Girls On Fire escrita por JessieVic


Capítulo 65
Capítulo 65


Notas iniciais do capítulo

Olá garotas! Desculpem a demora! Fui viajar esse fim de semana e esqueci de levar meu precioso pendrive comigo! Espero que gostem!



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– Essa é mole... temos uma filha adulta e nem nos demos conta... – a loira pensou enquanto via Rachel toda maternal tentando acalmar a amiga. A latina sequer tentava impedir o contato dela, chorava baixinho. - Santana, o que aconteceu? – ela agora falou em voz alta se sentando na beirada da cama, alcançando a mão da latina que apertou forte em resposta.

– Eu não sei... não consigo lembrar... acho que dormi com muita coisa na cabeça – ela parecia agora se recompor um pouco e se desvencilhava dos braços de Rachel – Não preciso dizer o motivo disso não é Fabray? – ela falava em tom acusatório, como se a loira tivesse culpa por Jessie e ela terem brigado.

– Só queremos que você fique bem... – Rachel falou tentando apaziguar – Vou fazer um chá de camomila pra você... vai resolver! – saiu do quarto sem esperar resposta.

Santana e Quinn ficaram em silencio, apenas se encarando.

– Merda de pesadelos... – a morena passava as mãos pelos cabelos.

– Uma merda mesmo... – a loira foi sincera. Pra todos os efeitos aquele pesadelo tinha atrapalhado a vida de todo mundo no recinto.

Santana levantou a cabeça quando a amiga disse isso, e só nesse instante percebeu que ela só vestia calcinha e sutiã.

– Wow... não vai me dizer que... – ela fazia uma cara divertida, parecia ter esquecido do choro de antes.

– Quase... quase aconteceu alguma coisa – ela soltou o ar frustrada olhando para a porta.

– Me desculpe... – a latina se sentiu envergonhada. Sabia que aquele momento era especial, mesmo sendo uma vadia, sabia o quanto era péssimo ser interrompida nessas horas. – Não precisavam vir me acudir...

– Não adianta... Rachel disse que você é nossa filhinha – ela deu de ombros com um sorriso bobo no rosto – Quer brincar de casinha com você.

– Meu Deus Fabray! Tira essa ideia da cabeça doida dela... credo... a Berry minha mãe – ela se balançava toda empertigada.

– Huum, bem que você gostou do abraço acalentador que ela te deu ainda a pouco – a loira adorava provocar o lado sensível da amiga.

– Cala a boca! – falou emburrada voltando a se deitar.

Rachel chegou um pouco depois trazendo o chá, toda animada para Santana que fez dengo, mas tomou logo. As duas ficaram mais um pouco com a latina, até terem certeza que ela estava bem e só então voltaram para o quarto.

O fogo tinha apagado... pelo menos naquela noite o melhor era mesmo descansarem.

– Amanhã a gente continua... – Rachel sussurrou no ouvido da loira que estava deitada de lado, de costas para ela e dormiu com esse pensamento consolador.

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O dia nem tinha clareado totalmente e Jessie já estava em pé na cozinha arrumando o café. Não tinha pregado o olho e estava cada vez com mais raiva da mãe e Maribel que a olhavam com uma cara apreensiva o tempo todo. Ela se sentia realmente uma bomba relógio e isso a deixava triste. Pensar em Santana era o mesmo que enfiar uma faca afiada no coração, doía demais. Se arrependia tanto de ter iniciado aquela discussão idiota no banheiro. Mas sequer se lembrava onde aquilo tinha começado. Ela só queria que elas se acertassem e agora desejava mais ainda que isso acontecesse. A latina devia ter cansado dela... tinha ido embora e pelo visto não se veriam nem para a despedida. Sua vontade era correr pra casa dela e gritar mil desculpas. Mas no fundo do seu coração sentia que o melhor para a namorada era se afastar dela. Viver a vida, correr atrás dos seus sonhos sem ter uma ruiva problemática junto dela.

– Eu vou me tratar San... vou fazer isso só por você... – ela falou baixinho, como uma promessa.

Suas malas estavam prontas e já que ela teria que ir, que as horas passassem rápido até o embarque. Sentou-se na cadeira da cozinha e tomava um café calmamente enquanto olhava para o apartamento colorido que ela aprendeu a chamar de lar. As partes de diversas cores que ela e Lola tinha começado a pintar e depois ela terminou sozinha quando a namorada partiu. Aquele lugar era ao mesmo tempo alegre e triste. Já fazia parte dela. Sabia que voltaria para ele mais rápido do que podia parecer.

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Só porque Jessie queria, as horas custaram a passar, mas finalmente chegou a hora de partir. Para sua tristeza somente Quinn e Rachel apareceram para dar tchau. Ninguém sequer falou no nome da Santana, para evitar maiores emoções. Todas sabiam da situação tensa e Rachel e Quinn sabiam o estado que a latina havia ficado no apartamento. Chorando, trancada no quarto, agarrada ao travesseiro. Seu orgulho era maior. Achou que talvez assim, Jessie iria com mais boa vontade para o Brasil. Pensando que ela não se interessava mais tanto em vê-la.

O taxi chegou, foram ajudadas pelas outras mulheres e logo estavam partindo rumo ao aeroporto. Jessica ficara calada o tempo todo, tentou se desligar de tudo o que estava ao seu redor e focava no dia que voltaria pra lá. Santana, mais do que tudo, não saía do seu pensamento. Onde ela olhava, mesmo nos lugares em que nunca estiveram juntas, a fazia lembrar-se da latina. Perder Lola foi difícil, mas ela acabou aceitando que não veria mais a ex-namorada, não nessa vida. Mas saber que estava deixando Santana para trás, quando poderiam estar juntas, rindo, trocando carinhos, chegava a torturá-la. Porque complicamos tanto as coisas? Nos afastamos do que pode nos fazer bem, com medo de sofrer e acabamos sofrendo mais ainda com as consequências que a distância trás.

Bellatrix observava a apatia da filha, que olhava pela janela do carro, com a cabeça apoiada no vidro. Tinha os olhos tristes. Decidiu não puxar assunto, já estava grata por ela ter aceitado a situação sem maiores confusões.

A viagem foi tranquila, pouco conversaram entre si. A ruiva tratou de tentar dormir assim que encontrou seu acento e apertou seu cinto. Não tinha dormido a noite toda, talvez isso a ajudasse a pegar no sono mais facilmente. Acordava as vezes com a comissária de bordo oferecendo coisas ou quando o avião fazia algum movimento estranho, mas mesmo assim, fingia dormir, para que a mãe não tentasse puxar conversa. Naquela altitude, seu braço quebrado parecia mais dolorido. Mas olhar para o gesso colorido, cheio de declarações, doía muito mais.

Chegaram a São Paulo já era madrugada. Com um taxi foram até o orfanato. Mesmo escuro, Jessie observava pela janela e relembrava sua vida nos lugares que o carro passava. Os passeios com os outros órfãos, as missa, as vezes que conseguia escapar para namorar com Lola em algum lugar calmo. Era um perigo, sempre faziam isso a noite, mas elas sequer pensavam no risco que corriam, queriam apenas estar juntas e demonstrar carinho longe dos olhares reprovadores das irmãs.

Quando o taxi branco parou na frente do orfanato, a ruiva sentiu um turbilhão de lembranças virem a tona em sua mente. Aquele lugar fora sua casa por 18 anos, uma construção antiga, 3 andares, de paredes grossas, imponente. Haviam pintado de azul céu, ela pode notar. Antes a fachada tinha uma cor rosa triste, desbotada. Jessie gostou mais dessa. Desceu suas malas e ficou esperando sua mãe tomar alguma atitude. Continuava olhando para o alto, cheia de recordações. Sentia uma disputa dentro de si. Ao mesmo tempo que gostava de estar lá, queria no momento estar em New York.

Bellatrix tinha a chave, e sem falar com a filha, abriu a porta e fez para sinal que ela entrasse e em seguida levou o dedo aos lábios, pedindo que fizesse silencio. Jessica revirou os olhos. O que a mãe estava pensando? Que ela iria sair correndo como uma doida fugida do hospício, acordando todas as crianças e as velhas freiras?

– Já avisei a madre superiora que chegaria nesse horário – a loira quebrou o silêncio que se instaurara desde o avião, falava em cochichos – Ela arrumaram um quarto pra você. Ao lado do meu – ela tentou sorrir mas desistiu quando viu a cara sem expressão da ruiva lhe olhando de volta – Uma das freiras está viajando em missão, você pode ficar sozinha nele, imaginei que preferisse isso a ficar comigo – deu um suspiro triste vendo que a filha nada respondia.

Chegaram ao quarto, Bellatrix colocou as malas da filha, deu-lhe um beijo na testa e saiu deixando-a em paz. A ruiva se viu sozinha, sentou devagar na cama, observando o quarto e inevitavelmente um choro começou a surgir. Deitou-se, colocando o travesseiro contra o rosto para não fazer barulho e assim ficou até adormecer, horas depois.

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Santana acordara sentindo-se um trapo, depois dos pesadelos não conseguira mais dormir decentemente. Passou a tarde perdida tentando encontrar algo que a distraísse mas nada prendia sua atenção. Ler, assistir TV, um passeio pelo parque com a mãe. Nada tirava do seu pensamento que sua ruiva ficava cada vez mais longe dela. Milhas e milhas. Espiou da janela quando seu amor estava entrando no taxi e chorou baixo vendo-a ir sem sequer olhar pra trás.

– Santana, o que você acha de irmos naquele bar de karaokê para sua mãe e a Quinn conhecerem? – Rachel tentava chamar sua atenção pela milésima vez aquele dia.

– Não tenho clima pra sair Berry... muito menos pra ficar te ouvindo cantar – a latina falou toda azeda sem olhar pra morena que estava sentada na sua frente no sofá.

– Você vai ficar aí se remoendo até quando Santana? – Quinn não aguentava mais ver a amiga daquele jeito, mas sabia que isso era só o começo – Isso logo vai passar, mas se você não se distrair, o tempo vai andar a passos de formiga!

– Tiraram o dia pra me encher é? – a morena falou um pouco agressiva.

– Só estamos preocupadas com você, por que nos importamos, sua mal agradecida! – a loira continuou, se fazendo de ofendida. – Sua mãe pediu pra ficarmos de olho.

– Hum... eles que não voltam... – ela agora demonstrava um pouco de apreensão na fala.

Seu pai tinha chegado essa tarde a New York, sempre correndo e atarefado, quis que a esposa o acompanhasse até a delegacia. Queria saber as providencias que estavam tomando com o caso do ataque que Santana e a namorada tinham sofrido. A latina não quis ir junto, mas concordou que iria caso chamassem. Por sorte ainda não tinham ligado. Queria que aqueles filhos das putas daqueles estupradores queimassem no inferno. Por culpa deles tinha perdido seu amor. Estava calada, imaginando uma morte lenta e dolorosa pra cada um deles quando a campainha tocou e Rachel correu atender.

– E aí meninas, como estamos? – Maribel entrou cumprimentando todas e Juan veio logo atrás as olhando com um aceno de cabeça.

– Estamos bem... – Rachel sorriu – Na medida do possível... – falou baixo indicado Santana no sofá de braços cruzados, fingindo prestar atenção na TV.

– E aí, conseguiram alguma coisa? – Quinn perguntou, também estava curiosa.

– Os caras ainda estão presos e creio que assim permanecerão. Pelo que vi, todos eles já tinham ficha na policia por caso de agressão doméstica, estupro e roubo. Não sei onde estavam na cabeça de soltarem esses vermes antes! Dessa vez não vão conseguir sair impunes! Palavra de um Lopez. – o médico falava num discurso inflamado. Mesmo não demonstrando muito, tinha muito amor pela filha e quando soube do ocorrido o que mais queria era poder dar umas porradas na cara daqueles bastardos.

– Juan, menos... menos... – Maribel sorria um pouco indo se sentar ao lado da filha que apenas lhe olhou de soslaio. – Huum que cara mais brava... – mexeu no queixo dela que tentou desviar e continuou de cara fechada.

– Já jantaram meninas? – Juan sentou numa das poltronas, parecia animado. Totalmente alheio com o clima do ambiente. Ele era assim, preferia mascarar as coisas ao invés de sentar ao lado da filha e perguntar se estava tudo bem. Melhor fingir que nada tinha acontecido. Ele achava que não falando sobre o assunto, ele seria esquecido.

– Ainda não... Estávamos pensando em sair e comer em algum lugar, para nos distrairmos... – Rachel não queria ser indelicada com o homem, mas imediatamente recebeu um olhar mortal da latina.

– Eu também acho que seria bom sairmos para conversar, afinal, estamos indo embora amanhã... – Maribel deu de ombros e agora conseguiu chamar a atenção da filha.

– Amanha? – encarou a mãe como uma cara de quem tinha sido traída.

– Sim... achei que não ia se importar, afinal está me tratando com indiferença a dias... – ela falou fazendo o drama comum de todas as mães.

– Mãe... – a latina estava a flor da pele e qualquer coisa a deixava ofendida – Você sabe que não foi minha intenção...

– Eu sei meu bem, sei que tudo isso está sendo difícil... Mas acho que fiz minha parte aqui já, precisamos mesmo ir... Sei que você vai ficar bem, tem suas amigas.

– Bem podre, isso sim... – ela falava com raiva com se o mundo tivesse culpa da sua dor – Então tá, vamos logo nessa bagaça, to afim de comer uma pizza com minha família e minhas amigas, apesar de tudo...

– Aí, é assim que minha verdadeira Santana fala! – Quinn deu um tapinha no seu ombro a provocando e Rachel olhou pra ela com um aceno, fazendo cara de tia orgulhosa.

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Jessica acordou assustada ao som de gritos e conversa. Demorou um pouco pra se situar, mas logo lembrou onde estava e soube no momento exato que nada tinha mudado. A gritaria e tropé das crianças ainda eram o mesmo do seu tempo. O calor tropical também não dava trégua, já cedo estava quente.

Não tinha dormido nada, mas não conseguia ficar mais deitada na cama. Sabia que uma hora ou outra precisaria abrir aquela porta e dar de cara com todas as suas lembranças.

Vestiu-se devagar, o gesso atrapalhava. Pegou o primeiro vestido que tinha encontrado na mala... Sentiu um aperto quando lembrou-se do passeio que fez no parque na companhia de Santana e estava com ele. Foi ao banheiro, lavou o rosto com certa dificuldade, queria prender os cabelos numa trança, mas com uma mão só, era impossível. Olhou-se no espelho, e por um momento se viu pequena, uma criança confusa, assustada. Com medo de encarar as outras crianças lá embaixo. Sempre se sentindo diferente. Respirou fundo e abriu a porta. Sabia o caminho.


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Notas finais do capítulo

É galera... novos ares! Um descanso da mente é necessário para ambas! ;)



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