Girls On Fire escrita por JessieVic


Capítulo 66
Capítulo 66


Notas iniciais do capítulo

Olá minha lindas! Eu tardo, mas não falho! ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/360771/chapter/66

O interior do orfanato continuava o mesmo. A decoração com papel de parede coloridos com ramos de flores, as imagens de santos por todos os lugares, o som de risadas, gritos escandalosos e as freiras pedindo silencio desesperadas. Nada mudara. Ela parecia voltar no tempo... as vezes um sorriso até surgia no seu rosto.

Desceu as escadas calmamente, estava tímida e se retraiu mais ainda quando viu que conforme as crianças percebiam sua presença, iam ficando caladas a observando. Muitas que estavam lá não a conheciam. Rostinhos curiosos, sapecas a encaravam. Ela queria se esconder, mas logo uma freira rechonchuda, toda sorridente deu um gritinho agitado e do nada surgiu na sua frente a prendendo num abraço apertado.

– Ahhh não acredito! A filha pródiga voltou! – ela balançava a garota ainda presa em seus braços.

– Irmã Sophia... você tá igualzinha... – ela não conseguiu evitar um sorriso diante de tamanha recepção animada – Sempre dramática!

– Ahhh e você sempre desaforada menina! – colocou as mãos na cintura rindo e ainda observando a ruiva a sua frente. Como se não acreditasse que ela estava ali.

Eram umas 20 crianças, estavam em fila, mas logo tudo se bagunçou quando perceberam que Irmã Sophia conhecia aquela moça que tinha aparecido e todos se aglomeraram ao redor delas, cheios de perguntas.

– Ela é bonita! – uma pequena gritava.

– É uma fada! Olha o vestido! – uma outra falava pra responder a outra. Não tinham mais que 4 anos, a ruiva notou.

– Quem é essa moça branquela, irmã? – Um menino com cara de quem dava trabalho perguntou sem nenhuma discrição pra freira que o olhou com olhar repreensor.

– Ahhh logo, logo você vão saber! – a mulher fez cara de mal – Vamos lá, vamos logo pra fila agora! Já tá todo mundo atrasado pro café!

– Ahhhhh – um coral uníssono reclamou e novamente voltaram pra fila.

– Vi Irmã Esperança na celebração hoje de manhã. Ela disse que ia te deixar dormir, depois te apresentaria pros anjinhos... – deu uma risada irônica – Mas já que você acordou, vamos comigo!

Jessica nem teve tempo de responder e a freira já estava a puxando pela mão em direção ao refeitório que já estava cheio. De várias idades, de 1 ano até os mais velhos que já tinham cara de puberdade e aquele ar de tédio típico da adolescencia. As irmãs a olhavam com um sorriso no rosto e davam um aceno. Cuidavam de servir as crianças e ver se não estavam se matando quando viravam as costas.

Bellatrix veio ao encontro da filha, lá elas não podiam se tratar como mãe e filha. A ruiva era apenas uma órfã, uma órfã especial. Deu um abraço apertado na garota e indicou para que ela se sentasse.

Então ela se levantou e depois de algumas chamadas de atenção, o silencio se instaurou. Era a hora da oração, o agradecimento pelo alimento que iriam consumir.

A ruiva reparava nas crianças cochichando entre si e olhando pra ela, estavam curiosas. Logo Irmã Esperança terminou com a dúvida. Chamou a garota pra perto de si e a apresentou aos pequenos.

– Crianças... – ela pedia silencio mas estavam agitados como sempre – CRIANÇAS! – A mulher gritou e logo se aquietaram. – Huuum, melhor assim, anjinhos. – sorriu – Sabem quem é essa moça?

– Nãooooo – um coral desafinado respondeu.

– O nome dela é Jessica! Ela morava aqui, igual a vocês! E agora voltou pra cá, nos fazer uma visita! – a loira falava animada. Era estranho pra a ruiva ver a mãe com o habito. Tinha se acostumado a vê-la de cabelos soltos – E vai nos ajudar!

Ao ouvir isso, Jessie olhou espantada para a mãe. Ajudar em quê, meu Deus!? A mulher não falou mais nada, ordenou que eles começassem a comer e voltou para a mesa com a ruiva.

– Eles estão animados assim porque vão passear no zoológico hoje! Presente de final de ano! – Irmã Zoraide falou, tentando puxar assunto com a menina – Seja bem vinda novamente!

– Obrigada! – ela sorriu tentando ser simpática. Tudo aquilo era um pouco caótico... aquela barulheira e alegria depois de tanto silencio.

– Quer ir conosco? – Irmã Sophia entrou na conversa – É sempre bom mais uma pra ajudar!

– Ah Sophia, já querendo alugar a menina! – Zoraide balançou a cabeça fingindo reprovação – Mas ela tem razão, viu!? Se quiser ajudar, é só embarcar!

Jessica deu um sorrisinho amarelo, concordando com a cabeça e começou a comer. Pão com manteiga e leite com achocolatado. O gosto era o mesmo... sentia saudade desse sabor! Ficou calada o resto do tempo, observando as mulheres conversarem, olhando as crianças, agora quietas, entretidas com a comida. Sua intenção hoje era voltar para o quarto, deitar na cama e esperar as horas passarem. Não queria interagir com o mundo lá fora, só queria ficar lá, no escuro, curtindo sua fossa e confusão sentimental. Aquele convite da Irma Sophia mexera com ela... Estava nesse dilema, com o olhar perdido em algum ponto do refeitório quando olhos castanhos e enormes entraram na sua frente e encararam os seus de forma curiosa.

– Oi! – Uma menina de no máximo 5 anos era a dona dos olhos castanhos. Jessie olhou espantada para a garotinha que estava com um short jeans e uma blusa vermelha com um arco-iris estampado na frente.

– Oi! – a ruiva respondeu com um sorriso, ainda espantada ao observar a menina que esperava mais alguma fala, que não veio. Jessie apenas ficou olhando para a criança a sua frente e pensando no quanto ela era parecida com Santana. Era uma miniatura da latina! Só podia ser! Pele morena, os olhos do mesmo formato, cabelos presos pela metade, http://i500.listal.com/image/5663010/500full.jpg e o mesmo sorriso sapeca. A ruiva não conseguia falar, só observava a menina e pensava se já estava começando a ficar louca, vendo o rosto da namorada em todos os lugares.

– Ahh Ana! Que susto! – a irmã Zoraide ralhando com a menina fez Jessie despertar – Quem deixou você se levantar do lugar?

– Eu vim dizer oi pra moça... – ela dizia toda dengosa e olhava envergonhada para a ruiva que achava graça do jeitinho de falar dela.

– Oi Ana! Tudo bem? – a menina fez que sim diante da pergunta, com as duas mãozinhas na frente do corpo - Quantos anos você tem?

– Eu tenho assim ó – ela mostrou 4 dedos da mão.

– Ahhh Ana... já te disse que você sabe muito bem falar, não precisa mostrar!

– Cuatu! Tenho cuatu! – falou envergonhada olhando da freira, para a ruiva – E você?

– Eu? Eu tenho 23 benzinho! – Jessica percebeu que a menina já tinha ganhado ela.

– Pronto, já disse oi pra moça! Vai lá terminar seu leite, senão vai ficar aqui quando todos forem ver os bichos!

A menina se aprumou diante da chantagem e saiu correndo pro seu banquinho novamente.

– Que linda... – a ruiva pensou alto com um sorriso – Faz tempo que ela tá aqui irmã?

– Ahh, a Ana chegou aqui com dois anos... o pai está preso, a mãe não tem condições de cuidar. Viciada em crack passa o dia todo na rua. A menina chegou aqui pelo conselho tutelar, tão mal cuidada pobrezinha... – fez o sinal da cruz enquanto suspirava – Acho que ela lembra de absurdos que passou, porque se ouve falar na mãe começa a chorar e pedir que não a levem.

– Coitadinha... – ela voltou a se sentir triste – Essas crianças tem histórias impressionantes... e ainda são tão pequenas...

– Sim, mas Deus coloca elas no nosso caminho, e nossa função é ajudá-las e dar o máximo de amor que pudermos. – ela sorriu – Assim como fizemos com você! E olha só! Uma moça, vivendo em New York!

– É... vocês me salvaram – ela deu um sorriso, tentando se animar mais um pouco.

– Bom, vejo que já terminou de comer! Vai aceitar nosso convite e ir passear conosco?

“Não vai, ninguém te quer realmente lá. Pra que você vai servir? Pra ficar triste, andando com cara de choro pra lá e pra cá? Durma, é melhor! ”

– Sim, quero ir com vocês! – ela respondeu depois de um suspiro profundo. E sorriu vitoriosa.

_____________________________________________

– Vocês realmente precisam ir? – Santana fazia cara de choro enquanto olhava para os pais prestes a pegar o taxi rumo ao aeroporto.

– Já expliquei pra você mi hija... mas vamos nos falar todos os dias! Quinn e Rachel vão cuidar de você, confio nelas! – Maribel abraçou a filha mais uma vez. E olhou para as garotas que estavam ao lado dela.

– Manterei contato com o delegado daqui, qualquer novidade te aviso! – abraçou a filha – Fique bem, as coisas vão ficar melhor! Logo a Joice volta...

– Jessie pai... Jessie... – a latina falou desanimada. O pai era bem desatento na vida dela, sempre foi assim.

– Você entendeu! Ela vai voltar! – deu um tapinha nas costas da menina e deu sinal para a mulher entrar no taxi – Estamos atrasados, despedidas só entristecem!

– Eu te ligo! – Maribel olhava para a filha com o coração apertado, via o olhar de desolação que a garota tinha. – Cuidem dela meninas! – as duas amigas assentiram enquanto acenavam para o carro que partia.

– Pronto... Agora estou totalmente abandonada! – a latina pensou alto.

– Nossa Santana, obrigada pela parte que nos toca! Somos nada pra você mesmo hein?

– Não... Desculpem... – ela respirou fundo – Eu acho que vou dar uma volta... correr sozinha, pensar um pouco...

– Tem certeza que quer ir sozinha? – Rachel tentava ir devagar pra não levar outro insulto.

– Tenho... assim dou sossego pra vocês duas um pouco... – sorriu envergonhada – Eu vou buscar os tênis lá em cima e já vou. – começaram a subir juntas, sem falar mais nada.

XXX

Será que ela chegou bem? Poderia ter pelo menos me ligado, mandado uma mensagem... Isso não se faz. Ficar nessa espera, nesse arrependimento... – Santana corria pelo parque do bairro vizinho enquanto esses pensamentos rodeavam sua cabeça – Talvez seja melhor assim... talvez eu tenha que cuidar da minha vida, como ela vai cuidar da dela, ocupar a cabeça, quem sabe sair para algum lugar!? Não, não... eu quero ela, quero a Jessie pra mim! Droga, virei uma boba apaixonada, pensando nela a todo momento, sofrendo por amor! Santana Lopez, você não é mais a mesma...Vou continuar a minha vida, é assim que meu bem quer que seja.

_____________________________________________________

–Quinn, você não acha que faz muito tempo que a Santana saiu? – Rachel falava apreensiva.

– Rach, fica calma... não me deixa preocupada de novo! Tava pensando nisso... ela tava com medo de sair na rua novamente e hoje foi sozinha... – a loira estava deitada no colo da morena que fazia carinhos em seus cabelos e ambas tentavam ver televisão para se distrair.

– Ai se ela demorar mais um pouco eu vou atrás!

– Nós vamos... nós vamos! – Quinn fez carinho na mão da morena tentando acalma-la.

Um barulho fez as duas se assustarem e lá estava Santana, adentrando o apartamento toda ofegante. Deu um sorriso firme para as meninas que a observavam com cara curiosa.

– Ahhh uma corrida é sempre boa para extravasar as energias negativas! Preciso de um banho! – foi caminhando para o banheiro – Afinal, eu tenho que trabalhar hoje!

Rachel e Quinn não acreditaram no que ouviram. Trabalhar? Ela realmente estava pronta pra voltar ao Coyote Ugly? Sozinha? Realmente a corrida devia ter valido a pena.

E foi isso que aconteceu, assim que a latina saiu do banho, se arrumou para trabalhar enquanto cantarolava baixinho. Logo depois fez um lanche e comeu calada na cozinha, sob os olhares espantados de Quinn e Rachel que a olhavam lá da sala. Depois que Santana terminou de se arrumar, ainda faltavam alguns minutos para sair, então ela se sentou na sala e só então percebeu as amigas a encarando.

– Hey, que foi? – perguntou com ar confuso.

– Santana, é você mesma? Onde você foi correr? Alguém te abduziu, fez alguma lavagem cerebral? – Quinn tentava descontrair nas perguntas, mas realmente essa era a possibilidade mais lógica pela mudança de espírito da amiga.

– Não, bobinha! Eu corri bastante, e enquanto corria, pensei muito... pensei e lembrei de uma frase que li a pouco tempo, em algum lugar... “Não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito” e a decisão que tomei é que vou seguir em frente! – ela pausou e vendo que a expressão de confusão continuava nas amigas, continuou – Eu vou tentar fazer tudo como eu fazia antes... vou para as aulas de dança, vou trabalhar, vou tentar viver... Falei com a Tracy, e ela vai me trazer embora no final do expediente, não consigo voltar sozinha... ainda sinto calafrios.

– Eu fico muito feliz por você Santana! De verdade, chegar a essa decisão sozinha é uma coisa tão madura, de espíritos realmente fortes! – Rachel falava, realmente feliz pelo que tinha ouvido – Queremos te ver alegre, queremos a Santana de antes...

– Não, a Santana bitch de antes não... – Quinn interrompeu a morena, sorrindo para a amiga – O tempo vai passar rapidinho... você vai ver San...e logo você vai estar por aí, aos amassos com a Jessie, deixando a gente pegar vocês no flagra!

– Ahhh saudades disso! – ela suspirou lembrando da amada – Dos beijos dela... dos carinhos...

– Errr... – Rachel pigarreou – Pode nos poupar dos detalhes... vi algumas coisas já durante os flagras...

– Porque você e o Kurt eram dois empata foda! Só por isso – ela falava descontraída, sentindo o coração apertar de saudade daqueles dias que pareciam ter sido a tanto tempo.

– Bom, agora você já deu o troco... – Quinn falou lembrando na noite retrasada, que a amiga as tinha atrapalhado.

– Nossa, vai ficar me lembrando disso pra sempre Fabray? Hoje vou sair, fica tranquila, vocês podem fazer a vontade! Em cima da mesa, no sofá, na cama, em cima do guarda roupa... – ela falava e percebia Rachel ficando cada vez mais envergonhada – Só não façam na MINHA cama, senão vocês vão sentir a ira de Santana Diabla Lopez!

– Fica na boa Santana... – Quinn falou baixo, arrependida de ter tocado no assunto.

–Eu to falando sério amiga! Dá um jeito na Berry logo, pra ver ver o que é bom! Mostra que te ensinei certinho! Dá um chá dos bons pra...

– SANTANA! – Rachel saiu da vergonha, ouvindo esse insulto – Acho que tá na hora de você ir né, linda? Metrô lotado...

– Uh tem razão! – ela se levantou, satisfeita por terem deixado as amigas constrangidas – Não me esperem para o jantar... – Saiu em direção a porta e soprou um beijinho para as amigas que apesar de bravas não puderam conter um sorriso por ver a amiga aparentemente bem.

A porta se fechou e um silêncio pairou no ar enquanto as duas evitavam se encarar.

– Enfim sós... – Rachel suspirou quebrando o silêncio, mas sem coragem de olhar para a loira.

– E aí, vamos aproveitar? – Quinn falou daquele jeito que fazia Rachel sentir as pernas moles enquanto fazia uma cara sugestiva.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, mereço comentários?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Girls On Fire" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.