O sol começava a iluminar o quarto de Santana quando Jessica começou a despertar. Olhou para a latina que tinha seu rosto bem próximo ao dela e parecia dormir um sono profundo, com a boca um pouco aberta e os cabelos espalhados no rosto. Sorriu enquanto ajeitava com cuidado os fios soltos e acariciava suas bochechas. Se sentia tão bem admirando a garota a sua frente que achava que poderia ficar o dia todo assim. Esse pensamento lhe lembrou de uma música e ela começou a cantar baixinho, com a voz rouca, característica de quem acabou de acordar, enquanto acariciava seus cabelos...

http://www.youtube.com/watch?v=uXYC1VJ2ed8

I could stay awake just to hear you breathing

Eu poderia ficar acordada só para ouvir você respirar

Watch you smile while you are sleeping

Ver você sorrir enquanto você está dormindo

While you're far away and dreaming

Enquanto você está longe e sonhando

I could spend my life in this sweet surrender

Eu poderia passar minha vida nesta doce rendição

I could stay lost in this moment forever

Eu poderia ficar perdida neste momento para sempre

Every moment spent with you

Cada momento gasto com você

Is a moment of treasure

É um momento precioso

Santana formou um sorriso leve, tranquilo e começou a se mexer então a ruiva parou de cantar com medo de acordá-la e voltou somente a observar a latina que apenas se aproximou ainda mais e a abraçou como se fosse um travesseiro, passando uma das pernas por cima dela encaixando seus corpos e aninhando-se nos seus cabelos avermelhados. Ela apenas se deixou levar, desfrutando desse momento. Corações tão próximos. Passou os braços pela cintura dela, respirando o perfume dos seus cabelos.

Fazia tempo que não se sentia assim completa, satisfeita. Novamente tinha alguém para pensar quando acordasse, alguém pra proteger e ser protegida, compartilhar momentos tristes e alegres. Se perdia em devaneios pensando em como seria sua vida com Santana daqui para frente, estava quase adormecendo novamente quando se lembrou que sua mãe ia embora hoje. Não conseguiria sair da chave de perna que a latina tinha lhe aplicado sem acordá-la. Estava tão bom lá... Que horas será que eram? O tempo poderia parar naquele instante para sempre...

- Bom dia delícia... – Santana sussurrou com voz rouca em seu ouvido, tirando-a dos devaneios e conseguindo deixá-la arrepiada com poucas palavras – vamos dormir mais...

- San... achei que estivesse dormindo – ela sorriu olhando pros olhinhos sonolentos da latina – Eu preciso saber as horas... minha mãe vai embora hoje lembra?

- Huuum é verdade... – ela se aninhava mais a ruiva, deixando claro que não queria muito colaborar pra que ela se levantasse –  mas ainda é cedo...aiiin tá muito claro aqui, minha cabeça tá doendo!

- Isso se chama ressaca, sua safada... – ela passava a mão pela coxa da morena que a prendia – humm já vi que suas pernas são gostosas... pode me libertar? Fecho as cortinas pra acabar com a claridade pra você em troca.

- Ahhh chataaa...tá bom, eu deixo, mas... – ela agora projetou seu corpo todo sobre a ruiva – quero um beijo de bom dia!

Beijaram-se suavemente, sem pressa. Um beijo meio preguiçoso... Santana ainda estava meio sonâmbula e quando parecia que ia parar o beijo, reiniciava os movimentos. Jessica só curtia as sensações, deixando-se levar pelo calor que o contato entre as duas emanava até que a morena parou o beijo e ficou encarando a ruiva com olhos ternos.

- Gostei da sua música pra mim... – elas ainda se encaravam e Jessica colocou as mãos para cobrir o rosto de vergonha.

- Oooown não era pra você ouvir... canto mal!

- Eu achei muito bom acordar com essa voz angelical... – Santana depositou um beijo em sua testa e saiu de cima dela, deitando-se ao seu lado ainda a observando – Delícia!

- Vai ficar me chamando de Delícia agora? – Jessica riu. Sentia arrepios sempre que Santana falava isso.

- Não... só quando eu estiver com vontade de te comer – ela mordeu o lábio inferior encarando a ruiva com um olhar fatal – Nas outras horas que você me faz sentir feliz e aquecida, você é meu raio de sol! Sunshine! – se aproximou e deu um selinho na garota que sorria.

- Tenho a impressão que vou ouvir mais “Delícia” do que “Sunshine” então... sua tarada! – Jessica agora tentava fazer cócegas na latina que fazia o máximo para desviar das mãos dela, mas já começava a rir.

- Para...se você tem... – ela não conseguia parar de rir – amor à vida... eu vou me vingar! – se retorcia toda e ria.

Jessica parou e na hora pulou da cama correndo para o banheiro e trancando a porta atrás de si com uma cara de sapeca. Esperava que a garota a seguisse, mas depois de um tempo não ouviu nada lá fora. Santana não pareceu tê-la seguido e nem falava nada. Esperou mais um pouco tentando ouvir alguma coisa. Lavou o rosto, fez xixi, usou um enxaguante bucal já que não tinha uma escova de dente pra ela lá. Esperou mais um pouco e nada de ouvir a latina.

Abriu a porta devagar e colocou a cabeça para fora, espiando a área. Nada. Começou a sentir aquele frio na barriga que sentia quando brincava de esconde-esconde e ficava esperando alguém encontrá-la. Um suspense, uma tensão. Santana não estava na cozinha, Rachel e Kurt já tinham saído, os quartos estavam vazios. O relógio indicava que eram 9:30 da manhã. Silêncio completo na casa, só o som dos carros passando lá fora, algumas buzinas, sirene de ambulâncias, polícia, bombeiros... qualquer coisa que fizesse barulho. A ruiva decidiu voltar para o quarto, andava olhando para os lados, desconfiada. Aquela latina devia ser traiçoeira como uma cobra, a qualquer momento poderia lhe dar um bote. Entrou no quarto e nada da latina. As cortinas agora estava fechadas e tudo escuro. Bosta...

- San... amiguinha linda... – ela cantarolava tentando demonstrar calma – eu tava brincando... – foi em direção ao abajur do criado-mudo que ficava próximo a cama para iluminar o quarto e... - AHHHHHHHHHHHHH

Jessica sentiu uma mão gelada puxar seu tornozelo e com o susto acabou tropeçando no tapete e quase foi de cara no chão, mas foi esperta e colocou os braços na frente para aparar a queda.

- Puta que pariu...que susto! – ela agora olhava pra Santana saindo debaixo da cama, rindo de se acabar – Quase perdi tudo os dentes sua putinha! – ela olhava emburrada e a latina deitava na cama segurando a barriga e batendo no colchão enquanto gargalhava.

- Eu realmente achei que você não ia cair numa dessas... – Santana ainda ria, mas parou ao ver a ruiva ainda sentada do chão de braços cruzados. Ela odiava ser feita de boba.

- E se eu tivesse problema no coração e tivesse um ataque? Já chega aquele dia da tempestade em que você praticamente fez a mesma coisa! – ela falava com uma cara emburrada – Eu só fiz cócegas em você sua chata! Não precisa tentar me matar!

- Nossa, que menina bravaaa... – Santana zombava, mas viu que ela continuava séria e  se aproximou devagar e sentou ao lado dela no chão – Machucou?

- Humpf... só meu orgulho – ela ainda não encarava a latina e abraçava a si mesma com um biquinho de emburrada.

- Ahh e o joelho também ó – ela apontou para um esfolado na perna da garota – ô judiação do meu raio de sooool! – ela se abaixou e deu um beijinho próximo ao machucado – Com um beijinho vai sarar!

A ruiva continuava a não encará-la só pra fazer manha. Tinha sorrido quando Santana beijou seu joelho mas logo fechou a cara de novo pra fazer um drama e não falou nada.

- Ah é assim? Com carinho não adianta – a morena sorria com cara travessa – Então vou devolver na mesma moeda! – começou a fazer cócegas na sua cintura e dar beijinhos no seu pescoço, ombro e apesar da ruiva tentar resistir ao máximo, acabou abrindo um sorriso.

- Tá... tá desculpada! – a ruiva levantava as mãos em sinal de rendição mas a latina não parecia querer parar só que agora tinha um toque mais suave no corpo da ruiva e ao invés de provocar cócegas começou a provocar calor nela - San... – ela dizia com os olhos fechados enquanto a latina deslizava a mão por sua perna e tinha a respiração quente no seu pescoço – já tá perdoada, pode parar de me torturar!

- Mas tá tão bom... – ela parou olhando com cara de piedade pra ruiva – quer mesmo que eu pare?

- Huuum...querer eu não quero – a latina já ia novamente pra cima dela. As duas, quase deitadas no chão do quarto – Mas eu preciso ir pra casaaa... huum... -  Santana a calou com um beijo molhado, lento, enquanto suas mãos percorriam a lateral do seu corpo.

- Tá bom, vou te libertar... delícia – a morena provocou assim que terminou o beijo e sorriu para a ruiva que tinha a respiração ofegante. Levantou-se e deu a mão para que a garota fizesse o mesmo.

- Quer ir tomar café com a gente? – a ruiva arrumava suas roupas e conferia o machucado no joelho.

- Gostaria... mas acho que já roubei você demais da sua mãe com a minha bebedeira de ontem... vocês precisam de um tempo juntas, para se despedir – a latina estava sentada na cama e observava a ruiva ir para o espelho arrumar os cabelos.

- Owwn... Acho que você tem razão... sinto saudades dela quando estamos longe! Preciso aproveitar enquanto ela está ao meu alcance. – ela olhou pra Santana agora deitada de lado na cama, a observando e sorriu ternamente voltando-se para o espelho para prender os cabelos num rabo. – Ah meu Deus! Que isso Jesus!? – ela enxergou uma mancha roxa do tamanho de uma moeda de um real no pescoço. – Santana, sua vampiraaaa! – a latina caíra na gargalhada vendo a cara que a ruiva fazia.

- Nossa... nossa... vou ter que colocar um cachecol pra esconder isso! Vai ser lindo, de vestido e cachecol – ela agora ria também – É... nada de cabelo preso hoje! – ela parou com a arrumação e se voltou pra latina que tinha um sorriso bobo enquanto a olhava.

- Não tenho culpa se você é branca igual leite...

- Nem eu tenho! – a ruiva ria – Gosto mais da sua pele, que parece um caramelo apetitoso...

- É? E você gosta de chupar caramelos? – a latina já tinha uma cara maliciosa.

- Eu adoro! – a ruiva se empolgara – nossa, se deixar chupo um monte, sem parar e...- ela agora parou percebendo a cara de safada que Santana tinha – Aff... Não tem jeito de ser inocente com você né?

- O que eu fiz? Também gosto de caramelos... mas prefiro as de nata, branquinhas...

- Ai meu Deus... o que eu vou fazer com você menina? – a ruiva revirava os olhos e ria.

- Não sei você, mas eu sei de um monte de coisa que eu poderia fazer contigo... – ela agora mordia o lábio de jeito provocante, fazia isso só pra deixar a garota constrangida.

- Sei...tipo me assustar e fazer eu quase cair de cara e quebrar os dentes? Ou machucar o joelho e ficar parecendo que dei de quatro a noite toda até ficarem esfolados?

- Nooossaa que ousada... Pensar esse tipo de coisa! – Santana se sentou na cama e chamava a ruiva com um dedo indicador – Dar de quatro no tapete! Se alguém pensar isso é porque não me conhece... No mínimo eu pediria pra você ficar em cima da cama, pra evitar marcas! Sou carinhosa...

- Sério San... Você só me faz ficar pensando em sacanagem! Melhor parar por aqui! – ela se sentou ao lado da morena – Por enquanto! – Ela sorriu dando uma piscadinha.

 Começaram um beijo com movimentos lentos, e Santana já começara a deslizar sua mão boba pelas costas da menina que sentiu arrepios e resolveu parar antes que não aguentasse. Olhavam-se com um olhar terno.

- Bom, vou pra casa! E você... Ainda é cedo, dorme mais um pouco!

- Tá bem... a gente se fala depois – a morena voltou a deitar entrando embaixo do edredom – Acho que minha cabeça está ameaçando voltar a doer... – ela fez um drama.

- Dorme que vai passar – a ruiva voltou para dar um beijo em sua testa – Pinguça!

Santana esperou Jessica sair e poucos minutos depois se levantou. Queria dormir mais um pouco, mas tinha outros planos em mente e não podia mais perder tempo. Pegou o celular e fez uma ligação.

- Porcelana,  preciso da sua ajuda!