volto, Q. Só um minuto.

Rachel foi até a porta do quarto, gritou no corredor que Quinn estava acordada, e voltou para o lado dela. Dois segundos depois uma enfermeira e o medico entram no quarto.

O médico aferiu os sinais vitais de Quinn, o monitor cardíaco. Rachel observava tudo sem sair do lado da amiga. Algo no olhar dela a estva preocupando.

- Srta Fabray, vou pedir que fique calma. Daqui a pouco vamos tirar o tubo de sua boca e poderá falar. – o medico falou enquanto olhava os olhos da garota.

Antes de sair, disse algo á enfermeira. A senhora de meia idade se aproximou então, e lentamente começou a tirar o aparelho da boca de Quinn.

- Srta Fabray, assim que sentir sua garganta livre, quero que respire bem forte, está bem? – a garota concordou com um aceno, e fez o que a enfermeira pediu – Isso. Não fale nada ainda. Beba um pouco de agua.

Quinn entreabriu a boca e engoliu a água devagar, sentindo o liquido queimar levemente sua garganta. Ela olhava para Rachel, para os olhos amendoados dela, o brilho nos olhos da garota a mantinham calma.

- Muito bem, vou buscar algo para a Srta comer. Voltou daqui a pouco. Se precisar de algo – falou olhando para Rachel – é só chamar.

- Obrigada – a morena agradeceu, e se voltou para Quinn – Oi, Q. Como está se sentindo? Sua mãe foi comer, mas já deve estar voltando... E...

- Rachel... Rach – a voz da loira estava rouca, e assustada. – Minhas pernas...

- O que, Q? – Rachel ficou alerta com o tom de pânico na voz da loira.

- Não sinto... Minhas pernas, Rachel.

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Quinn estava calada. Os médicos já a tinham virado do avesso com exames e testes. A principio acreditavam ser temporário, mas horas já tinham se passado e a loira ainda não sentia nada da cintura para baixo.

Rachel andava de um lado para o outro enquanto mexiam em Quinn. O coração estava acelerado, um frio na boca do estomago que não a deixava. Por que a líder de torcida não sentia as pernas? O que tinha de errado?

Judith estava sentada na poltrona do quarto, aflita. A pequena diva olhava dela para a garota deitada na cama.

- Sra. Fabray, pode me acompanhar? – um dos médicos pediu.

- Claro. Rachel fique de olho nela, por favor? – Judith dirigiu-se a morena.

- Sem problemas.

Ao ver a mãe saindo, Quinn segurou a mão de Rachel que estava perto dela. A morena há fitou um pouco surpresa, mas não se soltou.

- Estou com medo, Rach. – assumiu.

- Vai ficar tudo bem, Q. – tentou acalma-la, procurando se convencer ao mesmo tempo.

Ficou vigiando a menina. A respiração da loira estava descompassada e a mão que segurava a sua estava gelada e suada. Naquele momento queria poder fazer algo para não vê-la daquele jeito.

Judith e o médico voltaram. Os olhos da mulher estavam marejados, e Rachel não gostou nem um pouco daquilo.

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Uma semana depois Queen teve alta. Rachel estava na porta do hospital a esperando. Tinha um sorriso suave nos lábios, segurava um balão colorido e uma rosa nas mãos. Engoliu seco quando viu a loira em uma cadeira de rodas sendo levada pela mãe, mas tentou não demonstrar seu nervosismo. Queria e precisava ser forte pela amiga.

- Hei Quinn – se adiantou, lhe entregando os presentes – Fico feliz em te ver ao ar livre novamente – sorriu seu melhor sorriso.

- Obrigada, Rach – sorriu realmente satisfeita em ver a morena – É realmente muito bom estar fora daquele quarto. E obrigada por estar aqui me esperando.

- Não perderia isso por nada. – falou se abaixando – Vamos enfrentar isso juntas, Quinn. Eu prometo.

Sem saber o que responder, a loira apenas assentiu. Rachel pegou o balão das mãos dela e amarrou na cadeira.

Caminharam até o carro estacionado em frente ao hospital. Judith abriu a porta do carona, Quinn respirou fundo, se apoiou na porta do carro e tentou jogar o corpo para dentro. Sentiu os braços perderem a força, e quando achou que fosse cair, sentiu um braço firme lhe apoiando.

Rachel se adiantou e segurou a loira pela cintura. A respiração falhou e sentiu o corpo da garota tremer contra o seu. Quinn sorriu ao notar a morena perto de si.

- Tudo bem, eu te ajudo. – Rachel afirmou, colocando Quinn sentada no banco.

- Obrigada, Rachel – Judith agradeceu – Está indo para casa?

- Não, preciso voltar para a escola – respondeu, sem tirar os olhos da loira – Escapei na hora do almoço. Agora preciso voltar.

- Entendo. Entra, te deixo lá.

Rachel hesitou, mas acabou aceitando a carona, ou acabaria se atrasando. Durante o percurso, nenhuma das três mulheres disse nada. Quinn olhava pela janela distraída, sentindo a brisa em seu rosto.

Vinte minutos depois, estavam na porta do WMHS.

- Obrigada, Judith. – desceu do carro e parou na janela do carona – Quando pretende voltar, Q?

- Talvez na próxima semana. – suspirou – Mande um abraço a todos.

- Pode deixar. E quando começa a fisioterapia?

- Amanhã à tarde.

- Ótimo. Te encontro lá. – sorriu, não deixando espaço para discussão. – Se precisarem de alguma coisa, me liguem.

- Obrigada, Rach. – Quinn pediu satisfeita.

Rachel já estava indo quando se lembrou de algo e virou novamente.

- Ah, se não tiver problema passo mais tarde na sua casa. Estou com toda a matéria que você perdeu.

- Tudo bem – respondeu surpresa.

- Até mais tarde então. – e saiu saltitando em direção à porta da escola.

Quinn sorriu uma ultima vez, vendo a figura da morena sumir porta a dentro. Sabia que sua situação era difícil, mas bem lá no fundo tinha certeza de que tudo ficaria bem. Pois a pequena diva estava ao seu lado. E todos os seus amigos. Ela ficaria bem. Tinha certeza disso.