Amy notou que Ally parecia distraída, então lhe chamou.
– Ally! Está tudo bem? – Perguntou Amy, preocupada.
– Ahn, o que? – Ah, sim. Tudo bem. – Respondeu Ally.
– Você está estranha desde que entrou na sala... – Comentou Amy, rindo.
– Estranha como? – Ally olhou para Amy, tentando disfarçar com um sorriso.
– Ah, você está meio desligada de tudo, está no mundo da lua. – Amy riu de Ally.
– Hahaha! É que... – Ally olhou para trás e temeu que alguém pudesse ouvir a conversa. – Depois eu te conto. – Ela tranquilizou Amy piscando o olho.
– Ok. – Amy acenou com a cabeça.

A aula acabou e todos pegaram as mochilas e se retiraram. Amy esperou Ally do lado de fora da escola.
– Então, o que esta te preocupando? – Perguntou Amy, curiosa.

– Bem... Leia isso. – Ally tirou do bolso da blusa o bilhete que havia encontrado em seu armário.

– “Algumas lembranças eu guardo aqui...” – Ally tapou a boca de Amy.

– Ei, leia em voz baixa, não quero que ninguém ouça isso. – Alertou Ally.

– Ok. Desculpe. – Amy riu. – Bom, continuando... – Amy leu todo o poema em silêncio.

– Então, o que achou? – Perguntou Ally.

– Hum... Achei muito bonito, foi você quem escreveu? – Amy olhou para a amiga e sorriu.

– Não, não tenho talento para essas coisas. – Ally riu. – Eu encontrei no meu armário e não sei quem colocou lá. – Disse Ally, desapontada.

– Pode ter sido o Ken. Você o defendeu, é o mínimo que se podia esperar. – Concluiu Amy.

– Acho que não. Ele não parece ser dessas coisas... Sabe de quem eu desconfio? Castiel! Hoje mais cedo, ele disse que precisava falar comigo, então fomos ao ginásio e ele estava agindo muito estranho. Perguntou se eu gostava do Nathaniel... – Respondeu Ally, com um ar de suspeita.

– É... Isso realmente soou muito estranho... – Comentou Amy colocando a mão no queixo. – Acho que ele está com ciúmes de você! – Amy afirmou com toda certeza do mundo.

– Você tem certeza? – Ally juntou as mãos e corou.

– Mas é claro! Isso explica o jeito que ele te olha durante a aula. – Comentou Amy.

– C-como assim? Ele fica me olhando? De que jeito? – Perguntou Ally, eufórica.

– Do jeito de quando uma pessoa está afim de outra. – Amy lançou um olhar malicioso para Ally.

– Não... Você deve estar enganada! – Disse Ally.

– Pois eu acho que sim. Bom, tire suas próprias conclusões. Eu tenho que ir, se eu chegar tarde em casa, minha mãe me mata. Tchau! – Amy acenou para Ally enquanto se distanciava.

– Tchau! – Ally fez o mesmo. – Até amanhã! – Disse Ally, porém, Amy não ouviu.

– Amanhã é sábado. A não ser que vocês vão sair juntas. – Castiel chegou por trás de Ally.

– Ah, que susto! – Ally colocou a mão na testa e riu.

– Sou tão assustador assim? – Perguntou Castiel olhando nos olhos de Ally.

– Não. Só fiquei surpresa... – Ally evitou olhar de volta.

– Hum... Bom, eu vou indo. Até mais! – Castiel acenou para Ally enquanto se distanciava.

– Até... – Ela acenou de volta.

No caminho de casa, Ally viu que Lysandre ia pela mesma rua.

– Ei, Lysandre! – Ela o chamou.

Lysandre se virou num instante, não pode conter o sorriso e a esperou.

– Vamos juntos? Você segue pela mesma rua que eu. – Ally foi ao lado dele.

– Claro. Onde você mora? – Perguntou ele.

– Em frente à loja de roupas vitorianas. – Respondeu ela.

– Sério? Meu irmão é dono daquela loja. – Comentou Lysandre.

– Que legal! – Exclamou Ally.

– Aliás, estou indo pra lá agora. Ás vezes eu ajudo na loja. – Disse ele.

– Acho que vou virar cliente de lá, quem sabe você não me ajuda a escolher umas roupas uma hora dessas. – Comentou Ally.

– Com prazer! – Disse Lysandre. – Se bem que você fica linda com qualquer roupa. – Soltou ele, sem querer.

– O que? – Ally não havia prestado atenção no que ele falou, pois se distraiu pensado no que Amy havia falado antes.

– Nada, esquece. – Lysandre se sentiu aliviado por Ally não ter ouvido aquilo.

– Ok. Posso te perguntar uma coisa? – Perguntou Ally.

– Acabou de perguntar. – Lysandre riu.

– É sério, Lys. – Disse Ally.

– Lys? – Perguntou ele.

– Desculpe, me empolguei. – Ally disfarçou um riso.

– Tudo bem, não me importo que me chame assim. – Respondeu Lysandre em tom compreensivo. – O que quer perguntar?

– É sobre o Castiel. Ele disse algo sobre mim para você? – Perguntou Ally.

– Não. – Lysandre se sentiu inseguro por um instante.

– Hum... Ok. – Disse Ally, estranhando o jeito que Lysandre a olhou.

– Bom, eu vou indo. – Disse ele.

– Espere. Eu vou olhar a loja, não tem problema, já que é na frente do meu apartamento. – Ally entrou na loja ao lado de Lysandre.

– Ah, ok. – Respondeu ele.

– Está tudo bem? – Perguntou Ally, ela sentia que algo o incomodava.

– Sim. – Mais uma vez, Lysandre deu uma resposta curta.

– Você está meio quieto desde a hora que eu lhe perguntei sobre o Castiel... – Comentou ela.

Lysandre não sabia o que responder, então preferiu ficar em silêncio. Ally se abaixou para amarrar o cadarço do seu All Star.

– Oi! Você é a namorada do Lys-fofo? – Uma garota veio em direção a Ally.

– Claro que não Rosalya, ela é só uma colega da classe. – Lysandre corou na hora.

– Ah, do jeito que você olhou os seios dela, eu podia jurar que eram íntimos! – Rosalya deu um tapinha camarada nas costas de Lysandre, nada sutil.

– O-o que? – Ally rapidamente ficou em pé e cobriu o peito com os braços.

– Não, eu não estava olhando Ally! Eu juro. – Lysandre tentou se explicar, ele estava muito envergonhado.

– Não precisa sentir vergonha Lys-fofo. Você é homem, seria estranho de sua parte se não fizesse isso. – Rosalya riu. – Ah, que bons modos o meu! Meu nome é Rosalya!

– Ah... Prazer, meu nome é Ally. – Ela estendeu a mão para cumprimentar Rosalya, mas Rosalya a puxou e deu-lhe um abraço.

– Prazer! – Rosalya sorriu. – Você é nova na cidade não é? – Perguntou ela.

– Sim, me mudei há uns quatro dias. – Respondeu Ally sorrindo.

– Ah, já sei! Você mora naquele prédio de apartamento ali da frente? – Rosalya estava curiosa sobre Ally.

– Sim. – Ally ainda estava meio envergonhada com a situação.

– Ah que bom! Você vai poder virar cliente da loja. – Comentou Rosalya.

– Hahaha... Foi exatamente o que eu disse ao Lysandre! – Ally finalmente se soltou um pouco.

– Ah é? Mas vem cá... – Rosalya a puxou para um canto. – Você não está saindo com o Lys-fofo? – Perguntou ela, nada curiosa.

– Não... Ele é só meu amigo. – Ally riu.

–Hum... Mas é um bobo! Chega com uma garota lindinha como você aqui na loja e nem sequer dá em cima. – Rosalya aperta a bochecha de Ally.

– Ally, acho melhor você ir embora. Seus pais ficarão bravos se você se atrasar. – Lysandre a tirou de perto de Rosalya.

– Tem razão! Tenho que ir... – Ally concordou. – Tchau!

– Tchau Ally! – Rosalya acenou para ela.

– O que você tem na cabeça, Rosa? Como pôde falar aquilo na frente dela? – Perguntou Lysandre indignado.

– Oras, se eu não dissesse, ela iria perceber por si própria e a situação iria complicar um pouco para você. – Respondeu Rosalya, tranquila.

– Mais complicada do que você deixou, eu acho que não. – Disse Lysandre.

– Perdi alguma coisa? – Um rapaz de cabelos negros e roupas vitorianas saiu de uma sala atrás do balcão.

– Leigh, controle a Rosa. Ela está muito exaltada. – Lysandre saiu.

– O que você fez Rosa? – Perguntou Leigh, sério.

– Nada demais, só fiz amizade com uma amiga do Lys-fofo. – Respondeu ela. – Já terminou de consertar aquele vestido, amor? – Rosalya abraçou Leigh e deu-lhe um beijo na bochecha.

– Sim. – Leigh virou o rosto e beijou Rosalya.

Ally entrou de fininho e estava indo em direção ao quarto, quando sua tia Agatha a viu.

– Ally, vem aqui. – Ela chamou Ally.

– O que? – Perguntou Ally.

– Quem é o garoto? – Perguntou Agatha.

– Que garoto, tia? – Questionou Ally, tentando fazer-se de desentendida.

– Você não me engana fofa. Eu vi vocês dois juntinhos entrando na loja de roupas. – Disse Agatha com um sorriso malicioso.

– Está bem! É só um amigo meu. Eu entrei na loja com ele porque o irmão dele é dono de lá. – Explicou Ally.

– Ah... Ele é irmão do Leigh! Verdade... Nossa, o Lysandre cresceu, eu estava tão ocupada com trabalho e viagens que nem o vi mais. – Comentou Agatha.

– Ah que bom que você o conhece, então não preciso falar sobre ele. – Disse Ally, enquanto ia para seu quarto.

– Espere querida, não é porque eu o conheço que não vou querer saber o que rola entre vocês.

– Nada. Como eu disse, ele é só meu amigo. Agora chega desse assunto, eu vou tomar um banho, estou suada. – Ally pegou a toalha e foi ao banheiro.

– Ok, como queira. Bom, eu vou sair para um ensaio e depois vou para uma festa de comemoração do aniversário de um amigo, você quer ir? – Perguntou Agatha.

– Ah, melhor não. Eu estou cansada e tenho muito dever de casa. – Respondeu Ally, tirando a blusa.

– Está bem... Ah, um rapaz ligou e disse que precisava falar com você, Ally. – Agatha colocou as mãos na cintura e olhou seriamente para a sobrinha. – Não creio que anda dando o telefone da casa para o pessoal da escola.

– O que? Mas eu não dei o número de casa pra ninguém. – Ally franziu a testa. – Ele disse o nome dele? – Perguntou ela.

– Dakota. – Respondeu Agatha. Ally arregalou os olhos na hora. – Nome estranho pra um garoto... – Comentou a tia.

– O que? Como assim? O que ele disse? – Ally correu para o telefone para ver o número.

– Calma! – Agatha riu da reação dela. – Ele não disse nada demais. Só que queria falar com você e nem sequer deixou recado. – Respondeu Agatha desapontada. – Talvez, se você tivesse chegado mais cedo, daria tempo de você atender. – Agatha piscou o olho e deu risada.

– Ah droga! Não ria disso, é coisa séria! – Ally sentou no sofá e apoiou a cabeça nas pernas.

– Ally, quem é ele afinal de contas? – Agatha sentou-se ao lado da garota e apoiou a mão esquerda em sua costa. – Você sabe que pode contar tudo pra mim, eu sempre vou apoia-la!

– Não é ninguém tia... – Ally se levantou e se dirigiu ao banheiro, depois trancou a porta. Terminou de se despir e entrou no Box. Seu rosto já estava molhado antes mesmo de ligar o chuveiro, estava molhado de lágrimas. Ela chorou em silêncio durante todo o tempo lá dentro. “O que ele quer comigo? Por que toda vez que eu recomeço ele aparece e estraga tudo? Eu o odeio!”, pensou ela.

Agatha bateu na porta avisando que já estava de saída. Então Ally suspirou de alívio. Já estava cansada de ficar ali dentro se escondendo, pois não queria que sua tia a visse naquele estado.