- Olive? Ta viva? Fala comigo, to te contando a história há 15 minutos e você não olhou pra mim nenhuma vez – Falou Mike, mexendo a mão loucamente na frente do meu rosto, e me tirando do transe.

- To um pouquinho ocupada pensando no que eu devia fazer Mike, aquieta o bumbum aí – Falei, me virando para ele e pegando uma batata frita que ele havia deixado no prato.

- Sabe, eu ainda não descobri como você é magra comendo desse jeito.

- E eu ainda não descobri como você tem músculos sendo um sedentário do jeito que você é. – Falei, fazendo uma careta para ele, que apenas revirou os olhos e começou a rir. Isso que eu amo nele... Posso zoar da cara dele o quanto eu quiser que ele não vai ligar, e ainda vai rir e me abraçar depois. – Mas voltando ao que interessa, o que você acha que eu devia fazer? Tava pensando em ir na aula de engenharia e pedir ajuda com ele em alguma coisa da matéria, sei lá.

- É, pode ser que funcione... Se você quiser que ele te ache uma nerd.

- Não, é exatamente o contrário. Nerds não pedem ajuda pra populares, e além disso eu aposto que ele vai me passar alguma matéria errada ou coisa assim. O negócio é que eu vou jogar charme.

- Na biblioteca? – Falou, fazendo careta.

- Não né, ta doido? Já pensei em tudo. Valeu Mike, você é um anjo e um ótimo marido também, te amo! – Falei, pulando da cadeira e dando um beijo na bochecha dele. Fiquei com um pouco de dó porque pude ouvi-lo falando “Olive, volta aqui” com voz chorosa. Mas eu não podia demorar muito pra colocar o plano em prática, se não a ex dele ficaria com raiva e blá blá blá e então... Adeus recompensa.

Fui até a sala dos professores e procurei pelos professores de engenharia. Li o papelzinho que a menina havia me entregado no dia em que me “contratou”. “Sala 401, aula das 9 às 15”. Ta bem. Cheguei perto de Melissa, uma professora que eu já havia conversado quando entrei na faculdade... Bom, pelo menos com ela eu já tinha um pouquinho mais de intimidade né.

- Professora Melissa?  - Perguntei

- Eu mesma... É... Olívia, não é? – Falou, com voz doce. Awn, adoro a meiguice dela.

- Sim! – Falei, fazendo uma pausa rápida. – Então, eu queria saber se você pode me informar qual professor dá aula na sala 401 das 9 às 15 horas.

- Mas de que dia da semana? Porque os professores mudam de sala. Por exemplo, de segunda feira eu mesma dou essa aula.

- Ah professora, eu não sei… Se eu quiser assistir às aulas por uma semana toda, terei de pedir a todos os professores uma permissão?

- Teria... Mas acho que posso te ajudar. – Falou, pegando um papelzinho que estava dentro de sua agenda e anotando algumas coisas. Assim que terminou, entregou a mim.

- Que isso? – Perguntei, lendo os escritos.

- É uma recomendação. É só entregar isso na secretaria que seu nome entrará na lista de aulas a partir de segunda feira. Já avisando que é apenas uma lista de visitantes, tudo bem? Porque se você estiver pretendendo mudar de curso... – Começou a falar, mas a interrompi.

- Não, não, eu só queria ver algumas aulas mesmo. Muito obrigada mesmo. – Falei, acenando.

Assim que saí da sala dos professores, esbarrei com Jaque.

- Jaque, meu amor, me desculpa! – Falei, dando um abraço nela. O ponto é que ela não retribuiu o abraço nem nada parecido. Ué.

- Não tem problema Olive. Tenho que ir agora, tchau. – Falou, virando as costas pra mim.

- Que? – Falei pro nada. O que ta acontecendo aqui?

Saí de lá o mais rápido possível a fim de encontrar-me com Luana e ir ao shopping pra comprar alguma coisa. Fui até o quarto dela, bati na porta e já entrei fazendo discurso.

- Luana já declarando que você vai no shopping comigo agora mesmo e não precisa trocar de roupa só precisa de dinheiro e eu preciso falar com você. – Falei assim mesmo, sem pausas porque tava com pressa. Demorou um tiquinho pra ela conseguir processar as informações, mas um minuto depois ela já tava indo em direção ao armário. Quem disse que eu deixei?

- Minha filha, eu falei que não precisa trocar de roupa, bora lá. – Falei, puxando-a pelo braço.

Já estávamos dentro do táxi quando resolvi puxar assunto.

- Lu, você sabe porque a Jaque ta estranha comigo? Fui lá falar com ela e ela já deu o fora.

- Ah, não sei não viu. Mas hoje ela saiu do quarto do Mike bem estressadinha. Nunca vi ela daquele jeito.

- Também né, ficou a noite toda cuidando lá do Mike. Mas mesmo assim, não entendi a grosseria dela comigo.

- Relaxa, já já passa, você sabe como ela é... Depois vem pedir desculpa.

Ficamos conversando sobre a faculdade e mais um monte de coisas (incluindo meninos), contei pra ela sobre o Andrew e ela quase teve um ataque. A Lu é dessas mesmo, curte um cafajeste. Quando me dei conta já estávamos na praça de alimentação do shopping esperando nosso prato ficar pronto. O número da nossa fichinha saiu, fui lá buscar os pratos. Voltando para a mesa, reparei que havia um grupo de pessoas barulhentas da minha idade a cinco mesas da minha, e para a minha surpresa eram todos da minha faculdade. Arregalei os olhos.

- Luana, se liga em quem ta aqui! – Falei baixinho, apontando discretamente para a mesa onde estava Andrew.

- Menina, é sua oportunidade de se aproximar dele. – Falou, em tom malicioso.

- Tá doida? Olha pra essa roupa, eu tinha que estar mais arrumadinha, ele nunca vai olhar assim. – Falei, apontando para a minha roupa. Regata larga e preta, shorts rasgado, all star... Sem chances. Sem contar no meu cabelo, que estava ao natural. Sem alisamentos, nada.

- Não custa nada tentar. É só você puxar esse decote mais pra baixo, o shorts mais pra cima e vai na fé.

- Ta bem. Me espera, vai ser rápido. – Falei, indo em direção à mesa em que ele estava. Passei bem ao seu lado, fingindo esbarrar em sua cadeira.

- Ah, me desculpa... – Falei antes de olhar para seu rosto. Assim que me virei pra ele pude sentir seus olhos na minha camiseta. Também né, do jeito que eu abaixei ela pra ficar com aquele decote não dava pra não olhar.

- Não tem problema, - Falou, e quando ameaçou virar-se para seus amigos chamei sua atenção novamente.

- Seu nome é Andrew, não é? – Sorri abertamente, tocando em seu braço como se tivesse acabado de reparar nisso.

- É. – Que menino mais seco. Fiquei tão constrangida com esse encontrinho que voltei pra minha mesa com cara emburrada.

- Não acredito que você me fez ir lá. Ele é um grosso.  

- Mas ele olhou pra você pelo menos. Relaxa, é só colocar um vestidinho e se jogar mais um pouquinho que ele vai cair na sua. – Falou de boca cheia.

- To achando que vai ser difícil viu – Franzi as sobrancelhas.