Girls On Fire escrita por JessieVic


Capítulo 69
Capítulo 69


Notas iniciais do capítulo

Olá leitoraaas lindaas! Desculpem a demora! Essa correria de festas e volta ao trabalho me deixaram mais preguiçosas do que nunca hauhau Espero que gostem, as coisas estão melhorando! ;)



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Santana correu durante uma hora, estava com o corpo exausto mas acreditava que suas preocupações, seus pensamentos errados se esvaiam dela através do suor e cansaço. Foi para o metrô e rumou para NYADA. A professora, sabia do ocorrido, que foi contado resumidamente a ela por Rachel e cumprimentou um pouco mais calorosa que o normal, feliz que ela tivesse encarado a situação e voltado rápido as aulas. Dançar era libertador!

Apesar da latina tentar se concentrar nas aulas, acabava se distraindo durante os passos e repetições de movimentos. Errava nas contagens, ia para o lado errado. A professora, antes tão exigente com ela, resolveu fazer vista grossa, pelo menos hoje, que era sua volta.

A aula terminou e a morena tentou escapar o mais rápido que pode. Percebeu que a professora a observava e provavelmente viria falar com ela, dizer alguma palavra consoladora, perguntar como as coisas estavam. Não estava com paciência para aquilo. Nunca teve, agora muito menos. Falar de si e de como se sentia já era um suplicio. Falar para pessoas estranhas então era impossível.

Voltou para casa sentindo-se exausta. Parecia que tinha corrido uma maratona. Estava passando do meio dia quando ela chegou no apartamento, sentindo-se faminta e se deparou com Rachel e Quinn. Uma sentada em cada ponta do sofá, assistindo TV. Se levantaram quando viram Santana.

Apenas deu um aceno de cumprimento as amigas e foi para a cozinha, pegar água na geladeira. Olhou seu celular que continuava no balcão e não pode controlar a vontade de espiar se tinha alguma ligação de Jessie. Pegou o aparelho rápido enquanto falava com Rachel que vinha em sua direção perguntando por onde ela andava.

– Eu estou bem... me exercitei muito, só isso – ela deu de ombros com um semblante triste enquanto olhava para o celular e constatava que não havia nenhuma ligação.

Rachel percebeu a expressão e olhou para Quinn que vinha na direção delas, com um olhar mortal. Sua vontade era contar logo para a latina da ligação que havia recebido, mas também não queria contrariar a loira, com quem havia tido momentos tão bons horas antes.

– Não vai pra NYADA hoje? – Santana tentou puxar assunto percebendo o silencio tenso no ambiente.

– Ah não... estamos com menos aulas agora no final do semestre. – ela sorriu – Hoje estou de folga!

– Que bom pra vocês então... dá pra ficarem se pegando aí no sofá, como deviam estar fazendo antes d’eu chegar. – ela se encaminhava para o banheiro, queria muito um banho relaxante. Todo o momento que esteve fora, seu pensamento estava no celular e na possibilidade de ter recebido uma ligação da sua ruiva. Não sabia porque, mas tinha tido a ilusão que a garota se lembraria dela. Chegou cheia de esperanças, que se esvaíram assim que ela não viu sinal de nada no aparelho. Aquela sensação era tão frustrante! E ainda Berry vinha lhe encher o saco com perguntas. Que vida de merda ela estava tendo.

Quinn observou a amiga ir para o banho e nada disse. Vira a expressão de Santana ao ver o celular e imaginou que poderia ter sido diferente e por culpa dela, o destino das coisas tinha se alterado. Fez o que seu coração mandou na hora, mas agora pensava que fora uma intrometida. Mas não daria o braço a torcer, mesmo com a cara emburrada de Rachel a encarando.

– Coitadinha... – a garota balançava a cabeça enquanto se sentava no sofá novamente – Deve estar tão desolada!

– Credo, ela vai sobreviver Rachel! Desolada fiquei eu quando descobri que estava grávida! Ah não, melhor... quando sofri um acidente e fiquei na cadeira de rodas por um bom tempo, com a possibilidade de nunca mais andar, caso você não se lembre disso!

– Claro que eu me lembro! E ainda me culpo por isso... – ela começava a relembrar essas coisas e em como Quinn sofrera praticamente sozinha.

– Não precisa se culpar... são coisas que precisam acontecer na nossa vida! Pra nos deixar mais fortes... – a loira olhava com cara inocente para a morena, que parecia ter diminuído a cara de desaprovação de minutos antes – Pelo menos, você não casou com o Funnútil naquele dia! Imagina só como sua vida estaria!

– Ahh não pensa assim Quinn! – ela agora sentou mais próxima da garota, sinal de coração amolecido.

– Eu quase morri, mas até gostei desse acidente com o tempo sabe... – ela continuava fazendo drama e Rachel negava com a cabeça o que ela dizia.

– Não... não e não! Eu nunca ficaria bem sem ter você perto de mim! Nem quero imaginar – ela balançou a cabeça afastando esses pensamentos e quando viu estava encostando a cabeça no ombro da loira, abraçando sua cintura.

– Eu sei... também não quero imaginar um destino diferente, que não seja ao seu lado! – ela sorriu fazendo carinho nos cabelos dela, satisfeita por ter tê-la feito esquecer da ligação apagada, pelo menos por enquanto.

XXX

Jessie estava agora na sala de espera de um consultório. Bellatrix estava com ela, e dava sorrisinhos de estimulo fingindo não notar a cara de desanimo da filha. Faziam 20 minutos que estavam esperando e ela já tinha pensado em sair correndo pelo menos umas 3 vezes. Santana... porque ela não me atendeu? Era o que ela tinha se perguntado a manhã toda e nada fazia seu pensamento sair dessa questão. Tinha conseguido se distrair apenas no café da manhã, quando acabava de pisar no saguão e Ana, a garotinha simpática corria ao seu encontro, com aquela eletricidade matinal que só as crianças conseguem ter.

– Tiaaa Jeeeh ... – pulou no colo da ruiva que não conseguiu evitar um sorriso enquanto a levantava com um braço só e lhe dava um beijo na bochecha. A menina hoje estava com um vestido todo floridinho, produto de doações para o orfanato e seu cabelo volumoso preso com duas tranças – Você vai brincar comigooo hoje de nooovo? – falava com ansiedade enquanto Jessie a colocava de volta ao chão com esforço

– Mas você não tem que ir para a escola? – a ruiva se divertia com o jeitinho da menina falar.

– Eu não gosta de ir na cola! – fez cara emburrada e tentou sair do colo da garota, mostrando que não gostava nem um pouco desse assunto – Quero brincar!

– Anaaa, eu não acredito! Já cedo enchendo o saco da Jessica! – irmã Sophia vinha ofegante em direção as duas. A menina correu para a perna da ruiva e se agarrou nela, escondendo o rostinho.

– Porque a Ana não foi pra escola?

– Ela tem aulas aqui mesmo! Ela ainda é nova... não conseguiu se adaptar muito bem! – olhou para a menina que lhe encarava desconfiada, ainda agarrando a perna da ruiva – Irmã Clotilde tá te esperando na biblioteca, seu espeto! Vai logo pra lá!

– Só se ela viiim comiigo! – dizia se achando com autoridade.

– Você não manda nada aqui! É pra ir lá aprender lição e não ficar brincando! A Jessica tá ocupada hoje, vai sair. Volta só mais tarde. – a freira falava firme, sem dar brechas para argumentações. A menina olhou pra ruiva, com olhar pidonho, para que ela confirmasse.

– Isso mesmo, preciso sair! E depois que eu chegar, vou ver com a Irmã Clotilde se você fez tudo direitinho, senão não quero brincar com você! – a ruiva mostrou a língua pra menina que caiu na risada.

– Ahhh menina Jessica, não entra na onda dessa pestinha! – Irmã Esperança vinha sorridente vendo a interação das duas.

– Eu vou levar a Ana até a aula dela, mã... Irmã! – Jessie tinha se acostumado a poder chamar a mulher de mãe livremente e quase dera uma bola fora. Ficou calada um pouco, observando se irmã Sophie tinha sacado alguma coisa, mas a freira só ralhava com Ana que agora ficava saltitando ao redor da ruiva, cheia de perguntas.

– Porque seu braço tá assim? Você quebrou onde? E porque seu gesso tá pintado assim? – perguntava sem parar e nem dava tempo da menina responder.

– Isso acontece com quem faz arte! – Bem que ela queria ter quebrado o braço por uma mera travessura.

– É verdaaade! O Antônio já quebrou o braço uma vez! Tava fazendo bagunça... subiu na árvore e depois caiu lá de cima. Chorou igual nenê, o Osvaldo disse... – ela falava como se a ruiva conhecesse as crianças todas mas logo voltou a atenção para o gesso pintado e sorriu – Eu achei bunito! Posso desenhar também?

– Não! – Jessie falou com tanta veemência que assustou a si mesma. Pensar nas frases escritas por Santana naquele pedaço de gesso, sendo coberta por rabiscos de uma criança estava longe de cogitação. – Vem, vou te levar lá pra aula e vou sair. Lembra do nosso combinado!

– Tá! – a menininha sorriu e esperou a ruiva pegar na sua mão e então saiu andando com ares de quem conhecia todo o local. A Biblioteca ficava no segundo andar.

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– Por favor, Jessica, pode entrar! – a secretária tirou Jessie dos seus devaneios e Bellatrix a cutucava pra chamar a atenção.

– Vai comigo? – a garota perguntou sabendo da resposta negativa. Sabia que a mãe tinha ido até lá só para se certificar que a filha não fugisse da consulta.

– Ah não... ela já sabe o que precisa saber... – a mulher desconversou e logo a ruiva percebeu que a mãe já devia ter contado toda a história de vida dela para a psicóloga e ficou com mais raiva. Entrou contrariada, mas tentando parecer o mais normal possível. Vai que conseguia enganar a mulher.

– Bom dia Jessica! – uma mulher que aparentava uns 40 anos, de cabelos na altura do queixo, lisos, vestida de modo descontraído com uma calça jeans e camiseta básica, sentada num sofá de aparência confortável acenou para ela e indicou que ela sentasse no sofá a sua frente, idêntico ao que estava sentada. – Desculpe o atraso...

– Sem problemas... – a ruiva deu de ombros – Eu não estava com pressa de começar mesmo...

– Não queria estar aqui? – perguntou encarando seus olhos verdes.

– Não... – ela baixou o olhar e observava seus pés. Não queria falar sobre si com estranhos.

– Bom, alguma coisa deve ter acontecido para você vir me ver... e se você está aqui, um pouco de boa vontade da sua parte, tivemos! –ela descruzou as pernas e se encostou mais no sofá e sorriu para a garota – Pode me dar uma dica?

– Tenho medo de estar ficando louca... – a ruiva falou baixo esse pensamento que vinha rondando sua mente e que conseguira colocar pra fora só agora, sem pensar muito.

– Louca? O que define uma pessoa louca pra você? – a mulher não anotava nada, apenas olhava para Jessie com interesse.

– Eu ouço vozes...ultimamente sinto preguiça de viver... A senhora nem imagina quando me custa levantar da cama alguns dias...

– Todos nós temos dias sombrios assim... eu por exemplo, tenho preguiça de levantar da cama todos os dias também! Queria tanto dormir mais um pouquinho...

– Não... não é disso que to falando... – ela suspirou insatisfeita – Eu não consigo encontrar razão para viver...

– Opaa... nesse caso as coisas parecem se complicar! – ela concordava com a ruiva, agora deitando no sofá, colocando as pernas para o alto – Devia procurar um objetivo de vida...existem tantos!

– É isso que você tem a me dizer? Isso eu já sei... a questão é onde procurar, o que procurar... e tem essa maldita voz na minha cabeça – ela deu dois tapinhas no topo da própria cabeça.

– Eu só posso te ajudar se você me der informações! Trabalho com histórias.

– Eu estou com muita raiva! Raiva de tudo, raiva de nada... são picos! – ela suspirava insatisfeita por não conseguir descrever seus próprios sentimentos.

– Eu já disse... preciso de histórias... me conte a sua!

Jessica ficou parada, observando aquela mulher que estava deitada no sofá a sua frente, toda descontraída como se estivesse na sala da própria casa e de alguma maneira que não sabia explicar, sentiu-se segura. Encarando aqueles olhos castanhos e um sorriso confiante, ela teve vontade de falar. Então, depois de suspirar profundamente e fechar os olhos, começou a sua história. Desde o orfanato, passando por Lola, depois para Santana e finalmente chegou na raiva atual que sentia: de sua mãe, por tê-la separado do seu amor.

A mulher ouvia tudo, e demonstrava um grande interesse. Não interrompia, somente soltava exclamações de admiração ou indignação conforme a ruiva ia falando. Ver essas reações a estimulava a falar mais e mais! Tinha a sensação de estar vomitando aquelas palavras, que rodavam dentro dela a tempos e lhe faziam mal... quanto mais falava, mais se sentia leve, tranquila.

A psicóloga, doutora Elisabeth, estava muito admirada com a facilidade com que Jessica tinha se aberto. Pelo que Bellatrix tinha lhe contado do caso, a garota era aquele tipo que guarda tudo pra si. Ela esperava certa relutância... mas lá estava ela, falando pelos cotovelos, parecia até que não respirava. A garota realmente estava uma pilha de nervos e quando finalmente terminou de contar, parou tomando fôlego e encarando-a, como se esperasse uma solução, um remédio que a mulher pudesse lhe dar para curar todas essas feridas.

– Você está morando no orfanato novamente? – a mulher agora se sentou, encarando o rosto confuso que Jessie fez diante da pergunta.

– Sim... estou... – ela falou hesitante, tentando entender onde ela queria chegar.

– Pois bem... imagino que lá existam muitas coisas para fazer e ajudar aquelas crianças. – ela sorriu e a ruiva continuou a encarando sem entender.

– Você não ouviu nada que eu te disse? Esse é o menor dos meus problemas... – ela achava que a psicóloga devia estar brincando.

– Tem razão... essa é sua solução! Não posso remediar o que lhe aconteceu, e lamento muito, muito mesmo por tudo que você teve que passar, tendo só 23 anos... mas veja bem, o primeiro passo pra deixar isso tudo para trás, é ir para a frente! Ocupe sua cabeça, se distraia...

– Ocupar como? – ela tinha fechado a cara.

– Você mesma me deu a ideia: Aulas de inglês para as crianças! Um aprendizado para elas, uma distração pra você!

– Ah mas eu não sei dar aulas! Aprendi tudo sozinha! – ela falava sem paciência, pensando que não queria deixar tudo para trás, pelo menos Santana, ela queria trazer para junto dela, seu presente.

– Você vai dar um jeito! Colabore com si mesma! Sem esforço não vai conseguir nada mesmo! Te garanto, com essa distração o tempo vai passar rápido e você não vai se sentir um peso a toa na Terra.

– Eu não me sinto um peso na Terra... – ela falou sem muita certeza.

– Sua missão está dada! Encare essa vida de peito erguido! Semana que vem vou te ver e você já vai me contar o progresso dos seus alunos com alegria.

– A senhora é louca? – ela já estava perdendo a paciência – Abri meu coração aqui e é só isso que tem a me dizer?

– É o suficiente querida! Confie em mim! – sorriu calma para a ruiva que sentia o sangue ferver – Te espero na semana que vem, e qualquer coisa me ligue! – levantou-se e estender a mão para a garota que continuava sentada a encarando desconfiada.

Se despediram e Jessie saiu resmungando do consultório ao encontro de Bellatrix que a olhava ansiosa, tentando ler aquele semblante carrancudo que a ruiva tinha e não combinava em nada com ela.

– E aí, como foi filhinha?

– Louca, só quer seu dinheiro suado! – ela ia andando em direção ao ponto de ônibus sem esperar a freira que andava rápido atrás dela.

– Ahhh duvido... a Beth é muito boa no que faz!

– O que você acha das crianças terem aulas de inglês? – a garota a surpreendeu com a pergunta, mas a loira logo sorriu, entendendo qual tinha sido a conversa.

– Ahh eu acho de grande valia! Qualquer distração produtiva que eles tiverem, eu aprovo com afinco.

– Pois então, posso falar com a Madre sobre isso?

– Não precisa pedir duas vezes! – a mulher sorriu e percebeu que Jessica parecia mais leve, apenas não queria dar o braço a torcer. Ah menina orgulhosa! Desde pequena assim!

Chegaram ao orfanato e as crianças já tinham voltado da escola e agora almoçavam. Dava para ouvir o burburinho no refeitório. Jessica não queria pensar mais, com medo de mudar de ideia e se acovardar novamente. Ficar lamentando a namorada não ter lhe ligado, não faria nada ser diferente em sua vida. Ia fazer acontecer. Foi até a sala da Madre e pediu para terem uma conversa.

E assim foi feito. Dois dias depois as aulas já tinham começado. As turmas foram divididas por idade e o dia de Jessie se resumia em planejar as aulas e executá-las. As crianças estavam empolgadas, os pré-adolescentes também. Começaram a ter a garota como exemplo de que era possível ter um futuro decente, mesmo sendo órfão.

Ana adorava Jessica, e sempre a seguia pelos corredores, se oferecendo para ajudar no que ela precisasse enquanto ela ainda estava com o braço imobilizado. Era um cisquinho de gente, mas adorava conversar e parecia sempre querer sua companhia. A ruiva aproveitava esses momentos para ensinar a garotinha a pronuncia certa das palavras. Percebia que as outras crianças zombavam dela pelos erros.

– Aninha... sabia que você é meu anjinho? – um dia, as duas no pátio, sentada embaixo de uma árvore a ruiva falou, observando a menina que dava cambalhotas na grama, logo a sua frente e ria sozinha das trapalhadas.

– Sou? – deu uma risada gostosa e se aproximou da garota – Mas você que parece um anjo... você é minha anjona então! – falou empolgada e deu um abraço apertado em Jessie que sentiu os olhos arderem com a água que começava a juntar neles

Três semanas se passaram num “piscar de olhos”. Foi assim que a ruiva descreveu a doutora Beth na sua quarta sessão de análise. A mulher não poderia estar mais satisfeita com essa afirmação.

Jessie estava bem, mas sempre que deitava para dormir, Santana vinha em seus pensamentos... ela as vezes fingia que Ana era uma miniatura dela, só pra tentar se distrair e fazer o vazio no seu coração doer menos. Brincava com a garota, lhe contava histórias, não se desgrudavam. Ela ainda usava a correntinha que dera a latina como prova de amor. Era como sentia que seu coração estava... partido. Uma parte realmente ficara em New York. Durante a noite, era costume ela chorar antes de dormir... Relembrava o quanto tinha sido feliz e se não fosse sua correntinha e as fotos no celular, ia acabar se convencendo que toda sua história com a latina tinha sido um sonho. Escrevia tudo num diário, recomendação da psicóloga que ela obedeceu de bom grado. As vezes escrevia o que sentia, outras, direcionava cartas para Santana, lhe contando os acontecimentos e suas aflições. Isso acalentava seu coração, e ela fingia que a namorada lia, fantasiava que compartilhava sua vida com ela.

Mais uma semana se passou, e numa visita ao ortopedista, teve a notícia que poderia se livrar do gesso. Ficou exultante, não aguentava mais aquela peça que lhe esquentava tanto naquele calor tipicamente brasileiro que ela tinha se desacostumado a sentir. Fez questão de pedir categoricamente ao medico que tomasse muito cuidado na retirada do gesso. Não queria perder aquelas palavras escritas por Santana. Acreditava que eram verdadeiras, mesmo depois de tanto tempo sem falar com a namorada. Seu orgulho era grande para tentar um novo telefonema.

Andava pela cidade sozinha, explorava a cidade de São Paulo. Visitava exposições, ia a biblioteca, se distraia por praças enquanto lia. Bellatrix sempre ficava preocupada com esses sumiços da filha, mas logo ela aparecia com um sorriso no rosto, parecendo a garota de sempre, a garota que conhecera antes de ir para New York. Não falavam sobre isso, mas ela percebia que o que a mantinha em pé era a fantasia de que Santana estava ao seu lado.

Um dia desses, de exploração solitária pela cidade, quando Jessie voltou para o orfanato, se deparou com um homem alto, sentado no banco de espera, em frente a porta da madre superiora. Não sabia explicar, mas quando aquele homem de cabelos ruivos, ligeiramente grisalhos e olhos verdes a olhou, sentiu no mesmo instante que estava encarando seu avô.


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Notas finais do capítulo

Um FELIZ 2014 para todas nós! Quem comentar aqui, vai ser mais feliz ainda! Praga minha hein? hauahu



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