As garotas acabaram adormecendo abraçadas e só acordaram com Rachel as chamando. Estava indignada por elas terem conseguido dormir com um filme cheio de canções animadas.

Acordaram assustadas, já era hora de se arrumarem para o trabalho. Olhavam-se acanhadas, meio zonzas de sono ainda. Jessica levantou-se para ir pra sua casa se preparar, mas Santana a deteve, segurando sua mão. Nenhuma palavra precisava ser trocada. Estavam sozinhas na sala agora e a ruiva ficou parada onde estava esperando a latina se levantar com um olhar conquistador, passar os braços ao redor do seu pescoço e selar seus lábios com um beijo suave, lento. Cheio de carinho. Sentiam-se completas, pensamentos perdidos. No momento, o que importava eram o movimento dos lábios, línguas explorando as bocas, experimentando sensações.

- Por sua culpa, agora vou ter vontade de fazer isso o tempo todo... – Santana falava, dando beijos suaves na ruiva, que tinha os olhos fechados.

- Sou tão boa assim? – ela fez um olhar meigo enquanto abraçava a cintura da latina e a trazia mais pra perto de si.

- Tem gostinho de quero mais! – Elas riram e começaram um beijo mais longo. Sem segundas intenções, apenas matar a vontade acumulada que tinham uma da boca da outra.

Pararam e continuaram encarando-se. Brilho no olhar, sorriso estampado, respiração dividida. Santana acariciava o cabelo da ruiva enquanto a acompanhava até a porta. A mantinha presa pela cintura andavam lado a lado.

- Assim que eu estiver pronta, desço lá te chamar. Sua mãe vai com a gente? – agora estavam frente a frente, de mãos dadas.

- Sim, ela gosta de mudar de ares. – a ruiva falava com um ar risonho.

- Mas não é pecado? – Santana fazia cara de confusa.

- Você acha que o que fazemos no bar é pecado?

- Não... – a latina falou um pouco hesitante

- Nem eu! – ela deu de ombros – E nem minha mãe! Então, nada demais ela nos acompanhar. – sorriu e se aproximou novamente dos lábios da latina dando um selinho – Te espero lá!

Santana fechou a porta com um sorriso bobo nos lábios e Jessie do lado de fora pode ouvir Rachel e Kurt gritando e dando vivas por elas finalmente terem “se pegado”. Riu enquanto sentia a face corar.

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- Acho que não trouxe nada pra passar despercebida no bar... – Bellatrix lamentava frente as meninas que estavam no sofá aguardando que ela ficasse pronta. Já havia experimentado 3 visuais e nada ficava “de acordo” para a ocasião. Ela agora vestia vestido uns 4 dedos acima do joelho, elegante, preto com faixas brancas na lateral, que evidenciavam a cintura.

- Realmente, parece que você vai em alguma festa da nata nova iorquina ao invés de num bar fulera, mãe...

- É o melhor que tenho... finge que sou uma dona de casa rica que brigou com o marido e resolveu enfiar o pé na jaca hoje!

- Não sabia que as freiras escondiam corpos malhados embaixo do hábito – Santana tentou um elogio – Quer dizer... a senhora tá com tudo em cima!

- Obrigada pelo elogio Santana! Mas de Senhora só a Virgem Maria! Eu sou a Bella. Prefiro assim – ela sorriu olhando para o corpo - Alimentação balanceada e boa genética me ajudam. Não dá pra fazer academia durante o intervalo das orações – ela ria. – Você pelo visto também tem um corpo bem atlético! – Ela observava Santana sentada com short preto justo com uma camiseta branca justa e decotada. Uniforme clássico para o trabalho. – Você não acha Jessie?

- É... eu acho bem legal... – ela falou ruborizando e olhando para os pés enquanto Santana a olhava com ar divertido.

- Mas a sua genética boa passou pra Jessica também Bellatrix! É só olhar e perceber essa bundinha sarada dela! – Santana falava sem nenhum constrangimento.

- Santana... – Jessie balançava a cabeça olhando para a latina e ficando mais vermelha agora enquanto sua mãe ria.

- E o filme meninas? Gostaram?

- Muito! – as duas responderam em uníssono e se encararam caindo na gargalhada deixando a mulher com cara confusa.

- Pelo visto, é melhor eu não entender essa “piada” né? – ela riu, percebendo que elas tinham aprontado alguma – acho que podemos ir... Esse vestido é o máximo que posso chegar para ser “descolada”.

- Tá linda mãe! Vou ficar de olho em você pra nenhum engraçadinho te paquerar. Vão adorar ver uma senhora tão distinta assim no meio deles.

- Ora... eu sei me defender muito bem!

- Não, sem briga! Já chega daquela vez... – ela virou pra Santana pra se explicar – Ela quebrou uma garrafa de cerveja na cabeça de um cara gigante que chegou falando coisas sensuais no ouvido dela.

- Ele apertou meu bumbum também mocinha! – ela tentava se explicar para a filha – Eu acabei me assustando, acontece!

- E depois pra acalmar o cara? Os seguranças tentaram conversar com ele. Ele não caiu na história de que ela era freira! – a ruiva ria – Mas também, nem que não fosse! Não tem que chegar apertando ninguém! Bem feito pra ele!

- Eu já percebi que lá o pessoal tem a mão boba... – Santana disse indignada.

- Ah San, você tá apenas começando... mas sei que você sabe se defender muito bem, não é Snixx? – fez um olhar sugestivo. – Mas vamos logo, antes que a gente chegue atrasada!

Foram as 3 rumo a estação do metrô. Bellatrix observava as duas meninas caminharem felizes e depois de um tempo tentando disfarçar não aguentaram e deram as mãos. Olhava o sorriso da filha e finalmente soube que podia se sentir tranquila. Dessa vez ela parecia ter realmente superado! Santana estava sendo um ótimo remédio para a garota.

Chegaram no bar e assim que Tracy, a chefe da Jessie viu Bellatrix chegando foi até ela dar um abraço e iniciar uma conversa. As meninas se encaminhavam para o fundo do bar para analisar os estoques e pegar o que fosse necessário e a ruiva comentou com a latina:

- A Tracy adora conversar com a minha mãe! Elas com certeza vão se trancar no escritório e falar sobre a vida até o fim da noite! Ainda mais com os problemas que a Tracy vem encarando...

- Sua mãe é bem legal! Ela encarou numa boa o fato de você gostar de meninas? Por ela agora ser freira e tudo o mais...

- No começo ela se espantou, acho que até rezou por mim várias vezes. Mas concluiu que isso não é uma escolha, algo que eu possa mudar. Ela apenas quer que eu seja feliz e livre, como ela desejava ser. Não que agora ela não seja, mas a vida poderia ter sido diferente pra ela. Ela quer que eu ame. Não importa quem, apenas que me faça bem! E você agora me faz muito bem!

A ruiva falava isso de forma pensativa, sempre ficava emocionada ao falar da mãe. Santana teve de imediato o impulso de abraçá-la e enchê-la de beijos ali mesmo. Mas assim que se aproximou da ruiva, a porta da sala se abriu e mais meninas entraram para se arrumar. Afastaram-se rapidamente, tentando disfarçar o máximo possível o que estava prestes a acontecer. Jessica então começou a puxar assunto com as outras amigas que tinham visto sua mãe ali. Seguiu-se uma papo sobre família e saudades, que depois foi para o namorado de uma delas que mais uma vez tinha pisado  na bola e então Abby reclamou do cabelo que estava péssimo naquele dia, e instaurou-se  aquele clima de quando várias mulheres estão reunidas.

Santana somente ouvia as conversas, com um sorriso no rosto. Não sabiam que Bellatrix era freira e nem sabiam da história da ruiva. Santana se sentia privilegiada por ela ter compartilhado isso com ela. Mas sentia-se também desconfortável por sentir que aquelas garotas sabiam mais da Jessica do que ela. Mas isso seria questão de tempo. Iria conhecê-la a fundo. Seus medos, desejos. Queria demonstrar o que ela estava sentindo e fazê-la se sentir bem.

- Gente, se aquele velho gordo estiver aí de novo hoje, não respondo por mim! – Hiley reclamava – Ontem ele ficava falando um monte de bobagens enquanto eu o servia e queria me embebedar de qualquer maneira! Ele acha que tem alguma idiota aqui!

- Qual velho gordo? Tem tantos lá fora sempre! – Audrey, uma negra alta, com ar de modelo falou e fez todas gargalharem. – Se fosse um cara lindo e sarado com certeza você ia querer ouvir bobagens dele nos seus ouvidos não é?

- Sou profissional. Aqui no bar só sirvo, mas se for gatinho e valer a pena, claro que posso fazer hora extra – Hiley provocou e todas concordavam.

- A nossa sorte é que temos carne nova. A nossa amiga Santana parece atrair todos os olhares agora... – Abby falou um pouco ressentida olhando para a latina que estava quieta e pareceu despertar de seus devaneios e a encarou com cara de “você tá falando comigo?”

- Não tiro a razão deles! – Jessica entrou na conversa – Olhar para essa mulher é inevitável!

A conversa pareceu terminar quando as outras meninas perceberam o olhar sugestivo que Santana e a ruiva trocaram e depois a latina sorriu.

- Bom, vamos trabalhar! – Abby tentou quebrar o momento tenso e foi seguida pelas outras meninas que saíram para encarar a “guerra” lá fora.

As duas ficaram por ultimo. Apenas se encaravam e sorriam.

- Olhar pra mim é inevitável? – Santana chegou mais perto.

- Assim como respirar ou piscar... – Jessica olhava naqueles olhos negros, olhar sério. - Virou necessidade.

Mais uma vez os lábios se uniram num beijo rápido, cheio de carinho. Santana passou os braços ao redor ruiva e abraçou apertado. A garota apenas fechou os olhos e sentiu o coração da latina pulsando forte, o calor daquele abraço a deixava revigorada. Ficaram assim por alguns segundos até se separarem vagarosamente, ainda se encarando com um sorriso tímido.

- Acho melhor irmos... – Jessica mordia o lábio inferior enquanto puxava a latina pela mão.

A noite no bar foi corrida como sempre. Todas trabalharam muito. Clientes satisfeitos. Santana cada vez mais se sentia a vontade para atender e conseguia se sair bem caso algum assanhadinho saísse da linha. Alguns caras eram legais, simpáticos, mas ela somente fazia sua obrigação sendo simpática. Não tinha o mínimo interesse. Às vezes ela cruzava um olhar com a ruiva, que não havia tirado o sorriso do rosto. Até o momento em que um cliente bebum acabou virando seu copo de cerveja nela, deixando sua camiseta toda molhada. Ela voltou ao balcão resmungando perto de Santana.

- Ótimo! Concurso garota molhada! – Ela tentava se secar com um guardanapo – Não deve ter nenhuma blusa limpa lá no estoque!

- Eu achei que ficou um efeito legal, esse sutiã rendado aí por baixo! – Santana provocou, observando o que a blusa mostrava.

- Ah, sim... e o efeito melado também é muito agradável!

- Molhada e meladinha... Eu acho agradável – Santana pensava alto com olhar sugestivo.

Jessica revirou os olhos, enquanto começava a servir outros clientes no balcão. A latina a observava, preocupada que ela tivesse ficado brava com o comentário.

- Agradável, mas prefiro estar assim por outros estímulos que não seja um copo de cerveja derramado. – olhou para a latina com um olhar safado e saiu segurando uma bandeja, com um rebolado provocante.

Santana continuou com um sorriso no rosto, se controlando, já que sua vontade era pegar aquela ruiva ali mesmo e deixá-la molhada “por outros estímulos”, só pra ela saber que com uma Lopez não se brinca.

 Como Jessie previra a mãe não saiu do escritório da Tracy até o final da noite. A chefe sabia que sua mãe era freira, com certeza estava a usando como uma psicóloga para desabafar sobre os problemas.

O bar já estava esvaziando e as meninas  começavam a limpar as mesas enquanto Jessica fechava o caixa, quando as duas, Tracy e Bellatrix saíram do escritório rindo e conversando.

- Jessie, você tem uma mãe de ouro! Ótima conselheira! – Tracy sorria – Grandes ideias para o futuro!

- Apenas te ajudo a enxergar o que está na sua frente, querida! – Bellatrix sorria, e nessa hora Jessica enxergou não sua mãe, mas a Irmã Esperança cuidando de uma órfã. Olhar de compaixão.

A ruiva apenas assentiu. Não entendeu do que elas estavam falando, mas era melhor não contrariar a patroa que parecia um pouco alterada pelo vinho que devia ter tomado. Terminou de fechar o caixa, esperou Santana terminar sua tarefa. Tracy fecharia o bar. Despedidas feitas, foram as 3 rumo ao metrô.

- Mãe, é muito bom ter você aqui! Acho que merecemos que você faça um almoço amanhã, para comemorarmos sua presença! – Jessie sugeria enquanto olhava para a latina esperando aprovação.

- Deixa eu ver, o almoço é em comemoração a minha presença e eu que vou ter que cozinhar? – Bellatrix ria – É claro que faço! Santana quero você conosco no almoço, e com certeza a Jessie também quer.

- Estarei! – Santana sorria.

- Perfeito! – Jessica disse enquanto passava um braço ao redor do ombro das duas e as trazia pra mais perto de si enquanto andavam. Se sentia muito feliz.

Chegaram ao apartamento. Bellatrix se encaminhou para o quarto, afirmando estar cansadíssima, mas as meninas sabiam que era para deixa-las a vontade para se despedirem.

- Preciso de um banho... – a ruiva falou apontando para a blusa manchada de cerveja.

Santana olhava para a camiseta de Jessie, agora apenas úmida, mas sem transparências favoráveis. Uma pena.

- Se eu disser que o dia hoje foi perfeito, vou soar repetitiva? – Santana fazia uma carinha meiga enquanto chegava perto da ruiva  a abraçando pela cintura.

- Vai, mas eu não canso de ouvir – Jessica subiu as mãos pelos braços da latina devagar e colocou seus braços ao redor do pescoço dela, que sentiu-se arrepiar - Se depender de mim, todos os seus dias serão perfeitos de agora em diante!

- Nosso primeiro beijo hoje... Você me surpreendeu e foi tão bom! – Ela tinha os olhos sinceros, fixados nos olhos verdes a sua frente.

- Eu não consegui mais resistir a esses lábios... – a ruiva se aproximava mais – e o melhor é pensar que ainda haverão muitas outras oportunidades para senti-los.

Sorriram e juntaram os lábios num beijo lento, carinhoso. Jessica agora segurava a nuca da latina com uma das mãos enquanto acariciava seu rosto com o polegar.  A outra mão deslizava pelo meio das costas. Pausaram o beijo pra se olharem.

- Acho que eu vou sonhar com você a noite toda... – a ruiva dizia enquanto tinha os olhos fechados e as testas unidas.

- Eu acho que não vou conseguir sequer dormir pensando em você! – Santana também dizia num sorriso. – Ainda bem que tenho a minha namorada travesseiro que o Kurt me deu de presente!

- Sua o que? – Agora as testas descolaram e Jessie a encarava com uma expressão engraçada.

- Eu estava carente...então ele presenteou eu e Rachel com namorados(as), para dormimos de conchinha – Santana dava de ombros – A minha ainda não tinha nome, mas acho que agora já sei qual colocar... Sunshine! Pra sempre lembrar de você quando estivermos separadas.

- Huuum... Eu gosto da companhia da minha mãe, e estava sentindo muitas saudades dela, mas devo admitir que não gostei dessa parte de ficar longe de você...

Riram e beijaram-se novamente. Se uniram novamente num abraço,  sentindo que agora que tinham uma à outra, tudo seria mais fácil.