Girls On Fire escrita por JessieVic


Capítulo 84
Capítulo 84




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/360771/chapter/84

Os dias seguintes passaram rápido. As garotas tiveram pouco tempo para estarem a sós e pensar nelas mesmas. Jessie avisou a mãe que voltaria pra New York e explicou que Santana iria antes, pois tinha um teste e estava muito animada com isso.

A freira relutou no início, tentou convencer a filha a ficar mais tempo no Brasil, alguma coisa dizia que isso era o melhor a se fazer, mas ela também sabia que o olhar apaixonado que Jess e Santana trocavam era algo tão bonito e difícil de se conseguir, que acabava ficando desestimulada a separá-las novamente. Não podia negar que a morena fazia muito bem para sua filha querida e definitivamente, o que ela mais queria na vida é que Jessica fosse feliz.

Uma parte estava cumprida, mas faltava a seguinte: Avisar as crianças do orfanato que ela iria embora. Jessie não sabia como começar e percebeu que a preocupação que tinha ao informar a mãe de sua partida, era “fichinha” se comparado a encarar aqueles tantos rostinhos a encarando enquanto ela dava a notícia de que ficaria longe por algum tempo.

Santana estava com receio mas sabia que deveria ir junto com a namorada, pra dar um apoio moral e suas pernas derreteram assim que ela chegou e avistou Aninha vindo correndo em sua direção gritando que estava com saudades. Ela não conseguia acreditar na semelhança que havia entre ela e a menina. Doía ter que deixá-la pra trás. Enquanto lhe dava um abraço apertado, suspirava fundo pensando “um dia...um dia eu te levo comigo, bebê...

Ana estava agora no colo da morena, parada na porta da sala enquanto Jessie sentada numa cadeira olhava para seus alunos. Cerca de 50 crianças e pré-adolescentes que ela se acostumou a ver diariamente, ouvir e dar conselhos agora a olhavam tristonhos enquanto ela falava cheia de reticências o porque foram chamados lá.

–... Eu gostei muito de vocês! E fico muito feliz por ter podido ensinar um pouquinho do que sei pra tanta gente! Eu vou precisar voltar pra New York agora, preciso resolver algumas coisas... Resolver a minha vida – ela olhava pro chão agora pois não aguentava encarar tantos olhares, as crianças menores eram a que mais cortavam seu coração.

Quando Ana ouviu Jessie falar que voltaria, apertou os braços ao redor de Santana e a olhou séria:

– Vocês vão embora?

A latina não conseguia dizer nada diante daquela pergunta inquiridora e apenas acenou com a cabeça e apertou mais ainda o abraço.

Jessie avisou que ficaria mais duas semanas com eles e então partiria. Era o que tinha combinado com Santana. A latina partiria já no dia seguinte e eles ficariam longe e de coração apertado durante esse período.

Passaram o dia todo no orfanato participando de diversas atividades com as crianças e quando a noite estava chegando decidiram ir embora para ficarem a sós.

Aninha não desgrudou das duas um momento sequer. A vontade delas era levar a menina para o apartamento passar a noite com elas, mas sabiam que era total irresponsabilidade deixar a menina toda confusa e com esperanças as demais crianças tristes por não serem escolhidas.

Jantaram a caminho de casa numa pizzaria. Nenhuma das duas estava com disposição para preparar alguma refeição em casa e a pizza que compartilhavam estava deliciosa. Observavam as pessoas correndo apressadas, cada qual com seus compromissos, seus problemas... Sentiam um certo alento com isso, vendo que não eram as únicas a estarem nessa correria com a vida.

– San... tem catchup no seu nariz – a ruiva indicava com ar de riso. A latina tinha descoberto a magia de comer pizza com catchup, coisa que era comum aos paulistanos. Adorara o costume e estava praticamente comendo catchup com pizza e não o contrário.

– Essa combinação é muito boa! – ela limpou o nariz e continuou a comer – Acho que a ansiedade me faz ficar mais faminta!

– Não duvido disso... eu pelo contrário não sinto tanta fome... – ela olhava para o seu pedaço pela metade no prato.

– Jess, você tem que comer, meu bem! Não quero ficar com mais essa preocupação! – ela tentou explicar – Não, não to dizendo que você é culpada por estar se sentindo assim, mas por favor, não há razão pra isso! Olha que pizza deliciosa! – a ruiva concordava com um sorriso fraco. – Já sei, você quer que eu te dê aviõezinhos como fiz com a Aninha hoje né?

– Não... quer dizer, se estivéssemos em casa eu até ia gostar de ver essa cena – a ruiva agora dava um sorriso mais sincero – Eu achei tão fofo você com a Ana hoje! Ai foi tão lindo! Eu fiquei toda babona olhando você e sua teoria de “não gosto de crianças” indo por água abaixo enquanto te observava ter toda paciência do mundo praquela pestinha comer!

– Eu nem vi que você tava olhando – ela deu de ombros, meio tímida pelo elogio.

– Eu te amo... é isso... muito! – a ruiva lhe olhava encantada. A fome parecia ter despertado um pouco e ela se dedicou a terminar seu pedaço.

Caminhavam pensativas. Muitas coisas rodeavam o pensamento delas.

– Jess... será que esse teste vai dar certo? – Santana perguntou tentando conter a ansiedade enquanto caminhavam. – Eu não sei... é muito surreal me chamarem assim, quando eu menos esperava! Tinha até esquecido essa coisa...

– Amor, vai ser como tiver que ser! Sei que você vai dar seu melhor, e se essa for sua chance, você vai conseguir! Acredito em você! – a ruiva apertou a mão da morena tentando passar confiança.

Entraram no metrô quase vazio, com assentos sobrando. Sentaram lado a lado e Jessie sequer se preocupou se haveria alguns olhares. Apoiou sua cabeça no ombro da namorada e aproveitou o cafuné que ela lhe fazia.

Chegaram ao apartamento. Sem falar muito, foram direto para o banheiro tomar um banho relaxante. Queriam ficar juntas o máximo possível. Enquanto Santana passava shampoo e massageava o cabelo da namorada, Jessie ia explicando o que pretendia fazer nos próximos dias.

Sua intenção era conseguir alugar o apartamento que seu avô lhe dera. O valor que receberiam no aluguel ajudaria a pagar as despesas em New York enquanto ela não encontrava um novo emprego. Tinha conversado com sua mãe e ela apoiara, justificando que o presente era dela e ela que aproveitasse como quisesse.

Terminaram o banho e depois de Jessie retribuir o cafuné penteando os longos cabelos da latina, começaram a arrumar as malas dela. Assim ficariam livres o resto da noite para fazer o que bem entendessem.

Escolheram um filme, Jess abriu uma caixa de bombons e se aconchegaram no sofá tentando não pensar no dia seguinte.

A morena dormiu um pouco na metade do filme e Jess preferiu desligar a TV e “assistir” sua namorada e apreciar o quanto ela era linda. Não conseguiria carregá-la até a cama, como gostaria, então depois de observá-la respirar e inspirar calmamente, observar cada detalhe do seu rosto, cílios, lábios... ela passava os dedos delicadamente e sorria com ternura. Começou a distribuir beijos pelo seu rosto e sussurou: – “Vamos pra cama, amor!”

Santana abriu os olhos, meio em transe ainda, pegou na mão que Jessie lhe estendia e caminharam até o quarto. Deitaram-se e sem trocar nenhuma palavra ficaram se encarando com os olhos preguiçosos. Não era necessário trocar palavras, a simples presença de uma para a outra era suficiente para dormirem tranquilas e foi o que fizeram, caindo no sono praticamente juntas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Girls On Fire" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.