Girls On Fire escrita por JessieVic


Capítulo 53
Capítulo 53


Notas iniciais do capítulo

Testando aqui... o capítulo estava aparecendo sem nome... Desculpem o atraso, o site estava em Manutenção ontem!



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Jessie sentiu o chão faltar sobre seus pés quando viu aquilo. Não sabia o que fazer, o medo e o desespero a dominavam. Não passava ninguém na rua e logo os rapazes perceberam para o que Lola olhava e viram a ruiva parada, com olhos assustados.

– Oi moça... quer brincar também? – um deles deu um sorriso e caminhava devagar até a garota paralisada pelo medo enquanto o outro cara segurava Lola. – Mas se for uma menina má, apanha! – deu um sorriso doente.

– O que está acontecendo? – ela conseguiu ter coragem pra falar, perguntava olhando para a morena que lhe olhava aflita.

– É melhor você sair daqui Jess... – Lola falava com dificuldade pois o rapaz a prendia contra a parede segurando seu pescoço e não parecia nem um pouco intimidado por ser observado pela ruiva.

– Huum, você conhece essa belezinha? – o homem perto de Jessica falou olhando de uma pra outra – Vai ser uma diversão dupla então!

– Deixa ela Inácio... ela não sabe de nada! – a morena sentia o ar faltar nos seus pulmões.

– Ahhh mas ela é tão bonitinha... – ele sorria chegando mais perto da menina que se mostrava apavorada, como um servo prestes a ser atacado por um leão – Não me diga que essa é a sua namorada!? – ele olhava de cima abaixo para a ruiva, com olhar faminto.

– Jess, corre! Corre o mais rápido que puder! – ela falava desesperada – Não esquece nunca que eu te amo! Pra sem...- ela nem conseguiu terminar de falar e levou mais um soco no nariz.

A ruiva sentia seus pés como duas pedras de cimento, queria ter forças pra correr mas não conseguia sair do lugar. Queria ter coragem pra enfrentar aqueles dois, mas só tinha medo dentro de si. Quem eram eles, o que Lola tinha feito praqueles caras? Algum alarme disparou dentro dela e sem mais aviso ela desembestou a correr, o mais rápido que podia com suas botas de salto. Ela pode ouvir de longe o riso insano do homem branco que estava prestes a tocar nela, mas não ousou olhar pra trás. Corria, corria como se sua vida dependesse disso. E não era isso mesmo? Sua vida dependia daquela corrida? A sua e de Lola. Tentava pensar rápido, precisava chamar a polícia, precisava que alguém ajudasse. Sua namorada, a mulher que ela amava desde sempre estava em apuros e corria risco. Estava cheia de adrenalina, cega pelo turbilhão de pensamentos que surgiam, não tinha ninguém na rua, nenhuma alma santa para lhe ajudar. As lágrimas inundavam seu rosto, mas ela não podia parar. Atravessou a avenida com pressa, os carros passavam rápido, o sinal estava livre pra ela, mas alguém não viu isso e bem no meio da rua Jessica foi atingida por um carro em alta velocidade. A pancada foi grande e ela foi lançada alguns metros a frente. Seu ultimo pensamento antes de apagar não conseguiu ser colocado em palavras, ela pedia do fundo da alma para que alguém salvasse Lola.

– Ai meu Deus... ai meu Deus... – Santana falava baixo enquanto acariciava o rosto da ruiva que pra variar estava cheio de lágrimas e ela parecia não ter voz pra continuar em meio aos soluços – Eu sinto tanto... – ela beijou a testa da menina com delicadeza e apertou seu corpo contra si chorando junto com ela – Tanto...

– Dói muito San... dói muito – ela falava desconsolada, olhando aqueles olhos negros – Dói demais sempre que eu lembro da minha Lola... eu tinha que salvá-la! Eu não valho nada, sou uma covarde! – ela gritava em desespero tentando se desvencilhar do abraço da latina e sentou-se na cama – Eu não mereço estar viva... não mereço... Não mereço você!

– Não, não diz isso meu amor! – Santana sentia o coração doer demais vendo aquela cena, assistia toda aquela aflição nos olhos verdes agora opacos, cheios de tristeza e não sabia o que fazer ou o que falar – Eu te amo, te amo e você merece cada pedacinho desse amor! Você é meu raio de sol, você não tem culpa de nada... – ela abraçava a menina, mesmo com ela se sacudindo e negando cada palavra que ouvia da latina – Vai ficar tudo bem... – ela passava a mão nos cabelos dela com carinho – por favor... por favor olha pra mim – Jessie obedeceu e olhou triste para a latina, seu corpo balançava em soluços, mas ela ficou em silêncio, sentia seu corpo mais dolorido do que nunca pois sua alma também doía – Eu te amo! E estamos unidas pra sempre! – ela pegou sua correntinha e deu um beijo, ainda olhando pros olhos verdes que pareciam exaustos – Vamos viver um dia de cada vez. Juntas! Promete pra mim?

A ruiva só assentiu, escondendo o rosto no pescoço da latina, voltando a chorar baixinho. Não falaram mais nada, ficaram perdidas em pensamentos, a história que Santana tinha acabado de ouvir rondava sua cabeça e depois de um tempo ela percebeu que a ruiva tinha adormecido, sua respiração estava mais tranquila, atrapalhada por alguns soluços. A latina acabou caindo no sono embalada pelo silêncio e pela paz que por enquanto parecia ter pairado.

XXX

Quinn acordara incontáveis vezes durante a noite. Se remexia na cama o tempo todo e depois de várias tentativas de pegar no sono, resolveu ir pra cama de Santana no quarto ao lado para não acordar Rachel. Fazia tempo que não tinha pesadelos depois que tinha vindo pra New York, e principalmente quando estava na presença da morena, dormia bem toda noite apesar da preocupação com a audiência com Charles e a Universidade rondar seus pensamentos. Essa noite foi uma exceção a regra. Teve sonhos confusos, Santana aparecia neles junto com Jessie, pareciam em apuros, suas expressões eram de angústia. Acordava toda hora com um aperto no peito e respirava aliviada por notar que era apenas um sonho ruim e as duas amigas com certeza estavam a salvo dormindo tranquilas.

Quando finalmente pareceu dormir um tempo mais longo foi despertada por Rachel que a olhava curiosa enquanto passava a mão por seus cabelos.

– Bom dia! – a morena sorriu tímida.

– Bom dia! – Quinn se mexeu na cama ainda com sono, dando espaço para a amiga deitar-se.

– Me assustei quando acordei e não te vi na cama... resolveu se mudar pra cá? – ela tentava disfarçar seu lamento por não ter a loira dormindo ao seu lado.

– Eu... vim pra cá no meio da noite. Não conseguia dormir e não quis atrapalhar seu sono – ela sorriu com ternura – Sentiu minha falta é?

– A cama pareceu maior que o normal... acho que fiquei mal acostumada – ela deu de ombros tentando disfarçar – Porque não conseguiu dormir? – tratou logo de mudar de assunto.

– Pesadelos... – ela fez uma cara triste - Que horas são? Vou ligar pra Santana, ver se está tudo bem! – ela se levantava procurando o celular.

– São 9 da manhã Quinn! Com certeza elas ainda estão dormindo... chegam tarde do bar e sabe Deus o que fazem depois – ela riu pensando no fogo daquelas duas – Acho melhor deixar pra ligar mais tarde...

– Mas eu preciso ouvir a voz dela, preciso confirmar que esses pesadelos foram idiotas... – ela pegara o celular e começava a discar – É rapidinho... – ela se explicou vendo Rachel cruzar os braços revirando os olhos pela teimosia dela.

Tudo ao redor era escuridão. Ela estava perdida. Nunca tinha andado por aquele lugar antes e não sabia para que lado ir. O barulho de passos rápidos chegou ao seu ouvido, uma respiração forte e ela sentiu que precisava correr. Mas pra onde?

– Oi delícia! – ela ouviu um homem falar bem próximo ao seu ouvido, não enxergava ninguém, tudo era escuridão. Então ela ouviu um grito agonizante, de súplica seguido de um choro. Conheceu aquela voz.

– Corre Santana, corre! – Jessie gritava a plenos pulmões antes de desmaiar.

A latina percebeu seus pés grudados no chão, não conseguia se mexer, nem fechar os olhos. Assistia a cena acontecer na sua frente, dois homens despiam a ruiva a sua frente e alisavam seu corpo como selvagens. Ela sentia ódio, queria muito matá-los. Mas não conseguia se desgrudar do chão....

Acordou assustada, com o coração batendo forte, por um momento se sentiu perdida. Percebeu que estava chorando. Viu Jessica dormindo ao seu lado, ainda com a cabeça apoiada em seu ombro. A pobrezinha estava numa posição toda torta por causa do braço imobilizado. Só agora tinha percebido o som do seu celular que tocava insistente. A música vinha lá da sala. Santana não tinha vontade de levantar para buscá-lo. O barulho não parava, sua cabeça estava a mil com o pesadelo que acabara de ter... histórias misturadas, sofrimento mais uma vez. Jessie passara por aquilo duas vezes na vida real. Ficou com medo que ela acordasse, queria que a namorada descansasse o máximo possível. Começou a se mover o mais delicadamente que conseguia, ajeitando a ruiva devagar, numa posição mais favorável para que ela dormisse em paz. O celular que tinha dado uma trégua voltou a chamar e ela correu atender. Sentiu seu corpo dolorido ao caminhar. Olhou no visor e viu o nome Quinn piscando na tela.”Bosta...”

– Alô...

– Santana! Nossa, eu já estava preocupada... essa demora pra atender foi fora do comum! Não vai me dizer que você e Jessie estavam...

– Não. – a latina foi seca. Não tinha vontade de conversar – Estávamos dormindo.

– San... – a loira estava hesitante – Tá tudo bem? É bobeira minha, mas eu sonhei com vocês a noite toda e acordei sentindo que devia ligar. Só preciso que você diga que está bem e já deixo você dormir de novo.

– Não... – Santana tentava conter o choro, sabia que se dissesse mais alguma coisa ele ia chegar.

– Não o que? – Quinn parecia nervosa – Não tá tudo bem?

– É. Não tá – ela respirou fundo e não resistiu, caiu no choro.

– Eu... espera Santana, eu estou indo aí ok ?

A loira não obteve resposta, a latina já tinha desligado. Quinn olhou para Rachel que a observava curiosa e já estava preocupada por ouvir um lado da conversa. Os olhos se cruzaram e não precisou de nenhuma palavra para ambas se levantarem e sair o mais rápido possível do apartamento.

Nem precisaram bater ou tocar a campainha, a porta estava destrancada. Viram Santana sentada no sofá encolhida, abraçando a si mesma num choro silencioso. Quinn foi até ela, sentindo o coração apertado. Não era normal ver a latina daquela maneira, algo ruim tinha acontecido. A garota se jogou em seus braços e a abraçou apertado. Rachel assistia aquela cena aflita, espantada pela reação inesperada.

– Cadê a Jess? – Quinn se separava do abraço e parecia muito preocupada procurando pela ruiva.

– No quarto...dormindo. – ela falou com o olhar baixo, deixando Rachel sentar ao seu lado no sofá e segurar sua mão enquanto a loira segurava a outra sentada do outro lado.

– Então o que houve? Ela tá bem? – Rachel estava cada vez mais desesperada e não entendia o nervosismo raro da latina.

– Ela... eu... – Santana não sabia como falar – Voltando do trabalho, sofremos uma tentativa de estupro – resolveu soltar tudo de uma vez, para acabar com o sofrimento de lembrar daquilo novamente.

– Não... – Quinn colocou a mão na boca para disfarçar seu espanto e Rachel já começou a chorar – Porque não me ligou antes? Porque não chamou? Onde estavam, como voltaram pra cá?

– Vocês duas na rua de madrugada, seriam só mais duas presas para seres doentes como os que nos abordaram – a latina falava devagar – Tracy nos buscou no hospital...

– Hospital? – Rachel ficava cada vez mais preocupada e começou a procurar ferimentos pelo corpo de Santana.

– Tivemos tanta sorte... – ela balançada a cabeça, de olhos fechados deixando as lágrimas escorrerem – Foi Deus... foi a oração da Jess... eu não sei, mas a polícia passou por lá a tempo e nos salvou, mesmo sem esse propósito. Os caras foram presos.

– Os caras? Quantos eram? – Quinn se sentia cada vez com mais raiva e pena das amigas.

– Quatro Q... – Santana não conseguia se segurar no choro – Jessie foi a que sofreu mais porque tentou me defender e eles ficaram com mais raiva...

– O que... o que podemos fazer pra ajudar vocês? – Rachel não sabia o que dizer ou o que pensar, sentia calafrios só de imaginar o que as meninas tinham passado.

– Nada agora... eu só preciso dormir. Dormir muito... – ela soltou o corpo no sofá – Estou preocupada com a Jessica... ela está muito abalada, não suporto ver aqueles olhos tão tristes... Estou com medo...

Pararam de falar quando notaram a ruiva em pé, na porta do quarto. Parecia em transe, mais pálida do que nunca. Os ferimentos no rosto pareciam mais escuros agora. Todas ficaram sem reação, principalmente Quinn e Rachel que não imaginavam que a amiga estava com aquela aparência.

– Jess... – Santana tentou sorrir. Levantou-se indo até a namorada, depositando um beijo em sua testa – Desculpa te acordar... – ela sussurrou pra menina que só deu de ombros – Vem, senta aqui com a gente – ela puxou a ruiva que se deixou levar.

Sentou ao lado da latina no sofá, de frente pra Quinn e Rachel que pareciam paralisadas, sem saber o que dizer diante daquela situação. A expressão de medo de Santana parecia agora substituída por uma falsa calma que ela tentava passar para a namorada.

– Oi... – Rachel falou hesitante para a ruiva e Quinn revirou os olhos, aquilo estava tenso demais.

– Oi...- a ruiva respondeu de forma automática, olhando pra cara espantada da morena que parecia não saber o que dizer – Tô tão destruída assim?

– Não... eu só – ela estava medindo as palavras – Eu só estou muito assustada com o que acabei de saber... Sinto muito mesmo meninas.

Jessie apenas fez uma cara de quem lamenta e tentou sorrir. Não tinha conseguiu.

– Vou fazer um chá de camomila pra vocês... – Quinn se levantou pois viu que ninguém ia falar mais nada – Me ajuda Rachel?

– Ah sim! – ela levantou ainda olhando para as duas garotas sentadas no sofá, pareciam exaustas.

Foi pra cozinha com a loira e a cabeça delas era um turbilhão de pensamentos. Nunca tinha pensado que isso poderia acontecer com pessoas próximas a ela.

– Quinn... – a morena cochichou – A Jess está um farrapo, parecia um zumbi quando a olhei parada na porta do quarto! Será que aconteceu mais coisas além do que a Santana contou?

– Shiuu... – a loira a repreendeu – Depois a gente pensa nisso! O importante é que elas precisam descansar – ela falava com o olhar baixo. Esta surpreendida consigo mesma por ter tido um mal pressentimento e infelizmente ele ser real – Estão exaustas...

– Será que a Maribel já sabe? – a morena se lembrou da mãe da latina.

– Duvido... foi muito recente... mas se não sabe, terá que saber! – Rachel concordou com a loira - A coisa aqui pelo visto vai precisar do máximo de ajuda possível!

– Olha, tem remédio calmante aqui... não acha que era bom elas tomarem pra conseguirem dormir tranquilas? – a morena olhava algumas caixinhas dentro de uma sacola sobre a mesa.

– Joga um comprimido em cada xícara! – Quinn ordenou séria lendo a caixinha do remédio – Jessica, está sentindo dores no braço? Já é hora do seu analgésico? – ela falou mais alto, tirando as meninas do transe no sofá.

– Já é hora Quinn... se puder trazer eu agradeço! – a latina levantou a cabeça do ombro da ruiva que acariciava seu cabelo com o olhar perdido e respondeu por ela que apenas agradeceu com um aceno.

Quinn entregou a xícara para as duas que bebiam sem vontade, bem devagar, por sorte não perceberam o gosto do remédio que tinham colocado.

– Você não vai pra NYADA hoje? – a ruiva surpreendeu a todas fazendo aquela pergunta trivial pra Rachel, diante de toda aquela tensão que pairava.

– Oh... eu vou... entro mais tarde hoje – ela sorriu ternamente para a garota, sentindo pena da expressão que via em seus olhos Bom, eu ia... se vocês precisarem de algo não hesito em faltar...

– Acho melhor vocês irem deitar e descansar! Rach vai pra universidade – ela olhou pra morena se explicando – Não tem muito o que fazer e você não pode ficar perdendo aulas assim – voltou a olhar para as meninas no sofá - Eu vou ficar aqui cuidando pra que nada incomode vocês!

Santana concordou, sentia uma imensa vontade de fechar os olhos e pouco se importava com quem ia ou quem ficaria. Levantou-se devagar e puxou Jessie pela mão antes que ela adormecesse no sofá mesmo.

– Obrigada Quinnie, te devo uma! – a latina tentou parecer tranquila mas o sorriso contido que dava não enganava ninguém. Seguiram para o quarto de mãos dadas, pareciam se arrastar, sem pressa de nada.


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Notas finais do capítulo

Que barra pra essas meninas hein?
Ainda bem que Quinn e Rachel podem dar um apoio!