Girls On Fire escrita por JessieVic


Capítulo 40
Capítulo 40


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo algumas explicações...



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Jessie tinha voltado para a cama e se perdia nas lembranças da noite anterior. Santana era tão amorosa e preocupada com ela. A fez se sentir nas nuvens. Deu um sorriso se convencendo que também a tinha feito se sentir daquela forma. Pareciam uma combinação perfeita. Seus corpos se encaixavam, completavam-se. Estava quase pegando no sono quando sua campainha começou a tocar.

Rachel estava quase desistindo e dando meia volta para seu apartamento quando a ruiva abriu a porta com uma cara de sono.

- Bom dia?! – a morena viu a cara amassada da amiga.

- Oi Rachel! Achei que estivesse na aula... – ela deu sinal para que a garota entrasse.

- Não fui hoje – ela fez uma cara de lamento - Atrapalhei alguma coisa? – estava com olhos apreensivos, esperando Santana aparecer a qualquer momento e voar no seu pescoço.

- Não... estou sozinha... a San foi pra aula de dança... – ela riu – Quase tive que arrastá-la mas foi... Cadê a Quinn?

- Ela saiu cedo... Apressada para um compromisso – falava com uma expressão pensativa – Não me disse o que era.

- Huuum isso não tá me cheirando bem... Santana não vai gostar disso – ela cruzou os braços – Você acha que a Quinn tá em alguma encrenca?

- Oh... – ela olhou a ruiva com olhos assustados – Espero que não...

- Acho que quando ela voltar, você e San precisam ter uma conversa com ela. Desde que ela chegou, o motivo da sua viagem é um incógnita! – sua expressão se suavizou e ela olhou para a morena que estava pensativa – Mas me diz, como foi ontem?

- Como foi o que? – Rachel se mexeu na poltrona, desconfortável com o assunto que a conversa parecia seguir.

- Dormiram bem? – ela falou de modo irônico deixando Rachel corada. Viu que não ia conseguir tirar nada dela se forçasse assim, iria resolver isso usando a estratégia que sua psicóloga usava. Conversar sobre amenidades, uma hora o assunto surgia. – Sabe, eu tive uma ideia! Que tal prepararmos um almoço caprichado para nossas meninas?

- Boa ideia! – Rachel sorriu – Nossas meninas...

Jessica se levantou rindo. Era notável que a morena estava com não com uma quedinha, mas um precipício por Quinn, mesmo que ela ainda não tivesse percebido isso qualquer uma que olhasse pra cara boba dela naquele momento iria entender. A ruiva foi até a cozinha e procurava na geladeira coisas que pudessem usar no preparo da refeição.

- Rachel... você é vegetariana né? – Jessie perguntava para a garota que agora se levantava da poltrona da sala e se encaminhava para a bancada da cozinha.

- Sim, mas não precisa se preocupar... eu como qualquer coisa!

- Não, vamos fazer uma coisa bem gostosa e saudável. Nada de carne hoje! O que você sugere? Estrogonofe de queijo, lazanha de brócoli aos 4 queijos? – ela estava pensativa e cheia de ideias.

- Nossa... deu até água na boca! Eu voto no estrogonofe!

- É o que eu ia sugerir, porque não tenho muitos ingredientes – Jessie ria enquanto pegava as coisas da geladeira – vamos fazer uma salada de legumes também!

- Santana não vai gostar disso... ela costuma reclamar que só como mato! – Rachel se sentou na mesa e começou a descascar os legumes enquanto a ruiva foi para o fogão preparar o arroz.

- Ahhh ela gosta de te perturbar, já percebi isso! A diversão dela é soltar algum insulto para os amigos! – ela falava de um jeito apaixonado.

- Você realmente gosta dela né? – Rachel a encarava com olhinhos brilhantes.

- Rach... Eu posso te dizer sem sombra de dúvida que não gosto dela! – ela sorriu vendo a cara de espanto da morena – Eu a amo! Muito! De uma maneira que não achei que fosse possível! Faz pouco tempo que nos conhecemos, mas sei lá, parece que é uma eternidade! Não sei se consigo ficar sem ela agora... já faz parte de mim.

- Ahhh é tão lindo ouvir isso... ela também parece estar muito afim de você! É amor, dá pra ver como ela te olha!

- Da mesma maneira que a Quinn te olha? – a ruiva deu uma cutucada certeira e sorriu ao ver a morena ficar toda sem graça.

- Você tem champignon aí? Senão posso ir em casa buscar... – Rachel não dava o braço a torcer e tentava desviar do assunto, mas o que a ruiva disse continuava ecoando em sua cabeça.

- Eu tenho, acho que é suficiente, fique tranquila – a garota resolveu não provocar mais a amiga e ficou em silêncio, concentrada no que fazia.

Elas ficaram assim por alguns minutos, cada uma prestando atenção no que fazia. Um clima tenso no ar. Jessie estava muito feliz, a noite havia sido maravilhosa. Queria ajudar a morena, mas ela parecia tentar se fechar cada vez mais. Porém, uma pergunta a fez voltar a ter esperanças.

- Jess... quando é que você percebeu que gostava de meninas? – Rachel parecia curiosa.

- Não sei exatamente... – ela se sentou de frente para a morena e começou a picar os pedaços de queijo em pequenos cubinhos – Foi uma coisa natural... assim como a maioria das pessoas se atraem por alguém do sexo oposto eu me atraia pelas meninas, me apaixonava, tinha amores platônicos... Quando as meninas do orfanato sabiam que iam encontrar garotos em alguma convenção eu não me sentia nem metade animada como elas demonstravam estar.

- Orfanato? – ela olhou confusa.

- Isso  aí, eu cresci num orfanato Rachel... – ela deu de ombros – Já superei.

- Mas eu achei que a Bellatrix fosse sua mãe biológica... Vocês são parecidas e... – ela fazia uma careta, tentando entender.

- Ela é minha mãe biológica mesmo... mas demorou muito para eu descobrir. Ela sempre esteve no orfanato comigo, ela é freira!

- O QUÊ?! – Rachel fez uma cara de espanto muito engraçada e soltou a faca que segurava – Você tem uma mãe freira?

- Calma... ela se tornou uma noviça depois d’eu nascer... aliás, foi por mim que ela foi parar lá, para me proteger e não me abandonar. – ela fazia uma carinha triste – Meu avô a expulsou de casa e essa foi a única ideia que ela teve. Cresci achando que não tinha ninguém no mundo e pra ajudar descubro que gosto de meninas!  Imagina o que tive que ouvir quando as outras freiras começaram a desconfiar de mim? Minha mãe, a irmã Esperança sempre me acudiu e defendeu em tudo, mas foi bem complicado se sentir uma aberração, uma pecadora durante muito tempo!

- Uau... e eu que achava que era diferente porque tenho dois pais gays! – Rachel balançava a cabeça – Nada vence ter uma mãe freira!

- Pois é... sou um caso raro – ela tinha um sorriso murcho nos lábios – Eu entendi com uns 11 anos que gostava de garotas e me conformava com o fato de que isso não era certo, que eu poderia ir para o inferno, que eu seria vista como uma aberração por muitas pessoas, principalmente as que conviviam comigo, mas nunca me escondi, nem tentei ser diferente, apenas me aceitei como eu era e que as consequências viessem! – ela parou de falar, mas logo continuou, ao ver que Rachel prestava atenção e não tinha nada a dizer – Isso era segredo, claro! Só eu e Deus sabíamos... mas sabe, era agonizante as vezes, me sentir sozinha, sem ter pra quem desabafar. Então, para o meu espanto, quando eu tinha 13 anos, descobri que a Lola, uma das garotas órfãs também era “diferente”. E então eu tinha companhia! Afinal eu não era a única no mundo, finalmente tinha encontrado alguém que me entendesse! Tudo ficou melhor com a Lola... – ela deu um sorriso triste e seu olhar ficou perdido, sem foco por um tempo.

- Vocês viraram namoradas? – ela perguntou de forma conspiratória, como alguém que sabia de um segredo.

- Nós nos descobrimos juntas... Ela foi mais que minha namorada! Foi minha melhor amiga, confidente, meu porto seguro... Foi linda a nossa história! – ela deu um suspiro triste – Mas eu prefiro não falar, nem me lembrar disso. Segredinho ok? – os olhos dela pareciam ter perdido o brilho que tinha até poucos minutos atrás e a morena concordou séria vendo sua expressão.

- Jess... – Rachel a chamou hesitante e ela pareceu voltar a si – Você realmente acha que a Quinn me olha com um olhar apaixonado?

- Eu tenho certeza! – ela deu um sorriso maroto – E você também quando olha pra ela! Seus olhinhos parecem diamantes de tanto brilho! Não sei a quem vocês querem enganar...

- Eu... eu vou te contar uma coisa – ela olhou para os lados, se certificando que não tinha mais ninguém na casa, fazendo Jessie revirar os olhos com o tom dramático que ela fazia a situação toda ter – Ontem, eu e Quinn... a gente se beijou! – ela falou escondendo o rosto atrás das mãos. Tinha ficado vermelha.

- Ahhhh eu sabia! – ela se empolgou, mas tentou se controlar pra não encabular a morena mais ainda - E você ainda me pergunta se eu acho que ela te olha apaixonadamente? Você já teve a prova ontem a noite! – Mas e aí? Só um beijo?

- Foi! – Rachel parecia mais a vontade agora na conversa e falava baixo, de forma conspiratória – Nos beijamos e eu gostei! Ai meu Deus, eu fiquei pensando nisso o dia todo e eu gostei! Eu quero mais, preciso de mais! – ela agora soava desesperada e Jessie caiu na gargalhada.

- Mulher, não tem jeito... reconheça, você é gay! – ela deu um tapinha no ombro da amiga.

- Como eu não percebi isso antes? – ela falava pensativa, aceitando esse fato sem ao menos negar, o que fez a ruiva sorrir satisfeita. Meio caminho andado: A aceitação. A ficha tinha caído.

- Bom, cada uma tem seu tempo eu acho... – ela deu de ombros enquanto se levantava indo para o fogão, começar a preparar o estrogonofe. – Acho que o tempo da Quinn também chegou!

- É, ela parece bem tranquila quanto a isso...  – se levantou, colocando os legumes que havia picado numa panela com a água já fervendo.

- Então você sabe o que tem que fazer né? – Rachel fez uma careta confusa e ela continuou – Fala logo com ela! Deixa de enrolação! Fala hoje mesmo e corre pro abraço! Se beijem muitooo!

- Eu vou tentar... – ela tinha um olhar determinado e ao mesmo tempo aflito – Ai meu Deus... acho que meus pais vão ficar orgulhosos... Conseguiram fazer uma filha gay! – as duas caíram na risada, mas pararam ao ouvir a porta se abrindo.

Era Santana.

XXX

Quinn se encontrava em um prédio suntuoso, estava no 7ª andar, sentada na frente da mesa de um homem que aparentava ter uns 50 anos. Cabelos ligeiramente grisalhos, óculos, terno e gravata bem alinhados. Sua mãe tinha usado sua pouca influência que lhe restava depois do divorcio e tinha conseguido marcar um horário com Albert Monroe, advogado especializado em casos administrativos e estudantis.

O que ele sabia até agora é que a garota a sua frente, de olhos sedutores e rosto angelical havia causado o maior rebuliço na conceituada Universidade de Yale ao aparentemente ter acusado um dos seus professores de assédio sexual. O homem era casado, com filhos e negava veementemente algum envolvimento com ela. A loira enfrentava um processo por calúnia e difamação e corria o risco de ser expulsa da Universidade.

- Bem senhorita Fabray... Para que eu possa te defender preciso que você seja totalmente sincera e me conte o que realmente aconteceu. Não pode haver segredos entre advogado e cliente. – ele falava observando aqueles olhos felinos que pareciam aflitos e teve pena. Ora, ela era só uma menina assustada num mundo de gente grande. Lembrou-se da sua filha Jane, se ela estivesse viva, teria a mesma idade de Quinn, mas o mundo dos adultos, regado a álcool, diversão sem responsabilidade a levou embora cedo, num acidente de transito em que só ela havia sido a vítima fatal. Tudo isso se passava na mente do advogado enquanto ele olhava para a loira a sua frente. – Esse assédio, realmente aconteceu?

Quinn então contou toda a história. Sobre seu caso com esse professor mais velho. A aventura e o risco que corria com isso. Envolveram-se por pouco tempo, ela estava tão carente, sempre foi assim. Sentia que precisava suprir a falta de amor que sentia por si própria nos braços de alguém. Charles lecionava a 10 anos na Universidade. Era um grande professor e ótimo profissional. Seu fraco eram as mulheres. Nesse quesito lhe faltava caráter. Era casado a 12 anos e tinha 2 belas filhas. Não sabia explicar a fascinação que a garota lhe provocava. Se deixou levar por suas investidas, pelo seu jogo e quando viu estava perdidamente apaixonado por aquela ninfeta.

A aventura durou alguns meses, mas depois de uma viagem a sua cidade natal, a loira voltou diferente. Não tinha mais aquela devoção por ele. Rejeitava os convites que ele lhe fazia, evitava cruzar com ele pelos corredores da universidade, não atendia mais seus telefonemas. Quinn estava assustada. A ficha havia caído. O que ela estava fazendo consigo mesma? Sendo amante de um homem que aparentemente tinha uma família feliz. Estava se anulando, se rebaixando por toda a falta de amor próprio que sentia.

Santana a fez ver que ela valia mais que isso. Aquele noite de amor que tiveram a fez perceber que era possível se sentir amada sem máscaras, sem esconderijos. Fez ver que sua vida podia só estar começando e que ela não estava dando a devida importância para si própria. Resolveu acabar com esse caso, deixar isso pra trás. Tudo ficaria bem. Ela não sentia mais vontade de se envolver sem sentimento. Estava certa de que não ia encontrar o que precisava nos braços de um homem. Sempre que pensava nisso, na possibilidade de gostar de mulheres, somente uma imagem vinha na sua mente. Uma morena, com vestidos curto estilo anos 50, meia ¾ , boca carnuda, sorriso enorme, um nariz que lhe dava um charme especial. Ela sempre amou Rachel, apesar desse amor muitas vezes lhe aparecer em forma de ódio. Só agora ela havia enxergado isso.

Charles a procurava por todos os lugares do campus. Ela tentava evitar se encontrar com ele o máximo possível, mas o destino brinca com nossos planos. Quinn estava sentada num Café, próximo a Universidade. Tomava um Cappuccino com tranquilidade enquanto pensava no que iria fazer da vida agora, sentia-se livre depois de ter percebido que finalmente havia se encontrado. Um homem parou a sua frente e ao vê-lo seu sorriso bobo rapidamente sumiu dos seus lábios.

- Vai continuar fugindo de mim? – ele parecia tentar controlar a raiva.

- Não estou fugindo. Apenas não quero mais contato com você – ela falava sem encará-lo – O que estávamos fazendo não é certo. Não é do meu feitio. Não quero continuar com isso.

- Você não tem querer nesse caso. Você me provocou, me arruinou. Você não vai sair tão fácil assim dessa. – ele falava entre dentes – Minha mulher está desconfiada, minha vida está um inferno! – ele passou a  mão pelo cabelo, tentava se acalmar – Caramba, eu gosto de você loira! Você me faz sentir vivo!

- Sinto muito, mas eu me sinto morta só de pensar na situação que me enfiei. Acabou. – ela pegava a bolsa e fez um movimento para se levantar.

- Não acabou não sua putinha! Você vai vir comigo. Agora! Para o meu escritório! – ele segurou na braço da garota e mesmo sem querer apertou forte.

- Charles, eu... – a loira já estava ficando assustada – Eu não gosto de você! Não sinto nada...

- As 3 da tarde, no meu escritório. Faça isso, ou você vai se arrepender. Não pode me deixar assim. Dizer que acabou só porque você quer, como uma menina mimada! Sua vida nessa Universidade pode estar nas minhas mãos. Lembre-se, tenho grande influência entre o conselho e você é quem? Só mais uma que veio do interior, buscando uma oportunidade de se dar bem - A voz dele estava alterada. Ele saiu em passos rápidos, algumas pessoas observam a agitação e logo voltaram a cuidar de suas vidas.

Quinn disfarçou seu nervosismo e segurou o choro. Saiu do estabelecimento e caminhava devagar. O coração batendo forte. Precisava pensar em alguma coisa. Ela era esperta, ia encontrar uma saída.


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Notas finais do capítulo

e aí, o que acharam? Como Quinn pode sair dessa?



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