Girls On Fire escrita por JessieVic


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde gente lindaaa! Leiam e assumam que Jessie e Santana são fofas juntas!

Caso alguém precise de uma ajuda na imaginação, essa é a Jessica! O que acham?

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Chegaram na Doceria para o café já eram quase 10:30 da manhã. Desde que se reencontraram Santana disse poucas palavras e Jessica percebeu a mudança. De certo essa garota devia ser bipolar! Tá feliz, tá triste! Tá falante e logo fica calada. A ruiva decidiu puxar assunto, afinal seria tenso ficarem tomando café encarando-se num silêncio constrangedor. Escolheram uma mesa no canto do estabelecimento, que possibilitava uma visão geral do lugar. Sentaram-se e enquanto observavam o cardápio e a vitrine repleta de guloseimas Jessie começou:

- E aí, quando é que você vai me contar como entrou em casa Ninja Latina?

Essa fala puxou a atenção de Santana que antes estava focada no menu que tinha em mãos. Ela sorriu fraco.

- Simples: quando eu estava mais cedo na sua casa vi que você tinha 2 chaves iguais e achei que seria de grande utilidade ter uma delas para mim. – Jessie fez uma cara indignada – Você poderia passar mal qualquer dia, lá sozinha e não teria ninguém pra te acudir com a porta trancada – Santana explicava naturalmente, como se aquilo fosse obvio.

- Tá... Digamos que eu aceite essa sua justificativa! Mas e a parte de me avisar que você tinha uma chave e eu poderia te contatar quando estivesse mal?!

- Eu esqueci dessa parte – a latina deu um sorriso maroto e voltou a ler seu cardápio.

- Santana, algum problema? Você é bipolar e esqueceu de me avisar também? Me chamou pra tomar café contigo e agora não fala nada? – A ruiva estava um pouco espantada com a ousadia e o descaso da morena e acabou explodindo. Não conseguia guardar os pensamentos para si as vezes. – Se não está afim podemos ir embora!

Santana se deu conta que devia estar sendo uma chata com a amiga. Definitivamente aquela lembrança de sua primeira vez com Britt não lhe tinha feito bem. Ela abaixou o cardápio enquanto dava sinal para uma garçonete que passava por perto e foi pedindo sem dar atenção ao que a ruiva tinha dito:

- Queremos 4 cupcakes de doce de leite com morango e 2 cappuccinos!

Jessica encarava a latina. Que abusada! Tinha feito o pedido sem sequer consultá-la e o que mais deu raiva é que acertou o que ela ia pedir. Cruzou os braços e ficou encarando a latina que também a olhava com um olhar de desafio meio divertido.

- Tá, pode dizer... eu sou uma chata! Louca, bipolar! São os fantasmas da minha ex-namorada que me rodeiam e fazem com que eu me sinta assim...triste de repente! – Olhou para baixo e completou – Mas não quero que você vá embora.

- Espero que um dia esses fantasmas parem de te assombrar, caso contrário terei que contratar um exorcista pra resolver isso! Você tem que se alegrar com as lembranças e não ficar triste! – Jessica falava com um ar sério, tinha os braços cruzados e encarava a latina nos olhos – Quando quiser conversar, eu estarei aqui! A propósito... como adivinhou que eu iria querer esse cupcake?

- Você tem cara de doce de leite com morango – A morena mostrou a língua e riu da cara que a ruiva fez de “não tem graça nenhuma”.

- Me lembrei do seu pijama de morangos também... E lembrei que sou uma bobona que tem medo de tempestades. – ela agora tinha uma expressão cabisbaixa e não sorria.

- Todo mundo tem medo de alguma coisa... – a ruiva disse com um ar misterioso. – E você sabe de onde vem esse medo?

Santana se mexeu na cadeira, agradeceu a garçonete que trazia seu pedido e se virou para responder:

- Eu vou tentar ser breve porque quanto menos eu falar disso é melhor. Quero esse medo enterrado como estava antes. Quando eu tinha uns 6 anos, meus pais e meus avós maternos estávamos voltando de uma viagem muito divertida que fizemos a Flórida. O dia havia sido lindo e ensolarado. Fizemos piquenique, visitamos vários parques e eu estava bem cansada do dia corrido.

Quando começou a escurecer o tempo mudou e logo meu avô disse: -“ Huuuum vem uma chuvona aí Sant!” – Eu então lembro de ter perguntado: - Eu devo ter medo disso? – Ele me respondeu que desde que estivéssemos com quem amamos nas horas de tempestade, nem um tornado poderia ser capaz de nos causar medo.

Meu pai não devia ser da mesma opinião do meu avô, pois fez um muxoxo de descrença quando ouviu ele dizer aquilo e continuou dirigindo calado.

A chuva começou a aumentar e os trovões não paravam. Eu ficava calada e podia observar a expressão de tensão no rosto dos meus avós que estavam sentados do meu lado no banco de trás do carro.

Minha mãe pediu que meu pai parasse no acostamento da estrada e esperasse a chuva se acalmar. Ele não deu ouvidos e continuou.

O que vem a seguir é só um borrão na minha memória. O carro começou a fazer um zigue zague e num piscar de olhos estávamos de ponta cabeça. Tudo escuro. Os trovões continuavam. Comecei a chorar e ouvi a voz baixa da minha mãe dizendo que estava tudo bem. Pra mim não estava. Minha perna doía muito e tinha eu percebi que tinha sangue nela. Comecei a gritar e chorar. Meus avós não falavam nada. Estavam com os olhos fechados e me deu mais medo ainda. A chuva não parava... haviam muitos trovões. Eu dormi, ou desmaiei... não sei ao certo. Acordei numa maca, a chuva ainda estava forte. Minha perna ainda doía. Ela estava com algum osso quebrado. Minha mãe estava sentada perto de mim, chorava muito, mas pareceu se acalmar um pouco quando me viu acordada. Meu pai estava em pé e falava com os paramédicos.  Vi minha avó deitada em outra maca. Estava com os olhos fechados. Perguntei pelo meu avô e minha mãe começou a chorar novamente. Naquele dia minha vó perdeu o seu grande amor, minha mãe perdeu o pai e eu fiquei sem meu avô.

E é isso... sempre que havia uma chuva acompanhada de alguns raios eu ficava em pânico. Lembrava que meu avô tinha morrido numa dessas. Meu pai não falava nada, mas no fundo se culpava por não ter parado e esperado a chuva acalmar. Minha mãe tinha muita paciência. Com todos nós. Minha vó viúva, meu pai calado e eu com meu pânico. Com o tempo as feridas foram cicatrizando, eu cresci e esqueci. O medo e a lembrança daquela noite ainda me perseguiam, mas eu conseguia me controlar ao invés de ficar paralisada e em pânico. Achei que tinha passado, mas ontem foi uma prova de que isso nunca vai se apagar definitivamente da minha memória.

Jessie não sabia o que dizer. Observava a latina que tinha os olhos marejados. Apenas estendeu a mão e com um olhar como se pedindo autorização, pegou na mão da morena que estava sobre a mesa e disse um: - Sinto muito... Pode me considerar seu abrigo nos dias de tempestade, caso isso volte a te impressionar – e sorriu. Olhos nos olhos. Santana se sentia grata por saber que podia ficar mais tranquila com a amizade e companhia da ruiva.

Soltaram as mãos e continuaram a comer sem trocar muitas palavras. Santana guardou suas lembranças e decidiu mudar de assunto. Convidou a ruiva para acompanhá-la até NYADA. Queria saber mais a respeito das aulas de dança para não-alunos que Rachel havia lhe falado. Jessica concordou e depois de se empanturrarem de cupcakes, foram até a estação de metro mais próxima. Riam, observavam as pessoas na rua. O dia estava frio, porém o sol estava brilhando, o que deixava as coisas mais alegres.

Estavam sentadas lado a lado no metrô e Jessica tinha um sorriso bobo no rosto. Santana percebeu e ficou curiosa.

- Que foi boba-alegre? – Ela disse em tom divertido.

- Só estou feliz por ter uma companhia... e talvez ter mais alguém no meu aniversário além da minha mãe. – a ruiva deu de ombros e continuava com o sorriso bobo e olhar perdido na direção das janelas - A propósito, você está convidada.

- Woow, seu aniversário está próximo? Sua mãe vem pra cá?

- É quase certo que ela venha. Estou com saudades! Não nos vemos desde o ano passado. Fala sério, duvido que você conheça alguém que tenha uma mãe freira!

Santana riu. Mas lembrou da história por trás desse fato e viu que não era tão divertido assim.

- De boa San... Agora que cresci, tudo passou. A raiva, revolta foram embora... eu já consigo rir disso. E ela também.

- Mas como foi isso? Como você descobriu?

- Ela me contou oficialmente quando eu tinha 15 anos. Ela não podia ter escolhido época pior. Eu estava uma bagunça por dentro. Me achava uma aberração por gostar de garotas. Estava quase explodindo com esse segredo dentro de mim, e pra ajudar, eu estava apaixonada por uma garota que ficava no dormitório ao lado do meu e estava com muito medo de encarar tudo isso. Eu então criei coragem e decidi contar para alguém, e ela foi a escolhida. Depois da minha confissão, acho que ela se sentiu a vontade para fazer a dela.

Haviam chegado na estação. Saíram do vagão e Santana continuava calada, esperando o resto da história.

- Eu sempre gostei muito da irmã Esperança. As vezes sonhava que ela era a minha mãe, que morávamos juntas numa casa e ela sempre cuidava de mim. Ela estava no orfanato desde que eu me entendia por gente e sempre me protegeu. Até demais. Quando soube desse segredo fiquei feliz, com raiva... Eu queria explicações e então ela contou toda a história. Mas precisou de um tempo para eu me adaptar a essa ideia. E claro, não contei a ninguém, como ela me pediu. Podia haver desconfiança de algumas, mas para as outras freiras, ela apenas tinha muito afeto por mim, pois chegou praticamente junto comigo ao orfanato. Ahhh longas histórias...depois te conto o resto!

Elas andavam a passos largos e logo estavam no campus de NYADA. Era sábado. Alguns estudantes circulavam por ali. Alguns vestidos com roupas de balé, outros com instrumentos. Santana sorriu ao ver tantas garotas com expressão preocupada e apressada como as de Rachel. E alguns garotos afoitos, andando em saltitos como Kurt costumava fazer.

- Parece que tem um monte de Kurt’s e Rachel’s por aqui não é? – Jessica pareceu adivinhar o que a latina estava pensando.

Uma garota alta, olhos arredondados cor de amêndoas e corpo curvilíneo passou por elas encarando sem disfarçar. Depois que ela passou, ambas olharam para trás e a mesma ainda encarava e mandou um tchauzinho. Riram, pois não sabiam pra quem o aceno tinha sido direcionado, mas ambas sentiram uma pontada de ciúme uma da outra.

Estavam se dirigindo ao prédio da Secretaria para pedirem informações. Passaram por outros alunos, pediram informação para alguns e logo estavam falando com a professora responsável. Ela explicou como funcionava o programa. Que Santana deveria pagar uma mensalidade e que essas aulas não garantiam que ela iria fazer parte da Universidade. A latina ouvia aquilo com um ar tedioso. Ela não queria fazer parte daquilo tudo mesmo... A ruiva prestava atenção em tudo. Até havia se interessado pela proposta, mas não teria dinheiro para bancar o curso.

Santana acertou tudo, preencheu sua ficha. Queria que Jessica a acompanhasse, mas entendia suas condições. A latina só estava fazendo aquilo porque tinha a gorda economia de tantos anos da sua mãe guardada no banco que estava quase intocada. Ela tentou evitar ao máximo gastar, mas aquele curso era um investimento em seu futuro.

Estavam descendo as escadas quando a mesma garota que havia acenado pra elas mais cedo subia de encontro carregando alguns livros e sorriu ao reconhecê-las. Ela passou raspando em Jessica e disse: - Que coincidência hein ruivinha... –  deu uma piscadela e continuou subindo a escada.

Santana sentiu um leve desconforto. Não sabia se isso era porque queria que a moça estivesse dando mole pra ela, ou se sentiu ciúme por mexerem com sua amiga. Sem pensar muito segurou na mão da ruiva que ainda olhava pra trás e observava a moça continuar a subir, mas rapidamente voltou a si quando sentiu a latina segurando em sua mão. Não disse nada, apenas sorriu e continuou descendo as escadas de mãos dadas. A latina queria marcar território? Era isso mesmo?

- Vamos logo, antes que alguém nos agarre aqui!

- Seria bom ser agarrada por alguém, sabe... Faz um tempo que não sei o que é isso – Jessica disse em provocador, tentando parecer divertida.

- Quem vê essa sua carinha nem imagina que você é uma dançarina de balcão e deve ser uma safada... – Santana também provocou.

- Você só vai poder afirmar isso quando me provar, querida! – Soltou as mãos da latina, deu um tapinha na bunda dela e saiu correndo pelo jardim do campus. Dava rodopios e saltitos. Ninguém sequer notava, dançar ao ar livre devia ser algo comum por lá. Santana não sabia se ria, se fingia que não conhecia ou se a  acompanhava na dança. Começou a andar em direção a onde a ruiva ia, de forma discreta tentava andar rápido, mas com os saltos que usava ficava difícil. A outra garota estava a uns 30 metros a frente quando virou a esquerda, mudando o caminho e deixando Santana confusa. A saída não era pra lá!


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Notas finais do capítulo

Aguardo comentários! ;) Não sejam más e me inspirem a escrever mais!



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